Carina Soares, 46 anos, e Patrícia Silva, 37 anos, são duas moradoras em Castanheira do Ribatejo que enfrentam neste momento um delicado momento nas suas vidas. Com carências económicas, e com problemas de saúde nas suas famílias, viram o senhorio de um momento para o outro já em 2021 a querer aumentar a renda para o dobro. Vivem num edifício já com algum nível de degradação e falta de manutenção na Avenida D. Carlos Leal. Pagam atualmente uma renda de 300 euros. Qualquer casa ou apartamento no concelho de Vila Franca ou nos arredores não fica a menos de 600 euros. Recorreram à Câmara e estariam dispostas a continuar a pagar uma renda de 300 euros numa habitação municipal, mas neste momento não há disponibilidade. O programa 1º Direito ainda está atrasado e a lista de munícipes carenciados é longa. Contudo criticam fundamentalmente a “falta de sensibilidade” do presidente da autarquia, Fernando Paulo Ferreira para os seus casos.
O prédio de dois andares onde habitam foi vendido em 2020 à empresa Socoland, e em 2021 “começaram a enviar cartas para aumento de rendas para o dobro” com oposição à renovação de contrato para introdução de um novo que permitisse mexer nas rendas, refere Patrícia Silva. Desde que esta empresa tomou conta do prédio “que deixaram de enviar os recibos das rendas e quiseram aumentar o valor para 680 euros por mês”. Carina Soares conta que de lá para cá desdobrou-se em “entrevistas na televisão” até porque tem quatro filhos, alguns deles com necessidades especiais. Contactada a Socoland pelo nosso jornal, esta empresa refere que não tem mais esclarecimentos a fornecer sobre o assunto.
A Câmara, no ano passado, ainda conseguiu chegar a acordo com a empresa para aumentos mais pequenos, em que ficariam a pagar 375 euros, contudo “como eu fui para a comunicação social voltaram atrás, e queriam de novo que pagasse os 680 euros”, recorda Carina Soares. Já Patrícia Silva conseguiu fechar acordo pelo valor de 350 euros até dezembro e 400 euros em 2023, mas nunca viu o contrato. Carina Soares tem até 31 de maio para sair. Carina Soares tem a seu cargo quatro crianças menores, três delas com necessidades especiais. “O Kiko (Francisco) tem Hidrocefalia, Trissomia 21 e outras comorbilidades. A Sofia tem um quadro de autismo, transtorno de ansiedade generalizada, défice de atenção e hiperatividade. O Miguel também tem autismo e hiperatividade”. O marido neste momento está no seguro porque sofreu um acidente de trabalho, estando a auferir 70 por cento apenas do ordenado bruto. Já Carina Soares como cuidadora informal recebe do Estado 360 euros. O casal recebe ainda alguns apoios devido à situação de saúde dos filho. No total o casal disporá de um rendimento de 1300 euros mensais, contudo “para pagar uma renda de 600 euros ou mais não conseguiria fazer face aos outros encargos, como a alimentação, as terapias do Francisco que rondam mais de 500 euros, e que incluem psicomotricidade, musicoterapia, fisioterapia”, elucida.
Já Patrícia Silva tem três filhos, sendo um deles uma bebé de quatro meses. Neste momento o único recurso financeiro são os 735 euros da baixa do marido que também teve um acidente de trabalho, mais os abonos das crianças, o que dá feitas as contas 900 euros. Patrícia Silva ficou desempregada no ano passado durante a pandemia, entretanto e como engravidou foi despedida. “Não tive direito a subsídio de desemprego, porque estava nesse trabalho há pouco tempo”. O mercado da habitação “está impossível” com preços entre os 650 e os 800 euros.
Carina Soares tem nesta altura um crowdfunding a decorrer online, sendo que à data de fecho deste jornal, e uma semana depois do nosso encontro com esta moradora já ia nos 8393 euros de apoios, o que permitirá fazer face aos primeiros custos inerentes à nova habitação.
Contudo a postura da Câmara é duramente criticada pela moradora que recorda uma reunião em que estava presente um elemento do executivo que não quis dar o nome, referindo apenas que seria a responsável do pelouro da habitação, numa alusão a Manuela Ralha. “Ela simplesmente fez um monólogo e quis pôr-me na rua”. “Provavelmente não gostou que eu tivesse ido para a comunicação social falar deste caso”. O próprio presidente da Câmara é criticado pela moradora “pois está sempre a dizer que somos as únicas que nos queixamos, quando houve mais moradores nossos vizinhos e de outros prédios a serem intimados pela empresa”. Carina Soares considera que foi vítima de represálias “ao ter dado da cara na comunicação social”.
