
A grande maioria dos complexos de piscinas municipais surgiram na década de 90 quando os orçamentos das autarquias chegavam para a sua construção. Havia mais dinheiro e disfarçavam-se melhor as dificuldades de manutenção demasiado exigentes destes equipamentos. As piscinas públicas da nossa região transformaram-se quase numa espécie de estádios do Euro 2004 dos pequeninos, tendo em conta que há cada vez menos dinheiro para pagar a sua manutenção. Conseguir manter nos dias de hoje um complexo de piscinas municipais custa “uma fortuna” apelidam alguns dos intervenientes políticos ouvidos neste trabalho. Outros mesmo falam de “loucura”.
As piscinas municipais de Azambuja (FOTO) fecharam as portas em 2010. O tema não foi esquecido pela classe política concelhia que não deixa de falar da necessidade da sua reabertura. Por outro lado, a população também sente alguma pena por ver um complexo, outrora, com boas condições, actualmente encerrado. Os sinais de abandono vão sendo cada vez mais visíveis. De acordo com dados da autarquia, o complexo teve 20572 utilizações durante a sua última época desportiva, entre Setembro de 2009 e Junho de 2010.
O presidente da Câmara, Luís de Sousa, apresentou recentemente uma possibilidade de voltar a colocar as piscinas de novo em funcionamento através de um protocolo a firmar com a Santa Casa da Misericórdia de Azambuja, também proprietária dos terrenos, onde está o complexo, e a Escola Secundária de Azambuja. O objectivo é captar cerca de 200 mil euros através de fundos comunitários, através de uma candidatura tendo em conta as necessidades pedagógicas do estabelecimento de ensino. O autarca fala na aquisição de painéis solares de modo a embaratecer os custos. A Câmara de Azambuja não terá, à partida, de suportar estes os encargos para colocar as piscinas a funcionar, mas caber-lhe-á os custos de manutenção à posteriori. Até ao fecho das mesmas, a Câmara gastava 40 mil euros mensais. A título de comparação, Alenquer que também aderiu aos painéis solares, como solução economizadora, gastou, durante o ano de 2013, numa média mensal, cerca de 20 mil euros; “entre materiais, mão-de-obra directa e indireta, máquinas e custos gerais de funcionamento”, segundo o vereador do Desporto, Rui Costa. Luís de Sousa confessa que ainda não deitou as contas, mas que a solução tripartida entre as três entidades é a melhor. “A Câmara não tem condições para as obras. O próprio presidente da Câmara do Cartaxo que também necessita de fazer obras nas piscinas disse que manter um complexo de piscinas é uma coisa louca. ”.
A oposição na Câmara Municipal também vê com bons olhos uma articulação com a Santa Casa. Maria João Canilho da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra opina que é de “equacionar todas as possibilidades em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia encontrar uma solução, que poderá passar pela adaptação da estrutura para que possa ser utilizada ainda que não seja como piscina aquecida”, de modo a evitar ainda mais a degradação daquele espaço.
Já David Mendes da CDU também prefere a opção de parceria com a Santa Casa, mas aposta na vocação daquele espaço enquanto equipamento dedicado “à geriatria”, não valorizando da mesma forma a entrada do estabelecimento de ensino nesta parceria. Por outro lado, David Mendes defende que se devia apostar sobretudo num equipamento deste género numa localização a meio do concelho, “em Aveiras de Cima, por exemplo, de modo a captar pessoas de todo o concelho, de Ota, no concelho de Alenquer, e do Cartaxo”.
Incerteza quanto aos postos de trabalho na piscina de Alenquer
O presente e o futuro das piscinas de Alenquer é sobretudo marcado pela Alenmunicipal, empresa extinta há um ano, que geria este complexo, e o auditório Damião de Gois. A empresa deixou 450 mil euros de dívida mais o empréstimo bancário de 150 mil para a aquisição de painéis solares. Há ainda a questão da possibilidade de reintegração dos cerca de 15 trabalhadores afectos à empresa nos quadros da autarquia.
Carlos Areal, vereador da CDU, na autarquia espera que o caso dos trabalhadores possa ter “o melhor desfecho”, até porque “a Câmara disse que ia abrir o mesmo número de lugares”. Quanto à empresa ainda “está em fase de encerramento de contas. A Câmara contraiu um empréstimo para liquidar as dívidas da Alenmunicipal. Vamos aguardar”, refere.
Sobre esta circunstância, o vereador do executivo PS, Rui Costa confirma que a dívida “foi assumida e que a Câmara a está a pagar mensalmente”. Quanto aos custos de manutenção, o vereador refere que em 2013, rondaram os 235 mil euros. O mesmo dá conta de que no mês de Março deste ano a autarquia numa parceria com a EDP, “aplicará a denominada metodologia Lean a este equipamento de forma a optimizar custos”. No que se refere aos trabalhadores das piscinas, a Câmara lançou concurso para “o mesmo número de postos de trabalho”.
O Valor Local contactou ainda o vereador da coligação de centro-direita, “Pela Nossa Terra”, Nuno Coelho, que integrou a empresa Alenmunicipal. O autarca não se mostrou disponível para colaborar apesar das várias démarches feitas pelo Valor Local.
