Só em 2014 a PSP recebeu 1549 participações de violência no namoro, mais 499 do que em 2013, quando deram entrada naquela força de segurança 1050 queixas. 699 foram denunciadas por estudantes e em 1.457 casos as vítimas eram estudantes. Joana, residente no Cartaxo, contribuiu também para estas estatísticas.
Hoje com 20 anos, conta ao Valor Local, que ao 17 quando namorou com um rapaz dois anos mais velho foi parar ao hospital, numa das ocasiões, com a cana do nariz partida. Foram dois anos e meio de namoro com constantes ameaças e violência psicológica. Os maus tratos físicos chegaram quando a relação tinha cerca de seis meses. Estranhamente o ex-namorado desta jovem não demonstrava ser agressivo com outras pessoas, pautando o seu comportamento pela boa educação, nomeadamente, com os familiares de Joana. “Nunca foi agressivo à frente de outras pessoas”.
“Demonstrava ser muito ciumento quando não concordava com algo que eu queria fazer, bateu-me várias vezes e numa dessas ocasiões fui para o hospital com o nariz partido”. O medo também se apoderou de si durante a relação, com medo das reações do namorado, pois evitava responder aos insultos, com medo de ser agredida.
Antes de começar a namorar com o rapaz em causa nunca suspeitou que pudesse assumir este tipo de comportamento. Era um jovem normal, que já trabalhava enquanto Joana ainda andava a estudar. Quanto aos insultos e agressões verbais, foram uma constante e hoje confessa-se mais atenta tendo em conta relações futuras.
“Ainda não assimilei tudo o que se passou comigo, mas ele não teve um comportamento digno de um homem. Para já, penso que não vou deixar que se aproveitem de mim, e se souber que alguém pode ser violento não arriscarei”.
A problemática da violência no namora foi definida pela Polícia de Segurança Pública como uma das "primeiras prioridades" para o ano letivo 2014/2015, tendo em conta que a exposição a fenómenos de violência doméstica em ambiente familiar é propiciador de replicação entre os mais jovens nas relações de namoro e, no futuro, nas relações mais próximas de conjugalidade. Joana acredita que pelo facto de o ex-namorado também ter assistido a cenas de violência doméstica entre os pais que tal também abriu caminho a que adotasse semelhantes práticas.
Sílvia Agostinho
09-06-2015
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