São jovens atletas a dar os primeiros passos ou então já com um palmarés apreciável. Depois de mais uns Jogos Olímpicos, fomos saber quais as principais dificuldades, sonhos e ambições de vários atletas da região nas mais diversas modalidades.
Sílvia Agostinho
01-09-2016 às 20:16
Sílvia Agostinho
01-09-2016 às 20:16

Márcio Neves, o triatleta resistente
Correr, nadar e pedalar durante mais de nove horas
Desde sempre ligado à prática desportiva, Márcio Neves, de Marinhais, entregou-se a várias modalidades antes de chegar ao triatlo em 2007. Como muitos outros triatletas, não esconde que foram, em parte, as várias vitórias de Vanessa Fernandes que despertaram em si a vontade de experimentar. O atleta especializou-se no triatlo de longa distância. Já venceu diversas competições, inclusive um campeonato mundial de longa distância, e na base do sucesso está o facto de ser consistente nos três segmentos- natação, ciclismo e corrida.
Uma das vantagens na sua carreira enquanto atleta deveu-se ao facto de paralelamente ser militar, e com isso beneficiar do treino físico inerente à sua profissão. O primeiro triatlo foi em Pedrógão Grande, “ e a pensar do princípio ao fim que nunca mais repetiria aquela experiência”, ri-se. Demorou uma hora e 33 minutos. Hoje consegue acabar numa hora. “Só no segmento de natação demorei 18 minutos mas hoje já consigo fazer em nove minutos”. Era uma prova de triatlo sprint, mas a sua grande paixão viria a ser o triatlo longo. “Não comecei logo a ganhar pódios, em 2008 fiquei satisfeito com um quinto lugar que consegui numa prova.”
O triatlo longo contempla 1900 metros de natação, 90 quilómetros de ciclismo e 21 quilómetros de atletismo. Márcio Neves é um dos especialistas nacionais nesta modalidade assim como na de Ironman (que passar por um circuito cujo ponto alto é o campeonato do mundo no Hawai) que são 3800 metros a nadar, 180 quilómetros a pedalar e mais 42 de atletismo. “Apenas dois ou três atletas em Portugal vivem em exclusivo do triatlo longo”, acrescenta.
O Havai é um dos palcos privilegiados do Ironman, “onde até pessoas com idades de 70 ou 80 anos participam, não é só para homens de ferro”, enfatiza. O seu recorde pessoal no Ironman é de 9 horas e 8 minutos. (O recorde do mundo foi fixado recentemente em 7 horas e 35 minutos) Em 2012, Márcio Neves foi campeão do mundo, escalão 25-29 anos, e em média treinava 30 horas semanais. De modo a rentabilizar da melhor forma possível o dia para essa preparação saía de Marinhais todos os dias de bicicleta em direção ao Entroncamento onde trabalhava (demorava duas horas) e na hora de almoço aproveitava ainda para ir dar umas braçadas na piscina municipal ou para correr. Quando chegava a casa “ainda ia correr mais o meu irmão (igualmente praticante da modalidade) durante mais uma hora e meia, duas horas”. Contudo, tudo só foi possível também graças ao apoio da família – “Só mesmo tendo por trás uma grande mulher que goste e que nos dê força”. “Não fica chateada por eu não poder ajudar mais em casa”, ri-se.
Correr, nadar e pedalar durante mais de nove horas
Desde sempre ligado à prática desportiva, Márcio Neves, de Marinhais, entregou-se a várias modalidades antes de chegar ao triatlo em 2007. Como muitos outros triatletas, não esconde que foram, em parte, as várias vitórias de Vanessa Fernandes que despertaram em si a vontade de experimentar. O atleta especializou-se no triatlo de longa distância. Já venceu diversas competições, inclusive um campeonato mundial de longa distância, e na base do sucesso está o facto de ser consistente nos três segmentos- natação, ciclismo e corrida.
Uma das vantagens na sua carreira enquanto atleta deveu-se ao facto de paralelamente ser militar, e com isso beneficiar do treino físico inerente à sua profissão. O primeiro triatlo foi em Pedrógão Grande, “ e a pensar do princípio ao fim que nunca mais repetiria aquela experiência”, ri-se. Demorou uma hora e 33 minutos. Hoje consegue acabar numa hora. “Só no segmento de natação demorei 18 minutos mas hoje já consigo fazer em nove minutos”. Era uma prova de triatlo sprint, mas a sua grande paixão viria a ser o triatlo longo. “Não comecei logo a ganhar pódios, em 2008 fiquei satisfeito com um quinto lugar que consegui numa prova.”
O triatlo longo contempla 1900 metros de natação, 90 quilómetros de ciclismo e 21 quilómetros de atletismo. Márcio Neves é um dos especialistas nacionais nesta modalidade assim como na de Ironman (que passar por um circuito cujo ponto alto é o campeonato do mundo no Hawai) que são 3800 metros a nadar, 180 quilómetros a pedalar e mais 42 de atletismo. “Apenas dois ou três atletas em Portugal vivem em exclusivo do triatlo longo”, acrescenta.
O Havai é um dos palcos privilegiados do Ironman, “onde até pessoas com idades de 70 ou 80 anos participam, não é só para homens de ferro”, enfatiza. O seu recorde pessoal no Ironman é de 9 horas e 8 minutos. (O recorde do mundo foi fixado recentemente em 7 horas e 35 minutos) Em 2012, Márcio Neves foi campeão do mundo, escalão 25-29 anos, e em média treinava 30 horas semanais. De modo a rentabilizar da melhor forma possível o dia para essa preparação saía de Marinhais todos os dias de bicicleta em direção ao Entroncamento onde trabalhava (demorava duas horas) e na hora de almoço aproveitava ainda para ir dar umas braçadas na piscina municipal ou para correr. Quando chegava a casa “ainda ia correr mais o meu irmão (igualmente praticante da modalidade) durante mais uma hora e meia, duas horas”. Contudo, tudo só foi possível também graças ao apoio da família – “Só mesmo tendo por trás uma grande mulher que goste e que nos dê força”. “Não fica chateada por eu não poder ajudar mais em casa”, ri-se.
