
As obras de requalificação do Largo da República, em Aveiras de Cima, feitas em 2009 estão debaixo de fogo por parte dos autarcas e de alguma população local.O espaço que até, àquela altura, era dominado por um monumento de homenagem aos combatentes, foi alterado para receber a nova Casa da Câmara, que hoje já não funciona devido à falta de utentes, mas sem arredar pé permanece um arranjo urbanístico composto por um conjunto escultórico da autoria do artista plástico azambujense Canau Espadinha que nunca entrou nas boas graças da população.
Já em 2009 a obra tinha recebido algumas críticas, nomeadamente, porque o Largo da Republica não dispunha de sombras e tinha pouco espaço para algumas atividades, como se tem vindo a comprovar com a crescente realização de espetáculos no local
António Torrão, presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, considera que a obra lá colocada é importante, mas vinca a necessidade de mais manutenção do espaço e a criação de algum tipo de soluções que permita que o mesmo seja utilizado para outras atividades. O Largo da Republica é de resto o único local central da freguesia; e por isso o presidente da junta garante já ter encetado algumas negociações com a Câmara, no sentido de uma solução.
O assunto que já não é novo, é de resto sempre recordado quando há necessidade de montar um palco: “que acaba por ficar num plano demasiadamente elevado, por causa do conjunto escultórico”. Tal causa na sua opinião “algum desconforto para quem está a assistir”. O autarca lamenta não haver outro tipo de arrumação para o palco.
A solução poderia passar pela “remoção das esculturas durante estes eventos, para um espaço da Junta ou da Câmara Municipal, para à posteriori voltarem ao seu lugar”. António Torrão salienta também que a freguesia de Aveiras fica prejudicada, vincando, igualmente, que já abordou o presidente da Câmara sobre o assunto, mas que até ao momento não obteve qualquer resposta.
O autarca refere que a junta está aberta a soluções, e considera que tem de ser encontrado um compromisso para aquele largo. António Torrão acredita que com tempo, será encontrado um entendimento que permita que os palcos a serem montados no local possam ficar mais ao nível do alcance visual do público, e as esculturas eventualmente removidas temporariamente.
Em cima da mesa, pode estar também a deslocalização do conjunto escultórico para outro local da vila. António Torrão salienta que a junta poderá vir a propor um referendo à população sobre o assunto. “Até achamos que este conjunto fica melhor à entrada da vila, em outros espaços com áreas maiores, porque as esculturas são bonitas mas não para um local tão pequeno como o Largo da Republica.”
Outra preocupação prende-se com a iluminação. As estátuas possuem iluminação incluída, mas há vários anos que não funciona. Para além disso, também falha a própria eletricidade pública nos candeeiros da EDP. António Torrão salienta que já tentou o contacto com a empresa, mas até ao momento aguarda uma resposta, vincando “que não é fácil ultrapassar barreiras com a EDP”.
Silvino Lúcio, vice-presidente da Câmara de Azambuja, confirmou ao Valor Local o teor das conversas com o presidente da Junta de Aveiras de Cima. O vice-presidente salienta que a Câmara está aberta à mudança daquele conjunto escultórico para outro espaço, “mas é preciso ouvir a população em primeiro lugar. Depois temos de ver onde vamos colocar a estrutura”, refere o autarca. Aliás Silvino Lúcio destaca que se fosse fácil retirar temporariamente o conjunto escultórico, a Câmara já o teria feito, mas o facto de estar assente numa estrutura de betão, torna a situação mais definitiva.
Por outro lado, diz ter a informação de que o autor da obra, o escultor Canau Espadinha, não vê com bons olhos a mudança para outro local, todavia diz ter esperanças de que a ideia de mudar as estátuas “possa ter sido mal explicada ao autor”.
Ao Valor Local, Silvino Lúcio destacou ainda que a autarquia está a preparar-se para recuperar a iluminação do espaço. O vice-presidente destaca que a iluminação que foi colocada no interior das estátuas está com algumas infiltrações e assim que a avaria esteja reparada, poderá ser reposta nos monumentos. Nesse sentido lamenta que a falta de iluminação prejudique as próprias esculturas, já que são fundamentais para que “se perceba o que está ali. Sem iluminação, as estruturas perdem o significado” vincou.
Opiniões da população
Desde a sua inauguração que este conjunto de esculturas com características um tanto ou quanto futuristas também tem causado alguma perplexidade junto dos habitantes locais que nunca simpatizaram completamente com esta ideia de Joaquim Ramos, anterior presidente da Câmara. O grupo escultórico não passa despercebido, muito menos durante a Ávinho, no mês de abril, pois fica localizado em frente ao palco que é montado todos os anos para a festa. A população da freguesia gosta do grupo escultórico, mas não propriamente do local escolhido para o efeito.
O Valor Local foi conversar com alguns residentes da freguesia para saber a sua opinião em relação a este assunto tão polémico, e um dos residentes, José Gaspar, diz que “o local escolhido para o palco não é o mais adequado, e no caso das esculturas ainda pior”. “Nunca deveriam ter sido colocadas nesta praça, mas noutro sítio, por exemplo num largo aqui próximo que permanece vazio”, lança a ideia.
Outro habitante de Aveiras de Cima, Joaquim Gaspar, partilha da mesma opinião e ainda refere: “Tiraram a alma aqui a este lugar onde se fazem as festas. As estátuas só prejudicam. Até os forasteiros referem que o conjunto escultórico estragou o largo.” “Só estorva”, acrescenta por seu turno Luís Torrão, outro freguês de Aveiras de Cima.
Apesar de a crítica em relação ao posicionamento do grupo escultórico, a sua estética contudo, até consegue ser admirada pelos residentes: “Gosto, trata-se de um conjunto engraçado, mas o local foi mal escolhido”, volta a acrescentar Joaquim Gaspar.
Miguel António Rodrigues/LC
03-05-2015
Comentários
O facto de as estátuas estarem assentes numa placa de
betão não será impedimento para a Câmara as remover, o Monumento aos
Combatentes foi arrancado (decepado) dali sem qualquer dificuldade.
Joaquim Abreu
04-5-2015
Joaquim Abreu
04-5-2015