
Legionella 2 anos depois...A Sombra do Cansaço
Sílvia Agostinho
25-12-2016 às 22:02
Passaram dois anos do surto de legionella em Vila Franca de Xira. Apenas este ano a investigação conseguiu confirmar nove arguidos neste processo, entre elas as duas empresas: a Adubos de Portugal e a General Eletric. Morreram 14 pessoas num total de cerca de 403 infetadas. A acusação ainda não foi deduzida e o processo enfrenta neste momento alguns entraves. A Polícia Judiciária refere que a disseminação da bactéria através das torres de refrigeração industrial, "mesmo causando perigo para a vida ou integridade física", poderá "não constituir crime de poluição com perigo comum", uma vez que não existe legislação específica – apenas recomendações, sem força de lei.
A doença do legionário é provocada pela bactéria Legionella pneumophila e contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Na altura, segundo o comunicado conjunto da Direção-Geral da Saúde, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e da Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território as análises confirmaram “que o isolamento por cultura da legionella encontrada em amostras de água de torres de arrefecimento, apresentava um perfil molecular semelhante ao das estirpes clínicas. Fomos ao encontro de alguns desses doentes que em 2014 foram vítimas do surto. Todos ficaram com sequelas, especialmente um cansaço constante que os acompanha sempre como se de uma sombra se tratasse.
Motorista de profissão, Joaquim Perdigoto Ramos, ainda se lembra como tudo começou. Foi no dia seis de novembro de 2014 que começou a sentir os primeiros sintomas que se caracterizavam por “febre, dores de cabeça, frio”. Foi ao hospital de Vila Franca de Xira onde lhe diagnosticaram um quadro de pneumonia. O médico receitou-lhe uns antibióticos e garantiu-lhe que podia voltar entretanto ao trabalho. Passados dois dias, o seu estado de saúde agravou-se. Os medicamentos não fizeram “efeito nenhum”. É então nesta altura que começam a surgir as primeiras notícias na comunicação social que davam conta de um surto de legionella no concelho de Vila Franca de Xira. Joaquim Perdigoto Ramos não associou, mas não demorou muito a voltar ao hospital. “Estava a começar a sentir muita falta de ar, e não melhorava com nada”.
“Cheguei ao hospital às 10h00 da noite e à meia-noite recebi o veredicto. Tinham-se passado cinco dias desde que começara a sentir os primeiros sintomas”. No dia seguinte foi transferido para o Hospital São Francisco Xavier. “Quer neste hospital quer no de Vila Franca fui sempre bem tratado, embora muita gente diga que correu mal aqui”. No hospital do concelho, “havia um grande caos mas acredito que se ainda estivéssemos no antigo, tinha morrido mais gente”. Na sua memória, ainda guarda as imagens quase cinematográficas de “cadeirões, sofás, e macas repletos de gente” em que “os médicos e os enfermeiros não tinham para onde se virar”. Nas suas palavras, o que aconteceu em Vila Franca só tem paralelo com os filmes – “Parecia um autêntico hospital de guerra”.
Ficou internado no hospital em Lisboa cerca de 12 dias, “onde fui sempre muito bem assistido”. Perante as notícias que se iam sucedendo que davam conta da morte de vizinhos e conhecidos às mãos de um vírus improvável, não esconde que “ficava, por vezes, com um bocadinho de medo”. Contudo, e como “ia sentindo algumas melhoras esse fantasma foi desaparecendo, mas não escondo que nos primeiros dias no São Francisco Xavier tinha muita tosse, falta de ar, febre, e mal conseguia dormir.”
Mais tarde e depois de recuperado, Joaquim Perdigoto Ramos considera que ficou com a ideia de que o diretor geral de Saúde, Francisco George, e o ministro do Ambiente de então, Jorge Moreira da Silva, “tentaram camuflar as evidências e as responsabilidades”. “De um momento para o outro deixou-se de falar da legionella”, deduz.
As sequelas da doença manifestam-se todos os dias – “Era fumador antes do dia seis de novembro. Desde esse dia que nunca mais fumei. Mas se antes quando fumava nunca me cansava, agora ando 50 metros e fico logo cansadíssimo”, descreve e deixa a questão – “Com que fundamento em 2012 se abandonou a lei que impunha a obrigatoriedade de fiscalização do controle de qualidade do ar em empresas como aquelas de que se falou”. Por isso, não considera que “A Adubos de Portugal seja culpada mas o nosso Estado corrupto”. Depois deste surto, “a lei ainda não mudou, quando já devia ter sido”.