Apenas o amor pelo desporto é que move os atletas de triatlo, não sendo à semelhança de outros desportos suficientemente rentável. Os patrocínios são sempre essenciais e na maioria dos casos quando chegam para financiar os custos “já é algo positivo”. “Quando estive no Hawai, tive o apoio da Caixa Agrícola de Marinhais que deu para pagar a estadia”. Depois disso conseguiu mais apoios que o ajudaram a financiar os custos de material desportivo. Entretanto teve uma lesão pelo meio no joelho, dedicou-se mais à natação. “Com isso ganhei mais velocidade perdendo na resistência, o que me possibilitou disputar os campeonatos nacionais nas distâncias mais curtas”. Foi campeão nacional no escalão 30-34 anos. Márcio Neves dedica-se também em especial, e nos últimos tempos, à disputa de provas em águas abertas já que devido à lesão no joelho tem de ter algum cuidado com os esforços que possam danificar ainda mais a cartilagem. “O médico já me avisou para me conter, e terei de procurar desgastar o menos possível o joelho”. Mas como o bichinho das distâncias longas ainda permanece em si, avança – “Um dia quando estiver mais perto dos 40 sou capaz de perder a cabeça e ir de novo a um Ironman”.
Portugal tem atletas ao mais alto nível no triatlo longo, contudo esta é uma vertente que não entra nos Jogos Olímpicos, “talvez por não despertar tanto interesse dos patrocinadores e quando isso não acontece não se pode pensar em muito mais”, refere Márcio Neves. “Possivelmente por ser uma prova de nove horas, demasiado longa, possa ser considerada pouco atrativa”. Mas Márcio Neves não tem dúvidas de que o Ironman é uma prova com um alto nível de adesão, espetacular para quem vê e para quem participa- “Andei sete anos a ver a prova só na internet, uma vez lá foi como estar a viver um sonho. A moldura humana é fenomenal”. A ilha do Havai onde decorre a competição é povoada apenas por nativos, mas durante o campeonato do mundo enche-se de adeptos, competidores, marcas, e toda uma parafernália que se possa imaginar para uma prova que dura mais de nove horas.
Portugal tem atletas ao mais alto nível no triatlo longo, contudo esta é uma vertente que não entra nos Jogos Olímpicos, “talvez por não despertar tanto interesse dos patrocinadores e quando isso não acontece não se pode pensar em muito mais”, refere Márcio Neves. “Possivelmente por ser uma prova de nove horas, demasiado longa, possa ser considerada pouco atrativa”. Mas Márcio Neves não tem dúvidas de que o Ironman é uma prova com um alto nível de adesão, espetacular para quem vê e para quem participa- “Andei sete anos a ver a prova só na internet, uma vez lá foi como estar a viver um sonho. A moldura humana é fenomenal”. A ilha do Havai onde decorre a competição é povoada apenas por nativos, mas durante o campeonato do mundo enche-se de adeptos, competidores, marcas, e toda uma parafernália que se possa imaginar para uma prova que dura mais de nove horas.
Novos equipamentos precisam-se
Campeã de ginástica artística à espera do salto seguinte
É um dos desportos que mais atenção consegue chamar sempre que de quatro em quatro anos acontecem os Jogos Olímpicos pela espetacularidade dos exercícios que os ginastas conseguem fazer com o corpo. Lara Cintra atleta do Grupo Desportivo de Azambuja (GDA) , 13 anos, é uma das promessas do clube nesta altura, tendo conseguido ser primeira, recentemente, no solo e nas paralelas assimétricas no escalão júnior, no Campeonato Nacional de Ginástica Artística Divisão Base, disputado em Anadia.
Apesar de todas as dificuldades, o GDA tem conseguido demonstrar o talento das suas atletas nas várias competições. O equipamento não ajuda. Não há um fosso, e as paralelas foram improvisadas pelos técnicos, mas nada que obstaculizasse Lara Cintra de para o ano já fazer parte da primeira divisão. No horizonte estará a passagem à divisão de elite . A atleta, segundo as treinadoras Inês Grazina e Natacha Correia, consegue fazer o pleno nas quatro vertentes da ginástica artística, o designado all around: cavalo, solo, paralelas, e barra. “Algo que é muito difícil de alcançar, mas a Lara está à vontade nos quatro aparelhos. Alguns atletas apenas se conseguem distinguir num ou dois aparelhos”, afirma Inês Grazina. A atleta do Carregado afirma gostar de desafios e do perigo, e o gosto pela ginástica começou quando via na televisão as façanhas de outras atletas. Tímida, não traça muitos planos para o futuro, apenas diz que gostaria de ser uma das melhores de Portugal.
O Grupo Desportivo de Azambuja é das poucas coletividades na região que possui a componente da ginástica artística, apenas em Lisboa existem alguns ginásios vocacionados para a modalidade. “Temos quarenta meninas a praticarem ginástica artística, damos aulas de ginástica para bebés, e quem sabe daqui a uns anos poderão optar pela modalidade”, dá a conhecer Natacha Correia evidenciando o trabalho de base que o clube está a realizar. Há atletas desta modalidade que treinam diariamente como é o caso de Lara Cintra, outras duas ou três vezes por semana.
