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Edifícios na região à espera de uma segunda vida

Fechados a sete chaves

Vários edifícios na região aguardam por uma nova vida, e no caso da Casa da Câmara em Manique do Intendente, antigo “hospital” de Azambuja e Chemina em Alenquer (uns mais degradados e devolutos do que outros) são ainda o exemplo de persistência na memória coletiva e de quem anseia dar nova funcionalidade a estes espaços

Sílvia Agostinho/Miguel A. Rodrigues
29/12/2017 às 18h30 
 


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​Encerrado em 2009, o velhinho Centro de Saúde de Azambuja desespera agora para ser reutilizado. Com efeito o edifício inaugurado na década de cinquenta, mais propriamente em maio de 1959 , e pago com o dinheiro da população, está a passar por uma vida difícil, embora o seu passado também não tenha sido fácil. Ainda hoje conseguimos descortinar vários relatos junto da população mais idosa acerca do edifício e de como ele funcionava.

Foi erguido com recolha de donativos junto da população, através da Misericórdia local, e à Misericórdia foi retirado durante as nacionalizações no pós 25 de abril. O povo organizou festas, cortejos de oferendas, e várias ações para possibilitar a construção de um edifício moderno, até porque até então, o antigo Hospital da Misericórdia funcionava na Rua Espírito Santo, onde hoje é o Abrigo do Peregrino.

O povo, esse, ainda se lembra das cirurgias ali realizadas, ou das camas de internamento. E aqui e ali, lá encontramos algumas pessoas onde no local se submeteram a operações simples como a retirada do apêndice. Manuel Ferreira, atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja e médico, guiou o Valor Local numa visita pelas instalações agora devolutas do antigo Centro de Saúde de Azambuja.

O “hospital” como ainda muitos o chamam, é hoje uma sombra do que foi, e Manuel Ferreira lamenta o estado de abandono a que tudo chegou.
O médico recorda com nostalgia os anos em que ali deu consultas. Lembra-se ainda dos tempos em que se faziam algumas intervenções médicas “e com bons resultados” esclarece. Manuel Ferreira recorda a enfermaria existente no primeiro piso, e o local das consultas infantis, hoje um traço daquilo que era até 2009, altura em que foi inaugurado o novo edifício, construído uns metros mais à frente, e que substituiu o velhinho centro de saúde.

O médico refere que o edifício esteve mais de 40 anos fora da alçada da Misericórdia. Com a “nacionalização” em 1974, o velhinho hospital da Misericórdia foi explorado pelo Ministério da Saúde e só em 2009 foi devolvido e em parcas condições ao seu proprietário, a Santa Casa.
Cada passo que dávamos com Manuel Ferreira pelos corredores fantasma desta unidade que em tempos conheceu “muita vida”, fazia com que o médico lembrasse os anos que ali ministrou consulta. À entrada uma senhora que ia a passar lamentou o estado de abandono do edifício, e enquanto o provedor ia tirando a corrente para abrir o portão, esta aproveitava a presença do responsável para se lamentar do estado em que alguns meliantes deixaram o mesmo. Sintoma de que a população não esquece este espaço.

As portas e janelas foram totalmente arrancadas, e o responsável até já questiona se valerá a pena a Misericórdia gastar dinheiro para emparedar o edifício que mais dia, menos dia será um hospital de cuidados continuados, assim se espera.

Ladeamos o edifício e entrámos pelas antigas urgências, o mesmo local onde também entravam as ambulâncias: Neste ponto não existe uma porta e também tem sido por aqui que os vândalos entram. Muitos são jovens em idade escolar que não conseguem arranjar melhor passatempo depois das aulas. Manuel Ferreira lamenta que o património se encontre num estado de degradação tão visível. Ninguém diria que apenas passaram sete anos desde o seu fecho, pois aparenta estar encerrado há muitos mais. Num determinado local ainda há vestígios de um pequeno incêndio quizá provocado durante um furto de cobre em que os meliantes furaram os fios, e nem o quadro elétrico escapou. Vários são os cabos desprendidos do teto, indicando esse tipo de conduta.
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Ao entrarmos, deparamo-nos com um chão coberto de vidros, fuligem e muitos dejetos de pombos. Algo impensável, se recuarmos alguns anos e nos lembramos como estaria imaculado aquele edifício, embora já com mais de 50 anos de uso, e que era o orgulho da população.
Manuel Ferreira vai apontando para o teto e para as salas onde já não existe  mobiliário, com a exceção dos armários da pequena cozinha onde diz ter feito algumas refeições com os colegas, e lembra o nome de algumas auxiliares que ajudavam a preparar esses momentos que eram também de convívio entre os profissionais que ali prestavam serviço.
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Provedor e médico, Manuel Ferreira reavivou memórias
​Mas o cenário é no mínimo desolador e deixa o médico com muitos sentimentos nostálgicos, porque quase não criou memórias no novo centro de saúde até porque só lá esteve alguns meses. Nos corredores, os vidros amontoavam-se. Os dejetos dos pombos e algumas madeiras obrigaram-nos a ter cuidado. No local faziam-se pequenas cirurgias, mas hoje e num centro de saúde de nova geração como aquele que existe na sede de concelho, uma vacina contra o tétano tem de ser administrada em Vila Franca num serviço normal de urgência, que Azambuja já não tem.

