(C/Vídeo) Rui Rei quase candidato à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
“Não se pode ser eternamente número dois nem sempre número um” O vereador da Coligação Novo Rumo passa em revista o atual mandato autárquico: o balanço da condução de Alberto Mesquita nos destinos da autarquia, e os desaguisados com o PCP
Miguel A. Rodrigues
30-01-2017 às 19:03 Foi o segundo nas listas do PSD nas eleições autárquicas para a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, mas tudo indica que em 2017, Rui Rei assumirá o protagonismo de ser cabeça de lista. Entretanto passa em revista o atual mandato autárquico: o balanço da condução de Alberto Mesquita nos destinos da autarquia, e os desaguisados com o PCP , ao mesmo tempo que fala da sua experiência numa empresa municipal da Câmara de Cascais
Valor Local – Atualmente exerce funções, (para além de ser vereador do PSD na Câmara de Vila Franca de Xira), na empresa municipal “Cascais Próxima” virada para as questões da mobilidade. Uma temática que tem levantado por diversas ocasiões nas reuniões de Câmara, sobretudo no que diz respeito aos transportes no concelho de Vila Franca. De que forma esta experiência na empresa municipal de Cascais, pode ser importante para o que se pode vir a seguir em Vila Franca no que respeita às propostas do PSD? Rui Rei – Cascais tomou a decisão de não entregar a decisão a Lisboa, ou seja a terceiros, porque Cascais tem problemas a nível da mobilidade, na área dos transportes públicos (rodoviários de passageiros), e é com base nisto que se constituiu a Autoridade Municipal de Transportes, transferindo essa incumbência para a empresa municipal para que os munícipes possam ser mais bem servidos. Trata-se de uma estratégia global que conjuga o transporte rodoviário, ferroviário, os meios de transporte elétricos, as bicicletas, e o estacionamento, e que também urge ser implementada em Vila Franca de Xira. É reconhecido que em Cascais estamos a seguir o caminho da mobilidade integrada. Durante anos, o PS e o PCP em Vila Franca de Xira falaram na necessidade de mais e melhores transportes públicos, mas ao invés de decidirem localmente transferiram essa competência para Lisboa, e os problemas continuam. Essa estratégia para a mobilidade é possível de implementar em Vila Franca de Xira? Na sua opinião trata-se apenas de uma questão de vontade política? Repare que Vila Franca e Cascais estão fora da coroa dos transportes públicos de Lisboa, mas os dois concelhos tomaram caminhos diferentes, e penso que neste aspeto os munícipes de Cascais foram beneficiados por uma estratégia global de transportes e não desgarrada como acontece em Vila Franca de Xira. Não é aceitável que um munícipe tenha de pagar por um passe social mais de 100 euros para ir todos os dias para Lisboa, como acontece em Vila Franca; e nalguns casos tem uma carreira de manhã e outra à noite. Por exemplo, aqui na Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria, deveríamos ter transportes de circulação mas também de alimentação da estação, tudo conjugado com estacionamento apropriado para que as pessoas não demorem tanto tempo a chegarem ao seu local de trabalho. Mas Vila Franca não é Cascais e vice-versa.
Pois não, mas por exemplo hoje estamos a discutir o caso da Marinha em Vila Franca de Xira, e posso dizer que trabalhei em situações semelhantes em Cascais, num processo que leva cerca de dois anos, e neste concelho não quisemos fazer nada nos últimos dez, porque se tivéssemos tomado uma decisão há mais tempo, aquele património não tinha chegado ao estado de degradação a que hoje assistimos, a que se soma a degradação económica, social e de falta de emprego que hoje temos em Vila Franca. Em Cascais vai-se instalar a universidade nova, a primeira universidade privada de medicina do país, inclusive, em edifícios comprados pela Câmara ou seja nas mesmas circunstâncias da Marinha. Quando eu falo destes assuntos, sei muito bem o que estou a propor, não estou a falar de cor. Não quero comprar uma coisa só por uma questão de birra. Estou a falar disto como poderia falar da necessidade do nó de acesso à autoestrada, no Sobralinho, pois é inacreditável que toda esta população, mais de 50 mil pessoas, tenha de andar em carreirinho, todos os dias de manhã, qual formigas no trânsito. Mas há décadas que se fala no nó do Sobralinho, como é que se resolve isso? O custo é de cinco milhões de euros. A Câmara tem de assumir a