De Alenquer para o mundo- Festas do Império do Divino Espírito Santo estão bem vivas
Fizemos uma visita guiada a esta exposição importada dos Açores, arquipélago que também celebra a tradição do Espírito Santo, com o vereador da Cultura, Rui Costa
|18 Ago 2021 16:18
As Festas do Império do Divino Espírito Santo (FIDES) em Alenquer, que assinalam 700 anos em 2021, têm como um dos pontos altos a exposição “Espírito Santo Migrante” patente no Convento de São Francisco. Foi da Vila Presépio que partiu esta tradição para vários pontos do mundo onde também é assinalada. Fenómeno da globalização permitido pelos Descobrimentos, (quando o termo ainda não tinha sido inventado), num primeiro momento, e mais tarde pela emigração, são festas, ao mesmo tempo, religiosas e profanas e o seu espírito está bem vivo em países como o Brasil, Canadá ou os Estados Unidos.
Este ano assinalam-se os 700 anos das festas, e a exposição reúne uma série de documentos escritos, fotográficos, audiovisuais cedidos por entidades e particulares. Fizemos uma visita guiada a esta exposição importada dos Açores, arquipélago que também celebra a tradição do Espírito Santo, com o vereador da Cultura, Rui Costa. “Dar a perceber aos nossos munícipes e a quem nos visita a importância que este culto tem naquelas ilhas, e de que forma e graças à intervenção dos açorianos se espalhou pelo continente americano é um dos principais objetivos”, refere o autarca. Na exposição podemos apreciar um dos símbolos mais evidentes deste culto como as coroas do Espírito Santo, uma pintura do “Milagre das Rosas” associado à figura da Rainha Santa Isabel, inspiradora de todos este movimento religioso. Datam de 1321, as primeiras festas em honra do Divino Espírito Santo em Alenquer e nesta exposição há um documento a registar essa efeméride. O registo fotográfico mais antigo data de 1945, antes da primeira interrupção que se verificou na celebração das FIDES, tendo sido retomadas décadas mais tarde, em 2007, à exceção da celebração religiosa que sempre se manteve. Nessa altura, “podemos verificar que as festas envolviam muita gente do nosso concelho, com bodos e com tudo o que estava relacionado com essas comemorações”. Numa época de fome e de pobreza “era uma oportunidade para se provar a sopa do Espírito Santo, o pão e o vinho”. Toda a exposição conta com registos áudio e vídeo da festa nos Açores. Para além das ilhas açorianas, e de Alenquer, no nosso país as festas têm também eco em Aldeia do Penedo, Sintra, ainda que num registo menos conhecido. No sul do Brasil, nos Estados Unidos, e no Canadá as Festas do Divino do Espírito Santo são vividas ao rubro, e nesta exposição podemos ver fotografias que retratam isso mesmo nas comunidades migrantes com adesão de miúdos a graúdos. “O fenómeno espalhou-se pelas várias gerações de imigrantes, alguns deles já nem falam português”. A festa de Rhode Island nos Estados Unidos é disso exemplo de “uma grande devoção”, “e onde a tradição é comum à de Alenquer com as sopas ricas em carne e o arroz-doce, em que o motor destas festas é sem dúvida a comunidade açoriana que emigrou para os Estados Unidos”. O papel de Alenquer nestas festas parte como colonizador das ilhas. Após o seu descobrimento partiram cerca de 600 pessoas para as ilhas, e grande parte dos que foram para São Miguel e Terceira eram alenquerenses, das freguesias Ribafria e Pereiro de Palhacana e assim começou-se a difundir este culto. “As festas do Espírito Santo são a maior expressão da religiosidade portuguesa no mundo e isso deveu-se sem sombra de dúvida também ao povo açoriano”. A exposição conta com a curadoria de Catarina Faria, formada em Fotografia e licenciada em Antropologia. Especializou-se em Culturas Visuais no âmbito do seu mestrado em Antropologia. A sua ligação com o tema das Festas do Espírito Santo ocorre pela convergência de um fator profissional com um fator pessoal, a sua participação como antropóloga num projeto de pesquisa desenvolvido pelo Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA-UNL), sobre as Festas do Espírito Santo na América do Norte, coordenado pelo prof. João Leal, e as suas raízes, como filha e neta de açorianos, criada em Ponta Delgada na ilha de São Miguel. A exposição pode ser visitada até ao próximo dia 20 de novembro. |
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