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Jovens do Cartaxo guiam visita em nome da tradição

O Vinho, a Vinha, e o Mundo Rural foi o tema escolhido pela Câmara Municipal do Cartaxo para o desafio que, todos os anos, coloca aos candidatos e candidatas ao título de Rei e Rainha das Vindimas do concelho

02-09-2015 às 18:16
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​​O dia 26 de setembro começou cedo para as candidatas e para os candidatos a Rei e Rainhas das Vindimas do Concelho do Cartaxo. Acompanhados pelos presidentes e representantes de junta de freguesia e por familiares, os jovens marcaram encontro na Lapa, para um dia de viagem por todo o concelho – com alguns nervos e boa disposição, lá partiram para mostrarem o que cada freguesia tem de melhor.
 
O Vinho, a Vinha e o Mundo Rural, foi o tema proposto aos candidatos para a visita guiada que prepararam com o apoio das famílias, das juntas de freguesia, das associações locais e da população. Para além dos momentos especiais – visitas a lugares únicos ou encenações e reconstituições dos tempos de antigamente –, os jovens aproveitaram para falar das suas terras com o entusiasmo que alguns revelaram ser, também, fruto da investigação que fizeram para a prova – atividades económicas, gastronomia, festas populares e religiosas, património histórico, lendas, associações locais, origem da toponímia ou dos nomes das suas freguesias –, nada deixaram ao acaso.
 
O presidente da Câmara, Pedro Ribeiro, que acompanhou os candidatos durante a paragem em Vila Chã de Ourique reconheceu  que “o entusiasmo que estes jovens colocam na sua participação e o orgulho com que defendem cada uma das suas freguesias é notável e essencial. Se quisermos construir uma comunidade que assuma as suas especificidades como fator de valorização, num mundo cada vez mais globalizado, precisamos manter vivas as nossas tradições”.
 
Lapa e Ereira mostraram como a vinha e o vinho marcam a economia da freguesia e o património cultural do povo

Beatriz Costa e Nuno Franco foram os primeiros a fazer da sua prova, um convite a viajar no tempo. Os candidatos da União de Freguesias de Ereira e Lapa, receberam a comitiva junto a uma taberna centenária – aTaberna do Alfaiate –, com a voz cristalina de uma jovem, elemento do TAJE (Teatro Amador Juvenil da Ereira) a dar as boas-vindas à comitiva com a canção Senhor Vinho a dar o mote para o tema que marcaria toda a visita.
 
Encarnando eles próprios os primeiros donos do estabelecimento, que é dos mais antigos do distrito, os candidatos vestiram-se a rigor e recuaram a 1889 – data em que a Taberna abriu portas. Num pequeno e muito divertido diálogo contaram a história do estabelecimento que se confunde com a própria história da Lapa e mostraram como o trabalho nas vinhas marcava a vida social da altura. Foi precisamente para uma vinha, na Ereira, que os candidatos conduziram, logo de seguida, a comitiva.
 
Tal como os trabalhadores que, em tempos idos, percorriam a pé a distância entre a sua casa e os campos cultivados, onde trabalhavam de sol a sol, também a visita seguiu por um caminho de terra até à vinha onde outros jovens terminavam a vindima e entoavam canções que são parte do Cancioneiro do Ribatejo. Foi na vinha, entre as cantadeiras, que os candidatos falaram das diferenças entre aqueles tempos e os dias de hoje – os braços de trabalho e o conhecimento passado de geração em geração, foram sendo substituídos pelas máquinas. Também às castas tradicionais “como a mourisca, o bastardo ou a labrusca, outras se foram juntando, sempre com a preocupação em melhorar ainda mais a qualidade do vinho, que antes era conhecido como vinho presunto, por ser de cortar à faca” explicou o Nuno que garantiu “a economia girava à volta do vinho, que empregava toda a mão-de-obra disponível”.
 
Os candidatos convidaram a comitiva a imitar os trabalhadores e trabalhadoras de outros tempos, dançando ao som da marcha, já que “era na vindima que o povo mais manifestava a sua alegria”, afiançou a Beatriz. Terminados os trabalhos, todos regressaram à Ereira – a comitiva continuou o seu percurso pelo concelho e os trabalhadores voltaram a casa com os cestos de uvas – em rigor, voltaram à sede do Rancho Folclórico da Ereira, ao qual pertencem.
 
Adega Cooperativa como palco de sucesso para os vinhos do Cartaxo

Rita Figueiras foi a segunda candidata a prestar a sua prova. Ainda sem companheiro para a ajudar a apresentar a União de Freguesias do Cartaxo e Vale da Pinta, a jovem não se fez rogada e respondeu ao desafio escolhendo a Adega Cooperativa do Cartaxo para mostrar uma outra faceta do tema – explicando como a produção do vinho, apesar de já não ser o que era no que respeita aos processos de trabalho, se mantém viva por ter se ter sabido transformar e modernizar, aliando a tradição à constante aposta na qualidade.
 
