O
Valor Local esteve desta vez na freguesia de Vale do Paraíso. Uma das mais
emblemáticas historicamente do concelho de Azambuja, pois nesta terra esteve a
mítica figura de Cristóvão Colombo depois da descoberta da América. Volvidos
vários séculos, esta é uma terra pacata, com algumas necessidades. A população
lamenta sobretudo o facto de já não ter ali o posto médico e de a rede de
transportes não ser a melhor.

Beatriz Pereira
Faz muita falta a existência de uma farmácia. Também temos uma rede de autocarros deficitária o que se torna complicado para os mais velhos e sem mobilidade. Estamos muito mal de transportes, porque quem não tem carro possui mais dificuldades para ir a Azambuja ou a Aveiras de Cima, dado que os horários são pouco compensadores. Por outro lado, há outras coisas positivas como o mercado, o centro de dia, cafés e padaria. Isso já é muito bom.
Faz muita falta a existência de uma farmácia. Também temos uma rede de autocarros deficitária o que se torna complicado para os mais velhos e sem mobilidade. Estamos muito mal de transportes, porque quem não tem carro possui mais dificuldades para ir a Azambuja ou a Aveiras de Cima, dado que os horários são pouco compensadores. Por outro lado, há outras coisas positivas como o mercado, o centro de dia, cafés e padaria. Isso já é muito bom.

José Teotónio
Sei que a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia pouco ou nada podem fazer, porque não dinheiro, mas o posto médico faz muita falta, tendo em conta que foi encerrado. Felizmente a junta tem ali o posto de correios que dá muito jeito para receber a reforma e enviar cartas. Por outro lado, considero que não se justifica uma farmácia pois há pouca gente na freguesia para tal.
Sei que a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia pouco ou nada podem fazer, porque não dinheiro, mas o posto médico faz muita falta, tendo em conta que foi encerrado. Felizmente a junta tem ali o posto de correios que dá muito jeito para receber a reforma e enviar cartas. Por outro lado, considero que não se justifica uma farmácia pois há pouca gente na freguesia para tal.

Esmeralda de Sousa
A falta do posto médico é uma das preocupações. Sobretudo quando perdemos uma coisa que já tivemos ainda se torna mais complicado. Não senti tanto a falta da farmácia, tendo em conta que já houve aqui uma parafarmácia. Sou bastante crítica do TDT (Televisão Digital Terrestre) cujo sinal é horrível.
A falta do posto médico é uma das preocupações. Sobretudo quando perdemos uma coisa que já tivemos ainda se torna mais complicado. Não senti tanto a falta da farmácia, tendo em conta que já houve aqui uma parafarmácia. Sou bastante crítica do TDT (Televisão Digital Terrestre) cujo sinal é horrível.

Vítor Patrício
Neste país fecham tudo, por isso considero que faz muita falta o centro de saúde, uma necessidade urgente. A nossa população é das mais descuradas. Na minha opinião há muita coisa que precisava de mudar, mas para não estar a dizer mal de tudo fico por aqui.
Neste país fecham tudo, por isso considero que faz muita falta o centro de saúde, uma necessidade urgente. A nossa população é das mais descuradas. Na minha opinião há muita coisa que precisava de mudar, mas para não estar a dizer mal de tudo fico por aqui.

Cristóvão Colombo
Vale do Paraíso no centro do xadrez diplomático mundial
A primeira Casa Colombo da Península Ibérica surgiu em Vale do Paraíso, em 2009, concebida num tempo recorde de “sete dias e seis directas”, conforme graceja o seu mentor, o historiador e museólogo José Machado Pereira. A funcionar no largo principal da aldeia, o centro de Interpretação que ali está patente foi concebido sob o slogan «O Mundo Moderno também começou aqui no Século XV», e está reconhecido como o de maior qualidade pedagógico-didática e credibilidade científica, dos centros de interpretação histórica.
Desde 2009 por aquele espaço já passaram milhares de visitantes, várias palestras e conferências e teve a honra de receber Joaquim Veríssimo Serrão e Manuela Mendonça, anterior e actual presidente da Academia Portuguesa da História, a Associação Cristóvão Colón, os investigadores Manuel Rosa, os irmãos Matos e Silva, os cavaleiros da Ordem de Malta, o diretor da Casa Colón de Tordesilhas e tantos outros, que deixaram assinalada a sua visita, individual ou em grupo, no respetivo livro de honra. Ainda recentemente a figura de Colombo foi alvo de uma acalorada troca de ideias num debate promovido pela junta de freguesia, em que estiveram presentes José Machado Pereira e dois reconhecidos académicos da Universidade de Valladolid, porquanto este comerciante/navegador Colombo é das figuras históricas que mais paixões desperta.
