Continua braço de ferro entre consumidores e Águas do Ribatejo
Em causa recorde-se estão casos de faturas com valores exorbitantes que ultrapassaram os 1000 euros, e que foram emitidas logo após o fim do período de emergência, a meio do verão do ano passado
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| 29 Jan 2021 17:02
Sílvia Agostinho O denominado grupo de Lesados da Águas do Ribatejo esteve na Rádio Valor Local, onde deu conta de um conjunto de queixas referentes à atuação da empresa intermunicipal. Em causa recorde-se estão casos de faturas com valores exorbitantes que ultrapassaram os 1000 euros, e que foram emitidas logo após o fim do período de emergência, a meio do verão do ano passado, devido à pandemia. Depois de uma reunião com a empresa, os problemas entre consumidores e a Águas do Ribatejo estão longe de estarem ultrapassados. São questionados os meios e os métodos da AR para chegar a determinados fins, resumem os clientes Manuel Inácio, Carlos Almeida e Eduardo Costa.
Numa reunião com a empresa em novembro, o grupo deu a conhecer algumas reivindicações e ficou convencido da boa aceitação das mesmas por parte dos administradores como a criação do provedor do cliente, mas também a criação de uma espécie de piquete para as ditas “situações anómalas”, ou seja, “sempre que seja emitida uma fatura que possa divergir em muito daquilo que é o consumo habitual será feita uma triagem junto do cliente para se perceber o porquê desses valores”. Contudo mais de um mês depois, as conversações foram por água abaixo, e foi feita “tábua rasa” dos anseios dos consumidores. Manuel Inácio vai mais longe e diz que “o retrocesso é total” e continuam a surgir as ditas “faturas milionárias”. Carlos Almeida diz que já há quem apelide a AR de “quadrilha”. “Não se vê vontade de mudar a postura, embora tenham mostrado inicialmente outra forma de estar. Criaram um problema com a pandemia, embora saibamos que eles apenas são obrigados a fazer a contagem duas vezes por ano, mas daí até emitir faturas sem se preocuparem com o tipo de circunstâncias e os prejuízos criados à vida das pessoas é ir longe demais”. Eduardo Costa acusa a empresa de falta de “ética comercial”. “Trago um exemplo de uma casa desabitada em Torres Novas cuja fatura rondava em média entre os seis a dez euros por mês e de repente aparece uma fatura de 695 euros. Algo grave se passou para termos estes valores. A Águas do Ribatejo diz que foi ao local e não identificou roturas. Ignoram os problemas de muitos contadores que com as torneiras fechadas continuam a debitar ar, nomeadamente, quando há pouca pressão nos canos, e até debitam eletricidade estática, situação para a qual ERSAR também alerta”. Basicamente “o que nós desejamos é que se corresponsabilizem pelos valores das faturas que eles próprios não conseguem explicar, assumindo o consumidor a média do consumido em comparação com os últimos 12 meses, e a empesa a restante verba, não seria nada de mais porque houve uma empresa privada de Ourém que anulou faturas com valores semelhantes e completamente desproporcionados”. Outro caso semelhante aconteceu em Foros de Salvaterra onde um consumidor pagava em média entre 25 a 40 euros por mês e foi surpreendido com uma fatura a rondar quase os 1000 euros em dezembro. “É um consumidor consciente que dava sempre a sua leitura, de repente o contador começou a debitar mais do que o normal. Foram ao local e mais uma vez disseram que não havia roturas e essa pessoa tem de pagar.” Carlos Almeida diz que “muita gente teve de pedir dinheiro emprestado a familiares e amigos para pagar essas contas astronómicas”. OUÇA O ÁUDIO
Manuel Inácio dá a conhecer que dos 2600 casos identificados quanto a queixas sobre o serviço e as faturas da Águas do Ribatejo, cerca de 2000 foram formalizados. Até à data a empresa apenas reverteu 3 ou 4 casos de situações limite. “Quando fomos à reunião tinham preparado um aparato incrível para nos mostrarem o que tinha sido o investimento da Águas do Ribatejo desde que foi criada a empresa”, dá conta Carlos Almeida, que relata que “só sobrou meia hora para darmos conta do verdadeiro problema”. “Sem dúvida que os concelhos necessitavam desses investimentos, mas a qualidade da água piorou”, diz o consumidor ao referir-se à questão do sabor do líquido que sai das torneiras. Para já o grupo de consumidores está a reunir documentação para apresentar queixa contra a empresa se necessário até nas mais altas instâncias.
O Valor Local contactou a empresa para uma entrevista presencial assim que começaram a surgir críticas à postura da empresa. Aguardamos que haja disponibilidade por parte dos seus administradores. |
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