Amadas por uns, odiadas por outros…Só o tempo vai dizer se é algo que veio ou não para ficar. Sobretudo as que atravessam núcleos urbanos, e que em várias zonas da região estão a causar polémica. A obra das ciclovias virou moda um pouco por todo o país à conta de financiamentos a 85 por cento dos fundos estruturais mas apenas para as que fazem parte de planos de regeneração urbana, em plenos centros urbanos e por isso alvo de crítica. Serão ou não um presente envenenado para os municípios portugueses cujas vilas e cidades não foram construídas para ciclovias como muitos advogam, ou podemos estar na presença de uma revolução na mobilidade das cidades e vilas que veio para ficar. Neste trabalho apresentamos os casos de quatro concelhos da nossa região.
Sílvia Agostinho
11-01-2019 às 17:52
Sílvia Agostinho
11-01-2019 às 17:52
Alvo de polémica, as ciclovias ao longo de três artérias na Quinta da Piedade, Póvoa de Santa Iria, (avenidas Ernest Solvay; Américo Costa, e D. Vicente Afonso Vilela) (foto) têm gerado petições contra e a favor. Em causa os ditos lugares informais de estacionamento não autorizado, que dão sempre jeito, e que se converteu um pouco por toda a parte como uma prática encarada benevolentemente, na maioria dos casos, pelas autoridades. A Câmara de Vila Franca suspendeu para já a pintura de mais ciclovias nesta zona da cidade face às polémicas. Fomos ouvir alguns moradores da Quinta da Piedade num inquérito de rua realizado na Avenida Ernesto Solvay.
Núria Filipa, moradora, considera que as ciclovias são bem-vindas. Apesar de não andar de bicicleta, refere que já se apercebeu de que “há ciclistas a andar aí”. No seu caso, os seus trajetos são a pé. Normalmente usa o passeio, mas quando chove aproveita a ciclovia. A moradora diz não estar a par das polémicas geradas, nem da contestação. Sobre o facto de por vezes os automóveis pararem nas ciclovias, adianta que já tem assistido mas períodos muito curtos –“Ligam os quatro piscas e encostam por escassos minutos, é essa a minha perceção”.
Morador na Póvoa há 30 anos, Reinaldo Pereira encara como positiva a nova moldura urbana, não porque utilize as ciclovias, mas porque “isto veio acabar com o estacionamento abusivo”. “Já não vemos carros em cima das passadeiras”. Contudo tem muitas dúvidas quanto aos benefícios- “Não vejo as pessoas a aderirem, até porque com esta inclinação acaba por não se tornar apelativo”. No seu entender, as ciclovias fazem sentido em sítios planos, mas não na Quinta da Piedade, com estradas inclinadas. “É muito bonito, sim senhora, mas utilidade é zero. Foi um enterrar de dinheiro nisto que não serve para nada, e que podia ter ido para coisas mais importantes”. Mas para este habitante, os aspetos positivos referem-se, principalmente, ao reordenamento do trânsito – “Eu tenho três carros em casa, e garagem só para um. Se queremos pensar em estacionamento para todos os carros, mais vale acabarmos com as estradas”, ironiza, e constata – “As ciclovias são a melhor coisa que podiam ter feito à minha porta!”. Reinaldo pereira diz que chegou a assistir a cenários em que a polícia multava mais de 10 carros em transgressão junto a uma das rotundas nesta avenida, algo que as ciclovias vieram alterar. “A mentalidade de estar em casa e ver o carro da janela teve de acabar!”.
Núria Filipa, moradora, considera que as ciclovias são bem-vindas. Apesar de não andar de bicicleta, refere que já se apercebeu de que “há ciclistas a andar aí”. No seu caso, os seus trajetos são a pé. Normalmente usa o passeio, mas quando chove aproveita a ciclovia. A moradora diz não estar a par das polémicas geradas, nem da contestação. Sobre o facto de por vezes os automóveis pararem nas ciclovias, adianta que já tem assistido mas períodos muito curtos –“Ligam os quatro piscas e encostam por escassos minutos, é essa a minha perceção”.