Segundo o mentor do centro de interpretação, José Machado Pereira a aposta no “planeamento e gestão de conteúdos que fez em 2009 para o Centro de Interpretação veio a revelar-se assertiva”, tendo em conta a componente da cartografia histórica, numa altura em que os vários ramos do saber histórico estão cada vez mais a “reforçar a ideia de que as consequências da audiência de D. João II a Cristóvão Colombo (Colón) em Vale do Paraíso, tiveram como consequência imediata o Tratado de Tordesilhas de 1494, e as suas negociações entre Portugal e Espanha tiveram como cerne a cartografia”. É com a frase lapidar «pela primeira vez a cartografia esteve ao serviço da política e da diplomacia», que José Machado Pereira refere a pertinência e importância de Vale do Paraíso na História nacional e universal, nas visitas-guiadas à Casa Colombo.
Em jeito de graça, confidenciou-nos, que o azar está no facto de que este universal acontecimento aconteceu no século XV. Se tivesse acontecido hoje, D. João II e Cristóvão Colombo em Vale do Paraíso, seria a notícia de abertura nos noticiários de todo o mundo.
Vale do Paraíso no centro do xadrez diplomático mundial
A primeira Casa Colombo da Península Ibérica surgiu em Vale do Paraíso, em 2009, concebida num tempo recorde de “sete dias e seis directas”, conforme graceja o seu mentor, o historiador e museólogo José Machado Pereira. A funcionar no largo principal da aldeia, o centro de Interpretação que ali está patente foi concebido sob o slogan «O Mundo Moderno também começou aqui no Século XV», e está reconhecido como o de maior qualidade pedagógico-didática e credibilidade científica, dos centros de interpretação histórica.
Desde 2009 por aquele espaço já passaram milhares de visitantes, várias palestras e conferências e teve a honra de receber Joaquim Veríssimo Serrão e Manuela Mendonça, anterior e actual presidente da Academia Portuguesa da História, a Associação Cristóvão Colón, os investigadores Manuel Rosa, os irmãos Matos e Silva, os cavaleiros da Ordem de Malta, o diretor da Casa Colón de Tordesilhas e tantos outros, que deixaram assinalada a sua visita, individual ou em grupo, no respetivo livro de honra. Ainda recentemente a figura de Colombo foi alvo de uma acalorada troca de ideias num debate promovido pela junta de freguesia, em que estiveram presentes José Machado Pereira e dois reconhecidos académicos da Universidade de Valladolid, porquanto este comerciante/navegador Colombo é das figuras históricas que mais paixões desperta.
Segundo o mentor do centro de interpretação, José Machado Pereira a aposta no “planeamento e gestão de conteúdos que fez em 2009 para o Centro de Interpretação veio a revelar-se assertiva”, tendo em conta a componente da cartografia histórica, numa altura em que os vários ramos do saber histórico estão cada vez mais a “reforçar a ideia de que as consequências da audiência de D. João II a Cristóvão Colombo (Colón) em Vale do Paraíso, tiveram como consequência imediata o Tratado de Tordesilhas de 1494, e as suas negociações entre Portugal e Espanha tiveram como cerne a cartografia”. É com a frase lapidar «pela primeira vez a cartografia esteve ao serviço da política e da diplomacia», que José Machado Pereira refere a pertinência e importância de Vale do Paraíso na História nacional e universal, nas visitas-guiadas à Casa Colombo.
Em jeito de graça, confidenciou-nos, que o azar está no facto de que este universal acontecimento aconteceu no século XV. Se tivesse acontecido hoje, D. João II e Cristóvão Colombo em Vale do Paraíso, seria a notícia de abertura nos noticiários de todo o mundo.

Vale do Paraíso como ponto de encontro da História
A freguesia de Vale do Paraíso tem tentado destacar-se através da sua História. A localidade tem apostado no facto de ser sido o palco para um encontro entre o rei D. João II e Cristóvão Colombo, e isso tem trazido notoriedade e reconhecimento à freguesia.