Com as portas totalmente escancaradas, os antigos gabinetes onde noutros tempos se fizeram consultas e outros tratamentos, estão hoje à mercê de tudo o que a mente humana queira fazer ali (ver vídeo abaixo). Há paredes grafitadas e até pares de sapatos perdidos dão os bons dias a quem passe para lá do portão que o médico consegue abrir e fechar com algum custo fruto da passagem do tempo e da ferrugem que já atacou. Não há nenhum gabinete inteiro, mas curiosamente ainda existem dois intatos com as portas totalmente trancadas e que aparentemente sobreviveram à tentação dos ladrões.

Ao olharmos de cima abaixo dá para perceber o quão danificado está o velho espaço, “mas a estrutura é boa, dá para mais de cinquenta anos” refere o médico que insiste em reaproveitar o mesmo.

Mais ao fundo chegamos ao que era antes a ala da vacinação e da pediatria. Um espaço que foi muito importante para muitos dos azambujenses mas onde já nem se vê o autocolante da “Chico” que dizia Bebé a Bordo, colado numa das janelas, e que tão familiar chegou a ser para os pais e mães do concelho.

Subimos ao primeiro piso. Manuel Ferreira aponta para a claraboia que quer substituir e recorda que ali ao lado será prolongada uma parte para acrescentar 20 camas, sendo que uma unidade de cuidados continuados no distrito de Lisboa tem muita procura e é comparticipada pelo Estado, o mesmo que entregou o edifício em más condições. À partida será um valência rentável para a Misericórdia que não quer deixar morrer o projeto.
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Manuel Ferreira que falou um pouco da história do espaço mostrou os dois quartos que serviam para enfermaria “basicamente para as pessoas mais pobres” e recordou todo o movimento que aquela unidade gerava. “Trabalhei aqui durante 24 anos, de dia e de noite, víamos cerca de três a quatro pessoas no período noturno. Hoje nada disso temos no novo centro de saúde”. E lança um dado curioso completamente impossível nos dias de hoje – “Só num ano houve 20 mil atendimentos. Fiz o estudo desses mesmos atendimentos por patologia e chegámos à conclusão que apenas quatro por cento dos doentes acabaram por ser transferidos para Vila Franca”. 
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Por aqui também passaram os ladrões de fios de cobre
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Degradação multiplica-se a cada corredor
​Unidade de Cuidados Continuados para dar nova vida ao edifício
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A Unidade de Cuidados Continuados é um projeto antigo mas que mergulhou mais recentemente num impasse depois de quase ter saído do papel quando a Misericórdia de Lisboa equacionou a sua comparticipação, tendo abandonado a ideia entretanto.

O projeto contemplava 40 camas, num total de cerca de 30 a 40 postos de trabalho, e poderia comportar ainda a instalação de uma unidade de fisioterapia, bem como consultas de especialidades médicas. Manuel Ferreira explica que o edifício onde antes funcionava a morgue será para demolir no caso de o projeto poder vir a ganhar novamente um destino mais auspicioso, já que o provedor adianta ao Valor Local que poderá estar em cima da mesa a possibilidade de surgir entretanto um novo parceiro. O projeto tem um custo de um milhão e 500 mil euros.
Só em projetos a Misericórdia de Azambuja já gastou cerca de 40 mil euros a pensar na unidade em causa.
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No total entre este novo equipamento e o antigo a Santa Casa de Azambuja passaria a dispor de 73 camas.
 