A candidata foi recebida na Adega por Pedro Gil, enólogo responsável por vinhos que, desde há anos, arrecadaram diversas medalhas de ouro e prata, em concursos nacionais e internacionais.
 
Mas foi à Rita que coube em exclusivo conduzir a visita, levando os elementos da comitiva por um percurso que reproduziu o que se poderia chamar – o caminho da uva ao vinho. Desde a chegada dos tratores carregados dos doces frutos, até ao momento em que as garrafas são fechadas nas suas caixas de cartão, para seguirem para todo o país e para muitos lugares no mundo.
 
As uvas são pesadas e analisadas logo à entrada da Cooperativa – a candidata explicou como esta chegada é da máxima importância, “pois não é só o peso que define a quantia a pagar ao produtor, na verdade é o açúcar das suas uvas, que define o valor da sua carga”. Depois de pesadas, o circuito apenas tem paragens para que as uvas se transformem em algo muito mais valioso, o vinho – que encerra em si sabores, aromas e tonalidades que lhe conferem a identidade única do Ribatejo.
A visita terminou no laboratório onde, entre vidrinhos e amostras, o enólogo controla diariamente a transformação da uva em vinho, criando o produto final.
 
Candidatos de Vila Chã de Ourique visitam Quinta do Falcão
Ana Sério e Nuno Ribeiro vestiram-se a rigor para conduzir a visita a uma freguesia onde pequenos terrenos e extensas propriedades exibem vinhas e fazem adivinhar a forte ligação da terra ao vinho e ao mundo rural. Os candidatos escolheram a Quinta do Falcão para falar, precisamente, da importância da agricultura na vida da população.
 
A chegada à Quinta do Falcão oferece ao visitante um cenário idílico de início de outono – com o sol do meio dia a iluminar as vinhas já vindimadas, que se estendem em linhas retas de vermelho escuro e verde vivo, pelos campos. Ana e Nuno falaram da Quinta, das vinhas novas e das alterações introduzidas no processo de cultivo, produção e comercialização que, a par do respeito pela tradição, terão dado aos vinhos desta casa agrícola o reconhecimento nacional e internacional, que hoje lhe está reservado.
 
Entrados no conjunto de edifícios da Quinta – testemunho da arquitetura ribatejana –, os candidatos mostraram os jardins que hoje acolhem festas e eventos privados e os estábulos onde os cavalos descansam junto ao picadeiro coberto. Para encerrar a visita, ficou a promessa do sabor original do Arroube – doce tradicional que junta os frutos da época ao mosto da uva e que a Ana e o Nuno ofereceram aos outros jovens que os acompanham nesta eleição.
 
Foi à freguesia de Vila Chã de Ourique que coube este ano acolher a visita guiada à hora de almoço – refeição que serviu também para as jovens e os jovens se conhecerem melhor antes das provas que a partir de agora terão de prestar. O almoço foi confecionado e servido no recinto de festas, pelo Rancho Folclórico “Os Campinos” de Vila Chã de Ourique.
 
Valada guarda segredos entre as terras negras de aluvião e as águas do Tejo
Tânia Batista e João Duarte conduziram a visita à maior freguesia do concelho – “em termos territoriais”. Chegando a um dos aglomerados da freguesia, Porto de Muge, Tânia destaca desde logo a ponte que liga as duas margens do Tejo e foi inaugurada por D. Carlos I que lhe atribuiu o nome de Ponte Rainha D. Amélia.
 
Seguindo em direção à aldeia de Valada, os candidatos descreveram a freguesia que recebe, há dois anos consecutivos, o Festival Reverence e a Agroglobal – feira agrícola que ocupa de dois em dois anos as terras do Mouchão da Fonte Boa e recebeu na sua última edição mais de 20 mil pessoas.
 
A ladear o caminho, estendem-se as terras pretas de aluvião, das mais férteis do país, onde ao longo ano se produz tomate, melão, milho, brócolos e vinha – que nos últimos anos tem vindo a conquistar cada vez mais terreno e dá corpo a vinhos de qualidade reconhecida pelos consumidores mais exigentes, no país e no estrangeiro. Tânia e João falam com entusiasmo do lugar dos vinhos de Valada na vida da freguesia e do país – eram vendidos a lote e seguiam em cartolas para as tabernas de Lisboa.
 
Foi a uma das quintas desses tempos que os candidatos levaram a comitiva – verdadeiro museu, testemunho de uma época. A quinta era das mais avançadas na produção de vinho branco e tinto, na adega guarda ferramentas únicas, tonéis, mecanismos e, quem sabe, memórias das gentes que ali passavam os meses das vindimas, barrões e barronas que tinham pouco mais do que uma esteira para pernoitar e produziam mais de 100 pipas de vinho “num ano bom”, como explicou a Tânia.
 