Motorista da Rodoviária de Lisboa, refere que sete colegas também foram contaminados pelo vírus da legionella, e no seu entender a versão que agora aponta para a possibilidade de a doença ter sido transmitida “pessoa a pessoa” não lhe parece plausível. “Então no meu caso eu teria contaminado todas as pessoas que entram no autocarro nas voltas que faço até Lisboa/Areeiro”. Para a sua empresa, o facto de tantos motoristas terem sido afetados, “pesou mas a empresa apoiou-nos bastante”. Joaquim Perdigoto Ramos é hoje também mais sensível às gripes e constipações e até algumas alergias diz sentir. Tem consulta marcada para o início do ano para monitorização da questão em causa, “mas das últimas vezes disseramm-me que está tudo bem, apesar das sequelas com que fiquei”.
Quando se fala no apoio dado pelos órgãos autárquicos (junta e Câmara local), este habitante da Póvoa de Santa Iria considera que houve muito “show off e mediatismo da parte da Câmara”. A Câmara de Vila Franca de Xira assinou um protocolo com a delegação local da Ordem dos Advogados no sentido de prestar apoio jurídico gratuito (durante três meses) às partes envolvidas, aconselhar e encaminhar as famílias que quisessem colocar processos aos suspeitos do foco no município. Quanto à junta, “chamou-me há dias para me incentivar a constituir uma associação de vítimas da legionella”.
Joaquim Perdigoto Ramos diz que está na expetativa para ver o que se vai seguir, e acredita que o caso possa passar por colocar o próprio Estado em tribunal. Se um dia será ou não feita justiça, não pensa nisso. “Não estou a pensar na indemnização, mas penso antes nos meus filhos e no futuro dos cidadãos do Forte da Casa e da Póvoa porque se ninguém fizer nada os lobbies das fábricas vão continuar impunes”. E neste aspeto deixa o repto – “De dia nada lançam para a atmosfera, mas durante a noite vemos intensas nuvens de fumo de fábricas como a ADP, a Valorsul, a Cimpor, e valia a pena uma visita guiada. Será que estas empresas são fiscalizadas à noite, quanto aos tetos máximos de emissão de gases?”.
Sílvia Agostinho
25-12-2016 às 22:02
Passaram dois anos do surto de legionella em Vila Franca de Xira. Apenas este ano a investigação conseguiu confirmar nove arguidos neste processo, entre elas as duas empresas: a Adubos de Portugal e a General Eletric. Morreram 14 pessoas num total de cerca de 403 infetadas. A acusação ainda não foi deduzida e o processo enfrenta neste momento alguns entraves. A Polícia Judiciária refere que a disseminação da bactéria através das torres de refrigeração industrial, "mesmo causando perigo para a vida ou integridade física", poderá "não constituir crime de poluição com perigo comum", uma vez que não existe legislação específica – apenas recomendações, sem força de lei.
A doença do legionário é provocada pela bactéria Legionella pneumophila e contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Na altura, segundo o comunicado conjunto da Direção-Geral da Saúde, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e da Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território as análises confirmaram “que o isolamento por cultura da legionella encontrada em amostras de água de torres de arrefecimento, apresentava um perfil molecular semelhante ao das estirpes clínicas. Fomos ao encontro de alguns desses doentes que em 2014 foram vítimas do surto. Todos ficaram com sequelas, especialmente um cansaço constante que os acompanha sempre como se de uma sombra se tratasse.
Motorista de profissão, Joaquim Perdigoto Ramos, ainda se lembra como tudo começou. Foi no dia seis de novembro de 2014 que começou a sentir os primeiros sintomas que se caracterizavam por “febre, dores de cabeça, frio”. Foi ao hospital de Vila Franca de Xira onde lhe diagnosticaram um quadro de pneumonia. O médico receitou-lhe uns antibióticos e garantiu-lhe que podia voltar entretanto ao trabalho. Passados dois dias, o seu estado de saúde agravou-se. Os medicamentos não fizeram “efeito nenhum”. É então nesta altura que começam a surgir as primeiras notícias na comunicação social que davam conta de um surto de legionella no concelho de Vila Franca de Xira. Joaquim Perdigoto Ramos não associou, mas não demorou muito a voltar ao hospital. “Estava a começar a sentir muita falta de ar, e não melhorava com nada”.
“Cheguei ao hospital às 10h00 da noite e à meia-noite recebi o veredicto. Tinham-se passado cinco dias desde que começara a sentir os primeiros sintomas”. No dia seguinte foi transferido para o Hospital São Francisco Xavier. “Quer neste hospital quer no de Vila Franca fui sempre bem tratado, embora muita gente diga que correu mal aqui”. No hospital do concelho, “havia um grande caos mas acredito que se ainda estivéssemos no antigo, tinha morrido mais gente”. Na sua memória, ainda guarda as imagens quase cinematográficas de “cadeirões, sofás, e macas repletos de gente” em que “os médicos e os enfermeiros não tinham para onde se virar”. Nas suas palavras, o que aconteceu em Vila Franca só tem paralelo com os filmes – “Parecia um autêntico hospital de guerra”.
