
Nos últimos 11 anos foram construídas 800 mil novas casas em Portugal, quando a população residente subiu apenas 200 mil. O fim da febre da construção tem vindo a arrastar para a falência construtores e promotores imobiliários. Na nossa região, há muitos imóveis em esqueleto à espera que alguém os acabe; ou uma vez concluídos permanecem por vender há demasiado tempo. O mercado vai mostrando alguns sinais mais ou menos animadores, com o aluguer de imóveis a subir em flecha, alguns dos quais foram parar às mãos dos bancos depois da falência dos construtores. Outros são vendidos pelos fundos imobiliários desses mesmos bancos a preços muito abaixo dos inicialmente previstos.
No caso do mercado de Azambuja; assiste-se, actualmente, a um crescendo no que respeita ao aluguer de imóveis. De acordo com Mário Simões, angariador da imobiliária Remax, há já cinco anos, este concelho tem algumas dificuldades em competir, por exemplo, com o concelho vizinho de Alenquer, sobretudo com a localidade do Carregado, “onde um T3 novo custa 40 mil euros, quando em Azambuja chega aos 70 ou 80 mil”. “Tudo por causa do comboio que em 30 minutos chega a Lisboa, um factor que sempre inflacionou o preço das casas em Azambuja”, refere. “Por outro lado, enquanto que em Azambuja há uns seis ou sete imóveis de retoma bancária, no Carregado esse número aumenta substancialmente; levando a uma baixa de preços”.
Um dos exemplos mais emblemáticos, em Azambuja, de um edifício adquirido pelos bancos e que só agora, passados vários anos da sua construção, começa a ser comercializado, trata-se do prédio conhecido por “Torre”, com nove andares. Ao todo foram mais de 25 anos para terminar a obra que permaneceu vários anos em esqueleto, e outros tantos à espera que o viessem habitar.
Em 2005, um empresário de outra zona do país, avistou por casualidade a obra inacabada, e tomou as rédeas do processo. Daniel Antunes viu na “Torre” uma boa oportunidade para investir e chegou a acordo com a Santa Casa de Azambuja, anterior detentora do imóvel.
No entanto, depressa as expectativas saíram goradas. “Por volta de 2007, começámos a assistir a uma grande quebra no mercado, e comecei a ter vontade de vender tudo, consegui recuperar algum do investimento que fiz na conclusão do edifício, mas o fecho da Opel, por exemplo, também não ajudou. Foi desgastante para todos”, dá conta Daniel Antunes, da Danielar Imobiliário, entretanto falida, ao Valor Local. Conta que na altura gastou 3 milhões de euros na aquisição e restante construção do edifício. Enaltece sobretudo, neste processo, a “pronta ajuda que a Câmara de Azambuja sempre manifestou”.
“O fundo de investimento imobiliário do Montepio ficou com o imóvel. Demorei alguns meses a negociar com eles, mas creio que foi um bom negócio para ambas as partes. Podia ter ganhado mais se tivesse vendido por conta própria mas decidi que não podia arriscar tanto”.
O edifício possui vários T1 com 75m2; os T2 têm 140 m2; os T3 possuem 155m2. No oitavo andar, cada uma das fracções tem 200m2; por último, o 9º (penthouse) tem 220m2. No total foram construídos 48 apartamentos.
Recentemente colocadas para aluguer, entre os 300 e os 400 euros, as casas da “Torre” têm sido muito procuradas não só por residentes no concelho, como por pessoas que querem vir morar para Azambuja.
No dia em que a nossa reportagem se deslocou ao edifício em causa, ficámos a conhecer Filomena Costa, que morava há já uns anos num outro edifício igualmente com 9 andares, contíguo, mas que ficou apaixonada pelas áreas do último andar da “Torre”. Não foi de meias medidas, e decidiu mudar-se de armas e bagagens; e alugar o último andar em causa. “A casa é fabulosa. A relação qualidade/preço é óptima. Alguns pequenos pormenores já foram devidamente tratados, como humidades, mas nada de especial. A outra torre inaugurada há 15 anos e onde morei até hoje também apresentava estes problemas.” Filomena Costa conclui: “Esperei 15 anos para vir para aqui, foi um sonho tornado realidade”. E saúda o facto de as casas terem sido colocadas para arrendamento e não para venda: “Acho que estão a pedir cerca de 220 mil euros!”. O seu antigo apartamento na torre ao lado, comprado por si, está agora para alugar.