O desafio da atleta ir agora para um campeonato mais competitivo também reforça a preocupação das treinadoras com os equipamentos. Natacha Correia diz mesmo que quando for em época de campeonatos vão ter de ir com a atleta ao Porto, porque não arriscam uma das componentes de um salto num cavalo sem fosso, como o existente no ginásio. “Podemos dizer que somos dos piores ginásios do país, por isso as nossas vitórias baseiam-se muito na criatividade”. O GDA já chegou a recolher colchões abandonados ao pé de caixotes, hoje nem tanto. Mas na memória das treinadoras ainda está quando improvisaram uma mesa de salto com uma marquesa de fisioterapia virada ao contrário com colchões por cima. Nas paralelas também valeu o designado espírito do desenrasca – “ Os nossos técnicos montaram-nas em duas semanas. As oficiais custam quatro mil euros, estas foram 200 euros, produzidas com banzos de aço, e muito menos flexíveis do que as normais”. As lacunas são gritantes, e as treinadoras confessam que “há evoluções nos exercícios que por questões de segurança não podemos treinar aqui”.
Campeã de ginástica artística à espera do salto seguinte
É um dos desportos que mais atenção consegue chamar sempre que de quatro em quatro anos acontecem os Jogos Olímpicos pela espetacularidade dos exercícios que os ginastas conseguem fazer com o corpo. Lara Cintra atleta do Grupo Desportivo de Azambuja (GDA) , 13 anos, é uma das promessas do clube nesta altura, tendo conseguido ser primeira, recentemente, no solo e nas paralelas assimétricas no escalão júnior, no Campeonato Nacional de Ginástica Artística Divisão Base, disputado em Anadia.
Apesar de todas as dificuldades, o GDA tem conseguido demonstrar o talento das suas atletas nas várias competições. O equipamento não ajuda. Não há um fosso, e as paralelas foram improvisadas pelos técnicos, mas nada que obstaculizasse Lara Cintra de para o ano já fazer parte da primeira divisão. No horizonte estará a passagem à divisão de elite . A atleta, segundo as treinadoras Inês Grazina e Natacha Correia, consegue fazer o pleno nas quatro vertentes da ginástica artística, o designado all around: cavalo, solo, paralelas, e barra. “Algo que é muito difícil de alcançar, mas a Lara está à vontade nos quatro aparelhos. Alguns atletas apenas se conseguem distinguir num ou dois aparelhos”, afirma Inês Grazina. A atleta do Carregado afirma gostar de desafios e do perigo, e o gosto pela ginástica começou quando via na televisão as façanhas de outras atletas. Tímida, não traça muitos planos para o futuro, apenas diz que gostaria de ser uma das melhores de Portugal.
O Grupo Desportivo de Azambuja é das poucas coletividades na região que possui a componente da ginástica artística, apenas em Lisboa existem alguns ginásios vocacionados para a modalidade. “Temos quarenta meninas a praticarem ginástica artística, damos aulas de ginástica para bebés, e quem sabe daqui a uns anos poderão optar pela modalidade”, dá a conhecer Natacha Correia evidenciando o trabalho de base que o clube está a realizar. Há atletas desta modalidade que treinam diariamente como é o caso de Lara Cintra, outras duas ou três vezes por semana.
O desafio da atleta ir agora para um campeonato mais competitivo também reforça a preocupação das treinadoras com os equipamentos. Natacha Correia diz mesmo que quando for em época de campeonatos vão ter de ir com a atleta ao Porto, porque não arriscam uma das componentes de um salto num cavalo sem fosso, como o existente no ginásio. “Podemos dizer que somos dos piores ginásios do país, por isso as nossas vitórias baseiam-se muito na criatividade”. O GDA já chegou a recolher colchões abandonados ao pé de caixotes, hoje nem tanto. Mas na memória das treinadoras ainda está quando improvisaram uma mesa de salto com uma marquesa de fisioterapia virada ao contrário com colchões por cima. Nas paralelas também valeu o designado espírito do desenrasca – “ Os nossos técnicos montaram-nas em duas semanas. As oficiais custam quatro mil euros, estas foram 200 euros, produzidas com banzos de aço, e muito menos flexíveis do que as normais”. As lacunas são gritantes, e as treinadoras confessam que “há evoluções nos exercícios que por questões de segurança não podemos treinar aqui”.
A ginástica mundial feminina vive novamente um momento apoteótico com o aparecimento da super medalhada Simon Biles, e as treinadoras opinam que o nosso país também poderia pensar em investir nesta modalidade, porque talentos não faltam.

Quanto à atleta parte com motivação para o novo desafio de passar para a primeira divisão. Não será fácil conciliar com os estudos, “o que nem sempre é fácil” , mas é uma questão de “hábito”. Lara Cintra chegou a estar, no início da sua chegada ao GDA, simultaneamente na Associação Desportiva do Carregado onde deu os primeiros passos na modalidade. “Treinava duas horas aqui, mais hora e meia lá. Chegava a casa e ainda tinha aulas de explicação. Acumulava também com natação e a música”, refere Lara para demonstrar que capacidade de desmultiplicação em várias tarefas não lhe falta.
Na sua vida atlética, os pais têm sido fundamentais. “São inexcedíveis quando se trata de arranjarem apoios para a Lara na sua atividade desde rifas passando por bater à porta de empresas e particulares”, enfatizam as treinadoras.