Ficou internado no hospital em Lisboa cerca de 12 dias, “onde fui sempre muito bem assistido”. Perante as notícias que se iam sucedendo que davam conta da morte de vizinhos e conhecidos às mãos de um vírus improvável, não esconde que “ficava, por vezes, com um bocadinho de medo”. Contudo, e como “ia sentindo algumas melhoras esse fantasma foi desaparecendo, mas não escondo que nos primeiros dias no São Francisco Xavier tinha muita tosse, falta de ar, febre, e mal conseguia dormir.”
Mais tarde e depois de recuperado, Joaquim Perdigoto Ramos considera que ficou com a ideia de que o diretor geral de Saúde, Francisco George, e o ministro do Ambiente de então, Jorge Moreira da Silva, “tentaram camuflar as evidências e as responsabilidades”. “De um momento para o outro deixou-se de falar da legionella”, deduz.
As sequelas da doença manifestam-se todos os dias – “Era fumador antes do dia seis de novembro. Desde esse dia que nunca mais fumei. Mas se antes quando fumava nunca me cansava, agora ando 50 metros e fico logo cansadíssimo”, descreve e deixa a questão – “Com que fundamento em 2012 se abandonou a lei que impunha a obrigatoriedade de fiscalização do controle de qualidade do ar em empresas como aquelas de que se falou”. Por isso, não considera que “A Adubos de Portugal seja culpada mas o nosso Estado corrupto”. Depois deste surto, “a lei ainda não mudou, quando já devia ter sido”.
Motorista da Rodoviária de Lisboa, refere que sete colegas também foram contaminados pelo vírus da legionella, e no seu entender a versão que agora aponta para a possibilidade de a doença ter sido transmitida “pessoa a pessoa” não lhe parece plausível. “Então no meu caso eu teria contaminado todas as pessoas que entram no autocarro nas voltas que faço até Lisboa/Areeiro”. Para a sua empresa, o facto de tantos motoristas terem sido afetados, “pesou mas a empresa apoiou-nos bastante”. Joaquim Perdigoto Ramos é hoje também mais sensível às gripes e constipações e até algumas alergias diz sentir. Tem consulta marcada para o início do ano para monitorização da questão em causa, “mas das últimas vezes disseramm-me que está tudo bem, apesar das sequelas com que fiquei”.
Quando se fala no apoio dado pelos órgãos autárquicos (junta e Câmara local), este habitante da Póvoa de Santa Iria considera que houve muito “show off e mediatismo da parte da Câmara”. A Câmara de Vila Franca de Xira assinou um protocolo com a delegação local da Ordem dos Advogados no sentido de prestar apoio jurídico gratuito (durante três meses) às partes envolvidas, aconselhar e encaminhar as famílias que quisessem colocar processos aos suspeitos do foco no município. Quanto à junta, “chamou-me há dias para me incentivar a constituir uma associação de vítimas da legionella”.
Joaquim Perdigoto Ramos diz que está na expetativa para ver o que se vai seguir, e acredita que o caso possa passar por colocar o próprio Estado em tribunal. Se um dia será ou não feita justiça, não pensa nisso. “Não estou a pensar na indemnização, mas penso antes nos meus filhos e no futuro dos cidadãos do Forte da Casa e da Póvoa porque se ninguém fizer nada os lobbies das fábricas vão continuar impunes”. E neste aspeto deixa o repto – “De dia nada lançam para a atmosfera, mas durante a noite vemos intensas nuvens de fumo de fábricas como a ADP, a Valorsul, a Cimpor, e valia a pena uma visita guiada. Será que estas empresas são fiscalizadas à noite, quanto aos tetos máximos de emissão de gases?”.

Fernando Marques
“Sinto-me sempre fraco”
Fernando Marques foi também uma das vítimas deste surto epidémico. Ainda hoje as sequelas estão presentes, e tal como os demais afetados pela legionella o cansaço repentino e constante é uma realidade com a qual teve de se habituar a conviver.
Naqueles primeiros dias de novembro de 2014, ainda se lembra como tudo começou – “Sentia-me cheio de frio, mesmo muito frio”. Tal como muitas outras pessoas que se sentiram mal, pensou tratar-se de mais uma gripe da estação. Fernando Marques trabalha num café, e para aguentar os dias seguintes sem ter de deixar de trabalhar, achou que vestindo mais roupa o caso podia melhorar de figura mas não foi assim. Rapidamente foi levado de ambulância para o hospital de Vila Franca de Xira, onde lhe foi diagnosticado o quadro de legionella. Lembra-se de uma sala cheia de doentes, “todos mais ou menos desesperados”. De seguida foi enviado para o Hospital São Francisco Xavier, para onde também foram encaminhados os restantes doentes. Aqui ficou internado durante 12 dias seguintes, tendo sido submetido a uma série de exames constantes aos pulmões, análises, colonoscopia, e endoscopia. Depois de ter regressado a casa, teve de voltar por causa de uma consulta, e acabou por ser internado novamente por mais 11 dias, “porque um dos pulmões ainda apresentava aquela macha branca como os médicos lhe chamam”. Quando o pesadelo terminou foi ficando a saber que um ou outro vizinho também tinha apanhado o vírus. “Fiquei bastante surpreendido, e troquei algumas impressões com essas pessoas, acerca dos sintomas e de tudo o que tínhamos passado”.
