CONTAGEM DECRESCENTE PARA A FEIRA DE MAIO

A festa mais popular de Azambuja sofre de novo mais um corte no orçamento e será feita sobretudo com a prata da casa. O programa é diversificado e quer continuar a atrair visitantes. Neste trabalho ainda um olhar sobre os principais ingredientes da festa: o cavalo e o touro, através do Centro Hípico Lebreiro

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Começa no dia 23 e vai até 27 de Maio, a denominada “feira mais castiça do Ribatejo” – a Feira de Maio, em Azambuja. Como sempre o evento conta com variados pontos de interesse para o público mais aficionado da festa brava e não só. Actuação de ranchos folclóricos, gastronomia típica em evidência nos pavilhões através das tasquinhas; animação diversa; homenagem ao campino; largadas de touros; entre outros focos de interesse, são o chamariz para os residentes e visitantes.

Um dos pontos altos acontece na sexta-feira, dia 23, com a “Noite da Sardinha Assada”, antecedida por um cortejo de campinos pelas ruas da vila à luz de archotes. Figura do cartaz musical deste ano é Filipe Gonçalves, músico que ficou conhecido quando participou no programa “Operação Triunfo” da RTP 1, que actuará na noite de sábado, 25 de Maio.

De acordo com o presidente em exercício da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, assiste-se a uma redução do orçamento destinado à feira para este ano em 10 por cento, em relação aos 200 mil do ano passado. Para Luís de Sousa, tal não significará uma penalização para a festa, “porque a grande percentagem de visitantes vem pelas largadas, pelo convívio e pela noite da sardinha assada”.

Tertúlias a postos

A azáfama tem-se multiplicado nas ruas da vila nos dias que faltam até à feira de Maio, e a título exemplificativo, o Valor Local foi encontrar umas das tertúlias mais castiças onde o sentimento característico destes dias – entre as gentes de Azambuja – mais se faz sentir. No Barrete Verde, que se encontra na Rua Eng. Luís da Maia, um grupo de jovens dedica-se a dotar o espaço de todas a condições para que amigos e visitantes possam viver em pleno o verdadeiro espírito da festa entre muita afición, bebida, comida, música e demais ingredientes.

Daniel Teófilo e os outros 14 elementos organizam não só a tertúlia, tendo em vista a feira de Maio, mas desde o início do ano que andam a promover outras formas de convívio como um torneio de futsal, descidas em carrinhos de rolamentos, jogos tradicionais e um peddy-paper. Esta tertúlia conta com 8 anos de vida. Esta como as demais tertúlias convidam todos a entrar e a celebrar a festa.

Centro Hípico quer democratizar acesso à equitação

A completar 49 anos de existência, o Centro Hípico Lebreiro de Azambuja continua a apostar na tradição. Contudo a colectividade que é uma das mais antigas do concelho de Azambuja aposta igualmente na modernização, quer ao nível funcional, quer na abordagem que faz ao seu público.

João Benavente, presidente da instituição, considera que uma das questões mais importantes; (e já conseguidas) prende-se com “a abertura do espaço a toda a população”, negando que o “picadeiro” seja uma colectividade para as elites locais, apesar da manutenção de cavalos não ser algo propriamente acessível a todas as bolsas, nomeadamente, numa altura de crise.

A prova disso são as variadas iniciativas que envolvem as crianças em idade escolar. Refere o presidente que a colectividade já conta com cerca de 30 alunos, com idade superior a 5 anos de idade: “Temos um bom equitador, as crianças estão satisfeitas e os pais também”, acrescenta.

Para além das crianças que frequentam as aulas da colectividade, há, ainda, outras que vão passando pelo “picadeiro”. É o caso dos alunos das escolas do concelho que, recentemente, fizeram uma visita às instalações, ao mesmo tempo, que puderam ter contacto com os cavalos, no âmbito do projecto “Viagens do Zambujinho”. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Azambuja, destinada a fomentar a cultura e as tradições azambujenses de forma didáctica.

Em véspera de completar 50 anos, a colectividade desejaria obter como prenda “algum respeito” das entidades governamentais. O responsável adianta que as colectividades “são pressionadas de muitas formas, quer pela contabilidade, quer pela falta de apoios”. João Benavente recorda que o centro hípico foi um dos pioneiros do desporto escolar, mas que não está abrangido por aquele programa do Ministério da Educação. Seria, por isso, fundamental obter esse apoio de modo a possibilitar que mais crianças se possam dedicar à equitação.

Mas o centro hípico está apostado em manter a actividade e demonstrar isso mesmo à população. Por isso João Benavente, revela que a colectividade vai proporcionar uma série de aulas práticas aos alunos, nas ruas da vila, durante a Feira de Maio, com o duplo objectivo de demonstrar a modalidade e oferecer uma aula diferente.

Colóquio de Luxo

O auditório do Páteo do Valverde em Azambuja recebeu, no dia 11 de Maio, uma conferência sobre o binómio “Cavalo-Touro”. A iniciativa foi mais uma vez do Centro Hípico Lebreiro de Azambuja, que apresentou vários oradores que fixaram a atenção da plateia.

Manuel Jorge de Oliveira, cavaleiro tauromáquico foi um dos oradores. O cavaleiro falou das diferenças entre as touradas em Portugal e Espanha, e não se coibiu em enaltecer a festa brava nacional, face à dos espanhóis.

João Santos de Andrade, ganadeiro e Presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, fez um balanço da época transacta, durante a qual se verificou um decréscimo de espectáculos em Portugal. Todavia, enalteceu a festa brava, frisando a necessidade de mudar alguma da legislação para que o mundo taurino português possa vir a ser mais competitivo face ao espanhol.

A completar 50 anos de existência, a Coudelaria Dr. Ortigão Costa esteve representada por Manuel Ortigão Costa, filho do fundador, que aproveitou o momento para fazer um balanço da sua actividade, ressalvando a necessidade de se proteger a criação de cavalos, tendo em conta a diminuição de espectáculos. Aliás, a coudelaria azambujense, é das poucas com cavalos nos Estados Unidos, nomeadamente na Califórnia. Cavalos montados pelo cavaleiro tauromáquico azambujense, Paulo Jorge Ferreira.

Francisco Vassalo, antigo forcado azambujense, salientou por seu lado a importância dos grupos de forcados na festa. O mesmo fez um balanço da forcadagem nacional, referindo que em parte nenhuma do mundo existe aquela modalidade taurina, “pelo que os forcados portugueses são quase património nacional”.

Esta conferência ficou igualmente marcada pela dissertação sobre a festa brava pelo professor Luís Capucha. O presidente do Clube Taurino Vilafranquense  falou sobre os aspectos daquele universo e de tudo o que o rodeia, num prosa de quase meia hora.

O debate foi moderado pelo jornalista Manuel Guerra, e não contou com a presença do matador de toiros Victor Mendes, que terá tido um imprevisto, não podendo estar presente.

Maio de 2013

Jornal Valor Local @ 2013


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