A ginástica mundial feminina vive novamente um momento apoteótico com o aparecimento da super medalhada Simon Biles, e as treinadoras opinam que o nosso país também poderia pensar em investir nesta modalidade, porque talentos não faltam. No caso do GDA “temos evoluído aos poucos, apesar do apoio da autarquia, mas os encargos são elevados”. “Na região de Lisboa não podemos dizer que tenhamos um ginásio extraordinário. A modalidade está muito limitada a nível nacional. Seria importante fazer-se não só um investimento público como aparecerem empresas e particulares a apoiarem os atletas”.
Na sua vida atlética, os pais têm sido fundamentais. “São inexcedíveis quando se trata de arranjarem apoios para a Lara na sua atividade desde rifas passando por bater à porta de empresas e particulares”, enfatizam as treinadoras.
A ginástica mundial feminina vive novamente um momento apoteótico com o aparecimento da super medalhada Simon Biles, e as treinadoras opinam que o nosso país também poderia pensar em investir nesta modalidade, porque talentos não faltam. No caso do GDA “temos evoluído aos poucos, apesar do apoio da autarquia, mas os encargos são elevados”. “Na região de Lisboa não podemos dizer que tenhamos um ginásio extraordinário. A modalidade está muito limitada a nível nacional. Seria importante fazer-se não só um investimento público como aparecerem empresas e particulares a apoiarem os atletas”.
João Esteves é dos melhores da sua idade na velocidade em Portugal
Tem 17 anos e um talento especial para as provas de velocidade no atletismo. Mas tudo começou de forma tímida quando há três anos numa competição de mega sprint enquadrada no projeto de desporto escolar. Ficou em último mas mesmo assim, o treinador José Santos descortinou nele algumas capacidades que devidamente trabalhadas poderiam levar João Esteves a outro patamar. "Reparei no João porque era muito rápido, embora corresse mal tecnicamente, e estivesse um pouco gordinho. Achei que com o treino poderia sair dali qualquer coisa", recorda.
Era uma espécie de diamante em bruto que tem sido lapidado desde então. João Esteves só se vê a correr atrás deste sonho de correr, cada vez mais e melhor, de preferência. Para já esteve presente no campeonato mundial de júniores, onde ficou em 15º na estafeta de 4/100m. "Da idade dele é o melhor neste momento em 100 metros no nosso país", acrescenta José Santos. Para trás ficou o futebol, onde jogava à baliza, para se dedicar ao atletismo, modalidade na qual se sente bem, e na qual procura divertir-se. "Essa é ainda hoje a minha forma de estar neste desporto", confessa. João Esteves integra uma equipa de atletismo ligada à Escola Secundária Damião de Goes, em Alenquer, projeto do professor/treinador José Santos. Os treinos não podem ser descurados e como tal confessa que se aplica bastante. Na época de inverno treina seis vezes por dia, cerca de duas a três horas por dia. Mas não tem dúvidas que lá fora se treina muito mais, "por isso é que no estrangeiro é uma modalidade profissional e cá ainda é amadora".
Nas competições nacionais João Vicente já foi vice-campeão nacional de 100 metros em juvenis, alcançou um terceiro lugar em 100 metros/juvenis, e outro terceiro lugar em 60 metros júniores/pista coberta. E dois anos depois conseguiu ser campeão nacional de mega sprint depois da tentativa frustrada da primeira vez que correu. O recorde de João Vicente nos 100 metros é de 10 segundos e 66 centésimos. O recorde nacional que é também europeu pertence a Francis Obikwelu: 9 segundos 86 centésimos. (A título de curiosidade o recorde do mundo que pertence a Usain Bolt é de 9 segundos 58 centésimos). Quanto ao João: "Tem todas as condições para evoluir, pois é muito rápido e muito determinado. Possivelmente até pode vir a evoluir para outras distâncias". Neste aspeto, o atleta concorda - "Se o meu treinador disser que devo correr os 1000 metros, eu confio nele".
Desde que Obikwelu terminou a carreira que Portugal não voltou à ribalta no atletismo nas provas de velocidade, contudo José Santos salvaguarda que a modalidade evoluiu muito no país, com boas marcas, mas também continuou a evoluir no estrangeiro. "Há quem sustente que os africanos ou afrodescendentes têm mais fibras brancas, e desenvolvem mais massa muscular e conseguem melhores resultados em velocidade".
A escola Damião de Goes em Alenquer tem cerca de 10 atletas no ranking dos melhores do ano em Portugal, até tivemos um que foi o 5º melhor da Europa nos 100 metros, isto nos escalões juvenis e juniores. "Temos a treinar regularmente cerca de 20 atletas todos os dias".
Para dar o salto em frente, seria necessário arrancar-se o quanto antes com o projeto do centro de treino de atletismo previsto para o exterior do pavilhão municipal, e que foi um dos vencedores do Orçamento Participativo, edição de 2014. A obra tem de estar pronta de acordo com o regulamento da Câmara de Alenquer até ao fim de 2016, mas com o passar dos meses ainda não se vê sinais de que possa vir a iniciar-se. José Santos que foi o proponente deste investimento orçado em 60 mil euros, está muito preocupado com os atrasos. A obra é complexa. Compreende pistas e uma caixa de salto. As reuniões com a Câmara têm-se sucedido mas o desalento já se apoderou de atletas e treinador - "Tal como está projetado este centro seria fabuloso. Muita gente já começa a colocar em dúvida se será ou não uma realidade. Porque ganhámos em outubro de 2014, e já passaram quase dois anos", refere, desabafando - "O vereador da Câmara ligado a este projeto é muito acessível e empenhado mas ainda nada foi feito no terreno. A Câmara alegou questões técnicas. Eu próprio aleguei algumas soluções, mas depois viu-se que não podia ser. Mas o projeto já se encontra reformulado desde o início do ano, e como tal pronto a arrancar".