Famosa por se chamar “Vale” mas desembocar num “Cabeço”, Vale do Paraíso tem como grande suporte a agricultura, nomeadamente, a vinha, de onde são provenientes vinhos de boa qualidade.
Armando Calixto, presidente da junta de Freguesia da localidade, aponta ao Valor Local algumas questões que impedem a seu ver “o bom desenvolvimento da freguesia”. Uma delas está relacionada com os limites de Vale do Paraíso que há vários anos luta para que a área da freguesia seja alargada. Armando Calixto salienta que este é um assunto importante, mas que não “anda” porque “está entregue a deputados que não conhecem o concelho”.
O presidente da junta salienta que nova limitação do território da freguesia faria toda a diferença, pois permitiria aumentar o número de eleitores, trazendo mais-valias para a terra. Armando Calixto, refere que a freguesia “tem perdido eleitores todos os meses. Pois ao fazerem o novo cartão de cidadão, passam para a freguesia de Azambuja”, e acrescenta: “Só nestas últimas eleições perdemos dez pessoas”. Pelo lado da freguesia de Azambuja não haveria problemas, não sendo esta uma questão entre as duas autarquias, mas tudo está dependente de um decreto-lei há anos.
Ao todo deviam ser transferidos cerca de 228 hectares de Azambuja para Vale do Paraíso. Esta é aliás uma reivindicação com mais de três décadas e que vai ao encontro da vontade do povo. O diploma devia ter sido assinado por José Sócrates em 2009, mas a demora nas burocracias e a queda do Governo de então adiou o assunto.
Com a perda de eleitores, Vale do Paraíso perde também dinheiro, que poderia ser usado em algumas obras na localidade. Com efeito, nas últimas contas feitas pelo município apenas é atribuído o montante de 149 euros. Ainda assim, Armando Calixto refere que o executivo vai tentar encontrar formas de compensação.
Todavia a esta quebra junta-se uma outra. Trata-se da renda do edifício até aqui ocupado pelo médico e que para além de prestar apoio aos fregueses, representava uma soma importante para a junta.
Ao todo esta renda representava para a junta perto de 5 mil euros por ano. Para além desta receita que era fixa, Armando Calixto refere outras de menor montante como as licenças e atestados, ou os pagamentos feitos pelos vendedores do mercado, “que apenas cobrem as despesas”.
À quebra de receitas, juntam-se outras preocupações. A área das escolas que passou agora para as juntas, é um assunto importante para as contas daquela autarquia. Armando Calixto salienta que essas competências vêm trazer mais responsabilidade, sobretudo no que toca à manutenção dos espaços. Para o presidente da junta, é “mais importante cuidar do que comprar novo, e isso faz toda a diferença nas contas finais”, vincando que a gestão financeira está a correr conforme planeado – “E veja, não recebemos duodécimos há dois meses e ninguém nos bateu à porta a pedir ordenados, isto ou aquilo!”, ressalva.
Vale do Paraíso é também uma localidade onde a Cultura ligada à história de Colombo, mas também a popular têm uma raiz viva no seio da população, assim como, o Desporto. Recentemente a localidade ganhou um pavilhão, “local onde são praticados preços acessíveis para que toda a população possa usufruir dele”. Armando Calixto vinca que o pavilhão está bem rentabilizado e que tem muita procura.
O Paraisabor é o certame gastronómico, por excelência, da localidade que será este ano de três a cinco de Outubro, o qual começou no centro histórico e que nos últimos anos passou para fora da localidade junto ao pavilhão, sendo por isso “uma mais-valia. O espaço é maior, tem outras condições para as colectividades e para os visitantes bem com melhor estacionamento”.
Aliás, Armando Calixto fala mesmo em novidades na Paraisabor. O presidente da Junta quer rentabilizar ainda mais o certame, e por isso este ano pela primeira vez, vai ter lugar “uma mostra de artesanato em paralelo com a iniciativa”.
E mesmo com 4,44 km² de área e 880 habitantes a freguesia dispõe de algum comércio. “O suficiente para as primeiras necessidades dos locais. Para além de vários cafés, há supermercados e serviços.” Segundo o presidente da junta, “o comércio vai prosperando, à excepção do talho que fechou e da parafarmácia, que só funcionou durante dois anos.”