Apesar da dificuldade em debelar o caso, diz que nunca se sentiu em pânico pois tranquilamente foi dando conta de que estava a ser bem seguido pelos médicos do São Francisco Xavier – “Foram cinco estrelas, e por isso fui sempre tratadinho como deve ser”. Diz que nunca pensou na morte, e o nome legionella, confessa que lhe era estranho – “Nunca tinha ouvido falar em tal coisa”. Fernando Marques ainda continua a ser seguido devido ao episódio mas mais espaçadamente do que no início.
Este morador da Póvoa diz que nunca se interessou muito por procurar seguir com o caso para a frente a nível judicial. Esteve na junta da Póvoa, onde em conjunto com a população os autarcas “tentaram reunir papelada para preenchermos e pedirmos uma indemnização”. “Acabei por não meter papel nenhum, e pensei que o melhor era estar quieto porque possivelmente não vai dar em nada. Tinha de contratar um advogado e gastar no pagamento de honorários, até que o caso esteja resolvido, talvez daqui a uns cinco ou seis anos”.
Hoje faz a sua vida normal, a fraqueza nas pernas vai acompanhando-o e é um sinal de que um dia fez parte das estatísticas de um dos maiores surtos a nível mundial. A mesma energia dantes, é algo que nunca mais sentiu. “Sinto-me fraco. É o meu estado normal agora”.
Embora hoje não perca tempo a pensar no que se passou no sentido de colocar no banco dos réus os culpados e os condenar por isso, não tem dúvidas de que aqueles que perderam familiares devido à legionella devem prosseguir esse intento, bem como “os que ficaram em pior estado do que eu”. Quanto ao papel da junta e da Câmara é da opinião de que “fizeram o possível, se calhar não podiam fazer muito mais”. “Disponibilizaram-se com a papelada, depois cada um teria de seguir o seu próprio caminho”. Se as empresas da Póvoa e do Forte da Casa melhoraram o seu modo de atuação a nível ambiental refere que não tem conhecimentos mas como diz o ditado “depois de casa arrombada trancas à porta”.
Fernando Marques
“Sinto-me sempre fraco”
Fernando Marques foi também uma das vítimas deste surto epidémico. Ainda hoje as sequelas estão presentes, e tal como os demais afetados pela legionella o cansaço repentino e constante é uma realidade com a qual teve de se habituar a conviver.
Naqueles primeiros dias de novembro de 2014, ainda se lembra como tudo começou – “Sentia-me cheio de frio, mesmo muito frio”. Tal como muitas outras pessoas que se sentiram mal, pensou tratar-se de mais uma gripe da estação. Fernando Marques trabalha num café, e para aguentar os dias seguintes sem ter de deixar de trabalhar, achou que vestindo mais roupa o caso podia melhorar de figura mas não foi assim. Rapidamente foi levado de ambulância para o hospital de Vila Franca de Xira, onde lhe foi diagnosticado o quadro de legionella. Lembra-se de uma sala cheia de doentes, “todos mais ou menos desesperados”. De seguida foi enviado para o Hospital São Francisco Xavier, para onde também foram encaminhados os restantes doentes. Aqui ficou internado durante 12 dias seguintes, tendo sido submetido a uma série de exames constantes aos pulmões, análises, colonoscopia, e endoscopia. Depois de ter regressado a casa, teve de voltar por causa de uma consulta, e acabou por ser internado novamente por mais 11 dias, “porque um dos pulmões ainda apresentava aquela macha branca como os médicos lhe chamam”. Quando o pesadelo terminou foi ficando a saber que um ou outro vizinho também tinha apanhado o vírus. “Fiquei bastante surpreendido, e troquei algumas impressões com essas pessoas, acerca dos sintomas e de tudo o que tínhamos passado”.
Apesar da dificuldade em debelar o caso, diz que nunca se sentiu em pânico pois tranquilamente foi dando conta de que estava a ser bem seguido pelos médicos do São Francisco Xavier – “Foram cinco estrelas, e por isso fui sempre tratadinho como deve ser”. Diz que nunca pensou na morte, e o nome legionella, confessa que lhe era estranho – “Nunca tinha ouvido falar em tal coisa”. Fernando Marques ainda continua a ser seguido devido ao episódio mas mais espaçadamente do que no início.
