Diretor da Rádio Valor Local faz balanço do projeto e apresenta algumas novidades para 2022
Entrevista com Miguel António Rodrigues
|06 Jan 2022 16:53
Sílvia Carvalho d'Almeida Diretor da Rádio Valor Local faz balanço do projeto e apresenta algumas novidades para 2022
Na entrevista especial deste mês, falámos com Miguel António Rodrigues, diretor do jornal e rádio Valor Local. Começou a sua carreira de jornalista há mais de trinta anos, e fala dos desafios que o futuro apresenta e também do papel fundamental que os jornalistas têm na sociedade, mas que muitas vezes é pouco reconhecido. "Comecei na rádio sem saber o que estava a fazer, e o que mais me atraiu foi aquela mística da voz a sair pelo outro lado, de termos feed-back dos ouvintes.” É desta forma que tenta explicar o objeto da sua maior devoção. A comunicação e o jornalismo, sim, mas em particular a rádio. Começou aos 13 anos numa rádio de Azambuja, no tempo das rádios pirata há trinta e cinco anos. Passou por várias estações ao longo dos anos, pela imprensa escrita, e pelo caminho fez informação de trânsito. Mas para Miguel António Rodrigues, “a rádio sempre teve uma magia especial”. A rádio Valor Local tem neste momento um ano e quatro meses de existência e vamos falar um pouco desta ainda recente caminhada mas com vários projetos em carteira. A somar ao Jornal Valor Local, que desde 2013 traz informação e cobertura jornalística a sete concelhos da região, a rádio Valor Local é “uma rádio do Século XXI, de Azambuja para o mundo”, e composta por vários colegas mas também amigos que fazem desta a família da Rádio. Para além da direção composta por Miguel António Rodrigues e Sílvia Agostinho colaboram na rádio: Nuno Barrocas, Nuno Vicente, Renato Pinto, António Loureiro, Mónica Guerra, Mário Frota, Sílvia Carvalho d’Almeida, Milton Almeida entre muitos outros. “A família Valor Local está a crescer, e todos os anos cresce um bocadinho”. Considera que os projetos nunca estão todos realizados, porque “temos de ter a capacidade de olhar sempre para o futuro”. A rádio “foi um projeto que sonhámos dois anos antes de o concretizarmos, e demorou este tempo por questões logísticas. Quando passámos a estar no centro comercial quadruplicámos o espaço” o que permitiu que esta iniciativa pudesse ver a luz do dia. Quanto ao futuro da rádio desvenda que teremos novidades em breve, com rubricas e entrevistas com eurodeputados, sobre temas da atualidade política europeia e internacional, mas também relacionadas com a saúde, economia e o bem-estar, sobretudo ligadas ao dia a dia das pessoas. Para o jornalista, “em 2022 temos muitos projetos, há muito para fazer, e esperamos que a Covid-19 não venha estragar os planos”. Até porque entre os vários projetos estão programados ciclos de conferências, o que só será possível sem medidas de confinamento em vigor, já que dependem da participação do público. Miguel dá-nos conta que a rádio sofreu grandes transformações ao longo dos tempos, especialmente na última década, e que a Rádio Valor Local tenta beneficiar de toda a tecnologia disponível atualmente para proporcionar uma experiência de qualidade aos seus ouvintes, fazendo deste projeto “único ao nível do online” pois combina “música e informação com profissionais em antena”, quando na generalidade dos projetos online a componente da informação não está presente. Explica que só desta forma é possível ouvir a rádio em qualquer local do mundo, tendo vários ouvintes nos Estados Unidos da América, em França, e no Canadá, entre outros países, especialmente onde existe uma comunidade portuguesa com uma grande expressão. “Os portugueses estão em todo o mundo, e as tecnologias permitem-nos chegar, onde a rádio de ondas hertzianas não permite.” Lamenta que o acesso à informação, especialmente de qualidade esteja cada vez mais limitado, porque como refere “os preços aumentam, mas os ordenados das pessoas não sobem”, motivo pelo qual faz questão da gratuidade do jornal, que chega já aos dez mil exemplares mensais. O jornal que conta ainda com edição online é também uma opção para os falantes de português que desejam saber sobre os temas da região. Miguel acredita que a qualidade e empenho dos profissionais da rádio e do jornal é o que permite sobreviver num mercado em que a competição é feroz. Mas ao invés de culpar o advento das redes sociais pelo declínio das vendas dos jornais, prefere dizer que este fato contribuiu para depurar quem de fato merece aceder às receitas de publicidade, que como sabemos, migraram para os motores de busca, Facebook e agregadores de notícias. “O jornal Valor Local é um jornal de grande reportagem, que vai ao terreno, o que o torna um jornal único, também. É muito mais fácil estar por detrás de um site e não ir ao terreno, fazer jornalismo de secretária. Não há marca que vá apostar em algo assim, que eu nem considero jornalismo”. Para si, “quem diz que o jornalismo vai acabar são pessoas que desistiram, e nós não desistimos de nada na vida”, evitando assim uma abordagem catastrofista do tema. Quanto ao papel fundamental dos jornalistas na sociedade, e ao seu escasso reconhecimento, esclarece que no seu entender, “quem deve reconhecer o seu trabalho são os leitores e os ouvintes''. Tudo o resto “são uma série de interesses que eu ainda não percebi ao fim de 30 anos, como por exemplo o dos políticos que quando ‘a coisa’ não é como querem não hesitam em destruir a reputação e o valor dos profissionais desta classe. Percebemos que há quem se organize, e não falo de uma pessoa ou duas, mas de grupos inteiros nas redes sociais com o intuito de mandar uma pedra ao trabalho de colegas meus, por vezes não hesitando em chamar nomes às pessoas, e vimos isso nas autárquicas, por exemplo. É o que temos hoje em dia- o bullying ao jornalista só porque o seu trabalho está mais exposto do que o de muitas outras pessoas. Por outro lado, e nomeadamente a comunicação social regional e local não é hoje como era há 20 anos, temos profissionais formados, profissionais com tarimba de anos, e não curiosos, que tão depressa têm de fazer um texto sobre o aniversário de um rancho folclórico, como mergulhar a fundo na leitura de um dossier exigente como o do aterro de Azambuja ou da concessão das águas de Alenquer, desdobrando-se num quadro de exigências para todos os gostos. |
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