Daniel Sampaio, em Manique, aconselhou professores a lidar com as práticas de automutilaçãoDiálogo e mais apoio por parte de especialistas foram alguns dos conselhos deixados pelo psiquiatra
Sílvia Agostinho
26-03-2019 às 11:23 
O Agrupamento de Escolas de Manique do Intendente promoveu uma sessão com o psiquiatra Daniel Sampaio, durante a qual o assunto relacionado com a prática de automutilação em escolas, em que um dos casos mais recentes no concelho de Azambuja aconteceu na EB 2,3 de Aveiras de Cima, foi alvo de debate.
Uma das professoras do agrupamento de escolas de Vale Aveiras expôs o problema, e assumiu a sua preocupação com dois casos que chegaram ao seu conhecimento de duas alunas. "Não sabiam explicar o porquê daquele comportamento, apenas disseram que a vida delas não tinha muita graça, e que se sentiam tristes; como mãe e professora sinto-me preocupada". O clínico defendeu a criação de grupos de diálogo com as alunas em causa como uma das terapias face ao cenário em causa. O conhecido psiquiatra deu a conhecer que os ditos “cortes” acontecem em adolescentes mais vulneráveis, e que o fazem no sentido de obterem uma “resposta rápida”, designou. Trata-se no fundo de “uma troca de dores”. “A dor psicológica passa para a dor física”. Um estudo levado a cabo pela Faculdade de Medicina e pelo Hospital de Santa Maria concluiu que sete por cento dos jovens da Grande Lisboa já se automutilaram pelo menos uma vez. Para Daniel Sampaio, este é um fenómeno preocupante porquanto “estamos também diante de algo que obedece a uma lei de grupo em que o adolescente tenta imitar os colegas que o fazem”. O especialista deixou o conselho – “É preciso pô-los a falar e deixar os sentimentos fluírem. Normalmente a situação resolve-se, caso contrário terá de se pedir apoio psicológico mais permanente”. Daniel Sampaio referiu, ainda, que no caso de a situação se agravar na escola, que diligenciaria no sentido de um acompanhamento mais específico do caso, no âmbito da especialidade no Hospital de Santa Maria.
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