
A ligar as duas margens do Tejo, estão duas travessias que vieram mudar a paisagem da região significativamente, e uma mais do que a outra, condicionou os fluxos económicos. A última fase da A10 foi inaugurada e 2007 com a Ponte das Lezírias, entre o Carregado e Benavente, mas o tráfego inicial tem ficado muito aquém do esperado. Fomos conhecer alguns dos que por lá passam. As elevadas portagens desmobilizam o cidadão e a Brisa diz ter em marcha um estudo para tentar mudar o estado de coisas nesta travessia deserta. Por outro lado, a Ponte Dona Amélia, desde 2001, aberta ao trânsito, tem conhecido altos e baixos a nível do seu estado de conservação, mas por todos é reconhecido o facto de ser crucial a sua existência, como geradora de trocas económicas, desenvolvimento, e emprego entre as duas margens, nos concelhos de Salvaterra e Cartaxo.
A fase final da construção da A10 deu-se em 2007, com a abertura ao trânsito da Ponte das Lezírias. Este último troço serviria de braço na ligação a quatro auto-estradas: não apenas a A10 (Bucelas- Carregado)/IC13; mas também a A9-CREL, a A1, no Carregado, e a A13 (Almeirim- Marateca) em Benavente, (esta última também aquém do fluxo desejado); no entanto, e cumpridos seis anos, a região convive com mais um elefante branco, pois a via regista um tráfego muito insignificante para o investimento concretizado, por norma cinco a seis mil veículos por dia, quando o desejável e rentável seria 35 mil veículos ou mais.
A opinião é unânime: atravessar a ponte das Lezírias e a A10 é muito mais cómodo, seguro, e poupa tempo aos condutores, mas o preço das portagens torna-se proibitivo para quem tenha necessidade de fazer diariamente o trajecto, como é o caso de Maria Gonçalves, residente em Alverca, que trabalha na vila de Benavente. Diz mesmo que a A10 “apenas serve para as urgências”, quando de manhã se atrasa por algum motivo ou para ir buscar a filha à escola, pois esta via permite-lhe encurtar os percursos em cerca de 20 minutos.
Em norma, escolhe o percurso da Recta do Cabo ou mesmo a velhinha estrada de campo para chegar ao seu local de trabalho. “Cada passagem custa 2 euros e 65 cêntimos. O valor é tão elevado que só se pode usar mesmo para as urgências. E é uma pena porque o percurso é bonito pelas lezírias, e muito mais rápido”, dá conta. A automobilista até se lembra de ter feito um percurso, na via em causa, às oito e meia da manhã, e de só ter passado por um único veículo. Um facto caricato que até deu azo “a post no facebook”. “Lembro-me de ter apitado para o outro condutor”, revela em tom de brincadeira. Por norma, diz que não encontra mais de 10 carros nesta via, quando a atravessa.
Francisco Ribeiro, residente em Benavente, também partilha da opinião de que a A10 é cara, mas costuma usar a via quando tem de se deslocar a Lisboa, o que faz com alguma frequência, pois tem o filho a estudar numa das universidades da capital. Caso contrário, prefere usar as estradas nacionais. A mesma opinião é partilhada por Tânia Tomás que utiliza a via nos seus trajectos entre o Carregado e Benavente, duas vezes por semana – “Apenas faço esse percurso quando estou com pressa, caso contrário não o utilizo porque se torna dispendioso”.
O taxista António Martins, também de Benavente, reconhece a importância da obra – “Melhorou em muito o meu trabalho, porque as pessoas andam sempre com pressa, mas com as portagens acabo por perder muito dinheiro em cada corrida. É pena pagar-se tanto para se atravessar a via”.
A problemática do preço das portagens já foi colocada em cima da mesa pela autarquia de Benavente. O vice-presidente daquele município, Carlos Coutinho, revela que nas conversações que tem mantido com a Brisa lhe tem sido dito que “as questões respeitantes ao tráfego e às portagens estão negociadas, e que aquela empresa recebe do Estado o valor que se encontra definido, quer passem na A10 mais ou menos carros”.
Carlos Coutinho refere que a parca utilização da via chega a ser confrangedora, e que os munícipes do seu concelho apenas a utilizam a título esporádico. O adiamento do tema aeroporto também levou ao não incremento do tráfego naquela via, bem como, a actual situação económica do país. Carlos Coutinho tem esperança que a travessia possa ganhar no futuro uma nova vida, “pois faz o fecho da CREL e serve de ligação a Lisboa”, mas a verdade é que os números não mentem: 6799 veículos por dia em 2009; 6400 em 2011, e 5200 por dia em 2012.