O complexo de piscinas de Alenquer tem registado nos últimos anos menos afluência, 1221 utentes na época de 2012/2013, 1397 na de 2011/2012, e 1501 na de 2010/2011. A crescer está o número de frequentadores do concelho de Azambuja. Em 2013, de acordo com os últimos dados da autarquia, 93 residentes em Azambuja frequentavam as piscinas do concelho vizinho. Mais 26 do que na época de 2011/2012. Em tempos, houve o desejo de criação de um Movimento Pro-Clube de Natação em Alenquer, ideia dinamizada através das redes sociais, que perdeu algum fôlego. A intenção seria a de promover a prática da natação a nível de modalidades como a natação sincronizada, polo aquático, águas abertas, masters e saltos.
As piscinas municipais de Azambuja (FOTO) fecharam as portas em 2010. O tema não foi esquecido pela classe política concelhia que não deixa de falar da necessidade da sua reabertura. Por outro lado, a população também sente alguma pena por ver um complexo, outrora, com boas condições, actualmente encerrado. Os sinais de abandono vão sendo cada vez mais visíveis. De acordo com dados da autarquia, o complexo teve 20572 utilizações durante a sua última época desportiva, entre Setembro de 2009 e Junho de 2010.
O presidente da Câmara, Luís de Sousa, apresentou recentemente uma possibilidade de voltar a colocar as piscinas de novo em funcionamento através de um protocolo a firmar com a Santa Casa da Misericórdia de Azambuja, também proprietária dos terrenos, onde está o complexo, e a Escola Secundária de Azambuja. O objectivo é captar cerca de 200 mil euros através de fundos comunitários, através de uma candidatura tendo em conta as necessidades pedagógicas do estabelecimento de ensino. O autarca fala na aquisição de painéis solares de modo a embaratecer os custos. A Câmara de Azambuja não terá, à partida, de suportar estes os encargos para colocar as piscinas a funcionar, mas caber-lhe-á os custos de manutenção à posteriori. Até ao fecho das mesmas, a Câmara gastava 40 mil euros mensais. A título de comparação, Alenquer que também aderiu aos painéis solares, como solução economizadora, gastou, durante o ano de 2013, numa média mensal, cerca de 20 mil euros; “entre materiais, mão-de-obra directa e indireta, máquinas e custos gerais de funcionamento”, segundo o vereador do Desporto, Rui Costa. Luís de Sousa confessa que ainda não deitou as contas, mas que a solução tripartida entre as três entidades é a melhor. “A Câmara não tem condições para as obras. O próprio presidente da Câmara do Cartaxo que também necessita de fazer obras nas piscinas disse que manter um complexo de piscinas é uma coisa louca. ”.
A oposição na Câmara Municipal também vê com bons olhos uma articulação com a Santa Casa. Maria João Canilho da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra opina que é de “equacionar todas as possibilidades em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia encontrar uma solução, que poderá passar pela adaptação da estrutura para que possa ser utilizada ainda que não seja como piscina aquecida”, de modo a evitar ainda mais a degradação daquele espaço.
Já David Mendes da CDU também prefere a opção de parceria com a Santa Casa, mas aposta na vocação daquele espaço enquanto equipamento dedicado “à geriatria”, não valorizando da mesma forma a entrada do estabelecimento de ensino nesta parceria. Por outro lado, David Mendes defende que se devia apostar sobretudo num equipamento deste género numa localização a meio do concelho, “em Aveiras de Cima, por exemplo, de modo a captar pessoas de todo o concelho, de Ota, no concelho de Alenquer, e do Cartaxo”.
Incerteza quanto aos postos de trabalho na piscina de Alenquer
O presente e o futuro das piscinas de Alenquer é sobretudo marcado pela Alenmunicipal, empresa extinta há um ano, que geria este complexo, e o auditório Damião de Gois. A empresa deixou 450 mil euros de dívida mais o empréstimo bancário de 150 mil para a aquisição de painéis solares. Há ainda a questão da possibilidade de reintegração dos cerca de 15 trabalhadores afectos à empresa nos quadros da autarquia.
Carlos Areal, vereador da CDU, na autarquia espera que o caso dos trabalhadores possa ter “o melhor desfecho”, até porque “a Câmara disse que ia abrir o mesmo número de lugares”. Quanto à empresa ainda “está em fase de encerramento de contas. A Câmara contraiu um empréstimo para liquidar as dívidas da Alenmunicipal. Vamos aguardar”, refere.
Sobre esta circunstância, o vereador do executivo PS, Rui Costa confirma que a dívida “foi assumida e que a Câmara a está a pagar mensalmente”. Quanto aos custos de manutenção, o vereador refere que em 2013, rondaram os 235 mil euros. O mesmo dá conta de que no mês de Março deste ano a autarquia numa parceria com a EDP, “aplicará a denominada metodologia Lean a este equipamento de forma a optimizar custos”. No que se refere aos trabalhadores das piscinas, a Câmara lançou concurso para “o mesmo número de postos de trabalho”.
O Valor Local contactou ainda o vereador da coligação de centro-direita, “Pela Nossa Terra”, Nuno Coelho, que integrou a empresa Alenmunicipal. O autarca não se mostrou disponível para colaborar apesar das várias démarches feitas pelo Valor Local.