sua parte e o Estado a parte que lhe compete, e o nó do Sobralinho faz-se. Mas os governos do PSD o que fizeram? Os governos do PSD previram a verba, mas a Câmara até hoje fez zero. Resolvendo o problema do nó dos Caniços aqui na Póvoa de Santa Iria, e do nó do Sobralinho desenvolveríamos as condições de acesso e de desenvolvimento económico. Recordemos que o IKEA que foi para Loures, chegou a estar previsto para aqui, o qual a Câmara de Vila Franca perdeu. Não tínhamos acessos. Se já tivéssemos resolvido o problema do nó de acesso dos Caniços também resolveríamos o problema da zona ribeirinha da Póvoa. Outro dos seus cavalos de batalha, foi a perda do Museu do Ar para Sintra. Ninguém teve a coragem de afrontar nem o poder político nem os militares, e o Museu do Ar foi para Sintra, até as águias que estavam à entrada e eram um símbolo saíram de lá. Tratou-se de uma falta de respeito com a população. Lembro-me de estudar em Alverca e de ir ao Museu do Ar. Algo que, hoje, o meu filho não tem condições de fazer, nem os filhos dos meus colegas. Já não temos condições de promover Alverca a esse nível. Temos de equilibrar as nossas características económicas, culturais e sociais entre o norte e o sul do concelho, e também não se fala do mouchão da Póvoa, existindo quase um silêncio sepulcral. Alberto Mesquita teve um mandato negativo? Não tenho uma visão fatalista das coisas, até porque se fez muita coisa positiva. Adotámos uma visão construtiva para viabilizar a ação da Câmara. E os jornalistas são testemunha de que não votámos contra nenhum orçamento de modo a permitir a governabilidade do concelho. Fizemos valer o que pensávamos ser importante para o concelho: na Educação, no projeto das zonas ribeirinhas. Estes projetos não teriam sido possíveis nos dois últimos mandatos sem os vereadores do PSD. Até porque no último mandato de Maria da Luz Rosinha alguns destes projetos estiveram para ser retirados. Graças ao PSD aprovou-se um pacote de 500 mil euros para os bombeiros do concelho, quando a extrema-esquerda esteve contra. Essa extrema-esquerda que esteve a favor na defesa do investimento no imobiliário e dos empreiteiros, no caso da Malva Rosa, por exemplo. Nesse aspeto não estamos disponíveis para beneficiar uma empresa em quase um milhão e meio de euros. Em termos de mandato, podia-se ter feito melhor com certeza, até porque se vê que temos estado a perder investimento económico, atratibilidade no domínio do imobiliário. Temos de ter uma outra forma de atuar.
Alberto Mesquita teve um mandato negativo?
Não tenho uma visão fatalista das coisas, até porque se fez muita coisa positiva. Adotámos uma visão construtiva para viabilizar a ação da Câmara. E os jornalistas são testemunha de que não votámos contra nenhum orçamento de modo a permitir a governabilidade do concelho. Fizemos valer o que pensávamos ser importante para o concelho: na Educação, no projeto das zonas ribeirinhas. Estes projetos não teriam sido possíveis nos dois últimos mandatos sem os vereadores do PSD. Até porque no último mandato de Maria da Luz Rosinha alguns destes projetos estiveram para ser retirados. Graças ao PSD aprovou-se um pacote de 500 mil euros para os bombeiros do concelho, quando a extrema-esquerda esteve contra. Essa extrema-esquerda que esteve a favor na defesa do investimento no imobiliário e dos empreiteiros, no caso da Malva Rosa, por exemplo. Nesse aspeto não estamos disponíveis para beneficiar uma empresa em quase um milhão e meio de euros. Em termos de mandato, podia-se ter feito melhor com certeza, até porque se vê que temos estado a perder investimento económico, atratibilidade no domínio do imobiliário. Temos de ter uma outra forma de atuar. No caso da oposição no concelho de Vila Franca, quase que poderíamos dizer que a geringonça faz-se antes entre o PSD e o PS, em que é notório que muitas vezes o senhor vai contra aquilo que são as posições da CDU. Faz parte da sua estratégia atacar mais vezes este partido do que propriamente o executivo PS? Lido mal com a hipocrisia, que me tira do sério. Fazer da hipocrisia o discurso político pior ainda. Posso dizer que vim morar para a Póvoa de Santa Iria com dois anos, e recordo-me bem de quem governou esta cidade e este concelho durante 20 anos. Portanto quando me vêm falar da moral e dos bons costumes, e me dizem que por ser do PSD sou um tipo desonesto, algo não está certo. As pessoas são sérias porque são sérias não por pertencer a um clube ou outro. E nessas alturas quando me dizem isso, eu respondo: ‘Então mas quem é que andou a aprovar todos estes prédios na Póvoa de Santa Iria; Quem é que tinha um programa fantástico para aprovar tudo o que fosse construção na zona ribeirinha desde a Póvoa até Alverca, em que não sobraria nem mais uma única ave migratória?’ Não foi o PSD, mas o Partido Comunista e em alguns casos com o apoio do Partido Socialista. O concelho é governado atualmente pelo PS, mas não nos podemos esquecer que o PCP lidera quatro das seis juntas freguesias do, algumas suficientemente importantes para implementar políticas diferentes, e pergunto eu – ‘Têm melhor limpeza? Melhores espaços públicos? Cuidou-se melhor das escolas? Ou fez-se muita crítica e propaganda antes e agora não se fez nada?’. A CDU criticou durante anos o estacionamento pago mas quando chegou à junta de Vila Franca não o retirou. Não podemos ser coniventes com isto. Este foi um mandato atribulado para o PSD. Primeiro com a saída do executivo, ainda muito cedo, por parte de João de Carvalho, mais tarde e também por questões pessoais, o senhor vereador Rui Rei também se afastou. Estas questões emocionais também afetaram o mandato? Penso que o mandato foi normal. A atividade planeada foi feita. O PSD só tem de agradecer aos que ao longo dos anos o serviram, bem como à população e ao concelho. Do meu ponto de vista agradeço a todos os que trabalharam comigo durante todos estes anos. E no caso do João de Carvalho tive um enorme gosto em trabalhar com ele em dois mandatos, e espero continuar a trabalhar com o mesmo nos próximos anos, porque é um homem do concelho e de enorme valor. O senhor já foi em segundo lugar nas listas do PSD à Câmara, em diversos atos eleitorais. Costuma-se dizer que qualquer dia, o número dois passa a número um, e como estamos a aproximar-nos das eleições deste ano, está disponível para ser cabeça de lista pela primeira vez à Câmara de Vila Franca? Há coisas na vida que temos de encarar: Não podemos ser eternamente número dois, nem sempre número um. Tinha um conjunto de premissas do passado das quais não poderia abdicar. Era muito mais novo (hoje tenho 44 anos), e entendia que não tinha a maturidade exigida para um cargo destes, não tinha a minha vida familiar constituída, apesar de algumas circunstâncias que aconteceram, nem tinha a independência financeira e estabilidade profissional desejada. Estabelecidos estes parâmetros, eu próprio e o PSD tomaremos uma decisão nos próximos dias. Não há nenhuma dúvida de que passados estes anos o PSD terá de ter um candidato local e que venha defender a população como é desejável. Depreendo então que está disponível. O PSD já tomou a sua decisão e já fez os seus convites, e portanto a minha decisão será anunciada em breve face a essa matéria. Não vale a pena dizer antes do tempo. Todos sabem que gosto da atividade política pelo seu objetivo nobre de defender a vida e a sociedade em que nos inserimos. Faço isto sem sacrifício mas por gosto pessoal, mas vamos ver o que se seguirá. Se o PS com provavelmente Alberto Mesquita vencer de novo as próximas eleições, o PSD estará eventualmente disponível para um acordo? O PSD tem a obrigação de entender a democracia de uma forma ainda mais extensiva do que os outros e não há dúvida nenhuma de que deve fazer parte de um entendimento e convidar os demais partidos para esse mesmo entendimento. Vila Franca tem sido sempre um concelho de esquerda. As votações têm ido nesse sentido, mas não nos podemos esquecer que há oito anos o PSD em coligação com o CDS-PP teve 25 por cento dos votos e ficou a cento e poucos votos de ultrapassar a CDU. Quando se diz que há quatro anos a CDU reforçou a sua votação, isso acontece porque quer o PSD quer o PS perderam cerca de seis mil votos que não foram reforçar o PCP ou o BE, traduziram-se antes em abstenção. Mas também não reforçaram o PSD Mas os números são claros. Perdemos votos bem como o PS, mas o PCP viu o seu número de votos crescer percentualmente mas porque houve quem não fosse votar. E quanto à aliança com o CDS que nas últimas eleições não aconteceu? Estamos disponíveis para nos aliarmos com todos os que estiverem disponíveis para o desenvolvimento do concelho, e obviamente que o nosso aliado natural é o CDS. Estamos disponíveis para essa coligação assim este parceiro como outros estejam disponíveis.
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