Morador na Póvoa há 30 anos, Reinaldo Pereira encara como positiva a nova moldura urbana, não porque utilize as ciclovias, mas porque “isto veio acabar com o estacionamento abusivo”. “Já não vemos carros em cima das passadeiras”. Contudo tem muitas dúvidas quanto aos benefícios- “Não vejo as pessoas a aderirem, até porque com esta inclinação acaba por não se tornar apelativo”. No seu entender, as ciclovias fazem sentido em sítios planos, mas não na Quinta da Piedade, com estradas inclinadas. “É muito bonito, sim senhora, mas utilidade é zero. Foi um enterrar de dinheiro nisto que não serve para nada, e que podia ter ido para coisas mais importantes”. Mas para este habitante, os aspetos positivos referem-se, principalmente, ao reordenamento do trânsito – “Eu tenho três carros em casa, e garagem só para um. Se queremos pensar em estacionamento para todos os carros, mais vale acabarmos com as estradas”, ironiza, e constata – “As ciclovias são a melhor coisa que podiam ter feito à minha porta!”. Reinaldo pereira diz que chegou a assistir a cenários em que a polícia multava mais de 10 carros em transgressão junto a uma das rotundas nesta avenida, algo que as ciclovias vieram alterar. “A mentalidade de estar em casa e ver o carro da janela teve de acabar!”.
Opinião diferente tem Jusiley João, moradora junto à avenida e praticante de bicicleta na ciclovia. Esta é uma ideia bem-vinda, e diz mesmo que já fazia falta. “Andava de bicicleta ali na zona da Quintinha porque era mais seguro, entretanto passei a vir também para as ciclovias”. A inclinação não a intimida, e pensa que o equipamento tem as condições para atrair mais moradores para virem andar de bicicleta. Diz-se desconhecedora das polémicas, e a si as ciclovias não a atrapalham em nada. “Cada um deve procurar o seu lugar para deixar o carro dentro do que está autorizado”. Nas suas voltas de bicicleta, Jusiley João vai até ao Povoense sempre na ciclovia, mas lamenta que ainda subsista “o desrespeito por parte dos automobilistas que só têm algum cuidado quando se deparam com alguma uma bicicleta”. O caso é mais caótico na altura do almoço ou jantar “quando a churrasqueira está aberta”, e há quem se desloque ao espaço comercial na vertente take-away, e deixe o carro parado em cima das ciclovias. Tem a convicção de que a ciclovia é pouco usada porque as pessoas estão habituadas a andar na zona da Quintinha.
“Mas afinal que gente é que anda ali nisso das ciclovias? Se for preciso ainda se sujeitam a uma mocada! Devem ter feito isto porque ganharam uma verba qualquer, mas realmente é uma coisa chata que veio para aqui”, é com esta interrogação que começa a nossa conversa com o morador Fernando Ventura. Até acha que as ciclovias “não estão mal de todo” porque acabou-se com o estacionamento abusivo, mas fica por aí quanto a aspetos positivos. Dinis Costa junta-se ao nosso diálogo – “Nunca vi assim tantas bicicletas a passar quanto isso”. Já com alguma idade está mais preocupado com a falta de respeito em relação ao peão, e diz que quem anda de bicicleta não é melhor do que os que andam de carro- “Não vejo respeito nenhum nem de uns nem de outros. Se não me ponho a pau levo uma panada”.
