Azambuja
Feira Mais Castiça do Ribatejo de regresso à “Terra Velhinha”
Feira Mais Castiça do Ribatejo de regresso à “Terra Velhinha”

Miguel A. Rodrigues/Nuno Filipe
25-05-2016 às 11:07
De 26 a 30 de maio, Azambuja veste-se de gala para receber mais uma edição da “Feira de Maio”. O certame anual conhecido como “A Feira Mais Castiça do Ribatejo”, traz todos os anos, durante cinco dias, milhares de visitantes a esta “Terra Velhinha” num dos cantos dos Ribatejo.
Fonte de inspiração para muitos, a Feira de Maio de Azambuja acaba por ser também um certame de convívio, com muitas casas devolutas na rua principal da vila a servirem de tertúlias temporárias, e a albergar muitos dos forasteiros que aparecem por estas alturas. Este ano, o Valor Local foi espreitar as raízes da cultura tauromáquica associada a Azambuja. A Feira de Maio está por isso também presente na outra “Terra Velhinha” - um grupo no facebook onde são discutidas e reavivadas as raízes de uma terra e de uma feira que começou com a comercialização de cavalos para o exército. Vamos tentar perceber como tem sido a evolução deste grupo e dos seus projetos liderados por Miguel Ouro.
Mas a feira não são só esperas de toiros e cavalos. Muito mais há para dizer deste que se diz ser o certame mais castiço do Ribatejo. O Fado é uma peça importante nesta Cultura, constituindo-se como fonte de inspiração para poemas, músicas e muito mais.
Muitos se lembram dos fadistas amadores Xico Pimenta, ou Maria do Céu Corça, que no fim dos anos 80 deram corpo a um disco de fados que trouxe para a ribalta o “Cantar Azambujano”.
Miguel Ouro é um dos seguidores desse projeto. Há três anos fundou a “Terra Velhinha (TV)” um grupo de facebook, cujo nome pertence a um fado escrito por António Pedro Corça, e que posteriormente foi cantado por Xico Pimenta.
Ao Valor Local, Miguel Ouro, que se desdobra em diversas atividades ligadas às tradições de Azambuja, explicou que a ideia nasceu logo após o surgimento de outro grupo do mesmo género que antecedeu a TV, o “Aveiras de Cima Foto Memória”. O grupo Terra Velhinha depressa ultrapassou as fronteiras digitais, representando já uma revista editada pelo próprio em colaboração com a junta e uma empresa de audiovisuais local.
Miguel Ouro explica que o grupo no facebook começou de forma muito informal mas entretanto evoluiu para algo mais elaborado: “Nos últimos anos, tenho feito alguma recolha, e constituído algum acervo através das coisas que as pessoas me vão cedendo”.
Aliás o “Terra Velhinha” só existe hoje em dia, muito graças ao apoio das pessoas que em casa vão descobrindo fotos antigas, seja de Azambuja, seja das suas famílias, e que partilham no facebook ou enviam para o Miguel Ouro.
O próprio Miguel Ouro que também tem um arquivo pessoal, destaca que o “Terra Velhinha “ é um veículo para a divulgação das fotos que as pessoas enviam. “É uma das suas grandes mais-valias. Não se apropria de nada apenas mostra essas fotos à comunidade.”
Por outro lado, o responsável por este grupo, que já ultrapassou as fronteiras do mundo digital, sublinha a facilidade em se conseguirem fotos das vivências de outrora junto da comunidade. “Existe uma naturalidade nesse ato, porque o grupo como tem projeção e já é conhecido, as pessoas confiam e depositam ali as suas fotografias”.
Todavia, nada se faz sem o mínimo de recursos. Ao fim de três anos e para continuar este projeto, Miguel Ouro viu-se na necessidade de criar uma pequena estrutura para continuar a sua recolha.
Até aqui, a marca “Terra Velhinha” era autónoma da marca MOA, um outro projeto em que Miguel Ouro recria cenários e recupera alguns dos fados antigos de Azambuja, mas a partir de agora, passará a existir apenas a “Terra Velhinha” que será a chancela dos projetos futuros.