Sobre a realidade dos números do tráfego, a Brisa responde ao Valor Local que tal se deve à quebra económica registada no país, e que no que concerne às portagens limita-se a referir que “são calculadas de acordo com a fórmula estabelecida para toda a rede de auto-estradas gerida pela Brisa”.
O presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Jorge Riso, constata a importância que o nó do Carregado vem assumindo com a confluência de mais uma via importante, neste caso a A10 “apesar de o fluxo de trânsito se encontrar abaixo do esperado”, “muito por culpa da questão do aeroporto que não se veio a ser concretizada”. O autarca aponta, no entanto, um factor positivo, pois é da opinião de que com esta via tem crescido o interesse das empresas em fixarem-se no concelho, pois permite “percursos mais rápidos e cómodos”.
A Brisa quando questionada pelo nosso jornal sobre como pretende incrementar o tráfego na via diz de forma genérica: “Em 2012, a Brisa redefiniu a sua visão, baseada na evolução do modelo de negócio, da ‘era das infra-estruturas’, centrada na oferta, para a ‘era da mobilidade’, centrada na procura e no cliente. Trata-se de um modelo muito mais exigente e complexo, com novas variáveis e novos intervenientes que a Brisa está a estudar no sentido de adoptar soluções que respondam melhor às novas tendências observáveis do lado da procura.
A Brisa defende ainda que o cidadão “não percepciona totalmente os factores que estão incorporados nos preços das portagens. As auto-estradas têm um conjunto de vantagens associadas, que não são directamente percepcionadas em termos financeiros pelos utilizadores”.
“Exemplo disso são os tempos de viagem que, por auto-estrada, e de acordo com um estudo realizado pela APCAP (Associação Portuguesa de Concessionárias de Auto-estradas ou Pontes com Portagem), concluem existir uma poupança de tempo que pode chegar aos 50% quando comparados com as estradas nacionais. Essa poupança permite, por exemplo, dispormos desse tempo para outras actividades – seja de trabalho ou de lazer - ou para gerir os tempos de ida ou regresso de um determinado destino. Se a isso associarmos os menores consumos, o menor desgaste das viaturas, e a maior segurança rodoviária ao optar pelos percursos por auto-estradas é possível constatar que esta opção compensa o valor da taxa a pagar”, resume. A verdade é que os potenciais utilizadores não desconhecedores das vantagens, preferem dizer, por enquanto, “não obrigada”, apenas em virtude das portagens.
A auto-estrada em números
No total, foram gastos 600 milhões de euros na A10, assim distribuídos: primeiro troço, inaugurado por Durão Barroso, enquanto primeiro-ministro, entre Bucelas e Arruda dos Vinhos, de 6,9 quilómetros – 94 milhões de euros. Segundo troço entre Benavente e a A13, de 7,4 quilómetros, no valor de 113 milhões. O terceiro troço compreendeu a distância entre Arruda e o Carregado (10,6 quilómetros) e custou 150 milhões de euros. Por fim, o último troço de 14,9 quilómetros custou 243 milhões, entre Carregado e Benavente, foi inaugurado em Julho de 2007 por José Sócrates.
A fase final da construção da A10 deu-se em 2007, com a abertura ao trânsito da Ponte das Lezírias. Este último troço serviria de braço na ligação a quatro auto-estradas: não apenas a A10 (Bucelas- Carregado)/IC13; mas também a A9-CREL, a A1, no Carregado, e a A13 (Almeirim- Marateca) em Benavente, (esta última também aquém do fluxo desejado); no entanto, e cumpridos seis anos, a região convive com mais um elefante branco, pois a via regista um tráfego muito insignificante para o investimento concretizado, por norma cinco a seis mil veículos por dia, quando o desejável e rentável seria 35 mil veículos ou mais.
A opinião é unânime: atravessar a ponte das Lezírias e a A10 é muito mais cómodo, seguro, e poupa tempo aos condutores, mas o preço das portagens torna-se proibitivo para quem tenha necessidade de fazer diariamente o trajecto, como é o caso de Maria Gonçalves, residente em Alverca, que trabalha na vila de Benavente. Diz mesmo que a A10 “apenas serve para as urgências”, quando de manhã se atrasa por algum motivo ou para ir buscar a filha à escola, pois esta via permite-lhe encurtar os percursos em cerca de 20 minutos.
