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(C/Vídeo) Foros de Salvaterra
Poço do Estanqueiro- o poço dos namorados

Já foi ex-libris em tempos, e ponto de encontro, onde os rapazes faziam a corte às raparigas da terra, ou onde homens e mulheres eram contratados para irem trabalhar no campo
Sílvia Agostinho/Miguel António Rodrigues
13-02-2019 às 10:03
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O Poço do Estanqueiro, local de muitas memórias para a população de Foros de Salvaterra, foi recentemente requalificado. Já foi ex-libris em tempos, e ponto de encontro, em décadas passadas, onde os rapazes faziam a corte às raparigas da terra, ou onde homens e mulheres eram contratados para irem trabalhar no campo.  Noutra altura, o local até chegou a ser chamado de Cruzamento do Eucalipto.

O poço é muito antigo. António da Cunha, 75 anos, lembra-se de o seu irmão nascido em 1930, entretanto falecido, se lembrar do local quando ainda era muito pequeno. Ao lado do poço havia um tanque retangular que estava sempre cheio de água e onde existia uma bomba de ferro, alvo de brincadeiras dos rapazes. A estrada que não estava alcatroada até à década de 50 era atravessada por manadas de gado em carroças que paravam para beber água do poço.

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​António da Cunha lembra-se das “rapariguinhas bem vestidas ao domingo que andavam por aqui e depois iam até mais adiante, sempre com os rapazes a deitar-lhes o olho, até enxotavam os miúdos mais pequenos, para ficarem com o poço só para eles, quando as moças viessem buscar água”. Mas ao domingo também apareciam os capatazes junto ao poço para arranjarem trabalhadores para a semana seguinte. Algum comércio aglomerou-se junto ao poço. Chegou a existir uma taberna, bem como uma vendedora de pevides na rua. “Com oito tostões comprava-se pevides para se comer durante uma tarde inteira”. Mas também um homem a vender pepinos, que se cortavam e comiam na rua. “Homens, rapazes e raparigas estavam sempre ansiosos pelo domingo para virem para aqui”, refere António da Cunha.  Sua irmã, Fernanda da Cunha, 66 anos, não esconde – “Foi neste local que comecei a catrapiscar o meu marido, ele andava aqui à volta do poço de bicicleta pasteleira. Mas até me lembro de andar por aqui um Carlos Manuel que fazia cavalinhos, sempre muito vaidoso.” O ritual do namoro tinha as suas peculiaridades. À época e depois de umas horas à volta do poço, o rapaz chamava a rapariga e dizia: “Ò menina psstttt fique para trás que quero falar consigo”. No seu caso, foi junto ao poço que conheceu João Silva, 69 anos, que viria a ser o seu marido. Estão juntos há 48 anos. João Silva conta-nos que quando chamou Fernanda da Cunha, esta o “atendeu logo”, e as primeiras palavras foram – “Oh menina preciso de falar consigo por amor. Podemos namorar?” Não recebeu logo resposta positiva, só depois de lhe escrever uma carta uns dias mais tarde é que conseguiu ter a aceitação de Fernanda. “Foi um namoro de muito respeito, só de apertos de mão, mas um dia roubou-me um beijo. Não gostei muito e até me zanguei”. Casaram dois anos depois, e Fernanda conta que “já ia grávida”, ri-se. “Na altura era tudo à fugida”. Depois do casamento nasceram filhos. Este casal sempre viveu em Foros de Salvaterra, e o poço é testemunha da longa relação.
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Mas o Poço do Estanqueiro não era apenas local de convívio, e de amizade mas também de muitas zaragatas entre os homens já alcoolizados. “Andavam à bordoada com o cajado”.Já agora, e para não esquecer: a água do poço era muito “boa” e “procurada por gentes de todo o lado.”
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A obra de requalificação do poço esteve a cargo da Câmara de Salvaterra e da União de Freguesias de Salvaterra e Foros de Salvaterra. A pia e a bomba de água foram doadas por fregueses, enquanto as duas autarquias procederam à colocação de calçada na envolvência do poço. Depois do 25 de abril, foi implantada a água da rede, e a população deixou de vir ao poço, que foi evidenciando sinais de degradação, até ter sido alvo de obras. “Esta era uma ambição nossa quando tomei posse”, refere o presidente da junta, Manuel Bolieiro. A população gostou da obra, destinada a não deixar cair no esquecimento o poço. 
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