Este morador da Póvoa diz que nunca se interessou muito por procurar seguir com o caso para a frente a nível judicial. Esteve na junta da Póvoa, onde em conjunto com a população os autarcas “tentaram reunir papelada para preenchermos e pedirmos uma indemnização”. “Acabei por não meter papel nenhum, e pensei que o melhor era estar quieto porque possivelmente não vai dar em nada. Tinha de contratar um advogado e gastar no pagamento de honorários, até que o caso esteja resolvido, talvez daqui a uns cinco ou seis anos”.
Hoje faz a sua vida normal, a fraqueza nas pernas vai acompanhando-o e é um sinal de que um dia fez parte das estatísticas de um dos maiores surtos a nível mundial. A mesma energia dantes, é algo que nunca mais sentiu. “Sinto-me fraco. É o meu estado normal agora”.
Embora hoje não perca tempo a pensar no que se passou no sentido de colocar no banco dos réus os culpados e os condenar por isso, não tem dúvidas de que aqueles que perderam familiares devido à legionella devem prosseguir esse intento, bem como “os que ficaram em pior estado do que eu”. Quanto ao papel da junta e da Câmara é da opinião de que “fizeram o possível, se calhar não podiam fazer muito mais”. “Disponibilizaram-se com a papelada, depois cada um teria de seguir o seu próprio caminho”. Se as empresas da Póvoa e do Forte da Casa melhoraram o seu modo de atuação a nível ambiental refere que não tem conhecimentos mas como diz o ditado “depois de casa arrombada trancas à porta”.
Câmara quer mais celeridade judicial
A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira encontra-se na expetativa mas também alerta para o que se pode vir a seguir. O presidente da autarquia, Alberto Mesquita, reforça que já se passaram dois anos, e por isso a justiça deverá ser mais célere, apesar de ser tratar de uma “averiguação complexa”.
Sobre a mais recente notícia que dá conta da possibilidade de a ADP e General Eletric não serem responsabilizadas por crime ambiental por falha na legislação e apenas por infrações de regras e dano em instalações, comprometendo-se assim o objetivo final das vítimas, Alberto Mesquita considera que “tudo isso é ainda extemporâneo”, sendo que “há outros enquadramentos legais possíveis a considerar”. Esta é segundo o autarca uma opinião também ela partilhada pela delegação de Vila Franca da Ordem dos Advogados.
“De qualquer forma, desde o início deste processo que a Câmara Municipal tem defendido que a legislação ambiental deve ser bem analisada pelo Governo para que se procedam às alterações consideradas pertinentes para a exigência de um adequado controlo ambiental das empresas”, dá a nota referindo-se ao facto de, ao fim e ao cabo, a legislação ter andado para trás a dada altura.
A Câmara diz ainda que prestou auxílio através da Ordem dos Advogados às vítimas e famílias, disponibilizando gratuitamente 30 advogados a perto de 200 pessoas, que apresentaram queixa-crime no Ministério Público. Esse apoio foi dado gratuitamente durante três meses, segundo o que chegou a ser anunciado em conferência de imprensa.
A Câmara diz que em conversa com a empresa ficou com a convicção de que a assumirá a sua responsabilidade “que vier a decorrer da investigação em curso”. Mediante também a acusação que venha a ser produzida “o município considera interpor uma ação a fim de ser ressarcido pelos danos que o concelho foi alvo”.
Presidente da União de Freguesias defende criação de associação
O presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Jorge Ribeiro, acredita que as vítimas de legionella deveriam formar uma associação para que numa lógica de “a união faz a força” poderem lutar pelos seus direitos de uma forma “mais ativa”, porque “não podemos deixar que este assunto caia no esquecimento”, e “a culpa não morra solteira”.
Jorge Ribeiro confessa que tem assistido a um misto de atitudes – “por um lado há quem se mantenha perseverante e outros já baixaram os braços”. Prova disso é que apenas uma pessoa decidiu até ao momento levar o processo em frente até às últimas consequências. Os restantes estão integrados na ação conjunta. Quanto ao tempo da investigação refere que “não pode levar a vida toda”, e por isso pede celeridade. No total das duas freguesias 114 pessoas foram infetadas pela doença. O Estado, na sua opinião, também deve ser responsabilizado pela mudança brusca na lei.
Sobre o alegado show off da Câmara quanto à ajuda jurídica, desmente referindo que houve quem não percebesse bem o que estava em causa. “As pessoas tinham direito a uma primeira consulta de aconselhamento jurídico, em que lhes foi dito como teriam de agir, mas depois os passos seguintes seriam individuais, não podia ser a Câmara ou a Ordem dos Advogados a seguir com a burocracia.” Jorge Ribeiro sublinha ainda o apoio psicológico que foi dado às vítimas pelos técnicos da autarquia
A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira encontra-se na expetativa mas também alerta para o que se pode vir a seguir. O presidente da autarquia, Alberto Mesquita, reforça que já se passaram dois anos, e por isso a justiça deverá ser mais célere, apesar de ser tratar de uma “averiguação complexa”.