O complexo de piscinas de Alenquer tem registado nos últimos anos menos afluência, 1221 utentes na época de 2012/2013, 1397 na de 2011/2012, e 1501 na de 2010/2011. A crescer está o número de frequentadores do concelho de Azambuja. Em 2013, de acordo com os últimos dados da autarquia, 93 residentes em Azambuja frequentavam as piscinas do concelho vizinho. Mais 26 do que na época de 2011/2012. Em tempos, houve o desejo de criação de um Movimento Pro-Clube de Natação em Alenquer, ideia dinamizada através das redes sociais, que perdeu algum fôlego. A intenção seria a de promover a prática da natação a nível de modalidades como a natação sincronizada, polo aquático, águas abertas, masters e saltos.

Cartaxo
Obras nas piscinas podem chegar aos 200 mil euros
De acordo com o presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, a autarquia tem vindo a sondar um conjunto de empresas tendo em vista a necessidade de obras urgentes de manutenção no complexo municipal que inclui piscina interior e exterior. O orçamento mais baixo ronda os 88 mil euros e o mais alto os 200 mil. “Ainda não temos valores de referência, mas apenas indicativos. Avaliaremos e decidiremos pelo melhor preço”, constata. Os trabalhos incidir-se-ão na manutenção e reparação de bombas de água, tubagens e restante parte mecânica.
O presidente da Câmara não garante a abertura das piscinas exteriores no Verão, tendo em conta “a situação dramática das finanças camarárias”. Por ora apenas diz “que fará todos os esforços nesse sentido”. O presidente da Câmara também está consciente das críticas quanto ao estado de conservação dos balneários das piscinas. – “Da nossa parte haverá o esforço máximo para resolver esses casos”.
A falta de manutenção do equipamento também é sublinhada pelo vereador do PSD, Vasco Cunha, que fala “de uma intervenção profunda e não meramente de rotina”. “A segurança e a qualidade deste equipamento está em causa”, avança. O eleito não quer sequer pensar na possibilidade de a piscina interior também poder encerrar, face ao quadro financeiro da Câmara, pois “significaria comprometer os programas ocupacionais das escolas, e o compromisso com a população que ali se desloca”.
Já Paulo Varanda, independente, na autarquia, e ex-presidente de Câmara lamenta que o executivo de Pedro Magalhães Ribeiro tenha mexido na organização dos horários dos funcionários que trabalham no complexo. “As aulas de natação não está a correr bem; a temperatura da água não se encontra adequada”. Por outro lado e quanto aos orçamentos que a autarquia solicitou para as reparações a fazer, diz ter na sua posse “um orçamento que não chega a 50 mil euros”. Sobre a possibilidade de não abertura das piscinas no Verão, diz que se tal acontecer: “Será uma forma cobarde de fazer as coisas”. Quanto aos vários valores que já foram dados para as obras a efectuar refere-se aos mesmos como. “salganhada que ninguém entende”.
De referir ainda, e de acordo com dados da autarquia, que houve um total em 2013 de 15785 utilizações nas piscinas descobertas, o que atesta bem da importância que o equipamento assume nos meses de Verão para a população do Cartaxo. Nas piscinas cobertas houve um total de 59.998 utilizações, incluindo aqui, entre outras atividades as que são promovidas pelo município, pelas associações e coletividades, as aulas das escolas do concelho, os utilizadores de regime livre de natação e os utentes do Programa “Viver Mais Viver Melhor”.
Polémica com canalizador, pai do chefe de gabinete
No âmbito desta reportagem feita pelo nosso jornal, o vereador Paulo Varanda referiu o facto de ter estado no complexo de piscinas, Vasco Manuel Casimiro, sócio da empresa Vacrival, ligada a obras de canalização. O mesmo estaria incumbido de fazer um orçamento tendo em conta obras de reparação a efectuar. A mesma empresa tem ainda como sócio, o filho, chefe de gabinete de Pedro Magalhães Ribeiro, Vasco Casimiro. O canalizador em causa foi indicado pelo canalizador da Câmara porque este não se sentia capacitado para resolver o problema.
Confrontado com o teor da acusação, Pedro Magalhães Ribeiro pediu esclarecimentos junto da Divisão do Ambiente, Obras e Equipamentos Municipais (DOEM). O presidente da Câmara enviou ao Valor Local toda a correspondência trocada via e-mail com os serviços, na qual pede explicações directas sobre a possibilidade de “favorecimento ilícito em causa”. Nesses emails pode ler-se que a funcionária Domitília Portela convocou o visado em questão e que este lhe teria dito que possuía os meios técnicos e que lhe faria o orçamento. Algo que rapidamente foi posto de parte tendo em conta a relação de parentesco. Bento Tanganho da DOEM refere também que no próprio dia da deslocação, o canalizador referiu a questão do interesse familiar e que por isso ia falar com o filho. O chefe de gabinete terá tomado conhecimento no próprio dia da deslocação, e deu conta disso mesmo, entretanto, aos serviços, vincando que a “Vacrival não deve ser consultada para orçamentos nem para apresentar propostas”, enquanto o mesmo ocupar funções no município.
