Cruz Vermelha de Aveiras faz em média 50 testes Covid por dia
A procura tem sido elevada e o facto de esta instituição estar a fazer os testes em dias alternados com a Cruz Vermelha do Carregado, tem trazido pessoas também do concelho de Alenquer
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| 30 Dez 2020 10:26
Miguel António Rodrigues São nove da manhã em Aveiras de Cima. Alguns automóveis vão chegando ao local onde a Cruz Vermelha de Aveiras de Cima (CVP) está a fazer teste rápidos à Covid-19. A fila vai-se adensando, e ao meio da manhã, já são muitos os carros em espera, ocupando uma das faixas da rua que liga o mercado ao local dos testes, mesmo nas traseiras do quartel da GNR de Aveiras e da Junta de Freguesia. Não será por muito tempo, até que a própria GNR tem de intervir e pedir às pessoas que estão dentro dos veículos e na fila para andarem um pouco para a frente. O objetivo é que o trânsito não fique parado, já que com a chegada da hora de almoço, a pressa e os nervos vão ficando mais à tona. Muitos nunca pensaram ter de passar por isto: saber se estão ou não infetados com Covid-19.
A fila vai crescendo, como num ritual, e lá dentro os condutores já nervosos pelo possível resultado do teste, vão mostrando impaciência. Ordeiros mas nervosos andam a passo de caracol para o local dos testes. O drive-thru da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima está agora a um ritmo alucinante. Os testes não demoram mais de 5 minutos a fazer, mas ainda assim a socorrista da CVP e a enfermeira designada para o local não têm mãos a medir. A fila aumenta e já ultrapassa o mercado diário. A GNR volta a pedir para que os condutores sejam mais céleres, porque o trânsito começa a ficar mais complicado. Aquela é uma zona de escolas e o autocarros passa com dificuldade. A ocupar uma das faixas, está um carro de um soldado da GNR local. Na entrada do posto avançado para a realização dos testes, uma socorrista da CVP recolhe os dados. Insere-os no sistema informático e em poucos minutos avançam os automobilistas para a recolha através da zaragatoa. Durante a manhã em que o Valor Local esteve no terreno, foram mais de 60 pessoas que fizeram os testes no drive-thru da Cruz Vermelha. De um momento para o outro, juntam-se aos condutores, também cidadãos a pé. Esperam em fila no passeio ao lado da GNR e da escola básica de Aveiras de Cima. Não são mais de 20. Mas o nervosismo é igualmente latente. Depois de passarem a triagem, fazem o pagamento, 20 euros, e seguem para o teste. A enfermeira e a socorrista, com simpatia para quem está na situação pela primeira vez, vão explicando: “Não dói nada. É rápido!” dizem a um cidadão de Resende mas que está a trabalhar nas obras no Aeroporto de Lisboa. Este homem que se deixou fotografar pelo Valor Local, inspira e faz cara feia, enquanto a zaragatoa entra no nariz quase até ao fundo. Doeu muito? Perguntamos nós. O homem faz sinal com o polegar para cima “Está tudo fixe… já está!” refere com humor o momento que passou. Segue-se outro trabalhador das obras do aeroporto. Também oriundo do norte. Fez com o colega o teste, cujo resultado saberia cerca de meia hora depois através de email ou para o telemóvel. A manhã foi passada assim. Foi esta a via-sacra cumprida por todas as 67 pessoas que fizeram os testes. Na fila, ao mesmo tempo que temos indivíduos a título individual, há também pessoas enviadas por empresas, funcionários que recearam estar infetados, e nos seus carros pessoais foram, um a um, ao teste ao SARS-Cov-2. Este tem sido um cenário quase idêntico todos os dias desde o início de novembro, altura em que a CVP iniciou os testes. A procura tem sido elevada e o facto de esta instituição estar a fazer os testes em dias alternados com a Cruz Vermelha do Carregado, tem trazido pessoas também do concelho de Alenquer. A CVP tem mantido um ritmo alucinante. Às terças, quintas e sábados, os socorristas da CVP têm vindo a receber cerca de 50 pessoas por dia. Ao todo, e à data da nossa reportagem, na altura do fecho da edição impressa de dezembro, tinham sido realizados 267 testes rápidos em Aveiras de Cima, dos quais resultaram cerca de 30 positivos. São testes levados a cabo em pessoas de vários pontos da região, oriundas de Samora Correia, Alenquer, Azambuja, Aveiras e até Amadora. Na manhã da nossa reportagem, abordamos uma senhora que estaria no seu dia de folga. Embora sem sintomas, optou por fazer o teste. “Quero ir para a terra. Tenho lá família, quero ter a certeza que está tudo bem comigo. Vou meter um mês de férias, espero que isto acalme” referiu à nossa reportagem, não querendo revelar a localidade nem o nome. Pedro Vieira, o coordenador da CVP, fala num trabalho importante para a comunidade. Aliás, reforçando o trabalho de todos os socorristas que querem prestar um bom serviço às populações. Este tem sido um projeto que a CVP de Aveiras tem vindo a desenvolver desde que a Covid começou. A instituição tem estado nos piores cenários e tem sabido corresponder às expectativas. Desde o início da pandemia, auxiliou no maior hospital do país e tem feito, assim como, as várias associações de bombeiros, nos transportes Covid, com dois veículos dedicados para o efeito. Para além dos testes, a CVP tem uma unidade móvel. Desloca-se a escolas, empresas e outros locais, para realizar testes, aqui Pedro Vieira, diz já ter perdido a conta ao número de zaragatoas que a CVP já fez, mas reforça o empenho da equipa num momento delicado para a saúde das pessoas. |
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