Ana Filipa Nunes, por seu turno, reparou no anúncio e rapidamente contactou a agente da Remax, Maria da Luz Fuzeiro, que lhe alugou um T2. “Vou mudar-me entretanto, e deixar o bairro da Ómnia, onde pago bem mais e onde a qualidade da casa não tem nada a ver com a desta. Aqui vou pagar pouco mais de 300 euros de renda. A casa superou as minhas expectativas, as áreas são superiores às da torre do lado. Este negócio foi óptimo para mim”.
Para já o fundo imobiliário colocou sobretudo para arrendamento os T2 da “Torre”. Desde Fevereiro que a procura tem sido bastante, “os T2 já foram todos arrendados, cerca de 30 casas, sobretudo por casais jovens com ordenados baixos. Algumas pessoas já realizaram o sonho de vir estrear uma casa”, refere Maria da Luz Fuzeiro que reconhece que a venda das casas em causa “seria muito mais difícil”.
No entanto, o edifício que já foi visitado por muitos azambujenses denota não estar completamente equipado a nível das cozinhas; para além de precisar de outros pequenos arranjos. Quem vem habitar é incentivado a adquirir os electrodomésticos em falta, em contrapartida é dado um período de carência por parte do banco, de cerca de dois ou três meses. O mesmo princípio é válido para os arranjos e ajustes necessários.
As receitas provenientes dos impostos sobre imóveis têm um papel fulcral nas receitas de qualquer município. O intervalo de tempo durante o qual a “Torre” esteve por habitar tem significado um arrecadar de menos possíveis receitas por parte da Câmara de Azambuja, conforme reconheceu à nossa reportagem o presidente do município, Luís de Sousa, pois “desde o início que o caso da ‘Torre’ andou muito empatado”. Um dos casos flagrantes de construções por terminar no concelho prende-se com o edifício recentemente entaipado junto à Escola Boavida Canada, que começava a ser alvo de acções de vandalismo. “Sabemos que o edifício está entregue a um banco, porque a construtora faliu. Já fizemos alguns contactos para nos ser cedida a área circundante para a realização da Feira de Maio, mas gostaríamos que nos cedessem o prédio para habitação social, por exemplo, pois temos muitas famílias a precisar de casa”, exprime o autarca.
No caso do mercado de Azambuja; assiste-se, actualmente, a um crescendo no que respeita ao aluguer de imóveis. De acordo com Mário Simões, angariador da imobiliária Remax, há já cinco anos, este concelho tem algumas dificuldades em competir, por exemplo, com o concelho vizinho de Alenquer, sobretudo com a localidade do Carregado, “onde um T3 novo custa 40 mil euros, quando em Azambuja chega aos 70 ou 80 mil”. “Tudo por causa do comboio que em 30 minutos chega a Lisboa, um factor que sempre inflacionou o preço das casas em Azambuja”, refere. “Por outro lado, enquanto que em Azambuja há uns seis ou sete imóveis de retoma bancária, no Carregado esse número aumenta substancialmente; levando a uma baixa de preços”.
Um dos exemplos mais emblemáticos, em Azambuja, de um edifício adquirido pelos bancos e que só agora, passados vários anos da sua construção, começa a ser comercializado, trata-se do prédio conhecido por “Torre”, com nove andares. Ao todo foram mais de 25 anos para terminar a obra que permaneceu vários anos em esqueleto, e outros tantos à espera que o viessem habitar.
Em 2005, um empresário de outra zona do país, avistou por casualidade a obra inacabada, e tomou as rédeas do processo. Daniel Antunes viu na “Torre” uma boa oportunidade para investir e chegou a acordo com a Santa Casa de Azambuja, anterior detentora do imóvel.
No entanto, depressa as expectativas saíram goradas. “Por volta de 2007, começámos a assistir a uma grande quebra no mercado, e comecei a ter vontade de vender tudo, consegui recuperar algum do investimento que fiz na conclusão do edifício, mas o fecho da Opel, por exemplo, também não ajudou. Foi desgastante para todos”, dá conta Daniel Antunes, da Danielar Imobiliário, entretanto falida, ao Valor Local. Conta que na altura gastou 3 milhões de euros na aquisição e restante construção do edifício. Enaltece sobretudo, neste processo, a “pronta ajuda que a Câmara de Azambuja sempre manifestou”.
