Empresário que quer vir para o Valverde desolado com oposição da Câmara de Azambuja
Luís Espírito Santo desespera por um desfecho e diz que vereadores do PSD e Chega são ressabiados. Câmara vai lançar quarto concurso para o restaurante. Inês Louro, no PS, chegou a sugerir a vinda do empresário para Azambuja. Oposição refere que não tem a culpa do empresário ter falhado os prazos e diz que fez as perguntas que se impunham
|04 Fev 2022 11:42
Sílvia Agostinho Luís Espírito Santo é o proprietário da empesa Prime Alecrim Food & Events registada na Amadora mas com pelo menos um restaurante na nossa região que venceu o mais recente concurso público para a concessão do Restaurante Páteo do Valverde, em Azambuja, mas que acabou por ser anulado em virtude de alguns considerandos jurídicos não terem sido cumpridos. Em declarações exclusivas ao Valor Local diz-se agastado com os vereadores da oposição Rui Corça (PSD) e Inês Louro (Chega) por constantemente colocarem entraves ao concurso. "Azambuja precisa de um bom restaurante, precisa de nós, porque pelos vistos não se conseguiu ao fim de vários concursos que algum empresário pegasse naquilo. Pelo que ouço dizer a vila de Azambuja não tem uma boa unidade deste tipo, e por causa dessas pessoas, (especialmente Inês Louro, que foi quem, em dada altura, me sugeriu, quando era do PS, para tentar gerir o restaurante), não conseguimos dar a essa terra o que ela merece. Inês Louro esteve num dos meus restaurantes, disse que eu tinha um espaço lindo, e que seria ótimo que eu pudesse pegar no Valverde. Agora tem uma postura completamente diferente ", adianta, desabafando - "Só posso deduzir que estas pessoas são ressabiadas e delirantes". O empresário reforça que apesar dos prós e contras continua disponível para abraçar este projeto, não escondendo que é um sonho, e que já deitou as contas. O Restaurante Páteo do Valverde necessita de um investimento de 200 mil euros.
Segundo o vereador com a pasta do Turismo, António José Matos, com este já são três concursos anulados, "numa altura em que a própria Câmara já podia ter realizado um ajuste direto, mas como quer ser transparente acabamos por andar aqui à mercê da oposição que está num constante bota abaixo". No último concurso público lançado em outubro, e ao qual concorreu aquela empresa faltavam dois documentos que deveriam ter sido entregues até 3 de janeiro, nomeadamente, o registo de proprietário efetivo e a declaração de representante para a assinatura de contrato que apenas foram entregues a seis, três dias depois de ter expirado o prazo. Contudo a caução de 1104 euros foi depositada no prazo previsto. Tendo em conta que a empresa ultrapassou um dos prazos, a Câmara de Azambuja decidiu lançar mão de novo concurso. O empresário diz em sua defesa "que no dia 27 de dezembro a Câmara submete o pedido de documentação em que se esquece de referir que era preciso indicar o beneficiário efetivo, e que o prazo para a documentação era o dia três e o da caução no dia seis". De acrescentar que as peripécias não param por aqui: neste último concurso tinha concorrido ainda a Cerci Flor da Vida, uma IPSS que presta serviços a pessoas com deficiência, no sentido de ali estabelecer uma escola de restauração para os seus utentes. Contudo e segundo o município, não carregou a tempo a documentação necessária na plataforma do Estado para os concursos públicos. A documentação foi entregue em mãos nos serviços camarários. Um expediente que não tem validade jurídica para o efeito. A instituição acabou por impugnar o concurso, e no entender de António José Matos "sem razão de ser porque houve um prazo de 15 dias para remeterem tudo. Pelo que sei acederam no último dia e não conseguiram. Fomos verificar e pelo que nos foi dito a plataforma nunca esteve em baixo. Por outro lado não podíamos considerar como válida a entrega em mão, dado que apenas são considerados para estes efeitos os concorrentes que acedem pela plataforma". O vereador acrescenta ainda que o município e os seus técnicos "não podem viciar ou de alguma forma condicionar o funcionamento de uma plataforma que é do Estado". O empresário neste ponto concorda que seja aberto novo concurso para que as coisas fiquem esclarecidas de uma vez por todas . "Não temos nada a esconder, o que sabemos é que Azambuja precisa de um excelente restaurante. Tento não me cansar muito com isto, porque apenas concorri em 2021. Houve um concurso antes que ficou deserto, quando eu já tinha interesse em vir para cá, mas para que depois não andassem a dizer que a concessão tinha ido parar a uma pessoa que não era de Azambuja, decidi nessa altura não me candidatar. Penso que foi em 2017. Elogio a Câmara porque tem tido uma postura excelente nisto tudo. Cheguei a ser recebido pelo anterior presidente de Câmara que mostrou uma enorme disponibilidade. Só sei que andamos nisto para trás e para a frente e quem perde é a Azambuja". Luís Espírito Santo desabafa mais uma vez - "Que o novo concurso público seja o mais divulgado possível, que se faça o maior espalhafato para que o máximo de entidades possam concorrer". Ouvido o vereador do