Jovens filósofas do Cartaxo brilham nos campeonatos da disciplina

Maria João Robalo, Manuel João Pires e Patrícia Silva
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Maria João Robalo e Patrícia Silva da Escola Secundária do Cartaxo brilharam nas mais recentes olimpíadas nacionais de Filosofia. A primeira participou por estes dias numa competição internacional na Estónia, e a segunda ganhou uma menção honrosa na competição nacional. O Valor Local esteve à conversa com estas alunas do 10º ano e com o professor de Filosofia Manuel João Pires.

Patrícia Silva conta que o seu interesse pela disciplina foi “aumentando consecutivamente”, ao longo do ano letivo. Sendo que não contava com o resultado alcançado. Numa altura, em que subsiste na opinião pública a ideia feita de que os mais jovens têm dificuldade em articular um discurso e interpretar textos, esta aluna reforça que no seu caso possui um particular interesse por debater as mais diversas questões e tentar encontrar argumentos que fundamentem as suas razões. Durante as Olimpíadas de Filosofia, teve de elaborar, entre outros, um ensaio acerca da consideração ética sobre os animais. Neste caso “defendi que temos de ter consideração por alguns animais, mas não todos, apenas os que são capazes de sentir dor e que podem ser prejudicados ou beneficiados pelas nossas ações”.

No caso da vencedora da medalha de ouro, foi uma completa surpresa. “Demorei muitos dias a assimilar”, refere Maria João Robalo. Esta reportagem foi feita dias antes da partida da aluna para a Estónia, que considerou a possibilidade de estar presente numa prova internacional como um grande desafio. “É algo único!”. Durante o ano, despertou o seu interesse o capítulo dedicado ao livre arbítrio e à Ética. “Cheguei à conclusão de que não somos livres”. Foi esta a teoria que defendeu na prova que pelos vistos convenceu o júri. Depois do ensino secundário, as duas alunas gostariam de continuar a estudar Filosofia mas conjugar este interesse com a especialização noutra área.

“Avaliar a consistência da reflexão filosófica destes jovens” é o objetivo das Olimpíadas acrescenta o professor Manuel João Pires. Quanto aos resultados das alunas em causa, “acabaram por ser surpreendentes para a escola”, até porque estavam em competição 75 alunos de todo o país. Os 10 melhores ensaios foram avaliados por uma comissão constituída por professores universitários. “Fiquei surpreendido mas tinha uma grande confiança nas capacidades filosóficas delas, e que não seria totalmente impossível este resultado”.

Este docente acredita que nem todos os alunos possuem as mesmas capacidades filosóficas, mas que a ideia instalada de que a maioria dos jovens não consegue estruturar as suas ideias ou interpretar textos devidamente “é um mito”. “É necessário que também lhes sejam dadas condições. Obviamente que nem todos, no caso da minha disciplina, criam uma desejável empatia com a dimensão filosófica, mas afirmar que não sabem pensar ou refletir é excessivo. Temos de saber se foi dado a esses alunos o espaço e o tempo para o conseguirem fazer”. Neste âmbito, considera que a nível do ensino no país, “os programas do ministério da Educação podiam ser melhor pensados, e as escolas também convergirem nesse aspeto da potenciação da reflexão”. Nesta escola, funciona um clube de filosofia, cujas portas “estão abertas para os que o queiram frequentar, sem quaisquer tipos de imposições”.

Portugal tem tido boas prestações portuguesas nas olimpíadas internacionais de Filosofia, e Manuel João Pires lamenta que o país não aposte mais nos filósofos e licenciados em Filosofia. “Noutros países, os filósofos estão presentes nas mais diversas áreas, que consideram fundamental um pensador na dinâmica das suas organizações. “No Reino Unido, a taxa de empregabilidade é elevadíssima, há filósofos a trabalhar no marketing e publicidade”, por exemplo. Mas em Portugal a visão é restrita, e as saídas limitam-se quase ao ensino. “Os filósofos são capazes de pensar todas as possibilidades, e dar um contributo decisivo na teoria da decisão, ajudando o gestor a decidir e a dar um upgrade na análise da realidade”.

02-06-2015

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