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Editorial: "Fevereiro do Aterro, do Hospital e do nosso Gargalo""O nosso acompanhamento do aterro da queijeira tem sido seguido dentro e fora de portas levando-nos a liderar a produção de informação. O caso não é para menos. Cerca de 79 mil toneladas de lixo importado vão chegar aos dois aterros na nossa região: Ota e Azambuja."
Miguel António Rodrigues
22-03-2020 às 18:00 |
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O mês de fevereiro foi pródigo em notícias. Umas boas outras menos boas, mas foram notícias e quanto a isso nada podemos fazer. O Valor Local não escolhe entre notícias “positivas” e “negativas” pois são o que são e por isso o nosso trabalho resume-se ao facto de as apresentarmos aos nossos leitores que no início deste ano já nos deram provas de fidelidade assim com os nossos parceiros comerciais.
Com efeito o Valor Local foi também ele notícia internacional. O nosso acompanhamento do aterro da queijeira tem sido seguido dentro e fora de portas levando-nos a liderar a produção de informação. O caso não é para menos. Cerca de 79 mil toneladas de lixo importado vão chegar aos dois aterros na nossa região: Ota e Azambuja. O nosso jornal tem estado na linha da frente deste assunto. Desde 2013 que acompanhamos o caso com muitas notícias regulares, nunca deixando cair este assunto no esquecimento, mesmo antes do avolumar das queixas contra o aterro, e de agora o tema ser cavalgado pelos mais diversos intérpretes que antes assobiavam para o lado. No início apenas o munícipe António Pires se manifestava, depois e aos poucos foram chegando outras pessoas e no início do mês teve lugar uma manifestação à porta da Câmara onde estiveram reunidas mais de 150 pessoas. Parece que aquele desejo que formulei no meu editorial de agosto e que parecia, na altura, uma realidade improvável, para a formação de um movimento a favor desta matéria e quem sabe outras de natureza ambiental acabou mesmo por se concretizar. Nessa altura, a generalidade das forças políticas de Azambuja assobiavam mais ou menos para o lado. Havia um relatório da comissão de acompanhamento que ainda não estava produzido, e o tema era quase tabu em assembleias municipais com o munícipe do costume a queixar-se e a ser ignorado, e não passava daí. Não foi há anos. Foi há escassos meses. Facto é que o aterro já é assunto nacional. Graças ao empenho dos munícipes e menos graças ao empenho dos políticos locais que aos poucos vão acordando para o tema à medida que vai sendo mais mediatizado. Só a notícia produzida pelo Valor Local e replicada por muitos órgãos de Comunicação Social foi partilhada nas redes sociais mais de 20 mil vezes. Para além do aterro de Azambuja, o aterro de Valongo, no distrito do Porto, é notícia, por estes dias, quase pelas mesmas razões. Inacreditavelmente nenhuma das empresas gestoras veio ainda a terreiro para se defender ou explicar-se apesar das démarches da comunicação social um pouco por toda a parte. Reina um silêncio incompatível com uma sociedade democrática em que cada um é chamado às suas responsabilidades e a prestar esclarecimentos. O assunto despertou interesse nacional e o Valor Local foi entrevistado por um correspondente em Portugal de duas rádios, uma alemã e outra suíça, pelo acompanhamento deste caso. Importa agora continuar a dar notícias e a fazer um trabalho justo e isento. O Hospital de Vila Franca António Costa, primeiro ministro, assumiu no debate quinzenal na Assembleia da República que a decisão de não lançar nenhum concurso para uma PPP nos Hospitais de Vila Franca de Xira e de Braga foi meramente política. O primeiro ministro respondia a uma pergunta da deputada do CDS Cecília Meireles que questionava sobre a alegada discriminação das populações tendo em conta a decisão do governo em revalidar a PPP de Cascais. Com efeito António Costa terá de lidar com esta decisão política quando estiverem em causa os cuidados básicos de saúde, tendo em conta os últimos rankings do hospital ribatejano e a poupança que significou para o Estado nos últimos anos. O que a população quer é um hospital funcional sem grandes listas de espera e que os cuidados de saúde sejam ministrados de forma justa. Algo que não é difícil de colocar em prática num serviço público de saúde, mas onde escasseiam os dados que indiquem essa eficiência. O que é curioso é que apenas as PPP do Grupo Mello Saúde não foram renovadas. António Costa fala numa decisão política, porque o grupo decidiu retirar-se de cena antes do anúncio oficial do governo. Mas as populações aguardam agora uma transição pacífica com o serviço público e preferem não se recordar do hospital onde faltava material tao básico como papel. Gargalo O vilafranquense Vasco Gargalo voltou a ser notícia. O ilustrador e cartunista foi mais uma vez alvo de ameaça. Desta vez está em causa um cartoon, intitulado “Crematório”, publicado na plataforma Cartoon Movement no passado 15 de novembro de 2019. No cartoon que faz uma alusão ao Holocausto, aparece o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a colocar um caixão com a bandeira da Palestina num crematório. À entrada do mesmo está a frase “Arbeit Macht Frei” que significa: “O trabalho liberta”, que é mesma frase que está no campo de concentração nazi de Auschwitz. Quem conhece Gargalo, sabe da sua veia artística e crítica e que não será mais esta ameaça que o irá demover de ilustrar o nosso mundo e o que nele se passa. Ao jornal online Observador, Vasco Gargalo assume que é quase certo que deixará de trabalhar com a revista Courrier International, e que poderá perder o Prémio Plumes Libres que a revista lhe deu em novembro passado. Ainda assim vai manter o seu trabalho em Portugal em publicações do grupo Cofina. Podemos dar-nos por contentes de ainda existir “alguma” liberdade de imprensa e pensamento” por cá. |
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