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A melhor água da torneira é a da Águas de Alenquer, mas a gestão mais eficiente é a dos SMAS de Vila Franca. Este operador é o que mais investe nas redes de água e saneamento, destacando-se até a nível nacional. Onde a fatura é mais barata e dentro da média nacional é no sistema intermunicipal da Águas do Ribatejo. Já a mais cara é em Alenquer. Perdas de água são dor de cabeça em Arruda. SMAS de Vila Franca são o sistema com mais dificuldade em responder às sugestões e reclamações dos munícipes. Ligação da população ao sistema de saneamento é mais difícil em Azambuja do que noutros concelhos. No Cartaxo ainda há 20 por cento de população sem água canalizada em suas casas
A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) publicou, recentemente, um relatório que coloca em análise comparativa (benchmarking) os vários sistemas que compõem a realidade dos 308 concelhos do país. O estudo foi realizado para os anos entre 2014 e 2018 através do qual podemos perceber quais os sistemas mais eficientes nos mais diversos itens que interessam ao uso que o consumidor faz da água da torneira e do sistema de esgotos. Numa primeira análise, a ERSAR concluiu que as faturas da água na média do país são acessíveis à carteira dos portugueses, o que também é válido para a região de influência do nosso jornal. Para além disso o líquido que sai das torneiras é regra geral de boa qualidade. A ERSAR apresenta dados para mais de 20 componentes, sendo que a fiabilidade de algumas respostas é colocada também em causa pelo regulador que adverte para valores que acabam por se contrariar entre eles em diferentes anos entre 2014 e 2018, contudo e a tomar por boas algumas dessas indicações, o Valor Local fez a análise para a nossa área de influência. Assim e olhando para um dos principais aspetos que o estudo evidencia e que diz respeito à acessibilidade física ao sistema, ou seja a percentagem total do número de alojamentos com ligação à rede em alta e em baixa na área de gestão de cada município, concessionária, ou conjunto de sistemas em baixa, é possível perceber que na nossa região, há uma elevada percentagem para não dizer quase total de população com acesso à água da torneira. Nos concelhos de Arruda dos Vinhos, Vila Franca de Xira, Alenquer todos os domicílios têm acesso à água da rede, desde que tenham contactado a entidade gestora para o efeito. A ERSAR atribuiu um índice de 100 por cento àqueles concelhos. Na área dos concelhos da Águas do Ribatejo (composta por 11 municípios, sendo que o Valor Local está presente em dois deles-Benavente e Salvaterra de Magos) esse índice é de 96 por cento, e na da Águas de Azambuja de 98 por cento. São valores considerados como bons. Apenas o concelho do Cartaxo com a concessionária local, Cartágua, apresenta um valor considerado como insatisfatório, chegando apenas aos 79 por cento de cobertura. A média do território nacional encaixa nos 96 por cento. No sempre muito polémico item da capacidade que cada consumidor tem para pagar a conta da água, a ERSAR estabeleceu que a aritmética desta componente se estabelece pelo peso do encargo médio para um consumo de 120m3 com base no rendimento também médio disponível por agregado familiar. Segundo o apurado pela ERSAR e ressalvada a fiabilidade que os dados merecem ou não, a análise comparativa dá conta que as famílias nos concelhos de Arruda dos Vinhos (0,49 por cento); Vila Franca de Xira (0,41 por cento); Cartaxo (0,48 por cento); sistema Águas do Ribatejo (0,37 por cento); e Azambuja (0,43 por cento) não têm dificuldades em pagar a fatura no final do mês levando em linha de conta o indicador definido pela ERSAR que vai dos 0 aos 0,50 para uma acessibilidade económica boa, como é o caso dos concelhos acima. Apenas em Alenquer, refere a entidade, é mais difícil pagar a água, sendo que este vetor da acessibilidade económica fica pelos 0,58 por cento naquele concelho, não chegando a ser considerada a percentagem como má ou insatisfatória, mas apenas mediana. Informações que contrastam com o que o nosso jornal tem registado ao longo dos anos, em que o sentimento da população parece estar em absoluto desacordo com o apresentado pelo regulador. A média do país é de 0,37 por cento, o mesmo da Águas do Ribatejo. Já no não menos importante item que diz respeito à qualidade do serviço no que toca às falhas de água, a ERSAR faz a conta ao número de alojamentos com aquele serviço e que dependem de cada ponto de entrega para que a água saia da torneira. Neste aspeto, a região não fica bem colocada. É na área do concelho de Vila Franca que há mais faltas de água nos seis concelhos analisados. O índice é de 5,5 (numa escala em que o insatisfatório começa nos 0,20 por cento ou mais) apesar de ser neste município que há mais obras a nível de renovação de condutas. Mas nos demais concelhos os valores não são mais animadores. Arruda dos Vinhos fica-se pelos 1,5 por cento, mesmo assim longe do concelho vizinho de Sobral de Monte Agraço - o campeão do país, no total das 308 autarquias, quando se fala em faltas de água chegando aos 14,1 por cento; Alenquer – 0,7 por cento; Cartaxo- 0,4 por cento; Águas do Ribatejo (Salvaterra/Benavente) – 0,5 por cento; Azambuja – 1,0 por cento. Sintoma de que muito há por fazer para que a água não falhe nas torneiras na nossa região pelos operadores. Uma das dúvidas