Patrícia Silva também equaciona abandonar o prédio até ao final do ano dado que o aumento de 400 euros já lhe fará muita mossa. Considera os 900 euros que tem para gerir insuficientes quando “falamos de três crianças e todas as despesas associadas”. Já quanto à postura da Câmara diz que é para esquecer. “Não nos ajudaram em nada, e quando falo é deste presidente, porque o outro ainda tentou, mas para grande azar nosso este é que lá está agora. Alberto Mesquita até disse num jornal que queria ajudar nem que fosse com alguma verba, mas, entretanto, veio este executivo…”.
A perceção das moradoras face ao modo de atuação de Fernando Paulo Ferreira piorou ainda mais aquando da última reunião de Câmara, onde o presidente da autarquia tentando colocar alguma água na fervura ainda piorou mais o quadro, de acordo com as moradoras, quando aconselhou Patrícia e Carina a fazerem “uma melhor gestão do processo” para não colocarem os menores em risco. “Eu percebi essa frase como uma ameaça no sentido de me calar”, diz Carina Soares. A dada altura o autarca recomendou encontrar um trabalho. Patrícia Silva percebeu que esta frase teria a sua pessoa como destinatária da alusão, contudo explica que com uma bebé de quatro meses em casa não consegue arranjar emprego para além de que lhe já foi dito por uma assistente social de uma IPSS que o importante, neste momento, era dar assistência à criança porque tem de dar de mamar à bebé. “Uma assistente social da Câmara queria que eu fosse trabalhar nestas condições”, constata, adiantando que está disponível para arranjar emprego, mas à posteriori. Na mesma reunião, Fernando Paulo Ferreira referiu que com alguma calma ainda se conseguiria mais um ano de rendas acessíveis com o atual senhorio, mas estas moradoras não acreditam em mais promessas.
O Valor Local confrontou o município com todas as críticas efetuadas pelas moradoras, mas o município remeteu qualquer tipo de justificações para a reunião de Câmara onde as munícipes estiveram presentes, não mostrando interesse em aprofundar mais o tema.
Carina Soares tem nesta altura um crowdfunding a decorrer online, sendo que à data de fecho deste jornal, e uma semana depois do nosso encontro com esta moradora já ia nos 8393 euros de apoios, o que permitirá fazer face aos primeiros custos inerentes à nova habitação.
Contudo a postura da Câmara é duramente criticada pela moradora que recorda uma reunião em que estava presente um elemento do executivo que não quis dar o nome, referindo apenas que seria a responsável do pelouro da habitação, numa alusão a Manuela Ralha. “Ela simplesmente fez um monólogo e quis pôr-me na rua”. “Provavelmente não gostou que eu tivesse ido para a comunicação social falar deste caso”. O próprio presidente da Câmara é criticado pela moradora “pois está sempre a dizer que somos as únicas que nos queixamos, quando houve mais moradores nossos vizinhos e de outros prédios a serem intimados pela empresa”. Carina Soares considera que foi vítima de represálias “ao ter dado da cara na comunicação social”.
Patrícia Silva também equaciona abandonar o prédio até ao final do ano dado que o aumento de 400 euros já lhe fará muita mossa. Considera os 900 euros que tem para gerir insuficientes quando “falamos de três crianças e todas as despesas associadas”. Já quanto à postura da Câmara diz que é para esquecer. “Não nos ajudaram em nada, e quando falo é deste presidente, porque o outro ainda tentou, mas para grande azar nosso este é que lá está agora. Alberto Mesquita até disse num jornal que queria ajudar nem que fosse com alguma verba, mas, entretanto, veio este executivo…”.
A perceção das moradoras face ao modo de atuação de Fernando Paulo Ferreira piorou ainda mais aquando da última reunião de Câmara, onde o presidente da autarquia tentando colocar alguma água na fervura ainda piorou mais o quadro, de acordo com as moradoras, quando aconselhou Patrícia e Carina a fazerem “uma melhor gestão do processo” para não colocarem os menores em risco. “Eu percebi essa frase como uma ameaça no sentido de me calar”, diz Carina Soares. A dada altura o autarca recomendou encontrar um trabalho. Patrícia Silva percebeu que esta frase teria a sua pessoa como destinatária da alusão, contudo explica que com uma bebé de quatro meses em casa não consegue arranjar emprego para além de que lhe já foi dito por uma assistente social de uma IPSS que o importante, neste momento, era dar assistência à criança porque tem de dar de mamar à bebé. “Uma assistente social da Câmara queria que eu fosse trabalhar nestas condições”, constata, adiantando que está disponível para arranjar emprego, mas à posteriori. Na mesma reunião, Fernando Paulo Ferreira referiu que com alguma calma ainda se conseguiria mais um ano de rendas acessíveis com o atual senhorio, mas estas moradoras não acreditam em mais promessas.
O Valor Local confrontou o município com todas as críticas efetuadas pelas moradoras, mas o município remeteu qualquer tipo de justificações para a reunião de Câmara onde as munícipes estiveram presentes, não mostrando interesse em aprofundar mais o tema.