José Santos reforça o tom de tristeza bem como João: "Se não estiver feito em dezembro vamos para lá acampar todos os dias". A possibilidade de poder vir a contar uma estrutura deste tipo em que as condições de treino podiam ser melhoradas substancialmente, sem que os atletas tenham muitas vezes de se deslocarem de Alenquer até Lisboa, "criou uma expetativa enorme". "Já não será para os alunos que participaram ativamente no projeto para que esta ideia fosse uma das vencedoras do Orçamento Participativo, porque com todos estes atrasos, alguns até já terminaram o ensino secundário, mas será para os vindouros" . José Santos faz questão de sublinhar que "não estamos a falar de algo muito caro". "Sobretudo seria uma instalação fantástica".
Tem 17 anos e um talento especial para as provas de velocidade no atletismo. Mas tudo começou de forma tímida quando há três anos numa competição de mega sprint enquadrada no projeto de desporto escolar. Ficou em último mas mesmo assim, o treinador José Santos descortinou nele algumas capacidades que devidamente trabalhadas poderiam levar João Esteves a outro patamar. "Reparei no João porque era muito rápido, embora corresse mal tecnicamente, e estivesse um pouco gordinho. Achei que com o treino poderia sair dali qualquer coisa", recorda.
Era uma espécie de diamante em bruto que tem sido lapidado desde então. João Esteves só se vê a correr atrás deste sonho de correr, cada vez mais e melhor, de preferência. Para já esteve presente no campeonato mundial de júniores, onde ficou em 15º na estafeta de 4/100m. "Da idade dele é o melhor neste momento em 100 metros no nosso país", acrescenta José Santos. Para trás ficou o futebol, onde jogava à baliza, para se dedicar ao atletismo, modalidade na qual se sente bem, e na qual procura divertir-se. "Essa é ainda hoje a minha forma de estar neste desporto", confessa. João Esteves integra uma equipa de atletismo ligada à Escola Secundária Damião de Goes, em Alenquer, projeto do professor/treinador José Santos. Os treinos não podem ser descurados e como tal confessa que se aplica bastante. Na época de inverno treina seis vezes por dia, cerca de duas a três horas por dia. Mas não tem dúvidas que lá fora se treina muito mais, "por isso é que no estrangeiro é uma modalidade profissional e cá ainda é amadora".
Nas competições nacionais João Vicente já foi vice-campeão nacional de 100 metros em juvenis, alcançou um terceiro lugar em 100 metros/juvenis, e outro terceiro lugar em 60 metros júniores/pista coberta. E dois anos depois conseguiu ser campeão nacional de mega sprint depois da tentativa frustrada da primeira vez que correu. O recorde de João Vicente nos 100 metros é de 10 segundos e 66 centésimos. O recorde nacional que é também europeu pertence a Francis Obikwelu: 9 segundos 86 centésimos. (A título de curiosidade o recorde do mundo que pertence a Usain Bolt é de 9 segundos 58 centésimos). Quanto ao João: "Tem todas as condições para evoluir, pois é muito rápido e muito determinado. Possivelmente até pode vir a evoluir para outras distâncias". Neste aspeto, o atleta concorda - "Se o meu treinador disser que devo correr os 1000 metros, eu confio nele".
Desde que Obikwelu terminou a carreira que Portugal não voltou à ribalta no atletismo nas provas de velocidade, contudo José Santos salvaguarda que a modalidade evoluiu muito no país, com boas marcas, mas também continuou a evoluir no estrangeiro. "Há quem sustente que os africanos ou afrodescendentes têm mais fibras brancas, e desenvolvem mais massa muscular e conseguem melhores resultados em velocidade".
A escola Damião de Goes em Alenquer tem cerca de 10 atletas no ranking dos melhores do ano em Portugal, até tivemos um que foi o 5º melhor da Europa nos 100 metros, isto nos escalões juvenis e juniores. "Temos a treinar regularmente cerca de 20 atletas todos os dias".
Para dar o salto em frente, seria necessário arrancar-se o quanto antes com o projeto do centro de treino de atletismo previsto para o exterior do pavilhão municipal, e que foi um dos vencedores do Orçamento Participativo, edição de 2014. A obra tem de estar pronta de acordo com o regulamento da Câmara de Alenquer até ao fim de 2016, mas com o passar dos meses ainda não se vê sinais de que possa vir a iniciar-se. José Santos que foi o proponente deste investimento orçado em 60 mil euros, está muito preocupado com os atrasos. A obra é complexa. Compreende pistas e uma caixa de salto. As reuniões com a Câmara têm-se sucedido mas o desalento já se apoderou de atletas e treinador - "Tal como está projetado este centro seria fabuloso. Muita gente já começa a colocar em dúvida se será ou não uma realidade. Porque ganhámos em outubro de 2014, e já passaram quase dois anos", refere, desabafando - "O vereador da Câmara ligado a este projeto é muito acessível e empenhado mas ainda nada foi feito no terreno. A Câmara alegou questões técnicas. Eu próprio aleguei algumas soluções, mas depois viu-se que não podia ser. Mas o projeto já se encontra reformulado desde o início do ano, e como tal pronto a arrancar".
José Santos reforça o tom de tristeza bem como João: "Se não estiver feito em dezembro vamos para lá acampar todos os dias". A possibilidade de poder vir a contar uma estrutura deste tipo em que as condições de treino podiam ser melhoradas substancialmente, sem que os atletas tenham muitas vezes de se deslocarem de Alenquer até Lisboa, "criou uma expetativa enorme". "Já não será para os alunos que participaram ativamente no projeto para que esta ideia fosse uma das vencedoras do Orçamento Participativo, porque com todos estes atrasos, alguns até já terminaram o ensino secundário, mas será para os vindouros" . José Santos faz questão de sublinhar que "não estamos a falar de algo muito caro". "Sobretudo seria uma instalação fantástica".
