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Investimentos na região desaparecidos “em combate”
Sílvia Agostinho
01-04-2020 às 18:10

Desde 2013, altura em que o Valor Local nasceu, que temos dado conta ao longo destes sete anos de vários investimentos e de empresas que queriam vir para concelhos da região. Fomos saber qual o ponto de situação desses projetos anunciados mas que por uma razão ou outra: nunca mais deram notícias. 

Foi um dos projetos que a Câmara de Alenquer chegou a acarinhar mas que ficou pelo caminho. Pelo meio foi aprovada uma revisão do PDM tendo em vista a sua instalação em Ota mas sem sucesso. Em 2015, a empresa Fuschia Fusion com sede em Ponte de Sôr mostrava-se interessada em fazer um investimento de 15 milhões de euros no concelho. A empresa prometia aproveitar os lixos habitualmente depositados em aterro para os transformar em paletes, barrotes, tábuas ou perfis. A localização até já estava escolhida, no Alto da Borralha. O modelo inovador que recebeu o nome de Prodelix tinha sido desenvolvido por uma empresa da Marinha Grande.
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À época a Câmara via este como um investimento interessante até porque se tratava de uma empresa não poluente, em que a produção era feita em circuito fechado, com recurso ao vapor de água. O lixo seria recebido, lavado e triturado. “Não há emissão de efluentes ou emissão de gases”, assegurava na altura a vereadora Dora Pereira.
Dizia-se que a empresa poderia estar em fase de negociação com o grupo Ikea. Estavam previstos cerca de 30 a 40 postos de trabalho para Alenquer numa área total de 14m2, sendo que sete seriam para armazém. A indústria de paletes condicionada pelo nemátodo do pinheiro era um dos principais alvos da Fuschia Fusion. Em Ponte de Sor o investimento rondou os 14,2 milhões de euros. A produção, segundo a empresa, de 7500 paletes de Prodelix pode poupar até 300 árvores.

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​Passados cinco anos, Pedro Folgado, que já era presidente de Câmara na altura, refere que a autarquia foi perdendo o contacto com os promotores do projeto que “nunca mais disseram nada”. “Chegaram a assegurar que estavam a testar o produto, mas não sei de mais nada. Penso que já esteja completamente fora de hipótese”. O terreno onde a empresa previa instalar-se já era propriedade do responsável da Fuschia Fusion mas este foi mais um investimento anunciado que acabou por não vingar.

O Valor Local entrou em contacto com a empresa com sede em Ponte de Sôr mas não foi possível chegar à fala com o seu responsável. Tal como acontece em outros concelhos do país, Alenquer continua a ser um município muito visitado por empresários. Alguns acabam por ali levar a cabo os seus projetos, mas há outros que tão depressa aparecem como desaparecem. Em termos concretos e atualmente há projetos privados que se estão a desenvolver e que a Câmara vê como uma mais valia como um grande centro de hemodiálise que está em fase de conclusão das obras. Há logísticas que se estão a instalar como a “Santos e Vale” bem como uma outra empresa dedicada à logística frio, neste caso, francesa. “Processos de intenções são sempre muitos mas depois na prática nem todos vão para a frente”, conclui o autarca.
Arruda dos Vinhos: Mais Centro fartou-se de elogiar empresa que não passou da primeira pedra

A Balestrand Pharma lançou a primeira pedra do seu projeto em Arruda em 2017 na zona industrial das Corredouras. O projeto inovador na área das ciências farmacêuticas tinha conhecido o primeiro impulso a partir da incubadora de empresas do município, e prometia criar 20 postos de trabalho. Contudo e logo após decorridos meses do lançamento da primeira pedra, perdeu-se o rasto a esta empresa. Os contactos ligados à Balestrand Pharma deixaram de estar disponíveis. 

Ainda em 2018, o jornal Chafariz de Arruda contactou a empresa a partir dos números de telefone que surgiam como pertencendo à Balestrand Pharma mas infrutiferamente, e passados quase dois anos tudo se mantém na mesma. A empresa de origem luso-brasileira permanece incontactável. Chegámos a enviar um email à empresa mas sem resposta. Atualmente, o próprio presidente da Câmara, André Rijo, também não conhece outros pormenores sobre o paradeiro da Balestrand Pharma que já não está sequer na incubadora de empresas localizada no centro da vila de Arruda. “Sei que o terreno ainda está em nome da Balestrand porque como nesta altura estamos a tratar do processo de expropriação com vista à construção da variante conseguimos verificar esse dado”. A autarquia pretende expropriar uma parte desse terreno com vista ao projeto “ mas eles ainda não responderam à notificação do valor proposto para a aquisição da parcela de terreno em causa”.