Rentabilizar o centro de interpretação da Casa Colombo
O presidente da Junta de Freguesia de Vale do Paraíso, Armando Calixto quer aproveitar a Casa Colombo e tudo o que a rodeia para dar a conhecer a freguesia para lá das fronteiras nacionais. Isso é de resto o que vai acontecendo aos poucos, pois já são muitas as conferências que citam o encontro de D. João II com Colombo naquela localidade depois do seu regresso da América.
Este é um assunto que apaixona os fregueses, mas apaixona também os investigadores nacionais e internacionais que desejam aprofundar sempre que possível as ligações de “Colon” a Vale do Paraíso e a D. João II.
O presidente da junta acredita que todos os produtos ligados a esta figura incontornável da História Mundial, têm venda garantida e, por isso, na forja está já um folheto para chegar à Entidade Regional de Turismo do Alentejo “algo que já despertou o interesse do presidente daquela estrutura no âmbito das visitas que tem feito ao município”. O autarca quer reforçar essa intenção através do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Azambuja.
Armando Calixto considera que o fomento de visitas à Casa Colombo pode trazer mais-valias para o comércio. Salienta o autarca a título de exemplo que há pouco tempo, um grupo de pessoas que participou numa conferência na localidade esteve todo o dia em Vale do Paraíso. Foi benéfico, segundo o autarca para o comércio local, tendo em conta que foi ali que confraternizaram nas adegas, cafés e restaurantes.
O Presidente Responde
Armando Calixto, no que toca às questões recolhidas pelo Valor Local junto dos fregueses, e no que se refere à questão da escassez de ligações de autocarros, diz que a freguesia “não é das que tem mais razões de queixa no concelho”, sobretudo quando se usa como termo de comparação Maçussa ou Vila Nova de São Pedro. Ainda assim reconhece que em determinados períodos, fora do tempo escolar, os autocarros andam quase vazios. Diz a junta que tem feito algumas insistências para que se dê algum reforço nas ligações a Azambuja ou a Aveiras de Cima. Já o fez através de um ofício, através do qual pediu à Rodoviária, que percorresse todas as paragens da freguesia, “algo que não acontecia e que deixava os utentes insatisfeitos, nomeadamente os mais idosos e com pouca capacidade de locomoção”.
Quanto à farmácia, o presidente da junta reconhece que era uma mais-valia, mas a freguesia teve uma parafarmácia durante dois anos, e as coisas não correram bem. “O proprietário não conseguiu suportar as despesas. Portanto é impossível que alguém invista onde não tem rentabilidade”. Armando Calixto vinca entretanto que a população de Vale do Paraíso é servida através duma das farmácias de Aveiras de Cima, “que tem um transporte apropriado para vir trazer os medicamentos aqui à freguesia. Basta o freguês telefonar e tem o serviço de imediato”.
No que toca ao posto médico, o presidente da junta diz ter a noção de que este não regressa tão cedo. “Esta foi uma das preocupações emergentes”, mal tomou posse como presidente. Uma preocupação de todo o executivo que encontrou no centro de dia local, a solução para minimizar os problemas. Com efeito, o autarca diz que toda a população tem acesso a médico particular naquela instituição. Armando Calixto lembra que embora não seja o ideal, é o possível. O presidente da junta garante, no entanto, que todos os fregueses têm médico uma a duas vezes por semana. Quando aos preços, este é um projecto fora do Serviço Nacional de Saúde, mas que garante aos sócios do centro de dia uma consulta por 25 euros; e aos não sócios, a mesma consulta mas por 35 euros. Um preço que não é muito barato mas que ainda assim “garante um médico particular por menos de metade do valor dos preços de referência praticados no mercado”. Armando Calixto reconhece que a situação não é a ideal, mas por enquanto foi a solução encontrada para que os fregueses não ficassem desprovidos destes cuidados.
Já quanto à TDT, o presidente da Junta reconhece que o serviço não é dos melhores, mas até ao momento garante nunca ter recebido qualquer reclamação. O autarca lembra, no entanto, que uma das prioridades quando o executivo tomou posse, foi a criação de um protocolo com a DECO (Associação Defesa do Consumidor). Nesse sentido salienta que existe um impresso próprio na junta para as reclamações relacionadas com a Televisão Digital Terrestre, que tem muitas falhas em Vale do Paraíso, que por acaso fica…num cabeço.
Miguel António Rodrigues
Sílvia Agostinho
26-07-2014
A freguesia de Vale do Paraíso tem tentado destacar-se através da sua História. A localidade tem apostado no facto de ser sido o palco para um encontro entre o rei D. João II e Cristóvão Colombo, e isso tem trazido notoriedade e reconhecimento à freguesia.
