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Covid-19: Cerca de 14 trabalhadores retiram material de armazém sem proteção em Samora CorreiaNo grupo estão espanhóis, acusados de entrarem "à socapa" na fronteira. Atividade desenrola-se há dias e sem material de proteção e em época de restrição de atividades. SEF, GNR e ASAE condenam situação mas nada fazem
Sílvia Agostinho
31-03-2020 às 17:37 |
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Um grupo de cerca de 14 pessoas andam por estes dias, sem máscara e luvas a desmantelar o recheio de uma antiga fábrica de pizzas em Samora Correia, a Brieftime que entrou em insolvência no ano passado. O Valor Local foi contactado pelo antigo proprietário daquele armazém, Paulo Matos, que ainda tem rendas a receber da Brieftime. Paulo Matos vendeu o imóvel e como representante do atual dono para esta operação de retirada do que resta do recheio da Brieftime, alega que estão a laborar, desde a semana passada, cerca sete indivíduos de nacionalidade espanhola "que se gabam de ter entrado à socapa na fronteira", e mais uns quantos "portugueses vindos de Viseu". Paulo Matos alega que aqueles trabalhadores "circulam livremente em supermercados de Samora Correia e Porto Alto e estão a ficar de noite em apartamentos e numa residencial". Paulo Matos diz ainda que a empresa tinha até fevereiro para retirar o recheio, mas que optou por o fazer nesta precisa altura que obriga ao confinamento dos cidadãos.
Ao nosso jornal, o antigo proprietário diz que a GNR já esteve no local, mas que desprezou o caso, alegando que, neste momento, as prioridades em altura de Covid-19 são os furtos e a violência doméstica. Paulo Matos acusa, ainda, de estarem a destruir o armazém com a remoção do sistema de incêndio, sistema de alarme, e parte elétrica, a que acresce o sistema de refrigeração com o consequente transporte de gás 404 proibido pela União Europeia. Factos esses que diz serem do conhecimento do administrador de insolvência. O Valor Local contactou o destacamento da GNR de Coruche que remeteu para o grupo territorial daquela força de segurança em Santarém. Enviámos um conjunto de perguntas por escrito durante o dia de ontem, segunda-feira, mas não obtivemos resposta até agora. A Câmara Municipal de Benavente pelo que apurámos também não está a par deste caso. Já Paulo Moura, administrador de insolvência, que superintende este processo de retirada de materiais, alega que todas as atividades relacionadas com os processos deste tipo são urgentes e como tal decorrem "sem restrições", mesmo em tempos de Covid-19. Paulo Moura alega que nesta altura apenas "está presente um cidadão de nacionalidade espanhola", mas não nega que já estiveram mais, ao contrário do que argumenta Paulo Matos, que "ao longo deste tempo tem tido uma postura belicosa e de não querer resolver a situação empenhando-se ao máximo para tirar proveito deste caso", pois "sabe que as rendas que o antigo inquilino lhe ficou a dever serão pagas, mas porventura quererá conseguir mais uns meses de rendas com este empate que está a propiciar, pois como sabe até houve uma altura em que proibiu as máquinas da antiga Brieftime de saírem do local, mas ele não é o único prejudicado, há antigos trabalhadores e outros credores que também estão à espera". Quanto à destruição de elementos e sistemas estruturais do armazém neste processo de retirada do recheio, alega que as máquinas trazem os fios de cobre atrás, "e possivelmente ele quereria ficar com esse material pois como sabe o cobre vale dinheiro", o mesmo "é válido para outros componentes em que não é possível fazer de outra maneira". "Uma coisa é certa o armazém vai ser entregue mas vamos demorar mais uns dias, porque essa operação deveria terminar hoje, mas graças à atitude desse senhor vão verificar-se atrasos".
Paulo Matos refere que já contactou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Autoridade de Segurança Alimentar e Económica que lhe deram "razão" sobretudo quando estão a trabalhar na operação cidadãos estrangeiros, e sem qualquer proteção, mas que terá de ser a GNR a tomar as primeiras providências. |
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