Apresentação Colete Encarnado
Vila Franca unida na defesa da festa brava Contagem decrescente para o evento. Semana da Cultura Tauromáquica encontra-se a decorrer
Miguel A. Rodrigues/Sílvia Agostinho
30-06-2016 às 10:42 Neste Colete Encarnado e na Semana da Cultura Tauromáquica que se encontra a decorrer, a Câmara de Vila Franca de Xira homenagea entre outros nomes José Mendes, campino, e Luís Carranca, também campino, (a título póstumo) e o matador de touros José Júlio. Numa altura em que a proposta que visava interditar a prática taurina a menores de 18 anos, foi chumbada na Assembleia da República, a autarquia, os aficionados e todos os envolvidos na festa quiseram deixar alguns recados e vincar as suas posições quanto a este tema. "Não hão-de acabar com a tradição tauromáquica por decreto"; começou por referir o presidente da Câmara de Vila Franca, Alberto Mesquita, durante a apresentação dos dois certames.
Entre os destaques dos dois eventos apresentados em conferência de imprensa, encontra-se a exposição dedicada a José Júlio que pode ser apreciada no Celeiro da Patriarcal. O antigo matador contou que ficou impressionado com o empenho daqueles que ajudaram a compor a exposição que partiu do zero até se conseguir "algo retumbante", enunciou. "Até porque no início estávamos de calças na mão" disse para se referir à dificuldade em reunir o espólio da figura do mundo taurino. O campino José Mendes que será também homenageado durante a festa do Colete Encarnado, no dia dois de Julho, contou perante os presentes as suas vastas memórias do trabalho de campino, do seu gosto pela profissão, mas também dos sustos que se apanham, de vez em quando, com os touros. A festa do Colete Encarnado vai para a sua 84ª edição e tem lugar entre um e três de julho. Esperas de touros, animação musical com concertos e espetáculos de fado, desfiles de campinos entre outros fazem o cartaz. ![]() Novos talentos despontam na Escola de Toureio José Falcão
A escola de Toureio José Falcão em Vila Franca de Xira está a atravessar um “bom momento”, de acordo com os seus responsáveis. Indiferente às polémicas sobre a idade em que os jovens devem participar nas atividades taurinas, a instituição “soma e segue” segundo o seu presidente António José Inácio: “Este é o ano em que temos mais saídas para fora do país, mas também uma série de outras atuações previstas para Portugal”. Ao Valor Local, António José Inácio salienta que no atual momento está em curso um ciclo de aulas práticas com escolas internacionais e que terminará nas vésperas da Semana da Cultura Tauromáquica. O presidente salienta que esta escola tem ainda um ciclo de novilhadas em conjunto com o Campo Pequeno e com a Moita. “Todas as escolas que conheço, desde a de toureio do Campo Pequeno, passando pela da Moita, ou a de Azambuja, estão a funcionar muito bem, com muitas saídas e um número apreciável de praticantes, principalmente juventude”. A escola José Falcão tem neste momento 17 participantes, e “constitui-se como uma referência para esses mesmos jovens”. Nesse sentido o responsável vinca que esta instituição já deu à arte três matadores de toiros – “o Casquinha, o Tó Jó, e o Manuel Dias Gomes” recorda, salientando que o mestre Vítor Mendes é também “uma peça chave no sucesso destes jovens”. Com tantas figuras que a escola já deu ao toureio nacional, existe uma pressão acrescida para que a mesma encontre novos valores para a tauromaquia nacional e local. Nesse sentido, António José Inácio salienta o trabalho no terreno e a esperança em dois jovens “com muito talento que poderão fazer sucesso como matadores de toiros”. O ciclo de novilhadas em perspetiva pode funcionar como “a montra que falta a estes jovens que dão mostras do seu talento”. Estamos a falar de João Martins e de João Alves. O presidente da escola de toureio garante que o futuro da festa brava está assegurado com estes jovens alunos, e que no passado dia quatro de junho, a aula prática que decorreu no Cabo da Lezíria, “teve um número de pessoas, como já não havia há muito tempo”. Já