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Miguel António Rodrigues
11-09-2018 às 22:04

Imagine chegar ao lugar onde estacionara o seu carro e verificar que já não se encontra nesse sítio.
À primeira impressão o nosso cérebro duvida: "Terei estacionado noutra rua?” Minutos depois, o cérebro vai processando e chega à conclusão que lhe roubaram o carro. O cenário parece irreal. Será que aquilo que só acontece aos outros também se passou consigo? Ainda pergunta à sua mulher onde o estacionou quando veio das compras. Ou a mulher desconfia que o marido o deixou à porta de um bar na noite anterior, mas aos poucos essas suspeitas vão desaparecendo e chega mesmo à conclusão que lhe levaram o carro.

O impacto dessa situação é avassalador. Pensar que lhe roubaram a viatura que ainda está a pagar e que lhe faz falta para ir trabalhar no dia seguinte não é fácil. Mais avassalador se torna, quando se apercebe que é impotente nessa situação e que nem mesmo as autoridades o conseguem descansar, pois não há garantias que a sua viatura apareça, alguma vez, em território nacional e de preferência inteira. Muitas das vezes, esses roubos, nomeadamente, no que toca a veículos de grande cilindrada têm como destino outros países, não sendo certo se a sua viatura aparecerá intacta. Só tem uma solução…. Aguardar e confiar no trabalho das autoridades


As histórias que contamos nesta edição do Valor Local são genuínas. São pessoas de trabalho que precisavam dos seus carros para o dia-a-dia. Em comum têm o sentimento de insegurança todos os dias, e aplicam o chavão de “Casa roubada, neste caso-carro roubado trancas à porta”.

Pedro Pimentel é o exemplo disso mesmo. Depois de lhe levarem o carro e a mota de uma garagem em Azambuja, o diretor de segurança de uma empresa privada colocou câmaras de vigilância, após o roubo, que antes não acreditava serem precisas tendo em conta a vizinhança e até os enormes portões e imobilizador de segurança do seu veículo.

Mas vamos por partes. Pedro Pimentel diz que gostava estar “cara a cara” como criminoso. “Só lhe perguntava o porquê”, refere o lesado. A juntar a esta questão Pedro Pimentel gostaria também de saber como levaram um Mercedes com diversas proteções de segurança, desde o alarme ao Keyless Go, que desliga através da impressão digital. Ao Valor Local diz que nunca mais esquece aquele dia 27 de outubro de 2014.

Foi um vizinho que o alertou depois de ver que a porta da garagem principal e da sua Box estavam abertas e com as luzes acesas. Pedro Pimentel diz que lhe custou a acreditar na situação, e quando desceu para ver o que se passava, descobriu que não só lhe tinham levado o carro, como também a mota e mais alguns pertences, para além “de deixarem a garagem toda desarrumada”.

Pedro Pimentel diz que chamou imediatamente as autoridades e que estas ainda demoraram algum tempo a aparecer. Ainda assim, aguardou pelo trabalho das mesmas, continuando incrédulo, quanto ao que estava a viver.

Da garagem levaram a mota, o capacete que estava guardado num saco, o carro, vinhos da garrafeira, portáteis, telemóvel da empresa onde trabalhava nessa altura, e outros bens pessoais, refere o visado, acrescentando que “só quem conhecesse as minhas rotinas e soubesse o que guardava aqui, poderia ter feito isto”.

Pedro Pimentel diz ter as suas suspeitas, mas sem avançar pormenores salienta que, ao longo destes anos, foi tendo algumas pistas e que a atuação das autoridades, nomeadamente, a GNR e o Núcleo de Investigação Criminal daquela força de segurança deixaram muito a desejar.

Pedro Pimentel não é de facto um homem de sorte. O lesado refere que pouco tempo depois do assalto a sua mota terá sido vista por uma patrulha da GNR numa casa abandonada em Torres Novas, mas não constava no SEI (Sistema Estratégico de Informação da PSP) para ser apreendida. A mesma patrulha “não fez nada, embora tivesse achado estranho que a mota, quase nova, estivesse naquele barracão abandonado.”

Contudo a GNR de Torres Novas ainda questionou o posto de Azambuja, e este, passado uns dias do avistamento, desloca uma patrulha por volta da meia-noite a casa do lesado, questionando-o se seria proprietário da moto. Depois de alguma discussão, terá dado indicações para apreender a mota, contudo quando a GNR de Torres Novas lá voltou, já não havia sinal da mesma.

E é aqui que começam os problemas. Como é que o roubo da mota e do carro de Pedro Pimentel não estavam no SEI comum a todas as polícias? Ora de acordo com o lesado, a GNR de Azambuja à época “não comunicou as matrículas dos veículos, para apreensão”, e isso levou a um atraso na identificação do material furtado.

Quanto ao carro, e por informação do Ministério Público, o lesado salienta que a sua matrícula “foi encontrada na via pública no Entroncamento”. O achado só não foi um fenómeno, tendo em conta a localidade, porque o restante do veículo até aos dias de hoje não apareceu.