O responsável salienta a necessidade da criação de uma associação para conseguir obter outro tipo de financiamentos, e continuar a sua recolha, até porque – conforme explica ao Valor Local – este projeto consegue ser mais vasto do que apenas a revista e o grupo que existe no facebook.
Aliás, nesta altura já estão disponíveis algumas dezenas de fados no youtube, que recriam de forma fiel outros tantos videoclipes gravados nos anos 80 pelos fadistas azambujenses.
Esse é um trabalho importante para a memória futura da freguesias e até do concelho, uma vez que há muitos anos, que pessoas como Xico Pimenta, apenas continuam a cantar entre amigos.
Miguel Ouro destaca que tem tentado estimular uma aproximação com todos os antigos fadistas “porque esta palete cultural deve ser mantida”. “É importante que esses trabalhos saiam cá para fora e possam ser vistos por todos”.
Maria do Céu Corça e Xico Pimenta são apenas alguns dos exemplos de fadistas que aceitaram colaborar com a “Terra Velhinha”. O responsável e autor deste projeto, refere contudo que existem algumas restrições financeiras para a produção de vídeos, e que por isso teve de abrandar. “Fiz um esforço financeiro inicialmente muito grande, deixei-me ir um bocadinho, e quando vi, já ia com o barco quase no alto mar, e tive de voltar para trás”, caracteriza.
Os mais velhos recordam-se certamente desses tempos áureos. Das galas de fados levadas a cabo pela extinta Rádio Clube de Azambuja, onde muitos destes fadistas tiveram um papel de relevo. São esses os tempos que a recém-nascida associação “Terra Velhinha” quer recrear. Um trabalho que Miguel Ouro destaca que tem sido reconhecido pela comunidade.
Todavia, nem só de “Terra Velhinha” vive este projeto de recreações de Miguel Ouro. O próprio explica que venha “a seguir o que vier”, o seu trabalho será sempre associado a esta marca que ganhou asas no panorama local e até nacional.
Miguel Ouro vinca projetos como a “Madorna”, um outro grupo de música popular, ou os projetos como os “Pilha Galinhas” ou o “Meia Unha” apenas para exemplificar, e que passam todos pelas tradições azambujenses.
Recentemente o grupo recreou o “funileiro” através de um outro animador, e destaca também o “Quarteto do Coreto” que foi lançado ao mesmo tempo que a última revista “Terra Velhinha”.
25-05-2016 às 11:07
De 26 a 30 de maio, Azambuja veste-se de gala para receber mais uma edição da “Feira de Maio”. O certame anual conhecido como “A Feira Mais Castiça do Ribatejo”, traz todos os anos, durante cinco dias, milhares de visitantes a esta “Terra Velhinha” num dos cantos dos Ribatejo.
Fonte de inspiração para muitos, a Feira de Maio de Azambuja acaba por ser também um certame de convívio, com muitas casas devolutas na rua principal da vila a servirem de tertúlias temporárias, e a albergar muitos dos forasteiros que aparecem por estas alturas. Este ano, o Valor Local foi espreitar as raízes da cultura tauromáquica associada a Azambuja. A Feira de Maio está por isso também presente na outra “Terra Velhinha” - um grupo no facebook onde são discutidas e reavivadas as raízes de uma terra e de uma feira que começou com a comercialização de cavalos para o exército. Vamos tentar perceber como tem sido a evolução deste grupo e dos seus projetos liderados por Miguel Ouro.
Mas a feira não são só esperas de toiros e cavalos. Muito mais há para dizer deste que se diz ser o certame mais castiço do Ribatejo. O Fado é uma peça importante nesta Cultura, constituindo-se como fonte de inspiração para poemas, músicas e muito mais.
Muitos se lembram dos fadistas amadores Xico Pimenta, ou Maria do Céu Corça, que no fim dos anos 80 deram corpo a um disco de fados que trouxe para a ribalta o “Cantar Azambujano”.
Miguel Ouro é um dos seguidores desse projeto. Há três anos fundou a “Terra Velhinha (TV)” um grupo de facebook, cujo nome pertence a um fado escrito por António Pedro Corça, e que posteriormente foi cantado por Xico Pimenta.
