Entrevista Afonso Costa, presidente da junta de Freguesia Alverca/Sobralinho
“Manter a diversidade cultural é fundamental” Balanço da fusão das duas freguesias
01-07-2016 às 17:35
A recém - criada freguesia de Alverca e Sobralinho tem sabido manter, no entender da nova junta, as diferenças culturais dos dois territórios. Em entrevista, o presidente da junta, Afonso Costa salienta que essa tem sido uma das mais-valias da freguesia que nasceu da união de Alverca com o Sobralinho.
Afonso Costa diz que a freguesia oferece boas condições, mas tem ainda uma pedra no sapato: a necessidade da construção do nó de acesso à A1 no nó do Sobralinho Valor Local - Quais foram as principais dificuldades na gestão da freguesia após a fusão administrativa? Afonso Costa: Como sabe a reorganização administrativa não foi feita com o apoio nem das autarquias locais nem das populações. Essa foi logo a primeira dificuldade, sermos confrontados com desconfiança por parte dos moradores da freguesia agregada. O poder local é sinónimo de proximidade e este processo veio questionar esse princípio. O que as pessoas temiam era que de repente fossem despojadas da sua identidade e dos serviços básicos. A nível mais técnico podemos referir a dificuldade da fusão de duas realidades diferentes a nível administrativo. Alverca era uma freguesia de grandes dimensões e o Sobralinho tinha menos de 5 mil habitantes. A nível de procedimentos houve um grande trabalho para uniformizar tudo, tendo sempre presente que as populações não podiam nem deviam ser prejudicadas. VL - Neste processo, podemos dizer que o mais difícil foi manter a identidade cultural, que são diferentes nestas duas freguesias: Alverca do Ribatejo e do Sobralinho? AC - Não, de maneira nenhuma. Esse foi um compromisso que assumimos e pretendemos manter. A diversidade cultural é uma riqueza para a União das Freguesias. As iniciativas do Sobralinho continuaram a ser dinamizadas, melhoradas e potenciadas bem como o apoio às Instituições locais. VL - O facto de ser uma das poucas freguesias a levar a cabo uma gala comemorativa ajudou a manter essa identidade? AC - Em Alverca comemoramos o “Dia da Cidade” com uma sessão solene em que habitualmente galardoamos os que de qualquer forma se distinguiram em prol da freguesia. Então porque não replicar uma boa prática no Sobralinho? Uma vez que era uma cerimónia que agradava à população resolvemos que comemoraríamos de igual forma e com a mesma dignidade o Dia de Elevação a Vila do Sobralinho. Penso que foi uma boa decisão. VL - Enquanto presidente da Junta, considera que esta fusão foi benéfica ou não? AC - A nós autarcas compete-nos desenvolver os planos previamente delineados quer por nós quer pelo poder central. Aos eleitores e às populações compete o julgamento dessas medidas. No entanto posso afirmar com tranquilidade que nenhum dos territórios ficou a perder. VL - No que toca ao território. Alverca e o Sobralinho têm uma presença urbana muito forte. A proximidade a Lisboa descaracteriza a identificação cultural das localidades? AC - Não! Alverca e o Sobralinho têm identidades muito próprias e marcadas. A proximidade com a área metropolitana e nomeadamente com Lisboa não influencia a identidade local. Embora com grande malha urbana a União das Freguesias nunca perdeu as suas marcas de ruralidade dos vários locais envolventes. Através do Núcleo Museológico de Alverca e do Museu Etnográfico da Casa do Povo de Arcena, temos mantido bem vivas as tradições que nos orgulham bastante. Temos um forte movimento associativo, ranchos folclóricos de reconhecido valor, grupos de teatro, grupos corais, escola de fado e muitos grupos de música popular portuguesa. Por outro lado como somos local atrativo de fixação de culturas temos acolhido de forma positiva as novas manifestações culturais dos que aqui se fixam. VL - Ainda assim, há lutas como o acesso e o futuro nó do Sobralinho que teimam em não sair do papel. Qual tem sido o papel da junta nesta “luta”? AC - A junta de freguesia tem neste campo feito as diligências que estão ao seu alcance e dentro das suas competências. Temos acompanhado e pressionado a Câmara Municipal, nosso parceiro privilegiado, para junto das entidades competentes defender os interesses