Em declarações ao Valor Local, Pedro Ribeiro afirma que o canalizador se apercebeu também da possibilidade de incompatibilidade. Sendo que estariam em causa “obras de valor irrisório”. O autarca defende-se ainda dizendo que casos como a chamada de um canalizador “não chegam até si”, sendo “resolvidos pelos serviços”. Certo é que o presidente num dos emails enviado à DAOEM proíbe “os serviços de voltar a contactar qualquer familiar directo deste executivo ou dos respectivos gabinetes de apoio para quaisquer trabalhos para esta Câmara enquanto estivermos no exercício das funções”.
Perante o conteúdo dos emails que também foram enviados para toda a vereação, Paulo Varanda volta à carga para acusar o presidente de “condenar publicamente os técnicos”, armando-se em “coitadinho sem máculas”. O vereador é da opinião de que o pai do chefe de gabinete de Pedro Magalhães Ribeiro não deveria sequer ter aceitado deslocar-se às piscinas, quanto mais fazer um orçamento. O presidente da Câmara defende-se, alegando não querer “alimentar polémicas baseadas na má fé”. “É evidente que nenhum de nós teve conhecimento prévio do caso, nem ninguém mandatou a divisão para contactar a pessoa ´A` ou `B`. Acreditamos na boa fé dos serviços, até porque em causa estava apenas uma ruptura numa conduta. Não houve apresentação de orçamentos”. Paulo Varanda lança mais uma acha para a fogueira, alegando que a Vacrival fez também “vários trabalhos de milhares de euros em Vila Chã de Ourique, freguesia cujo presidente era seu primo”, rematando – “Ficaram santos de repente”. Pedro Magalhães Ribeiro alega desconhecer o caso de Vila Chã de Ourique, e apenas salienta que “Paulo Varanda está movido pela má fé”.
Entretanto, e de acordo com os mails da autarquia vai ser feita uma intervenção no valor de 2640 euros para o problema apresentado à Vacrival. Neste caso, a adjudicação deverá ir para a Calvário Lda. Proposta que será debatida na próxima reunião de Câmara.
Obras nas piscinas podem chegar aos 200 mil euros
De acordo com o presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, a autarquia tem vindo a sondar um conjunto de empresas tendo em vista a necessidade de obras urgentes de manutenção no complexo municipal que inclui piscina interior e exterior. O orçamento mais baixo ronda os 88 mil euros e o mais alto os 200 mil. “Ainda não temos valores de referência, mas apenas indicativos. Avaliaremos e decidiremos pelo melhor preço”, constata. Os trabalhos incidir-se-ão na manutenção e reparação de bombas de água, tubagens e restante parte mecânica.
O presidente da Câmara não garante a abertura das piscinas exteriores no Verão, tendo em conta “a situação dramática das finanças camarárias”. Por ora apenas diz “que fará todos os esforços nesse sentido”. O presidente da Câmara também está consciente das críticas quanto ao estado de conservação dos balneários das piscinas. – “Da nossa parte haverá o esforço máximo para resolver esses casos”.
A falta de manutenção do equipamento também é sublinhada pelo vereador do PSD, Vasco Cunha, que fala “de uma intervenção profunda e não meramente de rotina”. “A segurança e a qualidade deste equipamento está em causa”, avança. O eleito não quer sequer pensar na possibilidade de a piscina interior também poder encerrar, face ao quadro financeiro da Câmara, pois “significaria comprometer os programas ocupacionais das escolas, e o compromisso com a população que ali se desloca”.
Já Paulo Varanda, independente, na autarquia, e ex-presidente de Câmara lamenta que o executivo de Pedro Magalhães Ribeiro tenha mexido na organização dos horários dos funcionários que trabalham no complexo. “As aulas de natação não está a correr bem; a temperatura da água não se encontra adequada”. Por outro lado e quanto aos orçamentos que a autarquia solicitou para as reparações a fazer, diz ter na sua posse “um orçamento que não chega a 50 mil euros”. Sobre a possibilidade de não abertura das piscinas no Verão, diz que se tal acontecer: “Será uma forma cobarde de fazer as coisas”. Quanto aos vários valores que já foram dados para as obras a efectuar refere-se aos mesmos como. “salganhada que ninguém entende”.
De referir ainda, e de acordo com dados da autarquia, que houve um total em 2013 de 15785 utilizações nas piscinas descobertas, o que atesta bem da importância que o equipamento assume nos meses de Verão para a população do Cartaxo. Nas piscinas cobertas houve um total de 59.998 utilizações, incluindo aqui, entre outras atividades as que são promovidas pelo município, pelas associações e coletividades, as aulas das escolas do concelho, os utilizadores de regime livre de natação e os utentes do Programa “Viver Mais Viver Melhor”.
Polémica com canalizador, pai do chefe de gabinete
No âmbito desta reportagem feita pelo nosso jornal, o vereador Paulo Varanda referiu o facto de ter estado no complexo de piscinas, Vasco Manuel Casimiro, sócio da empresa Vacrival, ligada a obras de canalização. O mesmo estaria incumbido de fazer um orçamento tendo em conta obras de reparação a efectuar. A mesma empresa tem ainda como sócio, o filho, chefe de gabinete de Pedro Magalhães Ribeiro, Vasco Casimiro. O canalizador em causa foi indicado pelo canalizador da Câmara porque este não se sentia capacitado para resolver o problema.