“O fundo de investimento imobiliário do Montepio ficou com o imóvel. Demorei alguns meses a negociar com eles, mas creio que foi um bom negócio para ambas as partes. Podia ter ganhado mais se tivesse vendido por conta própria mas decidi que não podia arriscar tanto”.
O edifício possui vários T1 com 75m2; os T2 têm 140 m2; os T3 possuem 155m2. No oitavo andar, cada uma das fracções tem 200m2; por último, o 9º (penthouse) tem 220m2. No total foram construídos 48 apartamentos.
Recentemente colocadas para aluguer, entre os 300 e os 400 euros, as casas da “Torre” têm sido muito procuradas não só por residentes no concelho, como por pessoas que querem vir morar para Azambuja.
No dia em que a nossa reportagem se deslocou ao edifício em causa, ficámos a conhecer Filomena Costa, que morava há já uns anos num outro edifício igualmente com 9 andares, contíguo, mas que ficou apaixonada pelas áreas do último andar da “Torre”. Não foi de meias medidas, e decidiu mudar-se de armas e bagagens; e alugar o último andar em causa. “A casa é fabulosa. A relação qualidade/preço é óptima. Alguns pequenos pormenores já foram devidamente tratados, como humidades, mas nada de especial. A outra torre inaugurada há 15 anos e onde morei até hoje também apresentava estes problemas.” Filomena Costa conclui: “Esperei 15 anos para vir para aqui, foi um sonho tornado realidade”. E saúda o facto de as casas terem sido colocadas para arrendamento e não para venda: “Acho que estão a pedir cerca de 220 mil euros!”. O seu antigo apartamento na torre ao lado, comprado por si, está agora para alugar.
Ana Filipa Nunes, por seu turno, reparou no anúncio e rapidamente contactou a agente da Remax, Maria da Luz Fuzeiro, que lhe alugou um T2. “Vou mudar-me entretanto, e deixar o bairro da Ómnia, onde pago bem mais e onde a qualidade da casa não tem nada a ver com a desta. Aqui vou pagar pouco mais de 300 euros de renda. A casa superou as minhas expectativas, as áreas são superiores às da torre do lado. Este negócio foi óptimo para mim”.
Para já o fundo imobiliário colocou sobretudo para arrendamento os T2 da “Torre”. Desde Fevereiro que a procura tem sido bastante, “os T2 já foram todos arrendados, cerca de 30 casas, sobretudo por casais jovens com ordenados baixos. Algumas pessoas já realizaram o sonho de vir estrear uma casa”, refere Maria da Luz Fuzeiro que reconhece que a venda das casas em causa “seria muito mais difícil”.
No entanto, o edifício que já foi visitado por muitos azambujenses denota não estar completamente equipado a nível das cozinhas; para além de precisar de outros pequenos arranjos. Quem vem habitar é incentivado a adquirir os electrodomésticos em falta, em contrapartida é dado um período de carência por parte do banco, de cerca de dois ou três meses. O mesmo princípio é válido para os arranjos e ajustes necessários.
As receitas provenientes dos impostos sobre imóveis têm um papel fulcral nas receitas de qualquer município. O intervalo de tempo durante o qual a “Torre” esteve por habitar tem significado um arrecadar de menos possíveis receitas por parte da Câmara de Azambuja, conforme reconheceu à nossa reportagem o presidente do município, Luís de Sousa, pois “desde o início que o caso da ‘Torre’ andou muito empatado”. Um dos casos flagrantes de construções por terminar no concelho prende-se com o edifício recentemente entaipado junto à Escola Boavida Canada, que começava a ser alvo de acções de vandalismo. “Sabemos que o edifício está entregue a um banco, porque a construtora faliu. Já fizemos alguns contactos para nos ser cedida a área circundante para a realização da Feira de Maio, mas gostaríamos que nos cedessem o prédio para habitação social, por exemplo, pois temos muitas famílias a precisar de casa”, exprime o autarca.

Alenquer
Varandas Del Rei ficou à espera do aeroporto
Localizado à entrada da vila de Alenquer, o empreendimento “Varandas del Rei” é mais um elefante branco da região a dar as boas-vindas a quem passa na estrada nacional. Cerca de 72 apartamentos fazem parte do complexo pensado tendo em conta o acréscimo populacional esperado com o aeroporto da Ota. Um sonho que se desfez há cinco anos e meio, quando foi dada outra localização para o mesmo.