PSD, Rui Corça, este não comenta as declarações de Luís Espírito Santo que considera que a oposição está a ter um comportamento deplorável. O eleito refere que apenas fez o seu papel ao tentar perceber o que se tinha passado com a questão da Cerci no concurso, pedindo os necessários esclarecimentos à Câmara. "Depois o concurso desenrolou-se, e agora foi anulado por incumprimento do vencedor porque não entregou a documentação. É tão simples quanto isto". Inês Louro, uma das principais visadas nesta história, opina que pode não ser má ideia entregar o Valverde à Cerci "porque segundo sei têm um escola que funciona muito bem, inclusivamente cheguei a encomendar salgados quando era presidente de junta para as nossas iniciativas e acho que seria interessante". Já quanto a Luís Espírito Santo refere que não sabe que culpa é que tem "quando o empresário é que se esqueceu ou não conseguiu entregar a documentação toda". "A própria Câmara é que diz que eles não cumpriram". Por outro lado, sugere que o empresário e a Câmara é que se puseram a jeito, porque "da primeira vez que o contrato de arrendamento foi a reunião do executivo nem sequer vinha acompanhado dos respetivos anexos". António José Matos contra-ataca e refere que não é hábito nestes contratos de pequena monta, em comparação, por exemplo, com o contrato de concessão das águas, os anexos serem apresentados, "mas mesmo assim solicitámos a Inês Louro que se dirigisse aos serviços e consultasse os anexos". "Pelo que sei a senhora vereadora esteve lá 10 segundos e foi-se embora. Isto é mesmo o puro bota-abaixo levado ao extremo", queixa-se referindo que os vereadores da oposição não deixam a Câmara trabalhar pelo bem comum dos azambujenses. Inês Louro considera que os anexos "eram importantíssimos pois falavam dos equipamentos e dos valores para os mesmos, nem que fossem residuais". Refere ainda que o dossier relativo à participação da Cerci neste concurso estava incompleto, nomeadamente, a sua impugnação. "Pedi para consultar e o próprio vice-presidente disse que ia organizar o processo, mas entretanto retirou a proposta". A vereadora deduz - "Não criei quaisquer entraves, se há algo que correu mal a nível processual deve ser assumido pela Câmara". Já quanto ao facto de ter sido a própria enquanto presidente de junta, eleita pelo PS, a fazer a sugestão a Luís Espírito para vir tentar a sua sorte em Azambuja na gestão do Valverde responde - "Sim de facto estive no restaurante Taxo e deixei a indicação ao senhor em causa, como fiz em outros restaurantes da nossa região. Fiz um pouco esse papel e não deixo de ter boa impressão desse restaurante, apenas acho que pode ser dada também oportunidade à Cerci", elucida. Questionada sobre se a instituição terá arcabouço técnico e financeiro para embarcar na aventura do Valverde que exige um avultado investimento, e quando até há pouco tempo a Cerci se debatia com dificuldades financeiras, Inês Louro responde - "Penso que não seja de desvalorizar a oferta da Cerci em termos de restauração, não sendo incompatível que também tenham um restaurante junto com essa escola". A vereadora conclui que nesta altura "o senhor do restaurante até devia agradecer por agora ter mais tempo para organizar-se e submeter tudo nos devidos prazos" Defensor desde a primeira hora de um espaço nobre de restauração em Azambuja para o Páteo do Valverde, e que nesta nova configuração não deverá ter café, António José Matos reforça que a Cerci apenas submeteu a documentação via online no último dia, quando o concurso "foi amplamente divulgado até na imprensa nacional". Instado quanto ao facto de a Câmara poder ter sido displicente quanto à gestão do concurso e às possíveis críticas dos vereadores, refere que tudo não passou de uma manobra "para colocar areia na engrenagem" porque nada a autarquia "tem a esconder". Sobre se a Cerci terá condições para montar um restaurante de um nível acima dos existentes em Azambuja, considera que embora "não conhecendo o projeto da Cerci nesse aspeto na sua totalidade", é da opinião de que "não terão condições para fazerem um restaurante do nível que pretendemos". Contudo "se se candidatarem e cumprirem as regras, e se forem os que tiverem as melhores condições, podem ganhar". O vice-presidente confirma que a verba a investir não deverá andar muito longe dos 200 mil euros estimados por Luís Espírito Santo. Quer os fogões quer a rede de frio estão em péssimo estado, mas também terá de ser efetuado investimento em ar condicionado e mobiliário. Segundo o empresário também terão de ser melhoradas as condições acústicas do local. O contrato a firmar com o futuro vencedor será válido para 10 anos. Sendo que a renda a pagar será de 300 euros até ao terceiro ano. E entre o quarto e o oitavo de 500 euros, entre o oitavo e o décimo de 800 euros. Comentários
Este varredor Matos, nas suas incompetências gosta de varrer pró lado dos outros. Quando era oposição passava o tempo a pedir documentos, mas agora que tem tacho já os documentos não interessam aos outros. José Santos 04/02/2022, 15:41 |
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