Em norma, escolhe o percurso da Recta do Cabo ou mesmo a velhinha estrada de campo para chegar ao seu local de trabalho. “Cada passagem custa 2 euros e 65 cêntimos. O valor é tão elevado que só se pode usar mesmo para as urgências. E é uma pena porque o percurso é bonito pelas lezírias, e muito mais rápido”, dá conta. A automobilista até se lembra de ter feito um percurso, na via em causa, às oito e meia da manhã, e de só ter passado por um único veículo. Um facto caricato que até deu azo “a post no facebook”. “Lembro-me de ter apitado para o outro condutor”, revela em tom de brincadeira. Por norma, diz que não encontra mais de 10 carros nesta via, quando a atravessa.
Francisco Ribeiro, residente em Benavente, também partilha da opinião de que a A10 é cara, mas costuma usar a via quando tem de se deslocar a Lisboa, o que faz com alguma frequência, pois tem o filho a estudar numa das universidades da capital. Caso contrário, prefere usar as estradas nacionais. A mesma opinião é partilhada por Tânia Tomás que utiliza a via nos seus trajectos entre o Carregado e Benavente, duas vezes por semana – “Apenas faço esse percurso quando estou com pressa, caso contrário não o utilizo porque se torna dispendioso”.
O taxista António Martins, também de Benavente, reconhece a importância da obra – “Melhorou em muito o meu trabalho, porque as pessoas andam sempre com pressa, mas com as portagens acabo por perder muito dinheiro em cada corrida. É pena pagar-se tanto para se atravessar a via”.
A problemática do preço das portagens já foi colocada em cima da mesa pela autarquia de Benavente. O vice-presidente daquele município, Carlos Coutinho, revela que nas conversações que tem mantido com a Brisa lhe tem sido dito que “as questões respeitantes ao tráfego e às portagens estão negociadas, e que aquela empresa recebe do Estado o valor que se encontra definido, quer passem na A10 mais ou menos carros”.
Carlos Coutinho refere que a parca utilização da via chega a ser confrangedora, e que os munícipes do seu concelho apenas a utilizam a título esporádico. O adiamento do tema aeroporto também levou ao não incremento do tráfego naquela via, bem como, a actual situação económica do país. Carlos Coutinho tem esperança que a travessia possa ganhar no futuro uma nova vida, “pois faz o fecho da CREL e serve de ligação a Lisboa”, mas a verdade é que os números não mentem: 6799 veículos por dia em 2009; 6400 em 2011, e 5200 por dia em 2012.
Sobre a realidade dos números do tráfego, a Brisa responde ao Valor Local que tal se deve à quebra económica registada no país, e que no que concerne às portagens limita-se a referir que “são calculadas de acordo com a fórmula estabelecida para toda a rede de auto-estradas gerida pela Brisa”.
O presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Jorge Riso, constata a importância que o nó do Carregado vem assumindo com a confluência de mais uma via importante, neste caso a A10 “apesar de o fluxo de trânsito se encontrar abaixo do esperado”, “muito por culpa da questão do aeroporto que não se veio a ser concretizada”. O autarca aponta, no entanto, um factor positivo, pois é da opinião de que com esta via tem crescido o interesse das empresas em fixarem-se no concelho, pois permite “percursos mais rápidos e cómodos”.
A Brisa quando questionada pelo nosso jornal sobre como pretende incrementar o tráfego na via diz de forma genérica: “Em 2012, a Brisa redefiniu a sua visão, baseada na evolução do modelo de negócio, da ‘era das infra-estruturas’, centrada na oferta, para a ‘era da mobilidade’, centrada na procura e no cliente. Trata-se de um modelo muito mais exigente e complexo, com novas variáveis e novos intervenientes que a Brisa está a estudar no sentido de adoptar soluções que respondam melhor às novas tendências observáveis do lado da procura.
A Brisa defende ainda que o cidadão “não percepciona totalmente os factores que estão incorporados nos preços das portagens. As auto-estradas têm um conjunto de vantagens associadas, que não são directamente percepcionadas em termos financeiros pelos utilizadores”.