Duarte Luís, consultor imobiliário da Remax, que está no ramo desde 2007, ainda se lembra bem dos tempos em que o concelho de Alenquer era uma espécie de “El Dourado” dos construtores, num tempo em que o aeroporto prometia mais desenvolvimento e mais habitantes.
Quando a sua construção foi finalizada, o angariador imobiliário ainda investiu bastante em material de propaganda e chegou a mostrar alguns apartamentos a interessados. Hoje é com alguma pena que constata que as casas estão todas por alugar. “Prevê-se que possam passar para a alçada de uma entidade bancária”, diz. Os preços, na altura, eram altos: cerca de 120 mil um T3; e 150 mil um T4. Ainda é visível da estrada, a placa de T2 a 100 mil euros, que foi colocada há seis anos atrás.
Segundo Duarte Luís, estes preços são pouco apelativos, tendo em conta que recentemente conseguiu vender moradias a rondar os 90 a 100 mil euros, em pouco tempo, na vila de Alenquer. O mesmo refere que o mercado imobiliário de Alenquer desvalorizou cerca de 16 por cento no último ano.
Segundo informação da Câmara de Alenquer, através da vereadora do Urbanismo, Dora Pereira, o processo (deste imóvel) que se encontra em nome da Promocasa-Cooperativa de Habitação, CRL tem licença válida até 4/10/2015, “sendo pretensão da requerente acabar a obra durante a vigência do prazo indicado, tendo havido por parte desta autarquia apoio técnico relativamente às zonas verdes que irão circundar o edifício”.
Ilídio Mendes, gerente da Promocasa, sedeada em Alverca, dá conta que aguarda aprovação de uma entidade bancária para continuar a dar andamento ao processo ao abrigo de um Plano Especial de Revitalização, destinado a libertar uma garantia bancária de 650 mil euros, pois entretanto já foi conseguido um novo empreiteiro para a obra, “mas como enfrenta algumas dificuldades financeiras continua-se a aguardar o aval”.
O empresário refere que na altura da construção do Varandas del Rei esperava que não só o aeroporto mas também a plataforma logística da Castanheira lhe permitissem um “escoar satisfatório” dos apartamentos. O terreno em causa foi adquirido à Câmara de Alenquer por 1 milhão e 650 mil euros”. Ilídio Mendes traça o seguinte panorama do seu sector na região – “Os negócios estão praticamente parados. Muitos imóveis estão por concluir, outros não se vendem. Os bancos que pegam nessas casas andam a vendê-las por tuta e meia”. O futuro do Varandas del Rei permanece por enquanto incerto, bastante reais são já alguns danos no edifício, como os actos de vandalismo verificados pela nossa reportagem num dos espaços do mesmo, na zona do rés-do-chão.
Já sobre o mercado no geral, na zona do concelho de Alenquer, Duarte Luís opina que, neste momento, há boas oportunidades para compra de casa a preços bastante convidativos, com verdadeiras pechinchas a 25 mil ou 30 mil, casas em segunda mão, mas com menos de 10 anos, e com boas condições. “Temos casos em que a mensalidade ao banco fica pelos 500 euros, ou seja, com mais vantagens do que o arrendamento a 700 ou 800 euros”.
Por outro lado, reconhece que a crise económica bateu com grande intensidade no sector, e poucos são os empresários do ramo que têm conseguido sobreviver. “Muitos foram gananciosos e construíram sem muitas perspectivas de fazerem negócio e faliram; ao passo que outros que tinham compradores e negócios em vista ainda se conseguiram manter, apesar de tudo”.
Ainda no concelho de Alenquer, o panorama descrito torna-se ainda mais desolador na zona conhecida por Quinta do Brandão, com vários prédios em esqueleto que convivem paredes meias com outros concluídos, mas cujos arranjos urbanísticos ficaram por fazer. Estes edifícios estão entregues ao Banif. Dora Pereira refere que a Câmara “tem sido contactada pelos actuais proprietários desses edifícios, na sua maioria entidades bancárias que ficaram com os prédios devido a insolvência dos antigos proprietários, no sentido de acabarem os prédios à semelhança de outros no local, que foram concluídos também por bancos, tendo sido norma da Câmara autorizar a conclusão desses prédios”.