Ao Valor Local, Miguel Ouro, que se desdobra em diversas atividades ligadas às tradições de Azambuja, explicou que a ideia nasceu logo após o surgimento de outro grupo do mesmo género que antecedeu a TV, o “Aveiras de Cima Foto Memória”. O grupo Terra Velhinha depressa ultrapassou as fronteiras digitais, representando já uma revista editada pelo próprio em colaboração com a junta e uma empresa de audiovisuais local.
Miguel Ouro explica que o grupo no facebook começou de forma muito informal mas entretanto evoluiu para algo mais elaborado: “Nos últimos anos, tenho feito alguma recolha, e constituído algum acervo através das coisas que as pessoas me vão cedendo”.
Aliás o “Terra Velhinha” só existe hoje em dia, muito graças ao apoio das pessoas que em casa vão descobrindo fotos antigas, seja de Azambuja, seja das suas famílias, e que partilham no facebook ou enviam para o Miguel Ouro.
O próprio Miguel Ouro que também tem um arquivo pessoal, destaca que o “Terra Velhinha “ é um veículo para a divulgação das fotos que as pessoas enviam. “É uma das suas grandes mais-valias. Não se apropria de nada apenas mostra essas fotos à comunidade.”
Por outro lado, o responsável por este grupo, que já ultrapassou as fronteiras do mundo digital, sublinha a facilidade em se conseguirem fotos das vivências de outrora junto da comunidade. “Existe uma naturalidade nesse ato, porque o grupo como tem projeção e já é conhecido, as pessoas confiam e depositam ali as suas fotografias”.
Todavia, nada se faz sem o mínimo de recursos. Ao fim de três anos e para continuar este projeto, Miguel Ouro viu-se na necessidade de criar uma pequena estrutura para continuar a sua recolha.
Até aqui, a marca “Terra Velhinha” era autónoma da marca MOA, um outro projeto em que Miguel Ouro recria cenários e recupera alguns dos fados antigos de Azambuja, mas a partir de agora, passará a existir apenas a “Terra Velhinha” que será a chancela dos projetos futuros.
O responsável salienta a necessidade da criação de uma associação para conseguir obter outro tipo de financiamentos, e continuar a sua recolha, até porque – conforme explica ao Valor Local – este projeto consegue ser mais vasto do que apenas a revista e o grupo que existe no facebook.
Aliás, nesta altura já estão disponíveis algumas dezenas de fados no youtube, que recriam de forma fiel outros tantos videoclipes gravados nos anos 80 pelos fadistas azambujenses.
Esse é um trabalho importante para a memória futura da freguesias e até do concelho, uma vez que há muitos anos, que pessoas como Xico Pimenta, apenas continuam a cantar entre amigos.
Miguel Ouro destaca que tem tentado estimular uma aproximação com todos os antigos fadistas “porque esta palete cultural deve ser mantida”. “É importante que esses trabalhos saiam cá para fora e possam ser vistos por todos”.
Maria do Céu Corça e Xico Pimenta são apenas alguns dos exemplos de fadistas que aceitaram colaborar com a “Terra Velhinha”. O responsável e autor deste projeto, refere contudo que existem algumas restrições financeiras para a produção de vídeos, e que por isso teve de abrandar. “Fiz um esforço financeiro inicialmente muito grande, deixei-me ir um bocadinho, e quando vi, já ia com o barco quase no alto mar, e tive de voltar para trás”, caracteriza.
Os mais velhos recordam-se certamente desses tempos áureos. Das galas de fados levadas a cabo pela extinta Rádio Clube de Azambuja, onde muitos destes fadistas tiveram um papel de relevo. São esses os tempos que a recém-nascida associação “Terra Velhinha” quer recrear. Um trabalho que Miguel Ouro destaca que tem sido reconhecido pela comunidade.
Todavia, nem só de “Terra Velhinha” vive este projeto de recreações de Miguel Ouro. O próprio explica que venha “a seguir o que vier”, o seu trabalho será sempre associado a esta marca que ganhou asas no panorama local e até nacional.
