Editorial: Até Sempre Joaquim Ramos
O autarca fica na história do concelho com decisões que marcaram a vida de todos
|25 Mar 2021 16:29
Miguel António Rodrigues Conheci Joaquim Ramos antes ainda de ter assumido a liderança da Assembleia Municipal de Azambuja nos anos 90. Era João Benavente o presidente do município, e Ramos liderava a assembleia, salvo erro a seguir a Elias Gabirro.
O tempo passou depressa e com a saída de João Benavente para a Assembleia da República e com a súbita doença de Carlos Alberto Oliveira que até então seria o candidato natural do Partido Socialista à autarquia, Joaquim Ramos tornava-se o “eleito” dos socialistas para cabeça de lista no ano de 2001. Foi a partir dessa altura que comecei a acompanhar o percurso de Joaquim Ramos no concelho de Azambuja, já que nos anos anteriores, a sua vida profissional passava pela Câmara Municipal de Lisboa como diretor municipal de ambiente e espaços verdes. No extinto jornal MalaPosta realizei com o Luís Leandro a primeira entrevista a Joaquim António Ramos como candidato à Câmara de Azambuja. Ficou nessa altura conhecido na redação como o “JAR” – Joaquim António Ramos, tantas foram as vezes que tivemos de escrever a abreviatura do nome, num trabalho com várias páginas e onde se espelhava a sua ideia para o município. Durante estes últimos 20 anos, foram muitas as entrevistas e as conversas que mantivemos. Discordámos, concordámos, mas sempre nos respeitámos. Fui alvo de elogios, mas também fui alvo de críticas, afinal o trabalho de um jornalista nem sempre agrada a um autarca que mantém uma visão das coisas, e que muitas das vezes não é bem entendida pelas populações e até pelos jornalistas. Das inúmeras conversas que estivemos juntos, recordo-me do seu projeto de reabilitação urbana de Azambuja e de Aveiras de Cima. Joaquim Ramos tinha como “missão” mudar a cara das duas maiores freguesias do concelho, dizia-me muitas vezes. Foram muitas as notícias que dei à época nos diferentes media por onde passei até fundar em 2013 o Valor Local que surgiu duas semanas após o seu internamento na sequência de um ataque cardíaco. Muitas dessas notícias não agradariam, o pó e o incómodo das obras nem sempre foi bem entendido, mas ainda assim, as obras continuaram. Conheci um Joaquim Ramos pragmático e com um sentido de humor fora do normal. Um Joaquim Ramos que em determinada altura até considerou mandar demolir o Palácio das Obras Novas, cuja utilidade seria e ainda é bastante duvidosa, tal é a complexidade da gestão daquele espaço. Joaquim Ramos fica na história do concelho com decisões que marcaram a vida de todos. Da concessão das águas, aos “pilaretes”, passando pela requalificação do património onde se incluem os Palácios Frederico Arouca, as Escolas Grandella, o convento das Virtudes entre outros. Joaquim Ramos foi o primeiro a saber do Valor Local. Conversei com ele e contei-lhe os planos, mostrou-se interessado até porque como referiu à época, a região precisava de um projeto de informação credível, e conhecendo ele o meu trabalho, deu a maior força à equipa. Infelizmente pouco tempo depois era hospitalizado e a sua vida a partir daí nunca mais foi a mesma. Ainda assim, a meu convite, ingressou como colunista no Valor Local em 2014. Ficou até dezembro de 2020 até não conseguir escrever mais devido à doença que o levou, um linfoma na garganta. Fizemos alguns projetos como o programa em vídeo “Alguns Dedos de Conversa” e preparávamo-nos para regressar agora na nossa rádio, mas a Covid alterou-nos os planos. Fica incompleta esta nossa missão, mas fica para memória futura tudo o que está para trás e a obra de um autarca que à sua maneira deu o que pôde e não pôde pelo concelho de Azambuja. |
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