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ImagemA última esperança do autarca são os fundos comunitários
Chemina aguarda pela libertação dos fundos europeus

A Fábrica da Chemina, cujo nome oficial era Empresa de Lanifícios Tejo, ainda é considerada um dos ex-libris da vila de Alenquer. O complexo que já se encontrava encerrado há sete anos quando ardeu em março de 2000, tem sido alvo ao longo dos anos de inúmeras ideias quanto ao seu futuro. Os alenquerenses gostavam de ver a imponente fachada ganhar vida e as paredes ressurgirem dos escombros e da cinza. Aliás nesta altura restam apenas as fachadas. O interior é agora uma amálgama de tábuas, pedra e vegetação, contudo continua a atrair as atenções e os sucessivos executivos têm tentado reescrever a história do famoso edifício, seja para adaptação a centro cultural, ou até para hotel de charme, entre outros fins.

A fábrica da Chemina está neste momento consagrada num programa de regeneração urbana à espera que sejam libertadas verbas por parte dos fundos estruturais. O presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, refere que desde que assumiu funções em 2013 tem encetado contactos com diversos agentes hoteleiros como o grupo Ibis, Altis, entre outras cadeias, no sentido do reaproveitamento do espaço para uma unidade daquele género. “A grande maioria estava mais focada em investimentos em centros urbanos de outra envergadura e a vinda para Alenquer poderia significar um risco para esses investidores.

​A crise que foi vivida nos últimos anos fez desaparecer, ainda mais, essa possível vontade de se instalarem na vila”, refere. “O que me foi dito é que o edifício até era muito interessante, e que daqui podia sair um projeto igualmente interessante, mas como o retorno seria mais difícil “, confessa, (ver vídeo abaixo).

O edifício ainda foi observado in loco por investidores chineses não diretamente relacionados com a hotelaria mas que poderiam fazer despontar um projeto relacionado com esta área no local. A ideia era fazer da Chemina um hotel onde pudessem ficar alojados empresários chineses que viessem tratar de negócios a Lisboa ou à região. Esses investidores até acabaram por fazer um estudo económico mas acabaram por verificar da inviabilidade do projeto no sentido de o poder retirar do papel. Uma das desvantagens relaciona-se com a arquitetura do edifício que recorde-se serviu de sede a uma das mais profícuas indústrias no local, composto por naves de três andares, mas que já à época do grande incêndio apresentava um estado de degradação acelerado com muitas madeiras apodrecidas e a estrutura muito velha.  Segundo o presidente da Câmara, o edifício é muito comprido mas é estreito inviabilizando desta forma projetos mais modernos que se pudessem implantar no local.
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A autarquia colocou de parte a vinda de um investidor para o local, e apresenta nesta altura alguns projetos que aguardam luz verde dos fundos comunitários. A obra está inscrita como se sabe no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) para ser requalificada com a consolidação das fachadas e o espaço público envolvente, bem como o interior numa segunda fase. Vários projetos estão em cima da mesa, nomeadamente através da criação do Instituto Financeiro de Reabilitação Urbana com a hipótese de a Câmara se candidatar a um empréstimo com juros baixos “e com isso avançar-se para a reconstrução do edifício na sua totalidade”, afirma. A autarquia pensa consultar a população para o que possa vir a ser desenhado para o interior do edifício – “Imagino que o consenso seja difícil. Há várias ideias que poderiam avançar com a possibilidade de um auditório maior do que o que aquele que já existe, ou até vir a reunir aqui serviços da Câmara.” A Ordem dos Arquitetos também foi consultada para possíveis ideias para o espaço.

Até 2020, a Câmara espera conseguir fazer com que a obra possa avançar no terreno. Só para a recuperação das fachadas e do espaço envolvente o orçamento é de dois milhões e 700 mil euros ao abrigo dos fundos comunitários, se a verba chegar a ser atribuída.
Hoje, o edifício encontra-se vedado com tela e rede e em alguns locais encontra-se mesmo emparedado. O autarca diz que não tem sido alvo de vandalismo nos últimos anos. Já chegaram ao município pedidos para a realização de filmes publicitários que a autarquia tem recusado dado que a construção existente compromete a segurança – “Temos vindo a monitorizar o edifício e as fachadas mas não tem existido problemas embora urja recuperar as fachadas”. 