Sobre a mais recente notícia que dá conta da possibilidade de a ADP e General Eletric não serem responsabilizadas por crime ambiental por falha na legislação e apenas por infrações de regras e dano em instalações, comprometendo-se assim o objetivo final das vítimas, Alberto Mesquita considera que “tudo isso é ainda extemporâneo”, sendo que “há outros enquadramentos legais possíveis a considerar”. Esta é segundo o autarca uma opinião também ela partilhada pela delegação de Vila Franca da Ordem dos Advogados.
“De qualquer forma, desde o início deste processo que a Câmara Municipal tem defendido que a legislação ambiental deve ser bem analisada pelo Governo para que se procedam às alterações consideradas pertinentes para a exigência de um adequado controlo ambiental das empresas”, dá a nota referindo-se ao facto de, ao fim e ao cabo, a legislação ter andado para trás a dada altura.
A Câmara diz ainda que prestou auxílio através da Ordem dos Advogados às vítimas e famílias, disponibilizando gratuitamente 30 advogados a perto de 200 pessoas, que apresentaram queixa-crime no Ministério Público. Esse apoio foi dado gratuitamente durante três meses, segundo o que chegou a ser anunciado em conferência de imprensa.
A Câmara diz que em conversa com a empresa ficou com a convicção de que a assumirá a sua responsabilidade “que vier a decorrer da investigação em curso”. Mediante também a acusação que venha a ser produzida “o município considera interpor uma ação a fim de ser ressarcido pelos danos que o concelho foi alvo”.
Presidente da União de Freguesias defende criação de associação
O presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Jorge Ribeiro, acredita que as vítimas de legionella deveriam formar uma associação para que numa lógica de “a união faz a força” poderem lutar pelos seus direitos de uma forma “mais ativa”, porque “não podemos deixar que este assunto caia no esquecimento”, e “a culpa não morra solteira”.
Jorge Ribeiro confessa que tem assistido a um misto de atitudes – “por um lado há quem se mantenha perseverante e outros já baixaram os braços”. Prova disso é que apenas uma pessoa decidiu até ao momento levar o processo em frente até às últimas consequências. Os restantes estão integrados na ação conjunta. Quanto ao tempo da investigação refere que “não pode levar a vida toda”, e por isso pede celeridade. No total das duas freguesias 114 pessoas foram infetadas pela doença. O Estado, na sua opinião, também deve ser responsabilizado pela mudança brusca na lei.
Sobre o alegado show off da Câmara quanto à ajuda jurídica, desmente referindo que houve quem não percebesse bem o que estava em causa. “As pessoas tinham direito a uma primeira consulta de aconselhamento jurídico, em que lhes foi dito como teriam de agir, mas depois os passos seguintes seriam individuais, não podia ser a Câmara ou a Ordem dos Advogados a seguir com a burocracia.” Jorge Ribeiro sublinha ainda o apoio psicológico que foi dado às vítimas pelos técnicos da autarquia

Maria Adelaide desistiu da ação judicial
“Indemnização só serviria para pagar ao advogado”
Maria Adelaide foi também uma das atingidas pelo surto de legionella. Moradora em Azambuja, trabalha num jardim-de-infância na Póvoa de Santa Iria, tendo sido a única na instituição a contrair a doença, “talvez por trabalhar na cozinha onde os vapores se adensam”, disse à nossa reportagem há dois anos por altura do surto. Hoje já em 2016, o cansaço também no seu caso é o “companheiro indesejado” do quotidiano.
Começou a sentir os primeiros sintomas no dia oito de novembro, quando surgiram também os primeiros infetados deste surto, mas só foi ao hospital no dia 10. Na altura não prestou muita atenção aos sintomas, e o marido, António Silvestre, que assiste à nossa reportagem não hesita em dizer que é teimosa, “ e que preferiu tomar leite com mel e uns comprimidos apesar de a ter incentivado a ir ao médico”. Maria Adelaide pensava que era febre, mas a verdade é que um dia antes de ir para Vila Franca teve alucinações. “Parecia que ouvia gatunos em casa à noite, fiquei aterrorizada. Era já o efeito da febre”, lembra-se.