“Exemplo disso são os tempos de viagem que, por auto-estrada, e de acordo com um estudo realizado pela APCAP (Associação Portuguesa de Concessionárias de Auto-estradas ou Pontes com Portagem), concluem existir uma poupança de tempo que pode chegar aos 50% quando comparados com as estradas nacionais. Essa poupança permite, por exemplo, dispormos desse tempo para outras actividades – seja de trabalho ou de lazer - ou para gerir os tempos de ida ou regresso de um determinado destino. Se a isso associarmos os menores consumos, o menor desgaste das viaturas, e a maior segurança rodoviária ao optar pelos percursos por auto-estradas é possível constatar que esta opção compensa o valor da taxa a pagar”, resume. A verdade é que os potenciais utilizadores não desconhecedores das vantagens, preferem dizer, por enquanto, “não obrigada”, apenas em virtude das portagens.
A auto-estrada em números
No total, foram gastos 600 milhões de euros na A10, assim distribuídos: primeiro troço, inaugurado por Durão Barroso, enquanto primeiro-ministro, entre Bucelas e Arruda dos Vinhos, de 6,9 quilómetros – 94 milhões de euros. Segundo troço entre Benavente e a A13, de 7,4 quilómetros, no valor de 113 milhões. O terceiro troço compreendeu a distância entre Arruda e o Carregado (10,6 quilómetros) e custou 150 milhões de euros. Por fim, o último troço de 14,9 quilómetros custou 243 milhões, entre Carregado e Benavente, foi inaugurado em Julho de 2007 por José Sócrates.

Ponte Rainha Dona Amélia aproximou concelhos mas necessita de intervenções
Em 2001, a Ponte Rainha Dona Amélia foi reconvertida para tráfego automóvel e pedonal, ligando os concelhos de Salvaterra de Magos, na localidade de Muge, e Cartaxo, na localidade de Porto de Muge. Hoje passados 12 anos, são muitos os veículos que atravessam a infra-estrutura de ambas as partes.
Ao conversarmos com alguns elementos da população de Muge, a opinião é unânime quanto às mais-valias que resultaram na possibilidade que a via oferece – “Foi algo muito bom para a nossa vila e para toda esta área, sobretudo para os agricultores”, constatam Joaquim Sousa e António Borrego. Edmundo Silva salvaguarda contudo: “Os tractores não deveriam passar na ponte, porque acabam por destruir os gradeamentos”.
No entanto, desde 2001, que a Ponte Rainha Dona Amélia tem conhecido alguns revés, tendo em conta a questão da utilização abusiva do tabuleiro por máquinas agrícolas e viaturas largas, com a destruição das guardas laterais que separam a faixa de rodagem dos passeios para peões. Chegou mesmo a circular uma petição para a reparação urgente do trânsito na ponte. Vasco Loubet, de Porto de Muge, foi um dos signatários e reconhece que a ponte permitiu a muitos “ a viabilidade de um emprego, de um investimento na margem contrária ou até a possibilidade de uma rota turística de fim-de-semana”, mas “infelizmente a qualidade da travessia é agravada pelos próprios utilizadores da ponte. Ou seja, existem utentes da ponte que não respeitam os limites impostos, e a atravessam com viaturas acima dos limites de peso ou largura e assim degradam quer o piso, quer as protecções laterais. Seria muito fácil apontar o dedo às entidades competentes, que são negligentes em termos de manutenção, mas os primeiros a ter falta de cuidado e sobretudo civismo, somos nós, o povo que a utiliza, e nós os que permitimos que os maus utilizadores o continuem a fazer”, dá conta, concluindo: “ De resto a qualidade é razoável, mas tende a piorar e apenas apontaria a falta de segurança e a criação da oportunidade de roubo que existe na margem sul, de noite junto do semáforo”.
A Câmara Municipal do Cartaxo que superintende a manutenção subaquática da infra-estrutura refere que “os custos são elevadíssimos”, e que por isso “ o envolvimento da administração central deveria ser maior na manutenção da ponte”, mas o que mais preocupa o presidente da Câmara do Cartaxo, Paula Varandas “é a necessidade de que as entidades responsáveis, a tutela, compreendam que esta ligação é essencial ao desenvolvimento económico da região; e que necessita ser melhorada em vários aspectos, pois necessita de responder às necessidades crescentes, especialmente no que à circulação dos transportes ligados à actividade agrícola”. “ A Ponte D. Amélia é imprescindível aos operadores económicos, aos empresários do Cartaxo e da região. No caso dos agricultores esta evidência é ainda mais fácil de constatar”.