sobre as intenções dos partidos de esquerda que queriam limitar a idade dos jovens para participar nestas atividades, António José Inácio vinca que sempre teve a convicção de que o assunto não seria um problema. “Quem propôs a alteração da lei não conhece a história de Portugal. Porque se conhecesse, nem arriscava a trabalhar esse decreto-lei, quando há questões mais preocupantes no país”. A Escola de Toureio José Falcão de Vila Franca de Xira foi fundada em 11 de agosto de 1984, ano em que se assinalou o 10º aniversário da morte do matador de toiros vilafranquense que lhe dá o nome. Em outubro de 1996, foi constituída uma sociedade entre a Câmara Municipal, o Clube Taurino Vilafranquense e a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. Esta é a única escola de toureio portuguesa que faz parte da Federação Internacional de Escolas Taurinas desde 2001. Devido a esse facto, os alunos da escola têm levado o nome da cidade às principais praças de toiros de Espanha e França. Pequenos hospitais de campanha deveriam ser passo em frente nas largadas
Quando chega o tempo das festas populares e das largadas na região, o Hospital de Vila Franca de Xira reforça a sua equipa de cirurgia tendo em vista as vicissitudes da Festa Brava. Feira de Maio, festas de Samora, de Benavente, e Colete Encarnado são as fases mais críticas em que se espera um acréscimo de lesionados no âmbito desses convívios. Neste sentido, a unidade tem vindo a desenvolver a vertente de cirurgia taurina. Luís Ramos, médico-cirurgião, não se cansa de destacar que seria importante a montagem de pequenos hospitais de campanha, ou enfermarias móveis, (como acontece em provas de ciclismo), nesses eventos, pois quando há lesões provocadas no confronto entre o animal e o homem todos os minutos contam. O cirurgião considera que neste aspeto, o país ainda tem um longo caminho a percorrer, em comparação, com o que já se faz lá fora. Para além de as Câmaras não possuírem uma estrutura de apoio mais completa que vá além do socorro dos corpos de bombeiros, não existe articulação entre os municípios aficionados e a unidade hospitalar nem que seja a comunicar a data de alguns eventos. “Temos de ser nós os médicos a ter presentes essas datas”, refere. Luís Ramos coloca o acento tónico na forma como se encaram os festejos de ânimo leve quanto à segurança e proteção dos aficionados. (O próprio também se inclui neste grupo dos que gostam da Festa Brava) – “Não é possível colocarmos um touro com 500 quilos nas festas, com o consumo de álcool à mistura, sem restrições de acesso ao local, e a organização continuar a alegar em pleno século XXI que se desresponsabiliza de qualquer acidente que possa acontecer”. Uma vez na sala de operações, e para conseguir operar com maior taxa de sucesso, o clínico é da opinião de que conhecer o animal e o mecanismo de ataque do mesmo tornou-se importante, até porque estamos perante um tipo de lesão que facilmente pode ser encarada como superficial, “e depois temos perfurações que vão da coxa ao tórax”, como já aconteceu. E neste sentido alerta ainda para a perigosidade das largadas que em alguns casos podem ter um carácter mais letal do que nas touradas. Tendo em conta que neste último espetáculo o animal apresenta-se de hastes aparadas, menos pontiagudas, logo menos perigoso à partida. “No festejo popular pode colocar o tipo de touro que quiser e com o tipo de corno que desejar, sem limitações a esse nível, logo com um nível de agressividade superior, principalmente se tiver as hastes íntegras o touro consegue rasgar e penetrar”. A juntar a isto, o profissional das touradas tem outra destreza quando se tenta proteger das investidas do touro, como por exemplo o forcado, em comparação com um popular. A especificidade da cirurgia taurina tem o aliciante de se estar perante uma lesão “que nada tem a ver nem com uma bala nem com uma arma branca, e se tentarmos fazer mesmo assim algum tipo de comparação talvez nesse caso se assemelhe mais a uma arma de fogo”.
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