Famosa por se chamar “Vale” mas desembocar num “Cabeço”, Vale do Paraíso tem como grande suporte a agricultura, nomeadamente, a vinha, de onde são provenientes vinhos de boa qualidade.
Armando Calixto, presidente da junta de Freguesia da localidade, aponta ao Valor Local algumas questões que impedem a seu ver “o bom desenvolvimento da freguesia”. Uma delas está relacionada com os limites de Vale do Paraíso que há vários anos luta para que a área da freguesia seja alargada. Armando Calixto salienta que este é um assunto importante, mas que não “anda” porque “está entregue a deputados que não conhecem o concelho”.
O presidente da junta salienta que nova limitação do território da freguesia faria toda a diferença, pois permitiria aumentar o número de eleitores, trazendo mais-valias para a terra. Armando Calixto, refere que a freguesia “tem perdido eleitores todos os meses. Pois ao fazerem o novo cartão de cidadão, passam para a freguesia de Azambuja”, e acrescenta: “Só nestas últimas eleições perdemos dez pessoas”. Pelo lado da freguesia de Azambuja não haveria problemas, não sendo esta uma questão entre as duas autarquias, mas tudo está dependente de um decreto-lei há anos.
Ao todo deviam ser transferidos cerca de 228 hectares de Azambuja para Vale do Paraíso. Esta é aliás uma reivindicação com mais de três décadas e que vai ao encontro da vontade do povo. O diploma devia ter sido assinado por José Sócrates em 2009, mas a demora nas burocracias e a queda do Governo de então adiou o assunto.
Com a perda de eleitores, Vale do Paraíso perde também dinheiro, que poderia ser usado em algumas obras na localidade. Com efeito, nas últimas contas feitas pelo município apenas é atribuído o montante de 149 euros. Ainda assim, Armando Calixto refere que o executivo vai tentar encontrar formas de compensação.
Todavia a esta quebra junta-se uma outra. Trata-se da renda do edifício até aqui ocupado pelo médico e que para além de prestar apoio aos fregueses, representava uma soma importante para a junta.
Ao todo esta renda representava para a junta perto de 5 mil euros por ano. Para além desta receita que era fixa, Armando Calixto refere outras de menor montante como as licenças e atestados, ou os pagamentos feitos pelos vendedores do mercado, “que apenas cobrem as despesas”.
À quebra de receitas, juntam-se outras preocupações. A área das escolas que passou agora para as juntas, é um assunto importante para as contas daquela autarquia. Armando Calixto salienta que essas competências vêm trazer mais responsabilidade, sobretudo no que toca à manutenção dos espaços. Para o presidente da junta, é “mais importante cuidar do que comprar novo, e isso faz toda a diferença nas contas finais”, vincando que a gestão financeira está a correr conforme planeado – “E veja, não recebemos duodécimos há dois meses e ninguém nos bateu à porta a pedir ordenados, isto ou aquilo!”, ressalva.
Vale do Paraíso é também uma localidade onde a Cultura ligada à história de Colombo, mas também a popular têm uma raiz viva no seio da população, assim como, o Desporto. Recentemente a localidade ganhou um pavilhão, “local onde são praticados preços acessíveis para que toda a população possa usufruir dele”. Armando Calixto vinca que o pavilhão está bem rentabilizado e que tem muita procura.
O Paraisabor é o certame gastronómico, por excelência, da localidade que será este ano de três a cinco de Outubro, o qual começou no centro histórico e que nos últimos anos passou para fora da localidade junto ao pavilhão, sendo por isso “uma mais-valia. O espaço é maior, tem outras condições para as colectividades e para os visitantes bem com melhor estacionamento”.
Aliás, Armando Calixto fala mesmo em novidades na Paraisabor. O presidente da Junta quer rentabilizar ainda mais o certame, e por isso este ano pela primeira vez, vai ter lugar “uma mostra de artesanato em paralelo com a iniciativa”.
E mesmo com 4,44 km² de área e 880 habitantes a freguesia dispõe de algum comércio. “O suficiente para as primeiras necessidades dos locais. Para além de vários cafés, há supermercados e serviços.” Segundo o presidente da junta, “o comércio vai prosperando, à excepção do talho que fechou e da parafarmácia, que só funcionou durante dois anos.”