Confrontado com o teor da acusação, Pedro Magalhães Ribeiro pediu esclarecimentos junto da Divisão do Ambiente, Obras e Equipamentos Municipais (DOEM). O presidente da Câmara enviou ao Valor Local toda a correspondência trocada via e-mail com os serviços, na qual pede explicações directas sobre a possibilidade de “favorecimento ilícito em causa”. Nesses emails pode ler-se que a funcionária Domitília Portela convocou o visado em questão e que este lhe teria dito que possuía os meios técnicos e que lhe faria o orçamento. Algo que rapidamente foi posto de parte tendo em conta a relação de parentesco. Bento Tanganho da DOEM refere também que no próprio dia da deslocação, o canalizador referiu a questão do interesse familiar e que por isso ia falar com o filho. O chefe de gabinete terá tomado conhecimento no próprio dia da deslocação, e deu conta disso mesmo, entretanto, aos serviços, vincando que a “Vacrival não deve ser consultada para orçamentos nem para apresentar propostas”, enquanto o mesmo ocupar funções no município.
Em declarações ao Valor Local, Pedro Ribeiro afirma que o canalizador se apercebeu também da possibilidade de incompatibilidade. Sendo que estariam em causa “obras de valor irrisório”. O autarca defende-se ainda dizendo que casos como a chamada de um canalizador “não chegam até si”, sendo “resolvidos pelos serviços”. Certo é que o presidente num dos emails enviado à DAOEM proíbe “os serviços de voltar a contactar qualquer familiar directo deste executivo ou dos respectivos gabinetes de apoio para quaisquer trabalhos para esta Câmara enquanto estivermos no exercício das funções”.
Perante o conteúdo dos emails que também foram enviados para toda a vereação, Paulo Varanda volta à carga para acusar o presidente de “condenar publicamente os técnicos”, armando-se em “coitadinho sem máculas”. O vereador é da opinião de que o pai do chefe de gabinete de Pedro Magalhães Ribeiro não deveria sequer ter aceitado deslocar-se às piscinas, quanto mais fazer um orçamento. O presidente da Câmara defende-se, alegando não querer “alimentar polémicas baseadas na má fé”. “É evidente que nenhum de nós teve conhecimento prévio do caso, nem ninguém mandatou a divisão para contactar a pessoa ´A` ou `B`. Acreditamos na boa fé dos serviços, até porque em causa estava apenas uma ruptura numa conduta. Não houve apresentação de orçamentos”. Paulo Varanda lança mais uma acha para a fogueira, alegando que a Vacrival fez também “vários trabalhos de milhares de euros em Vila Chã de Ourique, freguesia cujo presidente era seu primo”, rematando – “Ficaram santos de repente”. Pedro Magalhães Ribeiro alega desconhecer o caso de Vila Chã de Ourique, e apenas salienta que “Paulo Varanda está movido pela má fé”.
Entretanto, e de acordo com os mails da autarquia vai ser feita uma intervenção no valor de 2640 euros para o problema apresentado à Vacrival. Neste caso, a adjudicação deverá ir para a Calvário Lda. Proposta que será debatida na próxima reunião de Câmara.

A opinião dos utentes
Carlos Cristóvão é um dos habitantes do concelho de Azambuja que frequenta as piscinas de Alenquer, tal como a sua mulher. Ambos de Vila Nova da Rainha. Faz natação desde Novembro passado e como tal nunca chegou a frequentar as piscinas de Azambuja. Se voltarem a abrir e se as condições forem iguais às de Alenquer vai dar preferência às do seu concelho, “apesar de a distância para Alenquer ser a mesma”. Realça que gosta das piscinas de Alenquer, e que “não pode exigir mais”. “Passar o tempo neste tipo de espaços, como no meu caso e no da minha mulher em que já somos reformados, é optimo, até tendo em conta a questão da saúde. Andei com uma dor no joelho que entretanto desapareceu com a hidroginástica”. “Isto é excelente”.
Também residente no concelho de Azambuja, Adelaide Sousa vai duas vezes a Alenquer. Já esteve na do Cartaxo, entretanto procurou inscrever-se nas de Azambuja, mas como fecharam optou por Alenquer. Gosta do complexo da vila presépio, e mudar para Azambuja, na hipótese de voltarem a abrir, “seria algo a ponderar”. Também frequentadora das piscinas de Alenquer, Maria da Glória, de Abrigada, vem duas vezes por semana à sede de concelho. “A piscina é um grande benefício, embora a água pudesse estar mais quente”, afirma.
O complexo do Cartaxo também é bastante utilizado pelos moradores de Azambuja. Ana Reis abandonou recentemente o ginásio que frequentava na vila, e decidiu experimentar as piscinas do Cartaxo, mas na sua opinião, as mesmas deixam a desejar – “Faltam puxadores nas portas dos balneários, não se pode falar em duche, mas numa espécie de repuxo quando vamos tomar banho, as portas da casa de banho não fecham, limitando ainda mais a privacidade. Há pouco espaço para nos vestirmos. A temperatura da água também não é a melhor. Penso que a de Alenquer é melhor. Infelizmente já não temos piscina em Azambuja, porque penso que as condições da nossa até eram superiores à do Cartaxo”. Posição mais favorável tem Dulce D’Araujo também de Azambuja que considera que as piscinas do Cartaxo “têm boas condições, com preço acessível, vigilância, indicação de análises regulares, e pelo menos uma pista disponível para quem aceda em tempo livre”.