A Câmara de Vila Franca de Xira anunciou em 2017 um investimento de 150 mil euros na instalação destes troços de ciclovia na cidade da Póvoa de Santa Iria. Cerca de 7 milhões de euros seriam gastos até finais de 2018 nas diversas freguesias do concelho. Destes 2,2 milhões de euros correspondem ao novo Parque Ribeirinho “Moinhos da Póvoa” e “Ciclovia do Tejo”. Se nas zonas ribeirinhas, a inclusão desta nova forma de mobilidade soft tem sido um sucesso, nos centros urbanos, os focos de discórdia têm sido uma constante, principalmente tendo em conta a questão do dito estacionamento informal. O presidente da Câmara, Alberto Mesquita, que foi convidado pela nossa reportagem para uma entrevista in loco que foi recusada, porquanto diz preferir falar apenas quando houver mais novidades sobre o tema, tendo em conta a suspensão das obras na Póvoa, já garantiu que mais lugares de estacionamento podem ser uma realidade, mas à conta da eliminação de espaço verde, porque pura e simplesmente “não há milagres”. A autarquia está a estudar a inclusão de novas bolsas de estacionamento numa urbanização que tem conhecido uma enorme densidade populacional, e quando há mais do que um veículo, por norma, por cada família. A CDU tem acusado a Câmara de não ouvir a população do local em causa (ver caixa), mas o executivo diz que este tem sido um projeto amplamente dado a conhecer à população.
Em Alhandra, as ciclovias têm assumido a vertente de vias partilhadas, e para o presidente da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes, e Calhandriz, Mário Cantiga, o projeto deixa a desejar – “Pintaram umas bicicletas na estrada e cá vamos andando”. “O único benefício que tiramos disto foi a possibilidade de remarcarmos estacionamentos, de resto foi gastar dinheiro em tinta, e fazer ciclovias, que com todo o respeito, nunca o vão ser”. O autarca diz que a via partilhada não é usada para o fim a que se destina, “pode ser que um dia isso aconteça mas para já não é isso o que vê”. Os que a usam de alguma forma são os que já andavam de bicicleta. O passeio ribeirinho é o que verdadeiramente atrai os alhandrenses para este fim. “Manifestei o meu desacordo junto da Câmara, porque na minha opinião foram suprimidos lugares embora não fossem autorizados, mas davam jeito. A colocação de raias e pilaretes foi problemática”. O modelo vias partilhadas está implantado nas ruas Miguel Bombarda, 5 de Outubro, e nas avenidas D. Afonso de Albuquerque e Dom Soeiro.
Até finais de 2018, a Câmara esperava atingir os 57 quilómetros de ciclovias, treze na frente ribeirinha do Tejo e os restantes 44 distribuídos pelos principais núcleos urbanos do concelho. Na zona ribeirinha, a ambição e fazer a ligação ao Parque das Nações a sul, e ao concelho de Alenquer a norte.
A opinião das forças políticas
O Valor Local questionou os diversos partidos da oposição que compõem o órgão executivo sobre a política de ciclovias no concelho. Bloco de Esquerda e PSD não responderam até ao fecho desta edição. A CDU expressa o sue lamento acerca da forma como esta questão está a ser conduzida pela maioria socialista “que rejeitou uma proposta dos vereadores da CDU que suscitava a importância de um processo de planeamento da rede ciclável no concelho que propiciem mais lazer, bem-estar e saúde para as nossas populações.” No caso em concreto da ciclovia na Póvoa de Santa Iria, a CDU constata como “legítima” a preocupação da população da urbanização da Quinta da Piedade, “que até defendia a existência e expansão das ciclovias, mas cumprindo-se as normas de segurança e adequando-se às necessidades de estacionamento e mobilidade da urbanização”. PS e PSD, rejeitaram dialogar com esta população, “sendo forçados a fazê-lo apenas quando foram confrontados por uma petição”. “Lamentável”, conclui aquela força partidária, que também critica a forma como as coisas decorreram em Alhandra sem grande esclarecimento prévio da população.
Em reunião de Câmara de cinco de dezembro, Alberto Mesquita voltou a reforçar que “estamos a trabalhar numa solução de compromisso com a população com a criação das bolsas de estacionamento. Os serviços da Câmara foram distribuídos naquelas zonas por vários setores, com essa tarefa. O trabalho será apresentado entretanto”.