Rentabilizar o centro de interpretação da Casa Colombo
O presidente da Junta de Freguesia de Vale do Paraíso, Armando Calixto quer aproveitar a Casa Colombo e tudo o que a rodeia para dar a conhecer a freguesia para lá das fronteiras nacionais. Isso é de resto o que vai acontecendo aos poucos, pois já são muitas as conferências que citam o encontro de D. João II com Colombo naquela localidade depois do seu regresso da América.
Este é um assunto que apaixona os fregueses, mas apaixona também os investigadores nacionais e internacionais que desejam aprofundar sempre que possível as ligações de “Colon” a Vale do Paraíso e a D. João II.
O presidente da junta acredita que todos os produtos ligados a esta figura incontornável da História Mundial, têm venda garantida e, por isso, na forja está já um folheto para chegar à Entidade Regional de Turismo do Alentejo “algo que já despertou o interesse do presidente daquela estrutura no âmbito das visitas que tem feito ao município”. O autarca quer reforçar essa intenção através do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Azambuja.
Armando Calixto considera que o fomento de visitas à Casa Colombo pode trazer mais-valias para o comércio. Salienta o autarca a título de exemplo que há pouco tempo, um grupo de pessoas que participou numa conferência na localidade esteve todo o dia em Vale do Paraíso. Foi benéfico, segundo o autarca para o comércio local, tendo em conta que foi ali que confraternizaram nas adegas, cafés e restaurantes.
O Presidente Responde
Armando Calixto, no que toca às questões recolhidas pelo Valor Local junto dos fregueses, e no que se refere à questão da escassez de ligações de autocarros, diz que a freguesia “não é das que tem mais razões de queixa no concelho”, sobretudo quando se usa como termo de comparação Maçussa ou Vila Nova de São Pedro. Ainda assim reconhece que em determinados períodos, fora do tempo escolar, os autocarros andam quase vazios. Diz a junta que tem feito algumas insistências para que se dê algum reforço nas ligações a Azambuja ou a Aveiras de Cima. Já o fez através de um ofício, através do qual pediu à Rodoviária, que percorresse todas as paragens da freguesia, “algo que não acontecia e que deixava os utentes insatisfeitos, nomeadamente os mais idosos e com pouca capacidade de locomoção”.
Quanto à farmácia, o presidente da junta reconhece que era uma mais-valia, mas a freguesia teve uma parafarmácia durante dois anos, e as coisas não correram bem. “O proprietário não conseguiu suportar as despesas. Portanto é impossível que alguém invista onde não tem rentabilidade”. Armando Calixto vinca entretanto que a população de Vale do Paraíso é servida através duma das farmácias de Aveiras de Cima, “que tem um transporte apropriado para vir trazer os medicamentos aqui à freguesia. Basta o freguês telefonar e tem o serviço de imediato”.
No que toca ao posto médico, o presidente da junta diz ter a noção de que este não regressa tão cedo. “Esta foi uma das preocupações emergentes”, mal tomou posse como presidente. Uma preocupação de todo o executivo que encontrou no centro de dia local, a solução para minimizar os problemas. Com efeito, o autarca diz que toda a população tem acesso a médico particular naquela instituição. Armando Calixto lembra que embora não seja o ideal, é o possível. O presidente da junta garante, no entanto, que todos os fregueses têm médico uma a duas vezes por semana. Quando aos preços, este é um projecto fora do Serviço Nacional de Saúde, mas que garante aos sócios do centro de dia uma consulta por 25 euros; e aos não sócios, a mesma consulta mas por 35 euros. Um preço que não é muito barato mas que ainda assim “garante um médico particular por menos de metade do valor dos preços de referência praticados no mercado”. Armando Calixto reconhece que a situação não é a ideal, mas por enquanto foi a solução encontrada para que os fregueses não ficassem desprovidos destes cuidados.
Já quanto à TDT, o presidente da Junta reconhece que o serviço não é dos melhores, mas até ao momento garante nunca ter recebido qualquer reclamação. O autarca lembra, no entanto, que uma das prioridades quando o executivo tomou posse, foi a criação de um protocolo com a DECO (Associação Defesa do Consumidor). Nesse sentido salienta que existe um impresso próprio na junta para as reclamações relacionadas com a Televisão Digital Terrestre, que tem muitas falhas em Vale do Paraíso, que por acaso fica…num cabeço.
Miguel António Rodrigues
Sílvia Agostinho
26-07-2014