Miguel Ouro vinca projetos como a “Madorna”, um outro grupo de música popular, ou os projetos como os “Pilha Galinhas” ou o “Meia Unha” apenas para exemplificar, e que passam todos pelas tradições azambujenses.
Recentemente o grupo recreou o “funileiro” através de um outro animador, e destaca também o “Quarteto do Coreto” que foi lançado ao mesmo tempo que a última revista “Terra Velhinha”.
As Tradições e as Raízes locais
Miguel Ouro tem sido um dos que se tem dedicado à recolha e à recreação etnográfica de Azambuja. Ao longo dos anos, participou em vários projetos de recreação das tradições, tendo lançado também um livro sobre as mesmas com o nome “Ser Azambujano”. Para além disso, esteve ligado ao Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos, no qual procedeu a algumas alterações quanto aos trajes, de forma a dotar do maior rigor possível as atuações do rancho.
Hoje em dia, as tradições parecem estar cada vez mais na moda. “Aquilo que a atual geração que anda na casa dos 40, achava ‘piroso’ quando era jovem, agora, pretende recuperar e até manter.”
Nos últimos anos, tem-se assistido a uma série de iniciativas com vista a tornar as tradições do Ribatejo perpetuáveis aos olhos da humanidade, candidatando-as por exemplo a Património Imaterial da Unesco, como já se fez por exemplo com o chocalho, e agora com a dança do Fandango Ribatejano.
A ideia pode parecer boa, todavia há quem defenda que nos últimos anos a Região de Turismo do Alentejo e Ribatejo, “tende a banalizar um pouco essas intenções” candidatando vários projetos só de uma assentada, o que também pode tirar credibilidade.
Todavia Miguel Ouro, homem dedicado às tradições locais, destaca que há mais elementos da marca Ribatejo e de Azambuja com o Torricado “que é tão bom que todos querem um pouco”, dando a entender que muitos são os concelhos que o reclamam como seu. “Na Terra Velhinha temos tentado puxar primeiro pela qualidade, e depois divulgamos para marcar a diferença” salienta Miguel Ouro.
O autor considera que as candidaturas a Património da UNESCO até são positivas, mas já se começa a entrar na banalização. Salientando que faz mais sentido uma candidatura tendo em conta uma cultura específica, como o caso da cultura avieira “que engloba muitos aspetos, como os vivenciais, a gastronomia ou as artes e ofícios”.
O Fandango dançado por mulheres
O Fandango Ribatejano é uma das danças mais apreciadas em todo o mundo. A destreza dos dançarinos e toda a sua dinâmica é hoje reconhecida em toda a parte. Sobre esta dança, Miguel Ouro vinca que ainda falta muito conhecimento. Refere um episódio em que algumas pessoas ficaram admiradas pelo facto de o fandango poder ser dançado também por mulheres.
Miguel Ouro desmistifica a ideia de que este é uma dança apenas de homens por representar a virilidade. O animador diz que há mais de 60 fandangos em Portugal: “Há estudos sobre isso”, informa. O fandango começou a ser dançado em Lisboa por homens e mulheres de barbas nos teatros revisteiros e de uma forma caricatural e de crítica social. Depois, explica, “foi passado para as regiões, e cada uma incorporou-o da forma que quis”.
No que toca ao Ribatejo, com a implementação do Estado Novo e dos grupos de folclore, “a região sempre teve uma postura mais garbosa para com os campinos”. Este era “um herói mitificado e quis vincar o fandango de uma forma diferente, mais parecida por exemplo com a dança espanhola”.
“Não é verdade que sejam só os homens a dançar o fandango. Aqui em Azambuja a Tia Afonsa Peixinho, consta que gostava de dar o seu pé, como aliás se vê no grupo de Folclore dos Casaleiros dos Casais de Britos”, refere Miguel Ouro que destaca também que existem outras opções para além do tradicional fandango dançado apenas por homens.
Miguel Ouro tem sido um dos que se tem dedicado à recolha e à recreação etnográfica de Azambuja. Ao longo dos anos, participou em vários projetos de recreação das tradições, tendo lançado também um livro sobre as mesmas com o nome “Ser Azambujano”. Para além disso, esteve ligado ao Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos, no qual procedeu a algumas alterações quanto aos trajes, de forma a dotar do maior rigor possível as atuações do rancho.