Varandas Del Rei ficou à espera do aeroporto
Localizado à entrada da vila de Alenquer, o empreendimento “Varandas del Rei” é mais um elefante branco da região a dar as boas-vindas a quem passa na estrada nacional. Cerca de 72 apartamentos fazem parte do complexo pensado tendo em conta o acréscimo populacional esperado com o aeroporto da Ota. Um sonho que se desfez há cinco anos e meio, quando foi dada outra localização para o mesmo.
Duarte Luís, consultor imobiliário da Remax, que está no ramo desde 2007, ainda se lembra bem dos tempos em que o concelho de Alenquer era uma espécie de “El Dourado” dos construtores, num tempo em que o aeroporto prometia mais desenvolvimento e mais habitantes.
Quando a sua construção foi finalizada, o angariador imobiliário ainda investiu bastante em material de propaganda e chegou a mostrar alguns apartamentos a interessados. Hoje é com alguma pena que constata que as casas estão todas por alugar. “Prevê-se que possam passar para a alçada de uma entidade bancária”, diz. Os preços, na altura, eram altos: cerca de 120 mil um T3; e 150 mil um T4. Ainda é visível da estrada, a placa de T2 a 100 mil euros, que foi colocada há seis anos atrás.
Segundo Duarte Luís, estes preços são pouco apelativos, tendo em conta que recentemente conseguiu vender moradias a rondar os 90 a 100 mil euros, em pouco tempo, na vila de Alenquer. O mesmo refere que o mercado imobiliário de Alenquer desvalorizou cerca de 16 por cento no último ano.
Segundo informação da Câmara de Alenquer, através da vereadora do Urbanismo, Dora Pereira, o processo (deste imóvel) que se encontra em nome da Promocasa-Cooperativa de Habitação, CRL tem licença válida até 4/10/2015, “sendo pretensão da requerente acabar a obra durante a vigência do prazo indicado, tendo havido por parte desta autarquia apoio técnico relativamente às zonas verdes que irão circundar o edifício”.
Ilídio Mendes, gerente da Promocasa, sedeada em Alverca, dá conta que aguarda aprovação de uma entidade bancária para continuar a dar andamento ao processo ao abrigo de um Plano Especial de Revitalização, destinado a libertar uma garantia bancária de 650 mil euros, pois entretanto já foi conseguido um novo empreiteiro para a obra, “mas como enfrenta algumas dificuldades financeiras continua-se a aguardar o aval”.
O empresário refere que na altura da construção do Varandas del Rei esperava que não só o aeroporto mas também a plataforma logística da Castanheira lhe permitissem um “escoar satisfatório” dos apartamentos. O terreno em causa foi adquirido à Câmara de Alenquer por 1 milhão e 650 mil euros”. Ilídio Mendes traça o seguinte panorama do seu sector na região – “Os negócios estão praticamente parados. Muitos imóveis estão por concluir, outros não se vendem. Os bancos que pegam nessas casas andam a vendê-las por tuta e meia”. O futuro do Varandas del Rei permanece por enquanto incerto, bastante reais são já alguns danos no edifício, como os actos de vandalismo verificados pela nossa reportagem num dos espaços do mesmo, na zona do rés-do-chão.
Já sobre o mercado no geral, na zona do concelho de Alenquer, Duarte Luís opina que, neste momento, há boas oportunidades para compra de casa a preços bastante convidativos, com verdadeiras pechinchas a 25 mil ou 30 mil, casas em segunda mão, mas com menos de 10 anos, e com boas condições. “Temos casos em que a mensalidade ao banco fica pelos 500 euros, ou seja, com mais vantagens do que o arrendamento a 700 ou 800 euros”.
Por outro lado, reconhece que a crise económica bateu com grande intensidade no sector, e poucos são os empresários do ramo que têm conseguido sobreviver. “Muitos foram gananciosos e construíram sem muitas perspectivas de fazerem negócio e faliram; ao passo que outros que tinham compradores e negócios em vista ainda se conseguiram manter, apesar de tudo”.
Ainda no concelho de Alenquer, o panorama descrito torna-se ainda mais desolador na zona conhecida por Quinta do Brandão, com vários prédios em esqueleto que convivem paredes meias com outros concluídos, mas cujos arranjos urbanísticos ficaram por fazer. Estes edifícios estão entregues ao Banif. Dora Pereira refere que a Câmara “tem sido contactada pelos actuais proprietários desses edifícios, na sua maioria entidades bancárias que ficaram com os prédios devido a insolvência dos antigos proprietários, no sentido de acabarem os prédios à semelhança de outros no local, que foram concluídos também por bancos, tendo sido norma da Câmara autorizar a conclusão desses prédios”.