do consumidor sempre que abre a torneira em sua casa diz respeito à qualidade da mesma, e se é seguro ou não beber um copo de água da rede. Ao longo dos últimos anos, praticamente todas os sistemas da nossa região têm recebido nota máxima nesta matéria, e na análise de 2014 a 2018 não restam dúvidas de que a água que bebemos é de boa qualidade, apesar de notarmos que as populações se queixam frequentemente do gosto. Também é uma realidade que a água da torneira é segura mas são muitos os produtos desinfetantes injetados na rede. É em Alenquer que a água da torneira atinge o pleno para a ERSAR que dá nota máxima- 100 por cento. Depois surge Arruda dos Vinhos (99,88 por cento); Vila Franca de Xira (99,87 por cento); Cartaxo (99,83 por cento); Águas de Azambuja (99,82 por cento) Águas do Ribatejo (99,62 por cento). A ERSAR analisou ainda a percentagem de reclamações e sugestões escritas por parte dos consumidores que obtiveram resposta dentro dos prazos legais. A Águas de Alenquer, a Cartágua no Cartaxo, a Águas de Azambuja e a Águas do Ribatejo fazem o pleno nesta matéria com um índice de 100 por cento, não obstante as críticas a que assistimos com frequência em relação a esta componente. Apenas a Câmara de Arruda e os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira ficam mal classificados com índices de 92 por cento e 34 por cento respetivamente o que equivale na escala do regulador a números insatisfatórios. Já na cobertura de gastos, ou seja a sustentabilidade na gestão do serviço, em que se atende à capacidade de investimento de gerar meios próprios de cobertura de encargos, os SMAS de Vila Franca possuem a gestão mais eficiente de toda a região com um índice a bater no valor máximo possível. O operador de Vila Franca consegue 109 por cento numa escala que vai dos 100 aos 110 por cento. A Cartágua fica igualmente bem classificada com 103 por cento. A Águas de Azambuja tem uma gestão mediana, atendendo à escala de valores da ERSAR para este item entre os 110 e os 120 por cento. A concessionária daquele concelho ribatejano alcança 112 por cento. Com gestão insuficiente (escala entre os 0 e os 90 por cento e os 120 ou mais) ficam a Águas do Ribatejo com 126 por cento; Arruda dos Vinhos com 85 por cento; e Águas de Alenquer com 122 por cento. Uma das dores de cabeça dos sistemas de águas e saneamento prende-se com as perdas de água ou água não faturada em que apesar de ter sido tratada, transportada ou distribuída não foi paga por alguma falha no sistema pelo consumidor final. Neste item todos os concelhos da região falham neste domínio. O melhor resultado, ainda assim, é conseguido pelos SMAS de Vila Franca com 18,7 por cento, seguidos pela Cartágua com 22,6 por cento; Águas de Azambuja com 24,8 por cento; Águas de Alenquer com 25,1 por cento. Águas do Ribatejo regista 32,1 por cento e Arruda dos Vinhos obtém o pior comportamento neste domínio ao chegar aos 41,4 por cento de água não faturada. Analisámos ainda a componente da reabilitação de condutas, essencial na renovação das redes. Alguns municípios da nossa região demonstraram nas últimas décadas incapacidade para intervir com robustez neste domínio, tendo abdicado da gestão do serviço a favor da iniciativa privada ou da intermunicipalidade. Assim e neste item destacam-se os SMAS de Vila Franca com uma gestão considerada boa (intervalo de 1,0 a 4,0) sendo o concelho do país com mais intervenção nas redes tendo em conta o número de população. Vila Franca fica à frente de concelhos populosos da Grande Lisboa e do Grande Porto. É apenas superado por concelhos como Góis, Seia, Viana do Alentejo que registam índices maiores, mas onde o número de população é incomparavelmente menor. Nos demais concelhos/sistemas da região os níveis de renovação de condutas são apreciados como insatisfatórios pelo regulador: Arruda dos Vinhos, Alenquer e Cartaxo com taxas de 0,1 por cento quando o mínimo são 0,0 por cento o que quer dizer que não há praticamente investimento entre 2014 e 2018. A Águas de Azambuja regista 0,2 por cento e o sistema intermunicipal da Águas do Ribatejo também é visto como insatisfatório- 0,6 por cento. Por último e na concretização das redes de esgotos e na acessibilidade dos consumidores ao saneamento básico nas suas casas, o concelho de Vila Franca de Xira volta a destacar-se no enquadramento nacional ao chegar ao nível máximo de 100 por cento à frente de municípios como Odivelas, Oeiras e Amadora e a par da cidade do Porto que também bate nos 100 por cento. Os restantes concelhos da nossa região possuem índices medianos segundo o regulador: Águas de Alenquer vai aos 85 por cento de cobertura; Águas do Ribatejo fica logo atrás com 78 por cento; depois vem Arruda dos Vinhos com 67 por cento; Cartágua com 66 por cento. Por último temos a Águas de Azambuja, contudo ainda dentro do nível satisfatório ou mediano com 64 por cento. É um facto que a concessionária ainda não completou as obras no sistema de saneamento no concelho, por outro lado esta é uma dor de cabeça estrutural na concessão de Azambuja, dado que muitos habitantes optam por não fazer a ligação à rede, e pagar esse custo, apesar de estar concluída às suas portas, e de poderem vir a pagar multas. O operador em alta Águas do Tejo Atlântico é visto como fazendo um bom trabalho na região ao atingir 98 por cento. |
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