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Por José Pres, sociólogo 


O fenómeno do “Bullying” em meio escolar

Tive a honra de ser convidado para participar num grupo de trabalho sobre o bullying no meio escolar, que contou com a participação de especialistas do Comando da GNR em Alenquer, há alguns anos atrás, a convite da Câmara do Cadaval. Foi um facto que: devido à participação activa destes especialistas da GNR, o workshop não beneficiou, somente, das apresentações. Os participantes podiam interactuar livremente com os especialistas da GNR, e tivemos a possibilidade de discutir vários aspectos do processo, assim como, ideias erradas sobre o bullying que pouco têm a ver com a violência nas escolas. Foi claro durante a discussão que pode haver bullying sem violência como pode haver violência sem bullying. É importante não identificar a violência nas escolas com o bullying. Este artigo tem somente a pretensão de falar um pouco sobre as definições do bullying e evitar algumas interpretações erróneas sobre um problema crescente. 

Sendo assim, Bullying é um termo utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, "valentão") ou grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de assédio escolar pela turma.

Caracterização do “bullying” escolar

O bullying é um termo frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O cientista sueco - que trabalhou muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define assédio escolar em três termos essenciais: o comportamento é agressivo e negativo; o comportamento é executado repetidamente; o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

Segundo o autor o bullying escolar divide-se em duas categorias:[ bullying escolar directo; bullying escolar indirecto, também conhecido como agressão social. O bullying directo é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos. A agressão social ou bullying indirecto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido por meio de uma vasta variedade de técnicas, que incluem: Espalhar comentários; recusa em se socializar com a vítima; intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima; ridicularizar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades, etc.).

O assédio escolar pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade, o local de trabalho, os vizinhos, etc. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.

Características dos bullies

Pesquisas indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que uma deficiência em habilidades sociais e um ponto de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser particulares factores de risco. Estudos adicionais têm mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos para a prática do assédio escolar, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que sugira que os bullies sofram de qualquer défice de auto-estima.

Outros pesquisadores também identificaram a rapidez em se enraivecer e usar a força, em acréscimo a comportamentos agressivos, o acto de encarar as acções de outros como hostis, a preocupação com a auto-imagem e o empenho em acções obsessivas ou rígidas. É frequentemente sugerido que os comportamentos agressivos têm sua origem na infância:"Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que indica que a prática do assédio escolar durante a infância põe a criança em risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta".

O bullying escolar não envolve necessariamente criminalidade ou violência. Por exemplo, o assédio escolar frequentemente funciona por meio de abuso psicológico ou verbal. Os bullies sempre existiram mas eram (e ainda são) chamados em português de rufias, brigões, valentões, etc.

Os valentões costumam ser hostis, intolerantes e usar a força para resolver seus problemas.

Tipos de assédio escolar

Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Alguns exemplos das técnicas de assédio escolar: Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada; ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade; interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc., danificando-os; espalhar rumores negativos sobre a vítima; depreciar a vítima sem qualquer motivo; fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a para seguir as ordens; colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma acção disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully; fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado consciência; Isolamento social da vítima; usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas, comunidades ou perfis sobre a vítima em sites de relacionamento com publicação de fotos, etc). Há ainda outras manifestações como: Chantagem; expressões ameaçadoras; grafitagem depreciativa; usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita"); fazer que a vítima passe vergonha na frente de várias pessoas.

Bullying professor-aluno

O assédio escolar pode ser praticado de um professor para um aluno. As técnicas mais comuns são: intimidar o aluno em voz alta rebaixando-o perante a classe e ofendendo sua auto-estima. Uma forma mais cruel e severa é manipular a classe contra um único aluno expondo-o à humilhação; assumir um critério mais rigoroso na correcção de provas com o aluno e não com os demais. Alguns professores podem perseguir alunos com notas baixas; ameaçar o aluno de reprovação; negar ao aluno o direito de ir ao banheiro ou beber água, expondo-o a tortura psicológica; difamar o aluno no conselho de professores, aos coordenadores e acusá-lo de actos que não cometeu; tortura física, mais comuns em crianças pequenas. Puxões de orelha, tapas e cascudos.

Locais de bullying

O bullying pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interactuam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. Em escolas, o assédio escolar geralmente ocorre em áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da escola. Alguns sinais são comuns como a recusa da criança de ir à escola ao alegar sintomas como dor de barriga ou apresentar irritação, nervosismo ou tristeza anormais.

Entre vizinhos o assédio escolar normalmente toma a forma de intimidação por comportamento inconveniente, tais como barulho excessivo para perturbar o sono e os padrões de vida normais ou fazer queixa às autoridades (tais como a polícia) por incidentes menores ou forjados. O propósito desta forma de comportamento é fazer com que a vítima fique tão desconfortável que acabe por se mudar da propriedade. Nem todo comportamento inconveniente pode ser caracterizado como assédio escolar: a falta de sensibilidade pode ser uma explicação.

Estes são alguns dos aspectos que sumarizei para dar uma ideia do fenómeno do bullying, algo que está crescendo em todas as sociedades, e que os especialistas terão que ter em consideração, assim como a sociedade civil.



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