Vila
Franca de Xira
Condomínio de luxo ficou em esqueleto
Há oito anos que ficou por concluir o condomínio Bella Guarda em Vila Franca de Xira, visível da A1. Um imóvel que oferecia a possibilidade de uma casa de sonho a muitos vilafranquenses que embarcaram numa aventura que acabou por deixar um travo amargo. As obras começaram em 2006, e prosseguiram a bom ritmo até 2007, até que pararam de um momento para o outro. A construtora Ramalho e Couto SA viria a falir pouco depois.
João Celorico foi um dos interessados na aquisição de um dos apartamentos que acabou por deixar um apreciável sinal junto dos construtores. A casa custava 170 mil euros e deu de entrada à volta de 60 mil. Celorico e a esposa, na altura, venderam as respectivas casas de solteiros, e alugaram uma casa à espera de num curto espaço de tempo virem a habitar o Bella Guarda, que previa a construção de zonas residenciais e comerciais numa área superior a cinco mil metros quadrados, num conjunto de 75 apartamentos, 74 arrecadações, e 151 estacionamentos em cave. Previa-se criar no local um empreendimento dotado de algum luxo reservado a uma classe média-alta, em tempos em que ainda não se falava de crise.
“As obras decorriam a um ritmo estonteante, estava convencidíssimo que ia morar para lá bastante depressa. Víamos 40 a 50 pessoas naquela obra todos os dias. Estava previsto entregarem-nos as casas em Março de 2007, mas depois passaram a entrega para Agosto. Entretanto, e rapidamente, começou a decair o número de pessoas na obra. Comecei a deslocar-me ao escritório do construtor várias vezes, em algumas ocasiões mais do que uma por dia. Cheguei ao ponto de ver empreiteiros à espera de falarem com os construtores”, descreve.
O seu caso foi resolvido com a sugestão por parte do sobrinho de António Couto, o construtor da empresa, de o mesmo se mudar de armas e bagagens com a mulher para um imóvel no concelho de Alenquer, em Albarróis. Só assim conseguiriam não perder o sinal por completo. Ainda enfrentou algumas dificuldades pois esse empreendimento possuía por seu turno casas penhoradas, sinal de que a empresa de construção ameaçava entrar em declínio, mas conseguiu resolver o caso e ficou a morar naquela localidade durante três anos, com o inconveniente de todos os dias ter de se deslocar para Vila Franca, onde tinha o seu emprego. “Fui para Alenquer em Maio, e a empresa faliu em Dezembro, já viu a sorte que tive em ainda conseguir uma casa, consegui desbloquear a penhora também com recurso ao banco que ficou com as casas naquela localidade”, enfatiza. Pela casa de Alenquer pagou no total 140 mil, um preço inferior ao do apartamento sonhado no Bella Guarda.
Mesmo assim não culpa a Ramalho Couto por todo “o transtorno” pois “apesar de tudo ainda encontrou uma solução para o caso”. “Estava a ver que perdia o meu dinheiro, mas não o perdi!”. Entretanto João Celorico voltou a viver em Vila Franca de Xira num novo empreendimento, e coincidência das coincidências, uma das pessoas que conheceu aquando do interesse no Bella Guarda e que que ia ser sua vizinha, é actualmente sua vizinha no novo edifício onde reside.
Joaquina Ramos, também de Vila Franca de Xira, foi outra das “vítimas deste caso. Visitou o andar modelo, e rapidamente reservou uma das casas para si. Conseguiu o empréstimo do banco. “O local era agradável e as casas muito razoáveis”, refere. Chegou a dar apenas 500 euros para sinalizar a reserva. Depois de tudo aprovado, teria de avançar com uma quantia superior.
“Deram várias desculpas na altura para o não avanço da obra como falta de materiais”, lembra-se. Tal como no caso de João Celorico, a empresa ainda lhe sugeriu compra de casa noutro local, mas não mostrou interesse, porque se tratavam de zonas fora de Vila Franca de Xira. Acabou por comprar casa mais tarde na Quinta do Bolhão também em Vila Franca de Xira. Hoje quando passa pelo Bella Guarda sente alguma pena. “Não avança, é uma coisa feia que ali está na nossa cidade”.
O Valor Local contactou a Câmara de Vila Franca de Xira no sentido de um comentário sobre este caso do Bella Guarda, mas até ao fecho de edição não obtivemos qualquer resposta.