No dia em que o Valor Local se deslocou ao complexo do Cartaxo, o bar estava fechado. Tratava-se de um sábado à tarde, com muitas famílias a passear na zona. Alguns funcionários lamentaram o facto, e Ana Reis diz mesmo que nunca viu aquela instalação aberta. Também o bar das piscinas de Alenquer se encontrava fechado.
Carlos Cristóvão é um dos habitantes do concelho de Azambuja que frequenta as piscinas de Alenquer, tal como a sua mulher. Ambos de Vila Nova da Rainha. Faz natação desde Novembro passado e como tal nunca chegou a frequentar as piscinas de Azambuja. Se voltarem a abrir e se as condições forem iguais às de Alenquer vai dar preferência às do seu concelho, “apesar de a distância para Alenquer ser a mesma”. Realça que gosta das piscinas de Alenquer, e que “não pode exigir mais”. “Passar o tempo neste tipo de espaços, como no meu caso e no da minha mulher em que já somos reformados, é optimo, até tendo em conta a questão da saúde. Andei com uma dor no joelho que entretanto desapareceu com a hidroginástica”. “Isto é excelente”.
Também residente no concelho de Azambuja, Adelaide Sousa vai duas vezes a Alenquer. Já esteve na do Cartaxo, entretanto procurou inscrever-se nas de Azambuja, mas como fecharam optou por Alenquer. Gosta do complexo da vila presépio, e mudar para Azambuja, na hipótese de voltarem a abrir, “seria algo a ponderar”. Também frequentadora das piscinas de Alenquer, Maria da Glória, de Abrigada, vem duas vezes por semana à sede de concelho. “A piscina é um grande benefício, embora a água pudesse estar mais quente”, afirma.
O complexo do Cartaxo também é bastante utilizado pelos moradores de Azambuja. Ana Reis abandonou recentemente o ginásio que frequentava na vila, e decidiu experimentar as piscinas do Cartaxo, mas na sua opinião, as mesmas deixam a desejar – “Faltam puxadores nas portas dos balneários, não se pode falar em duche, mas numa espécie de repuxo quando vamos tomar banho, as portas da casa de banho não fecham, limitando ainda mais a privacidade. Há pouco espaço para nos vestirmos. A temperatura da água também não é a melhor. Penso que a de Alenquer é melhor. Infelizmente já não temos piscina em Azambuja, porque penso que as condições da nossa até eram superiores à do Cartaxo”. Posição mais favorável tem Dulce D’Araujo também de Azambuja que considera que as piscinas do Cartaxo “têm boas condições, com preço acessível, vigilância, indicação de análises regulares, e pelo menos uma pista disponível para quem aceda em tempo livre”.
No dia em que o Valor Local se deslocou ao complexo do Cartaxo, o bar estava fechado. Tratava-se de um sábado à tarde, com muitas famílias a passear na zona. Alguns funcionários lamentaram o facto, e Ana Reis diz mesmo que nunca viu aquela instalação aberta. Também o bar das piscinas de Alenquer se encontrava fechado.

Piscina
na Calhandriz não foi melhor opção
Com seis piscinas públicas a funcionar no espaço concelhio, Vila Franca de Xira contou no ano de 2013 com 404 mil 851 utilizações, mais 21 mil 977 do que no ano anterior, na totalidade dos complexos. Muito se tem questionado se o município necessita de tantos complexos de piscinas: Vila Franca de Xira; Alverca; Quinta das Drogas- Alverca; Póvoa de Santa Iria, Calhandriz e Forte da Casa; tendo em conta as dificuldades de manutenção, mas também, porque algumas deixaram de funcionar durante todo o dia, e no caso da piscina da Calhandriz o escasso número de utilizações motivou o fecho do complexo durante a maior parte do ano, abrindo apenas no Verão.
João de Carvalho da Coligação Novo Rumo, é peremptório – “É um exagero a quantidade de piscinas que Alverca tem por exemplo, duas públicas e uma privada. Por outro lado, o Alhandra tem custos brutais com a sua piscina, e deve imenso dinheiro à Câmara por causa da água. O que defendo seria a existência de um complexo a norte e outro a sul com a disponibilização de transportes para a população”. “A da Calhandriz não tem frequentadores suficientes, a da Póvoa tem um bom índice mas as restantes estão em défice”. “Manter uma piscina é uma fortuna, antigamente havia dinheiro, mas nunca se pensou deforma estrutural e agora o mal já está feito”, reflecte.
Já Nuno Libório, da CDU, lamenta a inexistência de uma carta de equipamentos por parte da autarquia. Por outro lado, lamenta os preços que os utilizadores são obrigados a pagar para frequentarem as piscinas. “Não está a ser preservada a função social destes equipamentos”. Considera que o fecho da piscina da Calhandriz pode precipitar a “deterioração ainda mais acelerada daquele equipamento”, e sugere o efectivar de parcerias com o movimento associativo.