Equitador João Netto Bacatelo
Promessa para as Olimpíadas de Pequim
João Netto Bacatelo é visto como uma das grandes promessas do hipismo. O equitador de Benavente tem 20 anos, e aponta baterias para os próximos Jogos Olímpicos de Pequim. Tudo começou quando tinha cerca de oito anos e começou a montar a cavalo no Centro Hípico do Zambujeiro e Santo Estevão.
O equitador sente que falta ao hipismo em Portugal uma dimensão mais popular, de modo a não ser considerado tão elitista, e faz o contraponto com um país onde esteve recentemente a fazer um estágio para o campeonato da Europa, a Dinamarca, “onde o ambiente em torno deste desporto é outro mundo, completamente diferente”. “Precisamos mesmo de dar o tal clique, porque as pessoas ainda acham que este é um desporto para ricos”, defende João Netto Bacatelo. Não deixando de ser um desporto caro, “considero que com trabalho e com esforço muitos poderão chegar a bons resultados”, até porque “há centros hípicos que disponibilizam cavalos”. “Eu próprio quando comecei também não tinha um cavalo”. O equitador salienta que chegou a alugar cavalos para entrar em concursos.
Com a evolução na modalidade que escolheu, foi acabando por ter os seus próprios cavalos. “Um animal com uma personalidade muito própria”, destaca. “Todos os cavalos são diferentes e a relação que temos de estabelecer com eles para andar na alta competição tem de ser muito especial, e muito familiar”. Um dos segredos da sua relação com estes animais “é estar atento a todos os pormenores do dia-a-dia” durante o tempo em que convive com os seus cavalos – “Perceber se estão bem, se estão satisfeitos com o que os rodeia. Se estão a comer bem o feno e a beber a sua água. Porque um cavalo também pode ter dias sim ou dias não”. O equitador tem três cavalos a competir atualmente, sendo que a égua Benny, cega de um olho, tem sido o seu principal talismã em muitos campeonatos disputados e com a qual já ganhou várias provas de CCE (Concurso Completo de Equitação) que compreende ensino, raide, e saltos obstáculos.
“Tenho uma relação muito especial com ela, porque é da criação do meu pai. Nasceu na nossa casa. Ficou cega quando apanhou um vírus no campo em pequenina. Ainda chamámos o veterinário, foi operada mas não havia mais nada a fazer”. João Netto Bacatelo tinha 13 anos quando o episódio se verificou, e por isso “fiquei com pouca confiança na égua”. Mas progressivamente “comecei a desbastá-la e hoje em dia é dos animais em que tenho mais confiança”.
Quando questionado sobre o porquê de Portugal não ter mais medalhas no hipismo nos Jogos Olímpicos, refere que esta é daquelas questões que lhe fazem recorrentemente, mas de difícil resposta. “Temos bons cavaleiros em Portugal, mas falta dar o passo seguinte para que surjam mais patrocínios para apoiar o mundo equestre”. O equitador mais uma vez contraria a tese de que os atletas desta modalidade não precisam de apoios porque são naturalmente pessoas endinheiradas – “Temos casos de pessoas que começam do zero, e que precisam de mais apoios para evoluírem. Que não possuem cavalos próprios, muitas vezes, recorrendo a centros equestres”. Por outro lado, preparar um cavalo para os Jogos Olímpicos exige no mínimo oito a dez anos, não se compadecendo portanto com os ciclos de quatro anos das Olimpíadas.
Recentemente, João Netto Bacatelo foi convidado a integrar a modalidade de hipismo pelo Benfica, o que significa “uma grande responsabilidade” para si. “O clube dá-nos outra visibilidade, e embora não patrocine diretamente os atletas, conseguimos mais apoios através dos patrocinadores contratualizados como a Emirates, Adidas, Repsol”.
O dia-a-dia do atleta passa sempre pelo mundo dos cavalos, e neste sentido refere que chega todos os dias por volta das nove da manhã aos estábulos. “Trabalho os meus três cavalos durante a manhã. Ao fim da tarde dou mais um passeio com eles para descontrair. De dois em dois dias faço saltos”. A sua rotina é esta mas em breve vai ingressar numa licenciatura em agronomia.
Lá fora o ritmo de preparação e competitividade de um cavaleiro não é comparável ao de Portugal com os equitadores a dedicarem-se em exclusivo às diversas vertentes das modalidades equestres. “Para ser sincero eles trabalham muitíssimo mais do que nós. Quando pensamos que cá estamos a dar 100 por cento, chegamos lá fora e vemos que dão 300 por cento”. Basicamente, “vivem de manhã à noite para os cavalos”. No nosso país, “os atletas têm outras profissões”. João Netto Bacatelo vai mais longe e é da opinião que “o atleta estrangeiro é mais exigente consigo mesmo, não deixa para amanhã o que pode fazer hoje”.
Estar presente em Pequim daqui a quatro anos é “uma meta difícil”, “até porque para conseguirmos a classificação temos de sair do nosso país, e isso ainda demora algum tempo, com a disputa de várias provas na Europa, o que acarreta um grande esforço financeiro”. A federação não promove “grandes apoios”, ao contrário do que se passa lá fora.
Promessa para as Olimpíadas de Pequim
João Netto Bacatelo é visto como uma das grandes promessas do hipismo. O equitador de Benavente tem 20 anos, e aponta baterias para os próximos Jogos Olímpicos de Pequim. Tudo começou quando tinha cerca de oito anos e começou a montar a cavalo no Centro Hípico do Zambujeiro e Santo Estevão.