Condomínio de luxo ficou em esqueleto
Há oito anos que ficou por concluir o condomínio Bella Guarda em Vila Franca de Xira, visível da A1. Um imóvel que oferecia a possibilidade de uma casa de sonho a muitos vilafranquenses que embarcaram numa aventura que acabou por deixar um travo amargo. As obras começaram em 2006, e prosseguiram a bom ritmo até 2007, até que pararam de um momento para o outro. A construtora Ramalho e Couto SA viria a falir pouco depois.
João Celorico foi um dos interessados na aquisição de um dos apartamentos que acabou por deixar um apreciável sinal junto dos construtores. A casa custava 170 mil euros e deu de entrada à volta de 60 mil. Celorico e a esposa, na altura, venderam as respectivas casas de solteiros, e alugaram uma casa à espera de num curto espaço de tempo virem a habitar o Bella Guarda, que previa a construção de zonas residenciais e comerciais numa área superior a cinco mil metros quadrados, num conjunto de 75 apartamentos, 74 arrecadações, e 151 estacionamentos em cave. Previa-se criar no local um empreendimento dotado de algum luxo reservado a uma classe média-alta, em tempos em que ainda não se falava de crise.
“As obras decorriam a um ritmo estonteante, estava convencidíssimo que ia morar para lá bastante depressa. Víamos 40 a 50 pessoas naquela obra todos os dias. Estava previsto entregarem-nos as casas em Março de 2007, mas depois passaram a entrega para Agosto. Entretanto, e rapidamente, começou a decair o número de pessoas na obra. Comecei a deslocar-me ao escritório do construtor várias vezes, em algumas ocasiões mais do que uma por dia. Cheguei ao ponto de ver empreiteiros à espera de falarem com os construtores”, descreve.
O seu caso foi resolvido com a sugestão por parte do sobrinho de António Couto, o construtor da empresa, de o mesmo se mudar de armas e bagagens com a mulher para um imóvel no concelho de Alenquer, em Albarróis. Só assim conseguiriam não perder o sinal por completo. Ainda enfrentou algumas dificuldades pois esse empreendimento possuía por seu turno casas penhoradas, sinal de que a empresa de construção ameaçava entrar em declínio, mas conseguiu resolver o caso e ficou a morar naquela localidade durante três anos, com o inconveniente de todos os dias ter de se deslocar para Vila Franca, onde tinha o seu emprego. “Fui para Alenquer em Maio, e a empresa faliu em Dezembro, já viu a sorte que tive em ainda conseguir uma casa, consegui desbloquear a penhora também com recurso ao banco que ficou com as casas naquela localidade”, enfatiza. Pela casa de Alenquer pagou no total 140 mil, um preço inferior ao do apartamento sonhado no Bella Guarda.
Mesmo assim não culpa a Ramalho Couto por todo “o transtorno” pois “apesar de tudo ainda encontrou uma solução para o caso”. “Estava a ver que perdia o meu dinheiro, mas não o perdi!”. Entretanto João Celorico voltou a viver em Vila Franca de Xira num novo empreendimento, e coincidência das coincidências, uma das pessoas que conheceu aquando do interesse no Bella Guarda e que que ia ser sua vizinha, é actualmente sua vizinha no novo edifício onde reside.
Joaquina Ramos, também de Vila Franca de Xira, foi outra das “vítimas deste caso. Visitou o andar modelo, e rapidamente reservou uma das casas para si. Conseguiu o empréstimo do banco. “O local era agradável e as casas muito razoáveis”, refere. Chegou a dar apenas 500 euros para sinalizar a reserva. Depois de tudo aprovado, teria de avançar com uma quantia superior.
“Deram várias desculpas na altura para o não avanço da obra como falta de materiais”, lembra-se. Tal como no caso de João Celorico, a empresa ainda lhe sugeriu compra de casa noutro local, mas não mostrou interesse, porque se tratavam de zonas fora de Vila Franca de Xira. Acabou por comprar casa mais tarde na Quinta do Bolhão também em Vila Franca de Xira. Hoje quando passa pelo Bella Guarda sente alguma pena. “Não avança, é uma coisa feia que ali está na nossa cidade”.
O Valor Local contactou a Câmara de Vila Franca de Xira no sentido de um comentário sobre este caso do Bella Guarda, mas até ao fecho de edição não obtivemos qualquer resposta.

