A recente instituição do Cante Alentejano como Património Cultural e Imaterial da Humanidade numa consagração da Unesco serviu de mote ao encontro do nosso jornal com um simpático e bem-disposto grupo de alentejanos que fazem parte do “Grupo Coral Alentejanos no Cartaxo”. Trajados a rigor apresentaram-se nesta entrevista com as suas pronúncias características apesar de residirem no concelho do Cartaxo há décadas.
Este grupo constituído na sua totalidade por 16 alentejanos iniciou-se nas cantorias há cerca de um ano e meio. Formações destas há um pouco por todo o país, onde os alentejanos migrantes buscam no cante uma forma de sentir mais fortemente as suas raízes e homenagear a sua terra. No Ribatejo, este grupo é o único, e por entre comes e bebes e encontros decidiram lançar-se nesta aventura musical.
“Não há almoços de alentejanos sem uma cantoria”, reforça José Pimpão, oriundo de Évora. “Tudo começou na brincadeira mas hoje está a tornar-se em algo muito delicado e sério”, não tem dúvidas.
A maioria destes alentejanos lembra a infância a cantarolar por entre a paisagem do seu Alentejo ou nos tascos das aldeias, “mas nenhum de nós é cantador a sério, aliás o cante alentejano é feito só por amadores”. Começaram por ensaiar na garagem de José Pimpão mas hoje estão enquadrados na Sociedade Filarmónica Cartaxense, onde também ensaiam.
A pronúncia do Baixo Alentejo, da Amareleja, ainda sobrevive e está em forma na boca do porta-voz do grupo, António Quintiliano, que mora no Cartaxo há 40 anos, e reforça a ligação entre a comida e o cante – “Dois alentejanos e um copo de vinho é o suficiente para se começar a cantar”. Neste grupo a veia poética anda à solta – “O senhor Borralho é um bocadinho poeta!”, dá a conhecer António Quintiliano. “Fez uma moda chamada ‘Nós Somos Alentejanos’ muito bonita”.
Quanto à distinção da Unesco, não constituíu surpresa. “O cante alentejano tem muito a ver com a passagem dos árabes pelo território. Cada grupo tem um solista que sai com uma cantiga; depois o solista com o alto, e mais tarde o resto do coro composto por vozes baixas. Essa maneira de cantar com séculos é que possibilitou chegarmos a esta distinção, e é curioso de ver que os alentejanos pertencentes a uma vila, ou aldeia, ou mesmo cidade cantam todos da mesma maneira, existe um padrão”. Mas Quintiliano faz questão de referir que o prémio não é só para os alentejanos mas para todo o país.
E em conversa com alentejanos não se podia deixar de falar de anedotas, e até houve espaço para se contar uma das muitas do repertório do grupo. “Quando os Malucos do Riso na SIC apresentavam as anedotas dos alentejanos aquilo tinha um pouco de realidade mas não nos sentimos ofendidos, bem pelo contrário”, acrescenta um dos elementos do grupo. “Dizem que os alentejanos são indolentes e vagarosos, mas este pessoal do Cartaxo quando está 30 e tal graus já anda de asa aberta como as galinhas, agora imagine se estivessem na minha terra com mais de 45 graus”, brinca Quintiliano.
Quanto a diferenças entre alentejanos e ribatejanos não encontram diferenças – “Há boa e má gente em todo o lado, se bem que nos algarvios é mais complicado. Até porque há um ditado que diz que a ciganos e a algarvios não se lhes dê uma arma porque vão para correntios ou tambores”, graceja António Quintiliano.
No concelho do Cartaxo residem, numa suposição dos elementos deste grupo, cerca de 400 pessoas. Mas não atribuem a tal fenómeno qualquer fator, pois todos desempenharam profissões diferenciadas no passado. Quanto a um dia voltarem para as suas terras isso não está nos horizontes da maioria porque os filhos e os netos já nasceram no Cartaxo.
Quanto à renovação do cante alentejano, Quintiliano diz que está bem entregue com as novas gerações alentejanas a iniciar-se nestas lides, quanto aos grupos de alentejanos fora daquela região, é complicado porque os filhos e netos de alentejanos já não estão tão voltados para isso.
Este grupo constituído na sua totalidade por 16 alentejanos iniciou-se nas cantorias há cerca de um ano e meio. Formações destas há um pouco por todo o país, onde os alentejanos migrantes buscam no cante uma forma de sentir mais fortemente as suas raízes e homenagear a sua terra. No Ribatejo, este grupo é o único, e por entre comes e bebes e encontros decidiram lançar-se nesta aventura musical.