O equitador sente que falta ao hipismo em Portugal uma dimensão mais popular, de modo a não ser considerado tão elitista, e faz o contraponto com um país onde esteve recentemente a fazer um estágio para o campeonato da Europa, a Dinamarca, “onde o ambiente em torno deste desporto é outro mundo, completamente diferente”. “Precisamos mesmo de dar o tal clique, porque as pessoas ainda acham que este é um desporto para ricos”, defende João Netto Bacatelo. Não deixando de ser um desporto caro, “considero que com trabalho e com esforço muitos poderão chegar a bons resultados”, até porque “há centros hípicos que disponibilizam cavalos”. “Eu próprio quando comecei também não tinha um cavalo”. O equitador salienta que chegou a alugar cavalos para entrar em concursos.
Com a evolução na modalidade que escolheu, foi acabando por ter os seus próprios cavalos. “Um animal com uma personalidade muito própria”, destaca. “Todos os cavalos são diferentes e a relação que temos de estabelecer com eles para andar na alta competição tem de ser muito especial, e muito familiar”. Um dos segredos da sua relação com estes animais “é estar atento a todos os pormenores do dia-a-dia” durante o tempo em que convive com os seus cavalos – “Perceber se estão bem, se estão satisfeitos com o que os rodeia. Se estão a comer bem o feno e a beber a sua água. Porque um cavalo também pode ter dias sim ou dias não”. O equitador tem três cavalos a competir atualmente, sendo que a égua Benny, cega de um olho, tem sido o seu principal talismã em muitos campeonatos disputados e com a qual já ganhou várias provas de CCE (Concurso Completo de Equitação) que compreende ensino, raide, e saltos obstáculos.
“Tenho uma relação muito especial com ela, porque é da criação do meu pai. Nasceu na nossa casa. Ficou cega quando apanhou um vírus no campo em pequenina. Ainda chamámos o veterinário, foi operada mas não havia mais nada a fazer”. João Netto Bacatelo tinha 13 anos quando o episódio se verificou, e por isso “fiquei com pouca confiança na égua”. Mas progressivamente “comecei a desbastá-la e hoje em dia é dos animais em que tenho mais confiança”.
Quando questionado sobre o porquê de Portugal não ter mais medalhas no hipismo nos Jogos Olímpicos, refere que esta é daquelas questões que lhe fazem recorrentemente, mas de difícil resposta. “Temos bons cavaleiros em Portugal, mas falta dar o passo seguinte para que surjam mais patrocínios para apoiar o mundo equestre”. O equitador mais uma vez contraria a tese de que os atletas desta modalidade não precisam de apoios porque são naturalmente pessoas endinheiradas – “Temos casos de pessoas que começam do zero, e que precisam de mais apoios para evoluírem. Que não possuem cavalos próprios, muitas vezes, recorrendo a centros equestres”. Por outro lado, preparar um cavalo para os Jogos Olímpicos exige no mínimo oito a dez anos, não se compadecendo portanto com os ciclos de quatro anos das Olimpíadas.
Recentemente, João Netto Bacatelo foi convidado a integrar a modalidade de hipismo pelo Benfica, o que significa “uma grande responsabilidade” para si. “O clube dá-nos outra visibilidade, e embora não patrocine diretamente os atletas, conseguimos mais apoios através dos patrocinadores contratualizados como a Emirates, Adidas, Repsol”.
O dia-a-dia do atleta passa sempre pelo mundo dos cavalos, e neste sentido refere que chega todos os dias por volta das nove da manhã aos estábulos. “Trabalho os meus três cavalos durante a manhã. Ao fim da tarde dou mais um passeio com eles para descontrair. De dois em dois dias faço saltos”. A sua rotina é esta mas em breve vai ingressar numa licenciatura em agronomia.
Lá fora o ritmo de preparação e competitividade de um cavaleiro não é comparável ao de Portugal com os equitadores a dedicarem-se em exclusivo às diversas vertentes das modalidades equestres. “Para ser sincero eles trabalham muitíssimo mais do que nós. Quando pensamos que cá estamos a dar 100 por cento, chegamos lá fora e vemos que dão 300 por cento”. Basicamente, “vivem de manhã à noite para os cavalos”. No nosso país, “os atletas têm outras profissões”. João Netto Bacatelo vai mais longe e é da opinião que “o atleta estrangeiro é mais exigente consigo mesmo, não deixa para amanhã o que pode fazer hoje”.
Estar presente em Pequim daqui a quatro anos é “uma meta difícil”, “até porque para conseguirmos a classificação temos de sair do nosso país, e isso ainda demora algum tempo, com a disputa de várias provas na Europa, o que acarreta um grande esforço financeiro”. A federação não promove “grandes apoios”, ao contrário do que se passa lá fora.
Canoístas do Alhandra rivalizam com grandes do Norte
David Varela era suplente da seleção de canoagem que esteve nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O atleta do Alhandra Sporting Club teve os primeiros contactos com a modalidade há oito anos trás. Hoje com 22 anos, e depois de ter terminado uma licenciatura em Geografia conta que quando chegou ao clube pensava em praticar windsurf mas foi-lhe aconselhado experimentar vela para ganhar técnica e canoagem para conseguir mais força. Optou pela segunda, e de lá para cá tem conseguido vários bons resultados no país e lá fora. Mais recentemente foi vice-campeão universitário mundial. Ganhou a taça de Portugal sub 23, tendo sido ainda vice-campeão nacional de K2 em conjunto com o seu colega Fábio Cameira. Por tudo isto não ter estado nos JO deixa “um gosto amargo, mas foram opções do treinador”. “Espero que para Tóquio as coisas sejam diferentes”, deixa no ar.