Alberto Mesquita, presidente do município, lamenta que a da Calhandriz não consiga estar aberta durante todo o ano, recordando que a construção da mesma nasceu de um acordo com a Valorsul no âmbito da do aterro de Mata Cruz. “Foi decidido que o equipamento era necessário e que fazia falta à população, mas provavelmente se voltássemos atrás teríamos construído a piscina noutro local, com a Calhandriz a receber outro tipo de infra-estrutura”. O presidente diz ainda que o preço para quem frequenta os equipamentos é o possível, e mesmo assim “não cobre nem de longe nem de perto os custos”. A piscina da Calhandriz embora fechada “é vista regularmente por quem de direito de modo a evitar a sua deterioração”, Para Alberto Mesquita, o uso da piscina da Calhandriz poderia passar por algo relacionado com “a fisioterapia para séniores”, algo que a Câmara “verá com as IPSS’s”.
Com seis piscinas públicas a funcionar no espaço concelhio, Vila Franca de Xira contou no ano de 2013 com 404 mil 851 utilizações, mais 21 mil 977 do que no ano anterior, na totalidade dos complexos. Muito se tem questionado se o município necessita de tantos complexos de piscinas: Vila Franca de Xira; Alverca; Quinta das Drogas- Alverca; Póvoa de Santa Iria, Calhandriz e Forte da Casa; tendo em conta as dificuldades de manutenção, mas também, porque algumas deixaram de funcionar durante todo o dia, e no caso da piscina da Calhandriz o escasso número de utilizações motivou o fecho do complexo durante a maior parte do ano, abrindo apenas no Verão.
João de Carvalho da Coligação Novo Rumo, é peremptório – “É um exagero a quantidade de piscinas que Alverca tem por exemplo, duas públicas e uma privada. Por outro lado, o Alhandra tem custos brutais com a sua piscina, e deve imenso dinheiro à Câmara por causa da água. O que defendo seria a existência de um complexo a norte e outro a sul com a disponibilização de transportes para a população”. “A da Calhandriz não tem frequentadores suficientes, a da Póvoa tem um bom índice mas as restantes estão em défice”. “Manter uma piscina é uma fortuna, antigamente havia dinheiro, mas nunca se pensou deforma estrutural e agora o mal já está feito”, reflecte.
Já Nuno Libório, da CDU, lamenta a inexistência de uma carta de equipamentos por parte da autarquia. Por outro lado, lamenta os preços que os utilizadores são obrigados a pagar para frequentarem as piscinas. “Não está a ser preservada a função social destes equipamentos”. Considera que o fecho da piscina da Calhandriz pode precipitar a “deterioração ainda mais acelerada daquele equipamento”, e sugere o efectivar de parcerias com o movimento associativo.
Alberto Mesquita, presidente do município, lamenta que a da Calhandriz não consiga estar aberta durante todo o ano, recordando que a construção da mesma nasceu de um acordo com a Valorsul no âmbito da do aterro de Mata Cruz. “Foi decidido que o equipamento era necessário e que fazia falta à população, mas provavelmente se voltássemos atrás teríamos construído a piscina noutro local, com a Calhandriz a receber outro tipo de infra-estrutura”. O presidente diz ainda que o preço para quem frequenta os equipamentos é o possível, e mesmo assim “não cobre nem de longe nem de perto os custos”. A piscina da Calhandriz embora fechada “é vista regularmente por quem de direito de modo a evitar a sua deterioração”, Para Alberto Mesquita, o uso da piscina da Calhandriz poderia passar por algo relacionado com “a fisioterapia para séniores”, algo que a Câmara “verá com as IPSS’s”.
Opinião de Professor da Escola Superior de Desporto de Rio Maior
“Piscinas públicas estão obsoletas”
Com um mestrado em gestão de instalações desportivas, Pedro Raposo, professor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, ajuda-nos a reflectir acerca da problemática da gestão dos complexos públicos de piscinas. Na sua opinião, “as autarquias estão cientes dos sintomas, mas não das causas”; “pois não têm tido capacidade de para se adaptarem à evolução tecnológica da indústria das piscinas”, ou seja “muitos dos equipamentos carecem de um controlo de gestão diário e muito exigente”, mas as Câmaras “não tiveram capacidade de formar quadros humanos com a qualificação necessária para dar a resposta adequada”.
“Há questões de engenharia, de arquitectura, de eficiência energética, que implicam soluções multidisciplinares. Não se pode culpar um técnico de desporto ou um arquitecto isoladamente”.
O académico defende que o caminho poderá ser a gestão supramunicipal destes equipamentos, que “possuem uma vida útil de 30 anos”, sendo que a maioria dos existentes na região têm quanto muito mais 20 anos pela frente ou menos. “Hoje em dia as tecnologias aplicadas a estes equipamentos são tão inovadoras e emergentes, que a maioria das piscinas está já obsoleta em termos de eficiência energética, qualidade técnica das suas dimensões, profundidade dos tanques – a maioria desajustada às necessidades, e potencial de exploração baixo”. Pedro Raposo não descarta: “Alguns destes equipamentos vão ter mesmo de fechar”.