Pedro Pimentel mantém a fasquia elevada. Continua a apontar o dedo às autoridades e a desconfiar de como lhe assaltaram a garagem em que para além de lhe levarem bens pessoais, deu-se também o roubo de material que tinha no carro da empresa que estava estacionado à porta da sua box.

E afinal como lhe levaram o carro? Quanto a isto há várias teorias. A viatura tinha todos os requisitos de segurança e naquela madrugada não foi acionado nenhum alarme, nem nenhum vizinho deu pelo alegado alarido que o alarme do carro teria feito. Uma das teorias é de que o assalto “foi feito por profissionais que poderão ter utilizado um reboque, que entraria na garagem muito facilmente até à box” de Pedro Pimentel. “A outra teoria é a de que o assalto pode ter tido a conivência de algum vizinho de modo a permitir a entrada no prédio ou garagem”, refere.

Quanto à mota, a mesma apareceu desmontada num armazém, em Salvaterra de Magos, que estava alugado a uma pessoa de Vila Chã de Ourique. Essa parte do processo ainda está em investigação, mas há uma audiência de tribunal marcada para janeiro de 2019. Pedro Pimentel ainda tem esperança em recuperar as peças da mota para a tentar reconstruir, se for possível.




Belarmino Simões quase que ficou sem carro duas vezes
 

Belarmino Simões até é um homem de sorte. Isto se avaliarmos as duas tentativas que sofreu para lhe levarem o carro. A primeira foi no final dos anos 90. Tinha um Fiat Uno que usava para ir trabalhar e para dar uns passeios em família.

A viatura modesta era das mais fáceis de abril e levar. Reza a lenda entre os proprietários dos Fiat, nomeadamente os Uno, que a sua segurança não é a mais perfeita. Há inclusive manuais na internet em português do Brasil, que explicam como abrir aquele carro apenas com uma corda, depois é só abrir por baixo do volante e fazer uma ligação direta.

Todavia a simplicidade da segurança deste automóvel é também sinónimo de dor de cabeça para os seus donos. São muitos os relatos de roubos destes carros, só superados, segundo as autoridades pelos dos Honda Civic. Estamos a falar na década de 80 e 90, altura em que uma simples antena ou autorrádio mais corriqueiro eram alvo da mira dos larápios.

O Fiat Uno de Belarmino Simoes era tudo isto, e claro, à época, apetecível para os ladrões. A viatura, essa, estacionava-a à porta de casa. Todos os dias pela manhã pegava nela e ia para o trabalho, mas naquele dia até pensou que a tinha estacionado noutro lado. Belarmino Simões deu por falta da viatura e chamou a GNR que apareceu de imediato.


Depois da situação verificada, nisto Belarmino diz que começou a ouvir o seu carro: “Tinha um som que eu bem conhecia. Esperei e vi três pessoas a estacionar o carro no mesmo sítio onde estava”.

Belarmino gritou e foi aí que os ladrões, todos jovens, se dissiparam para as imediações. O lesado diz ao Valor Local que não podia enfrentar os três sozinho, mas gritou, e ainda correu atrás de um, e a sua esposa de outro “mas nunca mais os apanhámos”. A investigação não deu em nada, e o lesado acabaria por ter de reparar a viatura às suas custas.

Anos mais tarde, foi a carrinha de Belarmino – a protagonista de uma nova história. “Tinha uma Nissan Vanette, que foi levada também aqui de casa”. Mas este é um caso mais rocambolesco. A viatura que usava na sua carpintaria teria sido furtada e foi arrastada para uma perseguição policial. Aparentemente alguns jovens terão achado piada, e a facilidade do furto levou a que a conseguissem roubar da porta de casa. O dia estava chuvoso e a Brigada de Trânsito da GNR que estava em fim de turno ia a passar.

Conta, Belarmino Simões, que a BT reparou que a carrinha seguia num trajeto errante e decidiu intercetar o veículo. Mas os larápios terão ficado atrapalhados e não respeitaram a ordem de paragem. O resultado levou a que a GNR disparasse um tipo que ficou ate aos últimos dias da carrinha na traseira, mas nem mesmo isso travou os assaltantes. A BT tinha pedido ajuda ao posto de Azambuja, que acabaria por encontrar a Nissan Vanette estacionada à porta da junta de freguesia de Azambuja, sem sinal dos ladrões. Belarmino refere que estas duas situações deixaram marcas e nos dias de hoje redobrou os cuidados com o seu atual automóvel. 


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​Facebook ajuda na recuperação de viaturas

Foi graças às mensagens e partilhas na rede social Facebook, que Ana Ansião e Sérgio Ferreira conseguiram recuperar a carrinha audi que lhes furtaram à porta de casa no bairro da Ónia em Azambuja. A viatura, furtada a 20 de setembro de 2015, foi recuperada cinco dias depois em Alcoentre, e graças às redes sociais e ao olhar dos sapadores florestais que em Alcoentre viram a carrinha a fazer peões num terreno por cima da biblioteca local.