Hoje em dia, as tradições parecem estar cada vez mais na moda. “Aquilo que a atual geração que anda na casa dos 40, achava ‘piroso’ quando era jovem, agora, pretende recuperar e até manter.”
Nos últimos anos, tem-se assistido a uma série de iniciativas com vista a tornar as tradições do Ribatejo perpetuáveis aos olhos da humanidade, candidatando-as por exemplo a Património Imaterial da Unesco, como já se fez por exemplo com o chocalho, e agora com a dança do Fandango Ribatejano.
A ideia pode parecer boa, todavia há quem defenda que nos últimos anos a Região de Turismo do Alentejo e Ribatejo, “tende a banalizar um pouco essas intenções” candidatando vários projetos só de uma assentada, o que também pode tirar credibilidade.
Todavia Miguel Ouro, homem dedicado às tradições locais, destaca que há mais elementos da marca Ribatejo e de Azambuja com o Torricado “que é tão bom que todos querem um pouco”, dando a entender que muitos são os concelhos que o reclamam como seu. “Na Terra Velhinha temos tentado puxar primeiro pela qualidade, e depois divulgamos para marcar a diferença” salienta Miguel Ouro.
O autor considera que as candidaturas a Património da UNESCO até são positivas, mas já se começa a entrar na banalização. Salientando que faz mais sentido uma candidatura tendo em conta uma cultura específica, como o caso da cultura avieira “que engloba muitos aspetos, como os vivenciais, a gastronomia ou as artes e ofícios”.
O Fandango dançado por mulheres
O Fandango Ribatejano é uma das danças mais apreciadas em todo o mundo. A destreza dos dançarinos e toda a sua dinâmica é hoje reconhecida em toda a parte. Sobre esta dança, Miguel Ouro vinca que ainda falta muito conhecimento. Refere um episódio em que algumas pessoas ficaram admiradas pelo facto de o fandango poder ser dançado também por mulheres.
Miguel Ouro desmistifica a ideia de que este é uma dança apenas de homens por representar a virilidade. O animador diz que há mais de 60 fandangos em Portugal: “Há estudos sobre isso”, informa. O fandango começou a ser dançado em Lisboa por homens e mulheres de barbas nos teatros revisteiros e de uma forma caricatural e de crítica social. Depois, explica, “foi passado para as regiões, e cada uma incorporou-o da forma que quis”.
No que toca ao Ribatejo, com a implementação do Estado Novo e dos grupos de folclore, “a região sempre teve uma postura mais garbosa para com os campinos”. Este era “um herói mitificado e quis vincar o fandango de uma forma diferente, mais parecida por exemplo com a dança espanhola”.
“Não é verdade que sejam só os homens a dançar o fandango. Aqui em Azambuja a Tia Afonsa Peixinho, consta que gostava de dar o seu pé, como aliás se vê no grupo de Folclore dos Casaleiros dos Casais de Britos”, refere Miguel Ouro que destaca também que existem outras opções para além do tradicional fandango dançado apenas por homens.

António Pedro Corça
“Azambuja é a minha musa inspiradora”
Pouca gente sabe que o fado “A minha Terra Velhinha” é um poema de António Pedro Corça. O fado, muitos o conhecem na voz do fadista amador Xico Pimenta, mas importava agora saber um pouco mais sobre o seu autor, sendo ele responsável pela projeção de Azambuja, a este nível, nos últimos anos.
O gosto pela poesia vem de cedo. E é por isso que tudo lhe sai da alma de forma natural. Ao Valor Local, o autor que apresentou recentemente o segundo livro do antigo presidente da Câmara de Azambuja, Joaquim Ramos, vinca: “Gosto de ler e de escrever desde que me conheço”. E todos os dias tende a “ler seja o que for”.
Do seu leque de poetas e autores preferidos, estão os portugueses, sendo que já escreve há tanto tempo, que diz não se recordar. O gosto pela poesia “começou na escola primária ou no liceu”. “Sei que foi cedo. Talvez desde sempre.” “Escrever é também uma obrigação ou um dever, e citando Alberto Caeiro também direi que ser poeta não é uma ambição minha. É apenas a melhor maneira que encontrei para estar sozinho”, reflete.