Em termos de mobilidade, a CDU diz que a Câmara deve fazer mais no que toca ao pleno aproveitamento dos fundos comunitários do Portugal 2020, para resolver problemas antigos, “sobressaindo a necessidade de eliminar conflitos e estrangulamentos na Nacional 10, muitas das vezes resultantes de sinalização semafórica errada ou desnecessária, ou por falta de alternativas.” No entender desta força política, a Câmara não tem acautelado os interesses dos munícipes, prova disso é o documento enviado pela gestão PS/PSD à Área Metropolitana de Lisboa em matéria de mobilidade “sobressaindo as omissões, as considerações vagas ou genéricas ou ainda a ausência de referências à importância do transporte ferroviário e fluvial para o concelho”.
Presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro
“Temos de dar o salto cultural e acolher esta nova forma de mobilidade”
“Habituarmo-nos às ciclovias é uma questão cultural”. É assim que o presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro, se refere ao movimento das ciclovias, às suas implicações, benefícios e prejuízos. Neste concelho como noutros, o projeto das ciclovias também arrancará no próximo ano.
As ligações serão feitas entre a Estrada de Santana (parque de Santa Eulália)/ Rua Maria de Lurdes Infante da Câmara /Nacional 3 (rotunda, com ligação à ciclovia da Rua Serpa Pinto); mas também na Rua do Progresso/ Rua principal da Urbanização da Quinta das Correias / Rua José Ribeiro da Costa /Rua Nova do Soares; Rua Manuel Bernardo das Neves/Avenida Mestre Cid/Avenida João de Deus. De referir que na Rua Manuel Bernardo das Neves, uma parte da ciclovia, em pista ciclável, já se encontra definida, pelo que o projeto a apresentar deverá “coser” os limites sul e norte desta ciclovia com o restante percurso. O projeto de 880 mil euros é comparticipado em 85 por cento pela União Europeia. Faz parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Cartaxo apresentado no mandato autárquico passado.
“Temos de dar o salto cultural e acolher esta nova forma de mobilidade”
“Habituarmo-nos às ciclovias é uma questão cultural”. É assim que o presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro, se refere ao movimento das ciclovias, às suas implicações, benefícios e prejuízos. Neste concelho como noutros, o projeto das ciclovias também arrancará no próximo ano.
As ligações serão feitas entre a Estrada de Santana (parque de Santa Eulália)/ Rua Maria de Lurdes Infante da Câmara /Nacional 3 (rotunda, com ligação à ciclovia da Rua Serpa Pinto); mas também na Rua do Progresso/ Rua principal da Urbanização da Quinta das Correias / Rua José Ribeiro da Costa /Rua Nova do Soares; Rua Manuel Bernardo das Neves/Avenida Mestre Cid/Avenida João de Deus. De referir que na Rua Manuel Bernardo das Neves, uma parte da ciclovia, em pista ciclável, já se encontra definida, pelo que o projeto a apresentar deverá “coser” os limites sul e norte desta ciclovia com o restante percurso. O projeto de 880 mil euros é comparticipado em 85 por cento pela União Europeia. Faz parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Cartaxo apresentado no mandato autárquico passado.
Face à polémica levantada pela aposta neste projeto, o presidente da Câmara apressa-se a dizer que os fundos estruturais privilegiam apostas em regeneração urbana, de que as ciclovias fazem parte. A obra terá de ser executada até 2021, (para além do próprio quadro comunitário de apoio) com a Câmara a suportar os remanescentes 15 por cento no valor de 132 mil euros. Confrontado com o facto de a Câmara do Cartaxo atravessar um dos quadros financeiros mais pesados da região e agora surgir esta aposta, Pedro Ribeiro reflete que não a fazer significaria desperdiçar recursos, e lembra que “a proposta do PEDU teve amplo consenso de todas as bancadas políticas na Assembleia Municipal”. Nos contactos com a população “a repercussão quanto à ciclovia é positiva porque estamos a falar também em melhorias nas zonas pedonais confinantes (Rua José Ribeiro da Costa; Rua de Todos os Santos; Rua 1º de Novembro),para além de que, não há fundos europeus para alcatrão como todos sabemos”. As ciclovias serão ainda acompanhadas por outros melhoramentos a nível de mais zonas de sombras, e iluminação pública. No total são oito quilómetros previstos. A Câmara tem a intenção de estender a ciclovia a Vila Chã de Ourique mas fora deste projeto, e nesse caso à margem do grande bolo dos fundos comunitários e dos apetecíveis 85 por cento de comparticipação.