Pedro Raposo defende ao máximo o caminho da especialização com a possibilidade de um equipamento tão específico como aquele ser gerido pela figura de um gestor de piscinas. “Muitas vezes a factura é paga por uma unidade central de custos em que há um bolo de despesas, em que não se percebe se as mesmas são feitas pela piscina ou pelo polidesportivo da Câmara”, reflecte para se referir à falta de uma política de gestão consistente.
Por isso, os municípios devem fazer uma reflexão e partilhar as suas análises com os municípios vizinhos. A solução passará “pela partilha do equipamento por mais do que um concelho, até porque racionalmente muitos deverão fechar”. A captação de financiamento comunitário para eficiência energética também é apontada. Por outro lado, a indústria das piscinas também deve encarar “soluções mais baratas e mais ágeis” para as autarquias.
O académico também tem uma opinião muito clara sobre os modelos de gestão mista, como o que se está a desenhar para Azambuja; ou como foi falado na reportagem, para o caso da Calhandriz – “É preciso que se faça o diagnóstico, até porque há municípios que se fazem parcerias com clubes, ou outras entidades, mas a gestão financeira continua a ser das Câmaras, ora isto é mascarar o problema. As despesas devem ser muito bem delineadas, e os parceiros devem encontrar soluções criativas para que se rentabilize da melhor maneira os equipamentos”. E dá algumas pistas, para além das utilizações ditas regulares: “actividades com a população com necessidades especiais, unidades hoteleiras, ginásios, colégios privados, festas de aniversário, passagens de modelos, há uma infinidade de potencial de rentabilização de uma piscina, tem é de haver uma gestão de controlo credível”. “Se as coisas forem bem tratadas com os privados e demais entidades, essa pode ser uma boa solução face aos prejuízos que as câmaras enfrentam”.
Sílvia Agostinho
25-02-2014
“Piscinas públicas estão obsoletas”
Com um mestrado em gestão de instalações desportivas, Pedro Raposo, professor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, ajuda-nos a reflectir acerca da problemática da gestão dos complexos públicos de piscinas. Na sua opinião, “as autarquias estão cientes dos sintomas, mas não das causas”; “pois não têm tido capacidade de para se adaptarem à evolução tecnológica da indústria das piscinas”, ou seja “muitos dos equipamentos carecem de um controlo de gestão diário e muito exigente”, mas as Câmaras “não tiveram capacidade de formar quadros humanos com a qualificação necessária para dar a resposta adequada”.
“Há questões de engenharia, de arquitectura, de eficiência energética, que implicam soluções multidisciplinares. Não se pode culpar um técnico de desporto ou um arquitecto isoladamente”.
O académico defende que o caminho poderá ser a gestão supramunicipal destes equipamentos, que “possuem uma vida útil de 30 anos”, sendo que a maioria dos existentes na região têm quanto muito mais 20 anos pela frente ou menos. “Hoje em dia as tecnologias aplicadas a estes equipamentos são tão inovadoras e emergentes, que a maioria das piscinas está já obsoleta em termos de eficiência energética, qualidade técnica das suas dimensões, profundidade dos tanques – a maioria desajustada às necessidades, e potencial de exploração baixo”. Pedro Raposo não descarta: “Alguns destes equipamentos vão ter mesmo de fechar”.
Pedro Raposo defende ao máximo o caminho da especialização com a possibilidade de um equipamento tão específico como aquele ser gerido pela figura de um gestor de piscinas. “Muitas vezes a factura é paga por uma unidade central de custos em que há um bolo de despesas, em que não se percebe se as mesmas são feitas pela piscina ou pelo polidesportivo da Câmara”, reflecte para se referir à falta de uma política de gestão consistente.
Por isso, os municípios devem fazer uma reflexão e partilhar as suas análises com os municípios vizinhos. A solução passará “pela partilha do equipamento por mais do que um concelho, até porque racionalmente muitos deverão fechar”. A captação de financiamento comunitário para eficiência energética também é apontada. Por outro lado, a indústria das piscinas também deve encarar “soluções mais baratas e mais ágeis” para as autarquias.
O académico também tem uma opinião muito clara sobre os modelos de gestão mista, como o que se está a desenhar para Azambuja; ou como foi falado na reportagem, para o caso da Calhandriz – “É preciso que se faça o diagnóstico, até porque há municípios que se fazem parcerias com clubes, ou outras entidades, mas a gestão financeira continua a ser das Câmaras, ora isto é mascarar o problema. As despesas devem ser muito bem delineadas, e os parceiros devem encontrar soluções criativas para que se rentabilize da melhor maneira os equipamentos”. E dá algumas pistas, para além das utilizações ditas regulares: “actividades com a população com necessidades especiais, unidades hoteleiras, ginásios, colégios privados, festas de aniversário, passagens de modelos, há uma infinidade de potencial de rentabilização de uma piscina, tem é de haver uma gestão de controlo credível”. “Se as coisas forem bem tratadas com os privados e demais entidades, essa pode ser uma boa solução face aos prejuízos que as câmaras enfrentam”.
Sílvia Agostinho
25-02-2014