Armazéns à venda por 900 mil euros
Quem passa na Castanheira do Ribatejo não deixa de reparar num dos grandes armazéns existentes que se encontra para venda. Numa das laterais podemos avistar o cartaz de Rui Almeida, agente da Remax, a quem um grupo de sócios confiou a venda do mesmo, há já dois anos. O imóvel que resultou de uma retoma, tem 1100 m2 no piso 0, possui piso intermédio com balneários, e no piso superior a área é de 155m2. Possui cais de embarque com portões automáticos e plataformas elevatórias. Com afectação para indústria e armazenamento está à espera de um comprador disposto a desembolsar nada mais nada menos do que 900 mil euros, preço que Rui Almeida confessa estar “sobrevalorizado”, como resultado também de uma avaliação “excessiva” de um milhão e 600 mil euros por parte de uma seguradora. “Se vendessem o imóvel que tem cerca de 5 anos por 600 mil euros já era bem vendido”, não hesita em avançar.
Alguns dos contactos que tem recebido surgem no sentido do arrendamento do armazém, algo que tem sido posto fora de hipótese pelos proprietários, “que apenas encaram quanto muito o arrendamento mais opção de compra”. “Já tive propostas de 2500 euros para arrendamento, mas mesmo assim os proprietários querem mais”.
Rui Almeida prevê poucas possibilidades de o imóvel ser comprado, “porque as empresas consolidadas já dispõem dos seus espaços”. “Apenas vejo como plausível se, de um momento para o outro, alguma dessas empresas precisasse de mais espaço para armazenamento”, mas como a “conjuntura actual é desfavorável…”, deixa no ar. Uma empresa do sector farmacêutico mostrou alguma disponibilidade para utilizar a parte de armazém como linha de montagem, mas o interesse acabou por morrer na praia. Rui Almeida faz a seguinte observação “Através da lona ganho mais publicidade do que o imóvel”, constata com alguma desolação.
Por outro lado, sente que alguns empresários que o contactam não têm a noção da proximidade da Castanheira do Ribatejo a Lisboa. Enquanto isso, e por falta de utilização, “a estrutura começa a deteriorar-se e já foi alvo de actos de vandalismo”.
Sílvia Agostinho
24-03-2014
Quem passa na Castanheira do Ribatejo não deixa de reparar num dos grandes armazéns existentes que se encontra para venda. Numa das laterais podemos avistar o cartaz de Rui Almeida, agente da Remax, a quem um grupo de sócios confiou a venda do mesmo, há já dois anos. O imóvel que resultou de uma retoma, tem 1100 m2 no piso 0, possui piso intermédio com balneários, e no piso superior a área é de 155m2. Possui cais de embarque com portões automáticos e plataformas elevatórias. Com afectação para indústria e armazenamento está à espera de um comprador disposto a desembolsar nada mais nada menos do que 900 mil euros, preço que Rui Almeida confessa estar “sobrevalorizado”, como resultado também de uma avaliação “excessiva” de um milhão e 600 mil euros por parte de uma seguradora. “Se vendessem o imóvel que tem cerca de 5 anos por 600 mil euros já era bem vendido”, não hesita em avançar.
Alguns dos contactos que tem recebido surgem no sentido do arrendamento do armazém, algo que tem sido posto fora de hipótese pelos proprietários, “que apenas encaram quanto muito o arrendamento mais opção de compra”. “Já tive propostas de 2500 euros para arrendamento, mas mesmo assim os proprietários querem mais”.
Rui Almeida prevê poucas possibilidades de o imóvel ser comprado, “porque as empresas consolidadas já dispõem dos seus espaços”. “Apenas vejo como plausível se, de um momento para o outro, alguma dessas empresas precisasse de mais espaço para armazenamento”, mas como a “conjuntura actual é desfavorável…”, deixa no ar. Uma empresa do sector farmacêutico mostrou alguma disponibilidade para utilizar a parte de armazém como linha de montagem, mas o interesse acabou por morrer na praia. Rui Almeida faz a seguinte observação “Através da lona ganho mais publicidade do que o imóvel”, constata com alguma desolação.
Por outro lado, sente que alguns empresários que o contactam não têm a noção da proximidade da Castanheira do Ribatejo a Lisboa. Enquanto isso, e por falta de utilização, “a estrutura começa a deteriorar-se e já foi alvo de actos de vandalismo”.
Sílvia Agostinho
24-03-2014