Para trás fica uma cerimónia de lançamento da primeira pedra com pompa e circunstância, e com a presença, à época, da presidente do Mais Centro, Ana Abrunhosa, e até de Maria de Belém, antiga ministra da Saúde e  atualmente ligada ao setor. André Rijo conta que a empresa andou em fase de angariação de parcerias societárias mas não terá tido sucesso. O projeto terá ficado à partida perdido, mas a nossa reportagem também não conseguiu confirmar se poderá eventualmente conhecer outro destino diferente daquele que hoje é uma evidência. Numa pesquisa online pelo nome da empresa pouca informação surge a não ser as notícias desenvolvidas pelo jornal Chafariz e uma notícia do programa comunitário Compete 2020 que anunciava o financiamento do projeto com um 1 milhão 544 mil euros, num total de 2573 euros elegíveis. Contudo, o projeto no total tinha uma dotação de cinco mil euros. O Valor Local questionou o programa operacional sobre o acompanhamento a esta empresa tendo em conta sobretudo as verbas que seriam disponibilizadas mas não obtivemos resposta por parte do Compete 2020 que à época publicava na sua página o elogio do projeto referindo-se ao mesmo como “uma importante e crucial mais-valia ao nível do desenvolvimento de novos e inovadores produtos” com “uma equipa de gestão com uma larga experiência no setor, possuindo skills e competências em variadas áreas”.

 A Balestrand Pharma assumia-se como uma farmacêutica inovadora vocacionada para a investigação, produção e comercialização de soluções terapêuticas em “skin care pharmaceuticals”, nomeadamente, através da apresentação de um método inovador para regenerar a pele em doentes crónicos como os diabéticos.

Este município do Oeste com boas ligações à capital do país continua a ser muito procurado pelos empresários e André Rijo destaca que a Câmara tem tido algumas abordagens mais recentes nas áreas de componentes para satélites aeroespaciais, na área das tecnologias para o setor automóvel, na área da cannabis medicinal, na área turística e na área da restauração (cadeia internacional), “mas neste momento ainda será difícil apurar o estado de maturidade dos processos e respetivos timings de implementação.” O autarca para já prefere destacar a situação de “pleno emprego no município” em que segundo dados do Instituto Nacional de Estatística apenas três por cento da população ativa permanece desempregada, fruto “do bom momento da economia local e do setor empresarial”. 


Vila Franca de Xira: Obra do cais fluvial da Castanheira arranca em 2020 e Mouchão do Lombo do Tejo continua a encaminhar processos

Diversos foram os projetos que este concelho foi perdendo ao longo dos anos e que chegaram a estar anunciados como a cadeia de imobiliário IKEA ou os estúdios da Plural com o abandono de Vialonga. Contudo o investimento na plataforma logística da Castanheira que até há poucos anos parecia uma miragem para a instalação de um cais fluvial por parte do grupo ETE voltou a dar notícias. Ao Valor Local, o presidente da Câmara, Alberto Mesquita, revela que a obra vai avançar em 2020, segundo indicação que lhe foi fornecida pela empresa, há cerca de dois meses. O grupo ETE que conta com mais de 40 empresas nas várias áreas dos setores marítimo, portuário e logístico. “Todos os pareceres que eram necessários já foram conseguidos”. “Mantém-se todo o interesse e não tenho razões nenhumas para não acreditar que não venha a concretizar-se”. Recorde-se que a revitalização do transporte fluvial é bandeira do concelho há muitos anos como podendo ser um motor para o desenvolvimento económico local e até do país. O longo silêncio do grupo ETE segundo o autarca tem uma razão de ser – “Tudo o que diz respeito a licenças ambientais demora muito tempo”. Em 2017, quando o nosso jornal efetuou uma grande reportagem sobre os parques industriais em suspenso na região a oposição na Câmara de Vila Franca apresentava reservas quanto a ventos otimistas para este projeto naquela altura. Para a CDU este era um investimento que precisava de amadurecer, já o PSD duvidava que alguma vez fosse possível.

O empreendimento aposta na ligação à Plataforma Logística de Lisboa-Norte para o transporte e carregamento de mercadorias transportadas pelo Tejo em barcaça, que uma vez na Castanheira possam seguir por via rodo ou ferroviária. O investimento é de um milhão de euros.