Também neste caso, este município enfatiza o facto de a ciclovia passar junto às escolas (EB 2,3 e Secundária), em “condições de conforto e segurança”. “Com isso queremos estimular outros cidadãos a quererem andar de bicicleta”. O convívio entre automóvel, bicicleta e peões no fundo prevê-se mais desafiante para o município em ruas como a Rua Manuel Bernardo das Neves, “onde vamos apostar nos moderadores de velocidade”, de forma a “proteger a segurança”. Neste caso em concreto é provável que a ciclovia adquira a função de via partilhada, ou seja com mais restrições aos velocípedes tendo em conta a coabitação mais de perto com o automóvel
A questão do estacionamento promete ser também uma dor de cabeça neste concelho. Um pouco por todo o lado os automobilistas reclamam pelos lugares informais, embora de estacionamento proibido, onde deixam os carros. Pedro Ribeiro ilustra – “Se andar com um carrinho de bebé ou numa cadeira de rodas, com certeza que compreenderá que as pessoas não podem continuar a ter esse mau hábito de estacionarem onde lhes dá jeito. É como digo, uma questão cultural”. Mas adverte que o projeto prevê a redução do estacionamento ilegal, mas não do autorizado. A Câmara do Cartaxo pondera a criação de uma bolsa de estacionamento na zona da Rua de São Sebastião- Pelourinho-Serpa Pinto.
“Este programa terá uma expansão tremenda no país pois os fundos comunitários têm esta vocação, essencialmente estamos a procurar aprender com a experiência de outros municípios que já arrancaram com estes projetos, e fazer a escolha mais acertada no Cartaxo, privilegiando sempre a segurança”.
Também neste caso, este município enfatiza o facto de a ciclovia passar junto às escolas (EB 2,3 e Secundária), em “condições de conforto e segurança”. “Com isso queremos estimular outros cidadãos a quererem andar de bicicleta”. O convívio entre automóvel, bicicleta e peões no fundo prevê-se mais desafiante para o município em ruas como a Rua Manuel Bernardo das Neves, “onde vamos apostar nos moderadores de velocidade”, de forma a “proteger a segurança”. Neste caso em concreto é provável que a ciclovia adquira a função de via partilhada, ou seja com mais restrições aos velocípedes tendo em conta a coabitação mais de perto com o automóvel
A questão do estacionamento promete ser também uma dor de cabeça neste concelho. Um pouco por todo o lado os automobilistas reclamam pelos lugares informais, embora de estacionamento proibido, onde deixam os carros. Pedro Ribeiro ilustra – “Se andar com um carrinho de bebé ou numa cadeira de rodas, com certeza que compreenderá que as pessoas não podem continuar a ter esse mau hábito de estacionarem onde lhes dá jeito. É como digo, uma questão cultural”. Mas adverte que o projeto prevê a redução do estacionamento ilegal, mas não do autorizado. A Câmara do Cartaxo pondera a criação de uma bolsa de estacionamento na zona da Rua de São Sebastião- Pelourinho-Serpa Pinto.
“Este programa terá uma expansão tremenda no país pois os fundos comunitários têm esta vocação, essencialmente estamos a procurar aprender com a experiência de outros municípios que já arrancaram com estes projetos, e fazer a escolha mais acertada no Cartaxo, privilegiando sempre a segurança”.