Um dos sapadores tinha inclusive telefonado a um amigo com um carro igual, mas depressa se apercebeu que aquela era a carrinha cujo apelo tinha visto na internet.

A história é igual a muitas outras, mas com um final mais ou menos feliz. Sérgio tinha uma chave suplente no seu jipe. Ana tinha a chave principal. Mas aquela noite no Bairro da Ónia foi tudo menos pacífica.

Enquanto no campo da feira decorriam as festas da freguesia, os larápios mexiam-se mais à vontade pela madrugada fora.

Conta, Sérgio Ferreira, que a sua teoria aponta para a alegada sorte dos ladrões o que originou a sua pouca sorte. Recorda que na mesma noite foi assaltado um Opel, retirada a vareta do óleo, que depois serviu para abrir a porta do seu jipe, onde guardava um molho de chaves. “Depois disso calculo que apontaram a chave ao carro, apertaram o botão do comando e o carro abriu”.

A teoria de Sérgio bate certo, porque a carrinha quando foi deixada abandonada em Alcoentre, tinha inclusive a chave na ignição. Mas a história não se fica por aqui. Conta Ana Ansião que a viatura poderá ter participado num assalto no Algarve. Esta era a localidade do suspeito das autoridades que investigaram o furto.

O assalto foi confirmado, mas até hoje não se provou que a viatura tivesse sido utilizada. Provou-se, no entanto, através da Via Verde, que esta tinha passado num ponto da autoestrada a caminho do sul.

Ainda assim a viatura foi alvo de perícias por parte da GNR. A carrinha esteve retida para investigações e recolha de vestígios, que aparentemente como em outros casos não viria a dar em nada. Nos dias que correm, o Audi ainda está na posse da família, depois de uma aventura, alegadamente, pelo Algarve e muitas dores de cabeça associadas.

Ana Ansião atribui o sucesso do reaparecimento do carro ao Facebook, que através de um post, com cerca de 500 partilhas, motivou imensos comentários e a chamada telefónica para as autoridades a relatar onde estava a viatura.

Um caso com um fim mais ou menos feliz, porque embora a viatura tenha aparecido inteira, a sensação de que foi utilizada por desconhecidos, nunca mais desaparece até aos dias de hoje.


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* Sempre que uma viatura é furtada ou roubada, a GNR, para além de recolher todos os dados sobre a mesma, é registada numa base de dados própria, sendo a informação partilhada por todas as polícias nacionais e estrangeiras. As viaturas furtadas e roubadas podem ter diferentes destinos, nomeadamente, para utilização na prática de outros crimes, para a venda, após viciação da viatura e respetivos documentos, assim como, para desmantelamento e aproveitamento de peças.


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Otília Andrés já não descura a segurança do seu carro

Em 2013, Otília Andrés constatava que o seu carro, um Honda Civic azul, já não estava estacionado onde habitualmente o colocava todos os dias, ou seja, à porta de casa. O pesadelo que até aos dias de hoje não foi resolvido, aconteceu num final de ano que ficou marcado na sua memória e da sua família.

Otília Andrés, residente no Cartaxo, diz que tinha conhecimento que aquela marca e modelo, particularmente, era fácil de roubar. Aliás como referimos esta é das viaturas mais apetecíveis pelos assaltantes. Todavia isso não terá sido obstáculo, já que a lesada tem um gosto especial por este carro, nunca acreditando que o azar lhe pudesse bater à porta.

“Fui à varanda, e como estava estacionado em frente, ainda duvidei se tinha ou não estacionado noutro lado, mas segundos depois percebi que o tinham levado”, refere a lesada que reconhece que a viatura furtada não tinha a funcionar o alarme, o que poderia ter evitado o furto.
Otília Andrés refere que durante um ano ainda pagou o IUC do carro, com esperança de que este aparecesse, contudo a PSP do Cartaxo e as estatísticas não estavam a favor dessa hipótese.

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A lesada refere que o tempo que esteve sem carro revelou-se como um complicado. A morar no Cartaxo, os transportes são escassos. “Temos poucos autocarros, e mesmo com os autocarros existentes é difícil ter a mobilidade que precisamos, para fazer a nossa vida, ir às compras, passear e sobretudo trabalhar”, refere  Otília Andrés que destaca como positivo o fato de estar a trabalhar no Cartaxo na altura.

Otília Andrés diz que colocou na agenda dois meses para que ocorresse um desfecho, como isso não aconteceu, decidiu comprar outro carro. Otília adquiriu então um novo Honda Civic, mas desta vez já com todos os sistemas de segurança a funcionar, nomeadamente o alarme. Quanto ao carro furtado, diz que nunca mais soube de nada. A viatura continua desaparecida, mas acabou por cancelar a matrícula, fechando assim um capítulo complicado na sua vida.

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