Já no que toca a outro investimento que, neste caso, tem passado despercebido, o projeto hoteleiro e turístico para o Mouchão do Lombo do Tejo: as novidades também não são desanimadoras. Desde 2018 que um vídeo promocional circula pelo youtube com o nome “Ilha de Lisboa” dando a conhecer as potencialidades daquele território. O vídeo dá conta de uma série de atrativos que este local, concelho de Vila Franca de Xira, encerra. O apelo é ao turismo no local e são destacados, entre outros pontos de interesse, a proximidade ao aeroporto de Lisboa e também ao futuro aeroporto do Montijo, à Ponte Vasco da Gama, e até à pista Alverca no caso de vir a receber jatos privados. No vídeo assiste-se ao desfile das mais valias do local, para além de todo um cenário bucólico com animais, plantações, e essencialmente muito verde. Anunciam-se outras possibilidades, como um hotel. O lazer e o desporto também andam de mãos dadas neste produto “Ilha de Lisboa” com atividades a nível da vela, kitesurfing, equitação, passeios de charrete. O investimento rondará os 20 milhões de euros.

Nesta altura do campeonato, assegura o presidente da Câmara que o processo está bem encaminhado junto das entidades que superintendem o ambiente, e que não conheceu nenhum retrocesso. Ao Valor Local fonte ligada à empresa gestora do projeto confirma “mantém-se tudo” e que continua “a aguardar a luz verde das várias entidades.”

Recorde-se que nos últimos anos, a possibilidade de intensificação da atividade neste património tem sido alvo de discórdia. Em 2010, e no decorrer de uma visita ao local já se anunciava que esta podia ser a primeira ilha do Estuário do Tejo a receber turismo de natureza, na sequência de um acordo com um protocolo assinado entre promotores, autarcas e organismos públicos. ​Quando se questiona sobre a legalidade da construção tendo em conta uma série de condicionantes ao abrigo do Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Tejo, o autarca, refere que terá de ser encontrada uma solução no contexto das edificações existentes no local, (tidas como ilegais no entender dos ambientalistas) no núcleo urbano do mouchão, que permitam essa construção futura.
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Os mouchões estão identificados no Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Tejo como áreas de intervenção específica, sendo prioritárias ações para a recuperação dos habitats e da paisagem, a manutenção das utilizações necessárias à conservação dos recursos naturais e a promoção de ações de investigação científica e de sensibilização, bem como de desenvolvimento local, nomeadamente, manter a integridade física dos mouchões, e dos seus habitats naturais, através da contenção dos processos erosivos que ameaçam a sua estabilidade e através da promoção de atividades sustentáveis.


Azambuja: Um bilionário das Arábias cujo encanto por Azambuja esfumou-se em menos de nada

Quando falamos de projetos anunciados com pompa e circunstância para o concelho de Azambuja mas que acabaram por nunca ver a luz do dia, o nome Lusolândia é o primeiro. O parque de diversões anunciado para os concelhos de Azambuja e de Alenquer foi chão que deu uvas há muito tempo. Desde que o Valor Local surgiu em abril de 2013, muitos foram os projetos que ficaram pelo caminho, desde um investimento quase certo de fabrico de chinelos, até ao famoso acelerador de logística com honras de apresentação pública que teria o mais alto patrocínio da Câmara, mas que não foi além disso. Mas em 2015 foi a visita de um bilionário da Arábia Saudita ao concelho que colocou os responsáveis locais e as empresas praticamente em delírio. Com o país ainda em crise, este homem dos negócios saudita de seu nome Riyahd prometia sair de Portugal com as mãos a abarrotar de compras em empresas de Azambuja, e a partir dessa altura passar a ser uma espécie de intermediário para o médio oriente, significando essa uma oportunidade de negócio incomparável para as indústrias do concelho. Num só dia o empresário que esteve em Portugal a convite da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Saudita, visitou empresas como a Frutalcarmo em Alcoentre, a coudelaria Henrique Abecassis em Aveira de Baixo, a fábrica de Tomate Toul na Nacional 3 entre Azambuja e Vila Nova da Rainha, e a plantação de Olival da Torrebela em Alcoentre/Manique.