Ciclovias e bicicletas partilhadas no concelho de Benavente serão novidade em 2019
As ciclovias também verão a luz do dia em 2019 no concelho de Benavente, onde o projeto contempla a ligação entre o complexo municipal das piscinas, no centro da vila sede de concelho, percorrendo a Estrada Nacional 118 até à zona industrial, numa extensão estimada de dois quilómetros. O primeiro troço de ciclovia a ser construído ligará a rotunda da Torre no Porto Alto, na Estrada Nacional 118, à chamada rotunda do Belo Jardim, mas na cidade de Samora Correia, num total de três quilómetros. O projeto neste concelho é acompanhado da disponibilização de bicicletas de uso partilhado que o município já adquiriu, tendo sido esta uma política criticada pela oposição, porquanto essa compra foi feita em 2016, antes das ciclovias entrarem ao serviço, e quando assim for já as bicicletas estarão fora da garantia. Carlos Coutinho referiu, em reunião de Câmara, que a verba apenas estava disponível na altura. O custo foi de 74 mil 500 euros para 24 bicicletas. As ciclovias estão orçadas em 800 mil euros.
Este é também um projeto do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU). Carlos Coutinho salienta que o troço que liga o centro da vila de Benavente, em plena 118 à zona industrial, pode revelar-se importante, dada a existência no local de uma zona comercial, como é o caso do Intermarché. Quanto a Samora Correia, será também uma ciclovia paralela à 118. “São intervenções que melhorarão ainda os acessos de forma mais estética aos principais centros urbanos do concelho”. O autarca refere que estas ciclovias estão mais direcionadas para uma “ideia de acessibilidade”, mas “queremos também investir nas ciclovias relacionadas com o lazer” com ligação a outras zonas mais rurais do concelho.
A proliferação deste tipo de alternativa de mobilidade “soft” um pouco por todo o país, tendo em conta a forte comparticipação dos fundos comunitários, faz questionar acerca do real interesse que as populações possam vir a colocar nas ciclovias, mas na opinião de Carlos Coutinho esta é também uma questão cultural, e que faz sentido quando se “apela tanto aos hábitos de vida saudáveis”, mas “esperamos que sejam efetivamente usadas”. A segurança, refere, também está a ser levada em conta dado que as ciclovias serão construídas paralelamente à principal estrada que atravessa o concelho.
Quanto às bicicletas, as quais damos a conhecer em primeira mão na foto que ilustra esta reportagem, o presidente da Câmara enfatiza que estarão ao dispor da população nas zonas dos centros históricos do concelho (também alvo da ação do PEDU-PAMUS), e nas de maior concentração de equipamentos e serviços.
Ciclovia entre Alenquer e Carregado arranca para o ano
O projeto das ciclovias no concelho de Alenquer surge como fazendo parte integrante do plano de regeneração urbana da vila de Alenquer, com ligação ao Carregado. Esse projeto contempla ainda os investimentos na zona ribeirinha, a envolvente ao mercado e o próprio mercado municipal, a Chemina, o Bairro Angra do Heroísmo e a Escola Conde Ferreira, em Alenquer, e a zona da Barrada no Carregado. O total do investimento é de 5,5 milhões de euros, e as obras deverão arrancar em 2019.
A ciclovia insere-se no Plano de Ação Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS), uma das ações do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PEDU) de Alenquer dado a conhecer em 2015 no âmbito do Portugal 2020. À semelhança de outras ciclovias na região, apenas esta tem a comparticipação em 85 por cento dos fundos comunitários por se tratar de uma infraestrutura em meio urbano.
