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José Martins, major do exército, considera que Ota não devia ter sido solução para os infetados com CovidHavia outras soluções para “isolar” os infetados mais perto de Lisboa que está cercada por quartéis
Miguel António Rodrigues
08-05-2020 às 18:36 |
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José Martins, major do exército, na reforma considera que a opção das autoridades em levar de um hostel de Lisboa 170 infetados, na sua maioria migrantes, por Covid-19 para a Ota não foi a mais correta. José Martins que atualmente desempenha funções de presidente da Junta do Carregado e Cadafais, tem uma vasta experiência no que toca à instituição militar onde esteve cerca de 30 anos.
Foi na qualidade de antigo militar que falou ao Valor Local sobre o atual momento que as Forças Armadas Portuguesas (FAP) estão a viver em Portugal. Para José Martins, as FAP “estão ao nível das melhores” e reforça: “Podemos ser pequeninos no tamanho, mas somos grandes no conhecimento e no empenho nas missões”. O antigo militar revela que, no seu entender, havia outras soluções para “isolar” os infetados mais perto de Lisboa “que está cercada por muitos quartéis com capacidade de confinamento e todas as características que podiam ser aproveitadas nesse sentido”. Para José Martins a deslocalização das pessoas infetadas “para a base da Ota que embora esteja isolada tem pessoas a viver à volta não foi a mais acertada”. “Não concordo” porque acima de tudo “falta uma mensagem de confiança à população”, lamentando que nem a própria junta de Ota teve conhecimento das intenções das autoridades de saúde. José Martins vai ainda mais longe ao afirmar “que as juntas de freguesia são o parente mais pobre da política no nosso país”. O antigo militar refere que as juntas são o órgão autárquico mais próximo das pessoas e em muitos casos são ignoradas, ressalvando o facto de não ter qualquer razão de queixa da articulação com a Câmara Municipal de Alenquer, no entanto, refere que essa prática é cada vez mais comum no território nacional. O antigo militar diz não criticar a decisão, mas refere, por outro lado, que a própria deslocalização das pessoas através de autocarros da capital para Ota, também acarretou riscos, na sua opinião, a que se juntou o facto de estarem agora mais longe dos hospitais de referência “embora permaneçam em quarentena”. Com duas missões na Bósnia, José Martins conhece bem as capacidades do exército português. “Temos uma boa capacidade técnica ao nível, por exemplo, da engenharia”, e isso “faz toda a diferença numa altura em que as forças armadas são chamadas a servir o país, embora em contexto de paz.” “Temos um conhecimento acumulado nas forças armadas que se for bem aproveitado pode contribuir muito mais em prol da população e pode ajudar que no terreno se possa restabelecer mais depressa a normalidade”. PUB
Há, no entanto, uma série de “entraves” que enfraqueceram as forças armadas. “A falta de meios e de efetivos que se têm agravado nos últimos anos fruto de opções políticas”, de acordo com José Martins.
Neste último caso insere-se o fim do serviço militar obrigatório. José Martins refere que não defende os dois anos obrigatórios, mas um modelo mais leve, vincando a importância dos valores adquiridos na instituição militar. Por outro lado, e com uma experiência no mundo da proteção civil como comandante dos bombeiros de Sacavém e membro do conselho diretivo do INEM, José Martins salienta que ninguém estava preparado para a pandemia. José Martins revela que os portugueses estão a saber enfrentar os problemas com elevação e vinca que, nestas últimas semanas, temos assistido a uma reeducação da sociedade. As pessoas “já não vão tanto às urgências dos hospitais”. “Questionam essa necessidade” e isso, segundo o antigo militar é fruto, por exemplo, de uma aprendizagem nova. |
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