O homem que deu tantos poemas a Azambuja confessa, por outro lado, que não possui nenhuma “fonte de inspiração” em particular. “Nem sei bem o que isso é. Escrever é na maior parte das ocasiões um momento de transpiração e de pouca inspiração”, e lembra que há temas que o “arrastam mais do que outros”, como por exemplo “a minha terra, Azambuja, o Tejo, a saudade, o destino, o desejo, a morte”.
Ainda assim e sem uma fonte de inspiração definida, António Pedro Corça refere que Azambuja é a sua musa: “A terra onde nasci e que amo muito.” “Escrevo sobre ela e sobre a sua gente. De acordo com a mitologia grega, as musas são entidades às quais se atribui a capacidade de inspirar a criação artística. Neste sentido, sim, Azambuja é uma das minhas musas. Talvez a principal”. Tendo sido o autor do fado “Terra Velhinha”, António Pedro Corça considera importante o grupo de facebook dedicado às memórias de Azambuja, destacando o trabalho de Miguel Ouro.
“Esse grupo é um magnífico museu de memórias de que nos devemos todos orgulhar”. O nome Terra Velhinha é de um poema de Corça, que tem o título oficial de “Minha Azambuja Saudade”. “Estou, claro, muito orgulhoso e por isso o Miguel está de parabéns pela obra que criou. É uma louvável iniciativa que enobrece Azambuja.”
Não residindo em Azambuja, António Pedro Corça, visita-a com regularidade, pelo menos uma vez por mês: “Com o meu filho mais novo, o João, que herdou de mim a paixão pela terra e pelas suas gentes. Para ambos, é sempre uma grande alegria voltar”. Vai também mantendo-se informado pelos jornais e através do facebook, e em conversas com os familiares e com os amigos mais próximos.
Alturas houve, em que muitos tentaram lançar livros com poemas. Uns conseguiram, outros ficaram pelo caminho. Ainda assim o poeta azambujense considera que os poetas não passaram de moda. “Os poetas não andam com a moda e por isso nunca passam de moda. Por outro lado não sei bem o que são poetas populares, mas para mim, se existirem, é porque estão no coração das pessoas. Em Azambuja, o poeta Sebastião Mateus Arenque jamais passará de moda”, diz a este propósito.
Irmão da fadista Maria do Ceu Corça, António Pedro não especifica quem começou a cantar ou a escrever primeiro, ou se ambos seguiram a sua vida em função um do outro.
Ao Valor Local, explica que os irmãos começaram muito cedo “mas nenhum de nós surgiu por causa do outro”. “A Maria do Céu canta desde que a conheço – sou mais velho – e canta muito bem. Ela canta porque quer cantar e eu faço versos para não estar sozinho como já disse antes.”
“Azambuja é a minha musa inspiradora”
Pouca gente sabe que o fado “A minha Terra Velhinha” é um poema de António Pedro Corça. O fado, muitos o conhecem na voz do fadista amador Xico Pimenta, mas importava agora saber um pouco mais sobre o seu autor, sendo ele responsável pela projeção de Azambuja, a este nível, nos últimos anos.
O gosto pela poesia vem de cedo. E é por isso que tudo lhe sai da alma de forma natural. Ao Valor Local, o autor que apresentou recentemente o segundo livro do antigo presidente da Câmara de Azambuja, Joaquim Ramos, vinca: “Gosto de ler e de escrever desde que me conheço”. E todos os dias tende a “ler seja o que for”.
Do seu leque de poetas e autores preferidos, estão os portugueses, sendo que já escreve há tanto tempo, que diz não se recordar. O gosto pela poesia “começou na escola primária ou no liceu”. “Sei que foi cedo. Talvez desde sempre.” “Escrever é também uma obrigação ou um dever, e citando Alberto Caeiro também direi que ser poeta não é uma ambição minha. É apenas a melhor maneira que encontrei para estar sozinho”, reflete.