A ciclovia vai ligar a Capela de Santa Catarina/Romeira à Quinta de Santa Teresa em Paredes, compreende ainda os eixos do Bairro Calouste Gulbenkian à zona de equipamentos, a ligação da Ferraguda à Nacional 1 e daqui até à Barrada. Para o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, este é um projeto importante tendo em conta que uma das ligações de bicicleta vai dar ao centro escolar de Paredes. O autarca destaca ainda a ciclovia que ligará no futuro as zonas ribeirinhas do Carregado às do concelho vizinho de Vila Franca, mas que não se enquadram neste projeto do PEDU, ficando por isso de fora deste eixo estratégico dos fundos comunitários, embora o percurso em zona plana possa ser passível de atrair mais amantes da bicicleta, dado o ambiente envolvente e as características do percurso.
No que respeita à ciclovia urbana, o autarca está consciente de que a requalificação em curso com a mudança de configuração das estradas locais, obrigará a uma nova disciplina quanto ao parqueamento de veículos. Muitos são os que estacionam arbitrariamente em locais não autorizados, e as ciclovias poderão mudar o estado de coisas, restringindo ainda mais esse tipo de comportamento. É algo que está também a ser alvo de uma antevisão por parte do departamento de trânsito da Câmara de Alenquer. No caso deste concelho não está fora de hipótese que devido à estreiteza de algumas ruas, as ciclovias passem a vias partilhadas. “Vamos fazer os possíveis para que não haja essa sobreposição”, refere Pedro Folgado.
O Valor Local contactou os vereadores do PSD, Frederico Rogeiro, e da CDU, Ernesto Ferreira, para responderem a um conjunto de questões sobre as ciclovias e a mobilidade urbana. No caso do vereador do PSD, este refere que foi proposto um prazo para que a Câmara elabore um plano de mobilidade para o concelho, considerando as diversas vertentes, rodoviária, cicloviária e pedonal. “Temos um território irregular, mas esse plano permitirá definir os espaços-canal possíveis para a bicicleta, entre aglomerados e dentro deles. Será então o tempo certo de projetar uma rede de ciclovias que, construída passo a passo, dê a este meio de transporte um lugar importante não só no lazer mas no quotidiano diário.”
Já quanto ao projeto da ciclovia em causa, diz desconhecer o projeto e o que se pretende fazer. “Espero que a ideia não seja encaixar à força umas faixas pintadas à beira da estrada, só para nos gabarmos que somos um concelho moderno porque temos ciclovias. Vale a pena pensar em ciclovias que sejam dignas desse nome, tenham espaço, segurança e um verdadeiro potencial de utilização”, refere, rematando – “As terras têm de manter-se acessíveis aos carros, mas eles não podem continuar a ocupar o espaço público quase todo. Também por razões ambientais, é prioritário reduzir o trânsito automóvel e fomentar a deslocação a pé e de transporte público. A bicicleta é um transporte com grande potencial, se forem seguidos os passos certos.”
Ernesto Ferreira, da CDU, afirma o seu desconhecimento perante este projeto, e diz ser mais importante a opção de uma cliclovia e passeio pedonal entre Alenquer e Vala do Carregado "que poderia passar por Paredes, Casais Novos, Carregado ate ao Tejo, aproveitando alguns espaços existentes mas deixados ao abandono. Podendo ser feita também a partir da Ota, Cheganças e Camarnal com ligação na zona dos Casais Novos à via que sai de Alenquer."
Comentários
Seja o primeiro a comentar...
Nota: O Valor Local não guarda nem cede a terceiros os dados constantes no formulário. Os mesmos são exibidos na respetiva página. Caso não aceite esta premissa contate-nos para redacao@valorlocal.pt
Leia também
O Longo Caminho da Saúde Oral na RegiãoReportagem nos centros de saúde que acolheram o projeto piloto nos concelhos de Azambuja, Arruda dos Vinhos e Alenquer
|
Vítimas da Nacional 3O Relato Emocionante de quem perdeu amigos e familiares no troço entre Azambuja e Carregado
|
Bairros Sociais: A Luta pela InclusãoEstivemos no Bairro Quinta da Mina, Azambuja, da 3ª Idade em Salvaterra de Magos, mas também no Bairro Azul na Póvoa de Santa Iria e no Bairro de Povos em Vila Franca de Xira
|