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Limpeza da Ribeira do Sarra foi inglória
Empresas não param de enviar descargas. Cansaço apodera-se cada vez mais dos moradores
Sílvia Agostinho
24-12-2015 às 12:44
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ImagemEspuma é constante na ribeira
Apesar da recente limpeza que a Câmara de Alenquer efetuou na Ribeira do Sarra, Carregado, os focos de poluição continuam a fazer-se sentir. As descargas poluentes emanadas das fábricas que se localizam na proximidade do bairro são uma constante, e os maus cheiros são o pior cartão-de-visita do Sarra.

As denúncias deste estado de coisas já têm barbas, mas as autoridades competentes nomeadamente, a Inspeção Geral do Ambiente, numa carta enviada a um dos moradores do bairro – à qual o Valor Local teve acesso – referia que as empresas do complexo industrial Ota Park, nomeadamente, a Nally, e a Europastry, (acusadas de estarem na origem dos focos de poluição) possuem as respetivas ETAR’s licenciadas para tratamento dos seus efluentes industriais. Foram também levantados quatro autos da GNR que se encontram em segredo de justiça.

Um dos moradores do Sarra ouvido pelo Valor Local tem a sua opinião muito própria para o caso: “ Uma das empresas tamponou os esgotos, mas como as manilhas são encaixadas, permitem fuga, e as águas residuais escapam como se fossem minhocas através da terra”. “Esta poluição não tem razão de ser”, refere Carlos Assis, lamentando, ao mesmo tempo, que a limpeza da vala apesar de bem-sucedida, tenha valido de pouco, pois o mau aspeto continua a persistir devido às descargas. A juntar a tudo isto, o morador salienta que há outras causas a montante, nomeadamente, na zona industrial onde procedem à lavagem de camiões cisterna, poluindo uma linha de água que no seu trajeto conflui a jusante com a ribeira.  

O morador Artur Almeida é também um dos que sofre na pele com os efeitos da poluição no Sarrra. “No Verão não podemos abrir as janelas, devido às moscas e ao odor nauseabundo”, constata. Na sua opinião, o foco também é originado pela poluição que é produzida na zona industrial na linha de água que à posteriori desagua na ribeira. Os moradores referem que no total cerca de 200 a 300 pessoas do bairro são afetadas, “já para não falar dos habitantes da Barrada, onde termina o curso de água, antes de entrar no Tejo, onde existe um lago completamente putrefacto”, acrescentam. “Todos os dias de manhã há espuma”, elucidam, para demonstrar que as descargas são constantes. Carlos Assis também defende a teoria de que as empresas do antigo complexo Knorr produzem acima da capacidade das respetivas ETAR’S. “A Câmara limpou a ribeira, contudo foi inglório”, tendo em conta o estado de coisas, acrescenta Artur Almeida, que também não tem dúvidas de que a contribuir para este cenário estão não apenas as empresas, mas a lavagem dos camiões cisterna. Artur Almeida também desconfia de uma fábrica relacionada com mobiliário que opera na zona.
 
Os moradores lamentam que a Câmara não tenha uma posição mais vincada nesta matéria, e Artur Almeida refere que já houve uma situação em que uma técnica da autarquia tentou desvalorizar o caso. E A junta do Carregado também não é poupada. “Depois de uma descarga, também fizeram pouco caso e que o melhor era ignorar. Sou munícipe e pago 300 euros de IMI por ano, tenho direito a ser tratado como deve ser”, desabafa Artur Almeida. 


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Janelas ficaram assim depois de ter sido largado um composto químico na ribeira
Recentemente, com as descargas poluentes veio também um composto químico desconhecido. “Os estores ficaram pretos, o plástico degradou-se”. “Os responsáveis, de uma vez por todas, têm de ir à procura das empresas prevaricadoras”, alerta, por seu turno, Vítor Lemos.

A tudo isto acrescem os acidentes que vão acontecendo inadvertidamente em outras fábricas do Carregado: “Soube de um acidente numa outra empresa do Carregado, onde um monta-cargas partiu uma tubagem, e como não havia uma bacia de contenção no local, foi provocado um derrame de ácidos. Imediatamente vi uma grande movimentação de bombeiros a injetar água para a ribeira, para atenuar o efeito do acidente, e a entrada de ácidos”, conta Vítor Lemos. “É inacreditável que isto aconteça numa localidade a 30 quilómetros de Lisboa e onde moram milhares de pessoas”, desabafa Artur Almeida.


 “O assunto só ficará esquecido quando estiver totalmente resolvido”

A vereadora com o pelouro do ambiente no município, Dora Pereira, reforça que o trabalho de diagnóstico por parte dos técnicos da Câmara continua a ser efetuado, embora seja “exaustivo e moroso”, porque inclui o levantamento no terreno e uma análise detalhada de todos os processos de obras.

A autarquia frisa contudo que só consegue aplicar sanções no que se refere a questões urbanísticas através de autos de contraordenação, sendo que do ponto de vista ambiental continua a manter o contacto com as autoridades – “Aguardamos também pelo agendamento de uma reunião no Ministério do Ambiente e estamos em permanente contato com a Agência Portuguesa do Ambiente/Administração da Região Hidrográfica no sentido de colocar esta entidade a par de toda a situação e pressionando para que todas as medidas da sua tutela possam ser aplicadas.”

A vereadora adiante que se reuniu, no final de novembro, com os representantes do complexo Otapark (antiga Knorr) propriedade do Grupo ABB II com o propósito de levarem a cabo “todas as diligências no sentido de colmatarem algum problema que pudesse existir naquele local.” “Entretanto, deram-nos conhecimento que foi convocada uma Assembleia de Condomínio extraordinária com carácter de urgência e referido que o ‘assunto só ficará esquecido quando estiver totalmente resolvido’.”

O Valor Local contactou a Europastry, uma das empresas quase sempre desde visada, cujo responsável, Jorge Amado, defende “categoricamente” não ser autor dos acontecimentos relacionados com a ribeira. De acordo com os mesmos, os efluentes da empresa “são corretamente tratados, devidamente autorizados e regularmente auditados pelas autoridades competentes.” A empresa vai mais longe e diz mesmo: “Estamos muito preocupados e atentos ao desenrolar da situação, até porque coloca em causa o nosso bom nome e reputação, imaculada nestas e noutras matérias”. E por isso espera que as autoridades identifiquem o mais depressa possível os responsáveis. Por outro lado, não foi possível chegar à fala com a Nally, outra das empresas envolvidas.



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