A Câmara de Salvaterra em 2012 procedeu a obras, depois de o trânsito ter sido interrompido durante dois meses, dado o estado de degradação do tabuleiro. Uma intervenção que custou à autarquia 12500 euros e que levou o município a privilegiar a obra em detrimento das obrigações referentes à Lei dos Compromissos Locais. O Valor Local contactou o gabinete de imprensa daquele município para entrevista com a presidente da Câmara sobre este trabalho, o qual ignorou o nosso contacto.
É sabido que os dois municípios têm reivindicado o alargamento da faixa de rodagem, neste sentido Paulo Varandas constata: “O facto de haver apenas uma faixa de rodagem coloca problemas muito graves – não só me refiro às longas filas de espera que se formam nas horas de maior circulação -, mas também à necessidade de criar melhores condições de segurança e de rápido auxílio em caso de acidente. Uma faixa já não responde às necessidades de circulação e dificulta qualquer intervenção, quer na própria estrutura, quer no socorro a eventuais vítimas. Até uma pequena avaria se pode tornar um problema enorme”. O autarca deixa um apelo – “É preciso que a administração central perceba isto. Os municípios têm feito tudo ao seu alcance para chamar a atenção para esta questão. Mas não nego, no momento de crise financeira e económica que o país atravessa, que este alargamento pode vir a demorar bastante mais do que todos gostaríamos”.
A necessidade de iluminação dos acessos e de um sistema de segurança que permita chamar o socorro em caso de acidente na ponte, leva o município do Cartaxo a referir que “tem feito tudo o que lhe é permitido, em termos de iluminação dos acessos, no que à nossa margem diz respeito”. “Quanto à iluminação da própria estrutura e quanto ao sistema de segurança, não temos competência para avançar sozinhos. Estou certo que a intervenção necessária para reforço das condições de aviso de acidente e de prestação de socorro será efectuada a curto prazo. Temos pressionado nesse sentido e o nosso esforço terá de ser recompensado, em nome da segurança das pessoas que usam esta Ponte”, refere Varandas.
Pesca sui-generis
Com alguma frequência, as laterais da Ponte Rainha Dona Amélia destinadas aos cicloturistas, são ocupadas pelos praticantes da pesca artesanal que principalmente ao fim de semana e aos feriados lançam as canas em busca das fataças do Tejo. A lei diz que é proibido pescar nas pontes, até porque a passagem de trânsito a escassos centímetros de distância torna essa prática perigosa. Albino Quaresma, residente em Mira d’Aire, encontrava-se no local, no dia da nossa reportagem. “Trata-se de um divertimento, apesar de ser proibido. Vou passar aqui o dia. Reconheço que é perigoso estar a pescar na ponte, até porque não é autorizado, mas já estou acostumado. Por vezes os ciclistas chamam a polícia e temos de abandonar o local”, refere o mesmo gabando-se de levar com frequência cerca de 20 fataças para casa.
Sílvia Agostinho
edição Julho de 2013
Em 2001, a Ponte Rainha Dona Amélia foi reconvertida para tráfego automóvel e pedonal, ligando os concelhos de Salvaterra de Magos, na localidade de Muge, e Cartaxo, na localidade de Porto de Muge. Hoje passados 12 anos, são muitos os veículos que atravessam a infra-estrutura de ambas as partes.
Ao conversarmos com alguns elementos da população de Muge, a opinião é unânime quanto às mais-valias que resultaram na possibilidade que a via oferece – “Foi algo muito bom para a nossa vila e para toda esta área, sobretudo para os agricultores”, constatam Joaquim Sousa e António Borrego. Edmundo Silva salvaguarda contudo: “Os tractores não deveriam passar na ponte, porque acabam por destruir os gradeamentos”.
No entanto, desde 2001, que a Ponte Rainha Dona Amélia tem conhecido alguns revés, tendo em conta a questão da utilização abusiva do tabuleiro por máquinas agrícolas e viaturas largas, com a destruição das guardas laterais que separam a faixa de rodagem dos passeios para peões. Chegou mesmo a circular uma petição para a reparação urgente do trânsito na ponte. Vasco Loubet, de Porto de Muge, foi um dos signatários e reconhece que a ponte permitiu a muitos “ a viabilidade de um emprego, de um investimento na margem contrária ou até a possibilidade de uma rota turística de fim-de-semana”, mas “infelizmente a qualidade da travessia é agravada pelos próprios utilizadores da ponte. Ou seja, existem utentes da ponte que não respeitam os limites impostos, e a atravessam com viaturas acima dos limites de peso ou largura e assim degradam quer o piso, quer as protecções laterais. Seria muito fácil apontar o dedo às entidades competentes, que são negligentes em termos de manutenção, mas os primeiros a ter falta de cuidado e sobretudo civismo, somos nós, o povo que a utiliza, e nós os que permitimos que os maus utilizadores o continuem a fazer”, dá conta, concluindo: “ De resto a qualidade é razoável, mas tende a piorar e apenas apontaria a falta de segurança e a criação da oportunidade de roubo que existe na margem sul, de noite junto do semáforo”.