O homem que deu tantos poemas a Azambuja confessa, por outro lado, que não possui nenhuma “fonte de inspiração” em particular. “Nem sei bem o que isso é. Escrever é na maior parte das ocasiões um momento de transpiração e de pouca inspiração”, e lembra que há temas que o “arrastam mais do que outros”, como por exemplo “a minha terra, Azambuja, o Tejo, a saudade, o destino, o desejo, a morte”.
Ainda assim e sem uma fonte de inspiração definida, António Pedro Corça refere que Azambuja é a sua musa: “A terra onde nasci e que amo muito.” “Escrevo sobre ela e sobre a sua gente. De acordo com a mitologia grega, as musas são entidades às quais se atribui a capacidade de inspirar a criação artística. Neste sentido, sim, Azambuja é uma das minhas musas. Talvez a principal”. Tendo sido o autor do fado “Terra Velhinha”, António Pedro Corça considera importante o grupo de facebook dedicado às memórias de Azambuja, destacando o trabalho de Miguel Ouro.
“Esse grupo é um magnífico museu de memórias de que nos devemos todos orgulhar”. O nome Terra Velhinha é de um poema de Corça, que tem o título oficial de “Minha Azambuja Saudade”. “Estou, claro, muito orgulhoso e por isso o Miguel está de parabéns pela obra que criou. É uma louvável iniciativa que enobrece Azambuja.”
Não residindo em Azambuja, António Pedro Corça, visita-a com regularidade, pelo menos uma vez por mês: “Com o meu filho mais novo, o João, que herdou de mim a paixão pela terra e pelas suas gentes. Para ambos, é sempre uma grande alegria voltar”. Vai também mantendo-se informado pelos jornais e através do facebook, e em conversas com os familiares e com os amigos mais próximos.
Alturas houve, em que muitos tentaram lançar livros com poemas. Uns conseguiram, outros ficaram pelo caminho. Ainda assim o poeta azambujense considera que os poetas não passaram de moda. “Os poetas não andam com a moda e por isso nunca passam de moda. Por outro lado não sei bem o que são poetas populares, mas para mim, se existirem, é porque estão no coração das pessoas. Em Azambuja, o poeta Sebastião Mateus Arenque jamais passará de moda”, diz a este propósito.
Irmão da fadista Maria do Ceu Corça, António Pedro não especifica quem começou a cantar ou a escrever primeiro, ou se ambos seguiram a sua vida em função um do outro.
Ao Valor Local, explica que os irmãos começaram muito cedo “mas nenhum de nós surgiu por causa do outro”. “A Maria do Céu canta desde que a conheço – sou mais velho – e canta muito bem. Ela canta porque quer cantar e eu faço versos para não estar sozinho como já disse antes.”
“El Salamanca” com exposição dedicada à sua tertúlia
A Tertúlia Tauromáquica Azambujense, uma das mais antigas tertúlias taurinas em Azambuja, é este ano homenageada através de uma exposição na Galeria Municipal Maria Cristina Correia. Trata-se de uma tertúlia, propriedade de António Salema, conhecido aficionado em Azambuja e responsável pelos lançamentos de toureiros como Ana Maria, Carlos Pimentel ou Manuel Tavares, nos anos 60.
António Salema que prepara agora um livro de memórias, é também colaborador do Valor Local cujas crónicas assina com o pseudónimo de El Salamanca, nome escolhido na altura em que colaborou com o extinto jornal MalaPosta, de Azambuja. Aliás António Salema conta muitas vezes que a afición e a Festa Brava lhe estão no sangue, contudo assume que “não tinha jeito para tourear” e por isso apostou em ajudar os mais novos, à época, a chegarem a lugares de topo.
No passado dia 14 de maio, António Salema viu um dos seus sonhos tornar-se realidade. Aos 90 anos, é responsável por uma exposição sobre a sua tertúlia, com centenas de objetos expostos, que de resto fazem parte do seu espólio. Esta exposição apresenta apenas uma pequena parte do imenso espólio que foi sendo adquirido ao longo de mais de 50 anos através da ligação de “El Salamanca” à arte tauromáquica.