O Alhandra Sporting Clube apesar de ter tradição na modalidade não se compara aos clubes do norte do país que têm outro poderio a nível dos seus clubes. “Basta dizer que no nosso caso somos nós que temos de adquirir os kayaks, em que cada um fica em média a 2 mil euros, e tem de ser o atleta a suportar esse encargo. Quando nos clubes do norte são os mesmos que adquirem o material ou são apoiados por patrocinadores”, acrescenta Mauro Almeida, treinador de juniores do clube alhandrense. Em Alhandra, há barcos a competir com mais de 20 anos. Com as pagais (remos) acontece o mesmo. Em Alhandra, o atleta tem de pagar 400 euros por este instrumento. “Não é de estranhar os clubes do norte terem mais apoio porque o movimento associativo nem sempre é tão forte como aqui no concelho de Vila Franca, onde os apoios têm de dar para todos. Em Ponte de Lima, só existe o clube de canoagem e o clube de futebol”. A lei do mecenato também mudou, “ e isso dificulta o aparecimento de mais patrocinadores”. Normalmente a federação apoia nas deslocações e nos estágios. O Alhandra consegue algumas fontes de receita com a marina, as aulas de canoagem e em breve com um ginásio que vai ser aberto ao público.
As condições de treino para os atletas do Alhandra Sporting Club também já foram melhores no Tejo, desde que surgiu o passeio ribeirinho que a natureza do rio se alterou – “Antes não tinha remoinhos, a água não corria de forma tão forte, e não havia tantas inundações.
Mesmo assim vitórias não têm faltado, e Henrique Cerqueira é outro dos exemplos. Com 18 anos, diz que o seu interesse pelos desportos náuticos começou pela vela, mas depressa achou que “era uma grande seca”. Esteve um ano sem se dedicar a nenhuma atividade deste género, até que decidiu experimentar a canoagem, porque um primo já a praticava. “Gostei logo, isto é giro”, refere brincalhão. Desde os 13 anos que se dedica a remar nos rios do país e também lá fora. Já conseguiu um segundo lugar numa taça de Portugal, e já foi também campeão nacional de mar. A sua apetência são as provas longas, nomeadamente as maratonas, em que os canoístas têm de fazer um percurso de 30 quilómetros, “que dura mais ou menos o mesmo tempo das maratonas de atletismo, ou seja duas horas e 10 minutos em média”. No estrangeiro foi quinto no Campeonato da Europa de Maratonas. Ultimamente, conta, que não tem conseguido muitos pódios, mas também porque começou agora a disputar campeonatos lá fora, onde o nível de competição não tem nada a ver com o que se pratica no nosso país.
“Foi um choque engraçado ao chegar lá e ver que os atletas são muito mais altos e robustos do que nós”, refere. David Varela acrescenta: “São autênticos armários”.
As condições de treino para os atletas do Alhandra Sporting Club também já foram melhores no Tejo, desde que surgiu o passeio ribeirinho que a natureza do rio se alterou – “Antes não tinha remoinhos, a água não corria de forma tão forte, e não havia tantas inundações. Mesmo durante a construção do passadiço, as condições de treino pioraram porque os barcos começaram a ‘meter’ muita pedra”, observa Mauro Almeida, que conclui – “A prática desportiva, nesse aspeto piorou. Não temos o melhor rio para treinar, mas a dificuldade cria o engenho e a resiliência”. Para os pais que querem iniciar os filhos ainda muito jovens nesta atividade, o Tejo também assusta – “Não temos um rio baixinho e lisinho. Miúdos com 10 anos vão desistindo até porque os pais têm medo”.
Desistir não faz parte dos planos dos atletas do Alhandra que sonham em ir melhorando na modalidade. As provas longas que são da preferência de Henrique Cerqueira não são tão apoiadas como as mais rápidas, “talvez por não serem disciplinas olímpicas”, “mas o meu objetivo passa por amanhã ser melhor do que aquilo que sou hoje”. Ambos os atletas gostavam de ter mais apoios porque não deixam de ser importantes para a evolução da modalidade dos respetivos percursos.
“Foi um choque engraçado ao chegar lá e ver que os atletas são muito mais altos e robustos do que nós”, refere. David Varela acrescenta: “São autênticos armários”.
As condições de treino para os atletas do Alhandra Sporting Club também já foram melhores no Tejo, desde que surgiu o passeio ribeirinho que a natureza do rio se alterou – “Antes não tinha remoinhos, a água não corria de forma tão forte, e não havia tantas inundações. Mesmo durante a construção do passadiço, as condições de treino pioraram porque os barcos começaram a ‘meter’ muita pedra”, observa Mauro Almeida, que conclui – “A prática desportiva, nesse aspeto piorou. Não temos o melhor rio para treinar, mas a dificuldade cria o engenho e a resiliência”. Para os pais que querem iniciar os filhos ainda muito jovens nesta atividade, o Tejo também assusta – “Não temos um rio baixinho e lisinho. Miúdos com 10 anos vão desistindo até porque os pais têm medo”.
Desistir não faz parte dos planos dos atletas do Alhandra que sonham em ir melhorando na modalidade. As provas longas que são da preferência de Henrique Cerqueira não são tão apoiadas como as mais rápidas, “talvez por não serem disciplinas olímpicas”, “mas o meu objetivo passa por amanhã ser melhor do que aquilo que sou hoje”. Ambos os atletas gostavam de ter mais apoios porque não deixam de ser importantes para a evolução da modalidade dos respetivos percursos.
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