De Valada, João contou aos visitantes muitas outras histórias – a da 1.ª prova de velocidade que trouxe a Valada centenas de pessoas que encheram os comboios vindos de Lisboa, o Rei D. Carlos I e a Rainha D. Amélia, ou a da Quinta Mota de Frade que acolheu a população na cheia de 1979, ou a da aldeia da Palhota, resultado dos pescadores de Vieira de Leiria que ali se fixaram, construindo a aldeia palafita. Tudo, enquanto do outro lado do dique “temos a paisagem mais linda e espetacular que se possa imaginar”, afirmou a Tânia, trazendo a todos a imagem do rio Tejo e das suas margens tranquilas.
 
Candidatos chegam a Vale da Pedra mesmo ao lavar dos cestos

Em Vale da Pedra foi a Andreia Palma e o Tiago Carneiro que conduziram a visita. Os trajes que envergavam faziam adivinhar que, chegados a Vale da Pedra, teriam gente de outros tempos à sua espera, e assim foi. À saída da vinha juntaram-se a quem trazia os últimos cestos carregados de uvas – estava terminada a vindima e os trabalhadores dirigiam-se para a Adega da Quinta do Vale da Pedra para, sob o olhar atento do “patrão e da patroazinha” pisarem as uvas e encherem as pipas. Enquanto trabalhavam afincadamente, a Andreia e o Tiago falavam de hábitos antigos e de ferramentas a que poucos já conhecem a utilidade.
 
Os trabalhos dos candidatos mostraram também como a organização social estava dependente dos trabalhos no campo – o papel de cada um foi retratado por elementos do Rancho Folclórico de Vale da Pedra –, das raparigas namoradeiras, passando pelo acordeonista que animava a adiafa e os escassos intervalos nos duros trabalhos da vindima, até à capataz que era a ligação dos trabalhadores aos patrões, donos das terras e das vinhas.
 
E como não há vindima que não termine em festa, lá se chamou o acordeonista para animar a adiafa, não sem antes a capataz, o patrão e a patroazinha assegurarem que estavam encontrados os reis das vindimas para o novo ano – com as coroas a passarem da Cátia para a Andreia e do Bruno para o Tiago, antigos e novos reis, juntos no mesmo baile que celebrou a união do povo em redor de um dos seus mais importantes sustentos – o vinho.
 
Pontével recuou no tempo para receber os candidatos
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Ana Rita e Miguel Ângelo foram os guias da última visita do dia. Na vinha improvisada, os trabalhos foram mostrados por gente que os conhece com as palmas da sua mão – da plantação do bacelo, à enxertia, passando pela empa, é longo o tempo e o esforço até se chegar à vindima. Depois passaram à adega, onde o trabalho continua e os candidatos ensinaram aos visitantes novas palavras – pisa, ingaças, malhais, ou chinse.
 
Mas nem só da vinha e do vinho se fazia a vida no mundo rural dos seus bisavôs, e os candidatos contaram com dezenas de figurantes, população que voluntariamente envergou fatos antigos para mostrar como em Pontével se organizava a vida diária, e de como muito dessa vida se passava junto do Rio e da Fonte, essenciais quando “não havia água canalizada”. Os candidatos mostraram o trabalho árduo das lavadeiras que riam e lançavam graças enquanto esfregavam a roupa, ou os namoricos das raparigas e rapazes que iam buscar água à fonte.
 
Da vida diária, fazia parte a cozedura do pão e a Ana Rita levou a comitiva até à casa do forno, para contar como nasceram as Caspiadas ou as Pipias. Um pouco mais à frente, foram as costureiras que receberam os candidatos, numa homenagem a Venilde Anastácio, costureira e mulher que marcou a vida associativa de Pontével, pela postura solidária e de empenho na intervenção cultural e social.
 
Como não há ida à fonte e namorico que não dê em casamento, a reconstituição da vida neste mundo rural de outrora, terminou com os noivos a celebrarem a sua união e os candidatos a convidarem a comitiva para a festa. À mesa, foram o pão e vinho, mas também os doces únicos em Pontével, que encerraram um dia repleto de descoberta, que foi mais que uma visita guiada às tradições e à história do concelho – foi uma visita guiada às raízes e à origem dos candidatos.
 
Para todos os jovens, esta foi apenas uma das provas a prestar, outras se seguem – a prova de conhecimentos, que já decorreu no dia 28 de setembro e, no próximo dia 10 de outubro, às 21h00, a prova de Expressão e Comunicação, na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense que, este ano, terá por tema a igualdade de oportunidades. No dia 24 de outubro, às 21h00, será o Ateneu Artístico Cartaxense a receber a prova final dos candidatos, num espetáculo que encerrará com a coroação do Rei e da Rainhas das Vindimas do Concelho do Cartaxo.


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