não só da freguesia como do próprio concelho. VL - As acessibilidades destas localidades têm sido então uma prioridade. A Estrada Nacional 10 é atravessada por milhares de veículos diariamente, é possível diminuir isso? O nó do Sobralinho pode ser nesse sentido uma mais-valia? AC - O nó do Sobralinho é uma mais-valia que tarda em chegar tal como a variante à EN10, que viria libertar o interior da cidade do trânsito de pesados. VL - A junta tem também um plano para o asfaltamento e recuperação de algumas estradas. Neste domínio, quais são as vossas prioridades? AC - O asfaltamento de estradas não é uma competência da junta de freguesia mas sim da Câmara Municipal. Anualmente, o executivo da junta faz o levantamento das prioridades nesta área e submete essas mesmas prioridades à Câmara Municipal que por sua vez tem de gerir os recursos que tem e conciliar esses trabalhos com a intervenção de outros agentes que atuam no subsolo. Neste momento a nossa prioridade centra-se na necessidade do asfaltamento de algumas vias em zonas de antigas: AUGIS. VL - Ao nível da segurança, as freguesias contam com o patrulhamento da PSP. O fácil acesso à A1 e o que isso implica em termos de criminalidade, está nesta altura controlado? AC - Das reuniões e contatos permanentes que temos com as Forças de Segurança, não temos a perceção de uma grande criminalidade na região. Há situações esporádicas a que sempre tem sido dada resposta atempada. VL - Alverca tem dos melhores colégios da região de Lisboa. É um ponto forte da freguesia? AC - Claro que a qualidade da Educação é sempre um ponto forte. Mas além dum colégio de excelência, a freguesia prima também por uma ótima Rede Escolar Pública, tanto a nível de pré, como do ensino primário e secundário. Temos um parque escolar moderno e com ótimas condições e um pré-escolar que abrange a maior parte da população. Este trabalho é complementado pelas IPSS’s de forma a dar resposta adequada aos encarregados de educação. Também na área das pessoas com deficiência a freguesia dá resposta através de duas instituições, a Cercitejo e a AIPNE. A nível do ensino técnico profissional contamos com o Centro de Formação de Alverca e com a parceria entre as OGMA e a Escola Secundária de Gago Coutinho. VL - No que toca ao Museu do Ar, Alverca mantém apenas um polo a funcionar. A saída do museu deixou Alverca desfalcada? AC - É sempre uma perda para qualquer cidade a saída dum museu. Sendo que Alverca é conhecida como berço da aviação, pelo que a aviação está inegavelmente ligada à sua história e desenvolvimento. Lamentamos que se mantenha apenas o polo em Alverca mas não sinto que esteja propriamente desfalcada, mais pobre talvez. VL - Como é que a junta, em conjunto com a Câmara de Vila Franca de Xira vão colmatar essa lacuna?
AC - No meu entender essa é uma decisão que ultrapassa as autarquias, penso que a decisão está tomada. VL – No que respeita ao movimento associativo, e embora seja uma grande cidade, Alverca tem mantido as tradições e o seu associativismo... AC - O associativismo faz parte da génese da nossa freguesia e tem um papel determinante no seu desenvolvimento passado e quotidiano. Ciente dessa importância, temos mantido sempre parcerias com os agentes locais e assinado protocolos com o movimento associativo. A nossa ligação não se esgota nos subsídios atribuídos. O nosso apoio é constante com meios humanos, recursos materiais, cedências de espaços, isenção de taxas e uma política de proximidade ao trabalho desenvolvido. VL - Como classificaria a qualidade de vida na cidade de Alverca e Sobralinho, tendo em conta a sua proximidade a Lisboa? AC - A qualidade de vida na nossa freguesia é boa. Existe uma elevada taxa de segurança, disponibilidade de transportes e acessibilidades, um comércio local dinâmico, uma rede comercial bastante diversificada, uma oferta cultural a nível local bastante satisfatória e acessos rápidos na ligação a Lisboa.
|
Vila Franca de Xira homenageia José Júlio
Câmara do Cartaxo reforça vigilância nos espaços municipais David Mendes aponta o dedo à Comissão de Acompanhamento das Águas PSD de Vila Franca promove debate sobre futuro museu da tauromaquia Comissão do FAM visita Cartaxo e fica surpreendida com atraso do concelho |