A Câmara Municipal do Cartaxo que superintende a manutenção subaquática da infra-estrutura refere que “os custos são elevadíssimos”, e que por isso “ o envolvimento da administração central deveria ser maior na manutenção da ponte”, mas o que mais preocupa o presidente da Câmara do Cartaxo, Paula Varandas “é a necessidade de que as entidades responsáveis, a tutela, compreendam que esta ligação é essencial ao desenvolvimento económico da região; e que necessita ser melhorada em vários aspectos, pois necessita de responder às necessidades crescentes, especialmente no que à circulação dos transportes ligados à actividade agrícola”. “ A Ponte D. Amélia é imprescindível aos operadores económicos, aos empresários do Cartaxo e da região. No caso dos agricultores esta evidência é ainda mais fácil de constatar”.
A Câmara de Salvaterra em 2012 procedeu a obras, depois de o trânsito ter sido interrompido durante dois meses, dado o estado de degradação do tabuleiro. Uma intervenção que custou à autarquia 12500 euros e que levou o município a privilegiar a obra em detrimento das obrigações referentes à Lei dos Compromissos Locais. O Valor Local contactou o gabinete de imprensa daquele município para entrevista com a presidente da Câmara sobre este trabalho, o qual ignorou o nosso contacto.
É sabido que os dois municípios têm reivindicado o alargamento da faixa de rodagem, neste sentido Paulo Varandas constata: “O facto de haver apenas uma faixa de rodagem coloca problemas muito graves – não só me refiro às longas filas de espera que se formam nas horas de maior circulação -, mas também à necessidade de criar melhores condições de segurança e de rápido auxílio em caso de acidente. Uma faixa já não responde às necessidades de circulação e dificulta qualquer intervenção, quer na própria estrutura, quer no socorro a eventuais vítimas. Até uma pequena avaria se pode tornar um problema enorme”. O autarca deixa um apelo – “É preciso que a administração central perceba isto. Os municípios têm feito tudo ao seu alcance para chamar a atenção para esta questão. Mas não nego, no momento de crise financeira e económica que o país atravessa, que este alargamento pode vir a demorar bastante mais do que todos gostaríamos”.
A necessidade de iluminação dos acessos e de um sistema de segurança que permita chamar o socorro em caso de acidente na ponte, leva o município do Cartaxo a referir que “tem feito tudo o que lhe é permitido, em termos de iluminação dos acessos, no que à nossa margem diz respeito”. “Quanto à iluminação da própria estrutura e quanto ao sistema de segurança, não temos competência para avançar sozinhos. Estou certo que a intervenção necessária para reforço das condições de aviso de acidente e de prestação de socorro será efectuada a curto prazo. Temos pressionado nesse sentido e o nosso esforço terá de ser recompensado, em nome da segurança das pessoas que usam esta Ponte”, refere Varandas.
Pesca sui-generis
Com alguma frequência, as laterais da Ponte Rainha Dona Amélia destinadas aos cicloturistas, são ocupadas pelos praticantes da pesca artesanal que principalmente ao fim de semana e aos feriados lançam as canas em busca das fataças do Tejo. A lei diz que é proibido pescar nas pontes, até porque a passagem de trânsito a escassos centímetros de distância torna essa prática perigosa. Albino Quaresma, residente em Mira d’Aire, encontrava-se no local, no dia da nossa reportagem. “Trata-se de um divertimento, apesar de ser proibido. Vou passar aqui o dia. Reconheço que é perigoso estar a pescar na ponte, até porque não é autorizado, mas já estou acostumado. Por vezes os ciclistas chamam a polícia e temos de abandonar o local”, refere o mesmo gabando-se de levar com frequência cerca de 20 fataças para casa.
Sílvia Agostinho
edição Julho de 2013