Fechados há mais de 10 anos, tanques de Alenquer receberam exposiçãoProjeto da "Memoriamedia" evocou as lembranças das cheias pelos alenquerenses
Sílvia Agostinho
02-11-2018 às 10:33 O projeto “Memoriamedia” levou a cabo uma exposição com o objetivo de desfiar memórias, vivências e experiências dos habitantes de Alenquer em torno do rio. Esteve patente uma instalação no antigo lavadouro do Lugar das Águas, onde quem passou por ali pôde conhecer essa intensa relação que se estabeleceu. José Barbieri da cooperativa “Memoriamedia” explica que a zona onde hoje se situam os tanques de lavar a roupa, chegou a conhecer uma maior atividade no século passado até aos anos 30 devido à existência de grandes fontes. Era um sítio onde a água brotava como geisers do chão. Hoje dominado pelas captações de água da EPAL. Até cabines de banho existiam, mas hoje já não há vestígios. Um restaurante nasceu no local.
O projeto entrevistou várias mulheres de mais idade da vila de Alenquer que chegaram a vir lavar a roupa no Lugar das Águas, ao mesmo tempo que convidou o artista plástico Carlos Augusto Ribeiro que exibiu uma série de desenhos alusivos a essa relação da população da vila com o lugar em si. Quem passou por ali pôde assistir ainda a entrevistas que iam sendo exibidas em formato vídeo a essas mulheres sobre a relação das mesmas com o rio, e o Lugar das Águas. Há mais de 10 anos que o lavadouro está encerrado. “Fiquei surpreendido porque hoje as pessoas não têm essa relação com o rio, que dantes era mais impetuoso, sujeito a grandes cheias, tinha uma enorme quantidade de peixe. Era normal as pessoas pescarem”. Mas ainda hoje esse rio ficou na memória das pessoas, e daí esta exposição. As pessoas das aldeias mais próximas vinham lavar a roupa a Alenquer, quando os rios nas aldeias secavam no verão. “Até que apareceram as máquinas de lavar”, graceja José Barbieiri. As cheias de 1967 deixaram como seria de esperar uma recordação indelével na população, e esse acontecimento também está bem espelhado nesta exposição. “Temos muitas histórias de sobrevivência”. Resgatar histórias e vivências coletivas é o objetivo deste projeto “Memoriamedia”. “Encontrar esses contadores de histórias e gravá-los é o propósito” e neste caso das memórias do rio não é exceção.
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