Na segunda-feira, dia 8, foi ao Hospital de Vila Franca de Xira, onde esperou quatro horas nas urgências. Com o surto instalado já há vários dias, e com centenas de pessoas hospitalizadas, a unidade, segundo a mesma, “não criou qualquer espécie de corredor de urgência para quem chegasse com sintomas de legionella”. “Demoraram hora e meia para triar, e deram-me a pulseira amarela”. Foi entretanto transportada para o Hospital São Francisco Xavier, “onde vinham picar-me de hora a hora”. “Durante o tempo em que fiquei internada, tive expetoração com sangue, e muitas dores de estômago, devido à força da tosse. Passei um mau bocado, fiquei alarmada a pensar que podia não ser só legionella, mas depois lá me sossegaram”, salienta, concluindo que apesar de tudo: “Fui sempre muito bem atendida, calhou-me uma médica espetacular”. Passou oito dias no hospital em causa, e depois regressou a casa. Curou-se e diz que ainda chegou a receber uma carta para efetuar um rastreio no hospital de Vila Franca em conjunto com os demais afetados pela legionella, “mas depois não me chamaram”.
Maria Adelaide continua a trabalhar na mesma instituição mas é com as lágrimas quase nos olhos que salienta o facto de as colegas terem alguma paciência para consigo dado que não consegue trabalhar durante muito tempo sem se começar a sentir cansada – “Elas vão-me rendendo e ajudando”, expressa.
Aquando da primeira vez que falámos com Maria Adelaide esta demonstrou a sua vontade de andar com o processo para a frente no sentido de sentar os culpados no banco dos réus, hoje essa hipótese está enterrada e esquecida – “A minha advogada disse que no meu caso, como não fui das mais afetadas não conseguiria mais do que três ou quatro mil euros de indemnização. Ora só para pagar a um advogado teria de desembolsar 80 euros por mês (960 euros por ano). Como isto já se arrasta há dois anos, e ainda deve estar para durar, cheguei à conclusão que não valia a pena, que assim só chegava mesmo para gastar em honorários”. Por outro lado, a Câmara de Vila Franca “deu a ideia de que ia apoiar todo o processo mas não passou de treta e de conversa”, salienta António Silvestre.
Hoje diz que apesar de tudo não ficou traumatizada e ainda brinca com as colegas sempre que abre a máquina de lavar louça e sai de lá de dentro o vapor da lavagem – “Digo que qualquer dia apanho outra vez a legionella”. Bastante crítica da nova lei que diminui a obrigatoriedade das manutenções, aponta a culpa ao anterior Governo. António Silvestre até junta – “Sempre me lembro daquela fábrica, a ADP, parar no verão paras manutenções”, como que a indicar que se está a pagar uma fatura muito elevada pela negligência que passou a ser quase que autorizada no Governo anterior. “O Estado português devia ser processado”, conclui Maria Adelaide.
Nesta reportagem ouvimos ainda o Hospital de Vila Franca de Xira que sublinha, apesar das críticas desta paciente ouvida na nossa reportagem, “a capacidade de identificação do vírus, a excelente resposta clínica, a mobilização interna de todas as áreas do hospital, a articulação e comunicação entre as equipas e com as entidades externas” nomeadamente, “através da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e com diversos hospitais da rede do Serviço Nacional de Saúde que assumiram uma grande relevância ao longo deste processo”. O Valor Local questionou no sentido de saber que ensinamentos tinham sido recolhidos e caso no futuro aconteça um surto semelhante se haveria algo a corrigir ou de que maneira a resposta seria diferente, mas o hospital não respondeu a esta pergunta, concluindo apenas: “A nossa rápida e eficaz resposta ao surto de legionella foi, aliás, elogiada e reconhecida publicamente pelas diferentes autoridades de saúde e, nomeadamente, pelo ministro da Saúde e pelo diretor geral de saúde”. O Valor Local contactou, ainda, a Direção Geral de Saúde mas sem resultados.
Quanto à ADP e General Eletric, em declarações ao Valor Local, em julho deste ano referiram que "foram cumpridas de forma inequívoca todas as obrigações legais decorrentes da sua licença ambiental que foi renovada em procedimento ordinário e sem qualquer alteração substancial ao seu conteúdo, a 20 de Outubro de 2015." A empresa apenas dois anos depois veio lamentar o sucedido e expressar a sua solidariedade para com as vítimas.
Maria Adelaide desistiu da ação judicial
“Indemnização só serviria para pagar ao advogado”
Maria Adelaide foi também uma das atingidas pelo surto de legionella. Moradora em Azambuja, trabalha num jardim-de-infância na Póvoa de Santa Iria, tendo sido a única na instituição a contrair a doença, “talvez por trabalhar na cozinha onde os vapores se adensam”, disse à nossa reportagem há dois anos por altura do surto. Hoje já em 2016, o cansaço também no seu caso é o “companheiro indesejado” do quotidiano.