O árabe confessava-se ainda, e em entrevista ao nosso jornal, como maravilhado com Portugal e com o território ribatejano, e até, dizia-se, equacionava estabelecer no concelho de Azambuja uma das suas empresas. O que nunca veio a acontecer. Segundo Rodrigo Ryder da câmara de comércio também não comprou produtos a nenhuma das empresas do concelho.
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Rui Pinto, gestor da inovação, confessa que de facto houve muitas expetativas e que no fundo a passagem do árabe acabou ser um ensinamento para Azambuja – “A partir dessa altura que decidimos fazer uma radiografia mais assertiva das empresas que nos procuram.” O município de Azambuja está regra geral quase sempre na rota das empresas que procuram terrenos com boas acessibilidades à capital. A bolsa de terras do antigo BES é uma das possibilidades embora os preços praticados pelo banco sejam elevados o que acaba por ser desmoralizador também para a autarquia. Contudo neste momento existe um grupo americano que visitou recentemente o município para em Aveiras de Cima instalar uma unidade voltada para o setor alimentar no qual Rui Pinto diz depositar grande esperança.
Salvaterra de Magos: Confeitaria Nacional deixou travo agridoce

Em julho de 2015, o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, adiantava, ao Valor local, a aquisição de cinco armazéns abandonados, que estavam na propriedade da banca, pela Confeitaria Nacional. A zona industrial de Muge passaria a albergar esta conceituada indústria do setor da pastelaria e a Câmara de Salvaterra partilhava de um entusiasmo que acabou por ser em vão. Esménio falava do reforço das condições exteriores da área em causa com mais 50 novos postos de luz em Muge e a instalação de cabo e fibra ótica. A própria Escola Profissional de Salvaterra com o seu curso de hotelaria e restauração podia beneficiar em toda a linha com a vinda de uma empresa daquele género para o concelho. Um ano depois, o nosso jornal voltava a falar do projeto que se mantinha de pedra e cal para Muge e ainda mais ambicioso.

​Com uma candidatura já aprovada ao Portugal 2020, Muge tornar-se-ia em breve, segundo uma nota no site do município, no epicentro de toda a produção da fábrica. A empresa tinha em mente um ambicioso projeto de exportação do seu produto, que ficou pelo caminho, entretanto. Ao Valor Local, Esménio diz que há algum tempo que não tem contacto com a Confeitaria Nacional que possuía dois grandes mercados alvo, o dos Estados Unidos que com a ascensão de Trump ao poder limitou as importações, e o Médio Oriente onde os conflitos naquela zona do globo também não ajudaram. A empresa já vendeu, segundo apurou o nosso jornal, os pavilhões de Muge pelo que Salvaterra de Magos fica para trás. “O investidor meteu projetos na Câmara, estava muito focado na importação de pastéis de nata. Licenciámos o que havia para licenciar, mas nada pudemos fazer”. Nunca se falou em número de postos de trabalho.

O município de Salvaterra continua a prosseguir uma “política de captação de empresas mais focada em projetos amigos do ambiente e se possível geradores de postos de emprego”. Neste momento, há investimentos a andar, diz Esménio: “Temos um projeto ligado à batata doce, também temos procurado fixar aqui um outro projeto ligado à nova indústria da cannabis, especialmente geradora de mão de obra. Estamos a apostar fortemente nessa possibilidade”. 
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​Benavente: VF1183 Pharmaceuticals já tem na mão a licença do Infarmed para plantar cannabis

É um dos investimentos mais aguardados de toda a região. Benavente vai ficar na história do cultivo de cannabis em Portugal. Uma megaplantação de 261 hectares vai surgir numa Herdade de Porto Seixo, em Benavente, numa parcela de terreno compreendida entre a concessão da A10 e a Estrada dos Alemães. O cultivo ainda é controverso e desde o anúncio do processo de intenções à obtenção da licença por parte da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) decorreu um ano.

Em janeiro de 2020, a empresa em causa, ligada ao Canadá, obteve autorização em simultâneo com outras que também se instalaram há poucos anos no país: a "Terra Verde", em Alcochete, a "RPK Biopharma", em Sintra e em Aljustrel, a "Sabores Púrpura", em Tavira,. Relativamente a pedidos de autorização de colocação no mercado de preparações à base da planta da canábis para fins medicinais, o Infarmed refere que deram entrada dois pedidos, que se "encontram em avaliação".

No caso do investimento em Benavente, o mesmo prevê uma exploração composta por 10 pavilhões com o total de 67 mil 521,75m2 de área de implantação/construção; instalação social com 3500m2 de área de implantação/construção; instalação técnica com um total de 1279,50m2 de área de implantação/construção, e a construção de seis estufas com uma área de implantação de 139 mil 279,00m2. O projeto prevê-se que seja executado em seis fases.

A intenção da empresa canadiana ganhou o estatuto de Projeto de Interesse Público por parte do município. Carlos Coutinho, presidente da Câmara, sempre defendeu este investimento que tem o máximo apoio do município. O Valor Local procurou uma reação do autarca face às boas notícias, mas Coutinho não quis falar para já, dado que aguarda por mais algumas concretizações por parte da empresa.

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Jornal Valor Local @ 2013


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