“Não há almoços de alentejanos sem uma cantoria”, reforça José Pimpão, oriundo de Évora. “Tudo começou na brincadeira mas hoje está a tornar-se em algo muito delicado e sério”, não tem dúvidas.
A maioria destes alentejanos lembra a infância a cantarolar por entre a paisagem do seu Alentejo ou nos tascos das aldeias, “mas nenhum de nós é cantador a sério, aliás o cante alentejano é feito só por amadores”. Começaram por ensaiar na garagem de José Pimpão mas hoje estão enquadrados na Sociedade Filarmónica Cartaxense, onde também ensaiam.
A pronúncia do Baixo Alentejo, da Amareleja, ainda sobrevive e está em forma na boca do porta-voz do grupo, António Quintiliano, que mora no Cartaxo há 40 anos, e reforça a ligação entre a comida e o cante – “Dois alentejanos e um copo de vinho é o suficiente para se começar a cantar”. Neste grupo a veia poética anda à solta – “O senhor Borralho é um bocadinho poeta!”, dá a conhecer António Quintiliano. “Fez uma moda chamada ‘Nós Somos Alentejanos’ muito bonita”.
Quanto à distinção da Unesco, não constituíu surpresa. “O cante alentejano tem muito a ver com a passagem dos árabes pelo território. Cada grupo tem um solista que sai com uma cantiga; depois o solista com o alto, e mais tarde o resto do coro composto por vozes baixas. Essa maneira de cantar com séculos é que possibilitou chegarmos a esta distinção, e é curioso de ver que os alentejanos pertencentes a uma vila, ou aldeia, ou mesmo cidade cantam todos da mesma maneira, existe um padrão”. Mas Quintiliano faz questão de referir que o prémio não é só para os alentejanos mas para todo o país.
E em conversa com alentejanos não se podia deixar de falar de anedotas, e até houve espaço para se contar uma das muitas do repertório do grupo. “Quando os Malucos do Riso na SIC apresentavam as anedotas dos alentejanos aquilo tinha um pouco de realidade mas não nos sentimos ofendidos, bem pelo contrário”, acrescenta um dos elementos do grupo. “Dizem que os alentejanos são indolentes e vagarosos, mas este pessoal do Cartaxo quando está 30 e tal graus já anda de asa aberta como as galinhas, agora imagine se estivessem na minha terra com mais de 45 graus”, brinca Quintiliano.
Quanto a diferenças entre alentejanos e ribatejanos não encontram diferenças – “Há boa e má gente em todo o lado, se bem que nos algarvios é mais complicado. Até porque há um ditado que diz que a ciganos e a algarvios não se lhes dê uma arma porque vão para correntios ou tambores”, graceja António Quintiliano.
No concelho do Cartaxo residem, numa suposição dos elementos deste grupo, cerca de 400 pessoas. Mas não atribuem a tal fenómeno qualquer fator, pois todos desempenharam profissões diferenciadas no passado. Quanto a um dia voltarem para as suas terras isso não está nos horizontes da maioria porque os filhos e os netos já nasceram no Cartaxo.
Quanto à renovação do cante alentejano, Quintiliano diz que está bem entregue com as novas gerações alentejanas a iniciar-se nestas lides, quanto aos grupos de alentejanos fora daquela região, é complicado porque os filhos e netos de alentejanos já não estão tão voltados para isso.
Comentários
Muito obrigado ao Valor Local por se ter desponibilizado para esta entrevista que muito no honra elementos do Grupo Coral os Alentejanos no Cartaxo e muito especialmente aos seus membros da direção do mesmo que são alguns já aqui falado e indentificados como é o caso de eu proprio José Pimpão o Antonio Quintiliano Antonio Borralho e Luis Penedo embora seja eu o Pimpão que tenho todos os contatos com todas as pessoas e entidades que nos procurom para atuações ou festas onde nos convidom para estarmos presentes o que felizmente acontece com muita frequençia aparecem contatos de norte a sul do pais e que falo com muitos dos 1500 grupos que estão instituidos por todo o pais e muito em especial pelo nosso Alentejo somos o grupo Alentejano mais a norte de Portugal no Cartaxo e um outro que foi recentemente constituido e foi apresentado agora nas festas de Natal no cante ao Menino em Portalegre onde é natural, um muito obrigado ao Valor Local pela opertunidade que nos deu de falar para mais um jornal local e regional o meu muito obrigado um abraço
José Pimpão
28-12-2014
José Pimpão
28-12-2014