Na abertura, apadrinhada pela vereação do município de Azambuja e pelo Presidente da Câmara Luís de Sousa, houve palavras de incentivo a António Salema, bem como a oferta de uma pequena lembrança ao aficionado, que nesta altura deverá ser o mais velho de Azambuja.
Luís de Sousa, também ladeado pela presidente da junta de Azambuja, Inês Louro, e pelo presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, ressalvou a importância de António Salema para a cultura tauromáquica azambujense/ ribatejana, e todo o contributo que tem dado apesar dos seus já 90 longos anos, “seja por iniciativas como esta ou através dos artigos que presentemente publica no Jornal Valor Local.”
Com um livro na calha, Luís de Sousa salientou que o município está disponível para apoiar o seu lançamento. Já António Salema, optou por agradecer ao município esta homenagem, e aproveitou para contar algumas das histórias que o marcaram e que envolveram igualmente alguns dos nomes que ajudou a lançar na tauromaquia nacional e internacional.
Nesta exposição, que estará patente até dia 30 de maio, há de resto um cantinho dedicado a Ortigão Costa. O ganadero foi importante para muitos dos aficionados locais e para a tauromaquia local e nacional, tendo tido a responsabilidade na gestão da Praça de Toiros do campo Pequeno em Lisboa.
A Tertúlia Tauromáquica Azambujense, uma das mais antigas tertúlias taurinas em Azambuja, é este ano homenageada através de uma exposição na Galeria Municipal Maria Cristina Correia. Trata-se de uma tertúlia, propriedade de António Salema, conhecido aficionado em Azambuja e responsável pelos lançamentos de toureiros como Ana Maria, Carlos Pimentel ou Manuel Tavares, nos anos 60.
António Salema que prepara agora um livro de memórias, é também colaborador do Valor Local cujas crónicas assina com o pseudónimo de El Salamanca, nome escolhido na altura em que colaborou com o extinto jornal MalaPosta, de Azambuja. Aliás António Salema conta muitas vezes que a afición e a Festa Brava lhe estão no sangue, contudo assume que “não tinha jeito para tourear” e por isso apostou em ajudar os mais novos, à época, a chegarem a lugares de topo.
No passado dia 14 de maio, António Salema viu um dos seus sonhos tornar-se realidade. Aos 90 anos, é responsável por uma exposição sobre a sua tertúlia, com centenas de objetos expostos, que de resto fazem parte do seu espólio. Esta exposição apresenta apenas uma pequena parte do imenso espólio que foi sendo adquirido ao longo de mais de 50 anos através da ligação de “El Salamanca” à arte tauromáquica.
Na abertura, apadrinhada pela vereação do município de Azambuja e pelo Presidente da Câmara Luís de Sousa, houve palavras de incentivo a António Salema, bem como a oferta de uma pequena lembrança ao aficionado, que nesta altura deverá ser o mais velho de Azambuja.
Luís de Sousa, também ladeado pela presidente da junta de Azambuja, Inês Louro, e pelo presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, ressalvou a importância de António Salema para a cultura tauromáquica azambujense/ ribatejana, e todo o contributo que tem dado apesar dos seus já 90 longos anos, “seja por iniciativas como esta ou através dos artigos que presentemente publica no Jornal Valor Local.”
Com um livro na calha, Luís de Sousa salientou que o município está disponível para apoiar o seu lançamento. Já António Salema, optou por agradecer ao município esta homenagem, e aproveitou para contar algumas das histórias que o marcaram e que envolveram igualmente alguns dos nomes que ajudou a lançar na tauromaquia nacional e internacional.
Nesta exposição, que estará patente até dia 30 de maio, há de resto um cantinho dedicado a Ortigão Costa. O ganadero foi importante para muitos dos aficionados locais e para a tauromaquia local e nacional, tendo tido a responsabilidade na gestão da Praça de Toiros do campo Pequeno em Lisboa.
Comentários
Parabéns pelo bom trabalho que tem sido feito
Bem haja
Maria Violeta Ramos
Azambuja
qui 26/05/2016 18:49
Bem haja
Maria Violeta Ramos
Azambuja
qui 26/05/2016 18:49