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Casa da Câmara em Manique a aguardar por novo impulso cultural
 

Manique do Intendente resultou num misto de estética do barroco e de formalismo neoclássico, assim diz o historiador e museólogo José Machado Pereira ao referir-se à obra de Pina Manique nesta vila do concelho de Azambuja, cuja Casa da Câmara é um dos expoentes máximos da passagem do intendente geral da polícia em finais do século XVIII pela localidade, uma das poucas a ser projetada em gabinete no país a par de Vila Real de Santo António e Porto Covo. A Casa da Câmara, ou se quisermos chamar a “Casa da Câmara e Cadeia do concelho de Manique do Intendente” como se chamava à época é hoje um monumento que ainda encerra alguma beleza mas cujas portas apenas se abrem algumas raras vezes por ano, depois do abandonado em 2008 pela GNR que chegou a estar no local, em plena praça hexagonal da vila.

O edifício é imponente, e apresenta as armas de Pina Manique na sua frontaria. Num destes dias o Valor Local visitou o seu interior pela mão do presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro. O monumento recebe hoje em dia, mas raras vezes por ano, exposições, feiras, e até já tem servido de camarins para espetáculos como a Rainha das Vindimas ou o Manifestival, mas o desejo da junta seria o de conseguir manter o edifício aberto tendo em vista a possibilidade de ali funcionar o polo da biblioteca.

Ao calcorrearmos o edifício com duas escadarias que se destacam, ainda se respira o ar de antiguidade monumental, com os azulejos trabalhados a darem o mote. Numa das salas as paredes apresentavam alguns frescos, mas os homens da GNR durante a sua estadia acabaram por cobrir com tinta essa obra da qual ainda se destacam uns pequenos resquícios. No rés-do-chão do edifício funcionava o atendimento e no primeiro andar estavam as camaratas. Até ao século XIX foi Câmara, até à transferência da sede de município para Azambuja.

A GNR esteve durante várias décadas neste edifício e havia ainda uma parte que servia de garagem para os automóveis; e cavalariças se quisermos recuar mais anos atrás. Hoje em dia serve de arrecadação para as atividades das coletividades.

José Avelino realça que desde que entrou para a junta que tem tentado dinamizar o espaço seja com exposições, seja com feiras do livro, exposições de pintura e artesanato. A junta aguarda agora que a Câmara efetive o protocolo que aguarda aprovação tendo em vista a dinamização do espaço que tem conhecido algum grau de degradação. “Fala-se em trazer para aqui a exposição do Pina Manique, ou até a biblioteca, ou o museu etnográfico que está atualmente noutro local. Se fosse transferido para aqui seria mais fácil abrir à população ou a quem quisesse visitar o espólio”, refere Avelino que conta que já se pensou em candidatar este edifício aos fundos comunitários mas esta é uma intenção que nunca saiu do papel. A junta “tem feito alguma pressão, até ao nível de conseguirmos obras quanto à iluminação e às paredes. O próprio telhado tem metido alguma água e seria importante darmos dignidade”. Na opinião do presidente, conseguir-se a abertura desta casa seria visto como algo muito positivo para a população.

O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, refere ao Valor Local que a autarquia tem vontade de dar finalmente um empurrão ao projeto de dar nova vida a este edifício até conforme constava já do seu programa eleitoral. A ideia é neste momento criar um Centro Interpretativo de Pina Manique e Centro Cultural da Casa da Câmara em Manique do Intendente. “Já estamos a trabalhar neste projeto querendo fazer também uma ligação entre a Cultura e o Desporto através de uma idealização de rotas de caminhadas que passa pela visita ao local”. O projeto passará ainda por percursos a pé igualmente por outros locais daquela união de freguesias no Castro e na Maçussa. A ideia é no fundo dinamizar “o turismo rural” ancorado nesta futura vertente cultural. “A lógica é desenvolvermos algo semelhante ao que já foi feito em Vale do Paraíso com Cristóvão Colombo; ou D. João I em Alcoentre, e neste caso criarmos ali uma centralidade para a figura do Pina Manique”. Neste momento o projeto baseia-se para já em ideias entre o executivo. Quanto a fundos comunitários, refere que “estamos a fazer já essa prospeção para podermos aferir desse enquadramento”. “Se não conseguirmos terá de ser a Câmara a suportar porque aquele património é nosso”.
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O autarca sublinha que as ideias para o local até têm surgido, mas refere que a GNR depois de ter abandonado o edifício demorou a dar a chave. Assistiu-se a alguma degradação do local, e inclusivamente retiraram do interior os sanitários, e a cozinha que existia também teve de sofrer obras. No primeiro andar junto às salas que serviam de camaratas alguns espaços interiores já revelam algum grau de perigosidade com a degradação a tomar conta de um espaço privilegiado fechado há quase 10 anos.
 
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O interior do espaço mostrado por José Avelino

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