Começou a sentir os primeiros sintomas no dia oito de novembro, quando surgiram também os primeiros infetados deste surto, mas só foi ao hospital no dia 10. Na altura não prestou muita atenção aos sintomas, e o marido, António Silvestre, que assiste à nossa reportagem não hesita em dizer que é teimosa, “ e que preferiu tomar leite com mel e uns comprimidos apesar de a ter incentivado a ir ao médico”. Maria Adelaide pensava que era febre, mas a verdade é que um dia antes de ir para Vila Franca teve alucinações. “Parecia que ouvia gatunos em casa à noite, fiquei aterrorizada. Era já o efeito da febre”, lembra-se.
Na segunda-feira, dia 8, foi ao Hospital de Vila Franca de Xira, onde esperou quatro horas nas urgências. Com o surto instalado já há vários dias, e com centenas de pessoas hospitalizadas, a unidade, segundo a mesma, “não criou qualquer espécie de corredor de urgência para quem chegasse com sintomas de legionella”. “Demoraram hora e meia para triar, e deram-me a pulseira amarela”. Foi entretanto transportada para o Hospital São Francisco Xavier, “onde vinham picar-me de hora a hora”. “Durante o tempo em que fiquei internada, tive expetoração com sangue, e muitas dores de estômago, devido à força da tosse. Passei um mau bocado, fiquei alarmada a pensar que podia não ser só legionella, mas depois lá me sossegaram”, salienta, concluindo que apesar de tudo: “Fui sempre muito bem atendida, calhou-me uma médica espetacular”. Passou oito dias no hospital em causa, e depois regressou a casa. Curou-se e diz que ainda chegou a receber uma carta para efetuar um rastreio no hospital de Vila Franca em conjunto com os demais afetados pela legionella, “mas depois não me chamaram”.
Maria Adelaide continua a trabalhar na mesma instituição mas é com as lágrimas quase nos olhos que salienta o facto de as colegas terem alguma paciência para consigo dado que não consegue trabalhar durante muito tempo sem se começar a sentir cansada – “Elas vão-me rendendo e ajudando”, expressa.
Aquando da primeira vez que falámos com Maria Adelaide esta demonstrou a sua vontade de andar com o processo para a frente no sentido de sentar os culpados no banco dos réus, hoje essa hipótese está enterrada e esquecida – “A minha advogada disse que no meu caso, como não fui das mais afetadas não conseguiria mais do que três ou quatro mil euros de indemnização. Ora só para pagar a um advogado teria de desembolsar 80 euros por mês (960 euros por ano). Como isto já se arrasta há dois anos, e ainda deve estar para durar, cheguei à conclusão que não valia a pena, que assim só chegava mesmo para gastar em honorários”. Por outro lado, a Câmara de Vila Franca “deu a ideia de que ia apoiar todo o processo mas não passou de treta e de conversa”, salienta António Silvestre.
Hoje diz que apesar de tudo não ficou traumatizada e ainda brinca com as colegas sempre que abre a máquina de lavar louça e sai de lá de dentro o vapor da lavagem – “Digo que qualquer dia apanho outra vez a legionella”. Bastante crítica da nova lei que diminui a obrigatoriedade das manutenções, aponta a culpa ao anterior Governo. António Silvestre até junta – “Sempre me lembro daquela fábrica, a ADP, parar no verão paras manutenções”, como que a indicar que se está a pagar uma fatura muito elevada pela negligência que passou a ser quase que autorizada no Governo anterior. “O Estado português devia ser processado”, conclui Maria Adelaide.
Nesta reportagem ouvimos ainda o Hospital de Vila Franca de Xira que sublinha, apesar das críticas desta paciente ouvida na nossa reportagem, “a capacidade de identificação do vírus, a excelente resposta clínica, a mobilização interna de todas as áreas do hospital, a articulação e comunicação entre as equipas e com as entidades externas” nomeadamente, “através da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e com diversos hospitais da rede do Serviço Nacional de Saúde que assumiram uma grande relevância ao longo deste processo”. O Valor Local questionou no sentido de saber que ensinamentos tinham sido recolhidos e caso no futuro aconteça um surto semelhante se haveria algo a corrigir ou de que maneira a resposta seria diferente, mas o hospital não respondeu a esta pergunta, concluindo apenas: “A nossa rápida e eficaz resposta ao surto de legionella foi, aliás, elogiada e reconhecida publicamente pelas diferentes autoridades de saúde e, nomeadamente, pelo ministro da Saúde e pelo diretor geral de saúde”. O Valor Local contactou, ainda, a Direção Geral de Saúde mas sem resultados.
Quanto à ADP e General Eletric, em declarações ao Valor Local, em julho deste ano referiram que "foram cumpridas de forma inequívoca todas as obrigações legais decorrentes da sua licença ambiental que foi renovada em procedimento ordinário e sem qualquer alteração substancial ao seu conteúdo, a 20 de Outubro de 2015." A empresa apenas dois anos depois veio lamentar o sucedido e expressar a sua solidariedade para com as vítimas.
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