Luís Valença, as suas memórias e o papel do Centro Equestre da Lezíria Grande
Foi agraciado recentemente pela junta de freguesia de Vila Franca de Xira e falou-nos de como o sonho começou
|05 Set 2021 20:14
Sílvia Carvalho d'Almeida A Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira galardoou Luís Valença, mestre nas artes equestres, com o prémio de Mérito Identitário, no ano em que o Centro Equestre da Lezíria Grande faz 40 anos de história.
“É um dos maiores equitadores nacionais e figura icónica do ensino equestre nacional e internacional”. Assim começa a homenagem a Luís Valença, na gala de comemoração do passado dia da cidade de Vila Franca de Xira, que decorreu no Ateneu Artístico Vilafranquense, no 37º aniversário da sua elevação. Na breve biografia dada a conhecer, foi descrito como “o criador de um primeiro projeto de equitação de formação e de utilidade turística no início dos anos 70”. Nascido a 18 maio de 1946 em Lisboa, Luís Filipe Duarte Valença Rodrigues, antes de se dedicar exclusivamente aos cavalos e equitação, frequentou a faculdade de Veterinária. Conta à nossa reportagem que estava a tirar o seu curso quando se impôs o serviço militar, o que veio de alguma maneira inviabilizar estes planos. Após esse período casou, e começou a ter mais responsabilidades, como ganhar sustento para a sua nova família, pelo que o curso nunca mais foi uma prioridade. Apesar deste percalço, construiu, ao longo de 60 anos, uma carreira invejável no mundo equestre. Tal como podemos ler na sua página pessoal, iniciou a prática de equitação em 1951, no Picadeiro das Amoreiras de José Mota. Aí recebeu as primeiras lições de Emílio Mota e, mais tarde, na Escola de Equitação do extinto Colégio Infante de Sagres, propriedade de seu padrinho, Fernando Ralão, a pessoa que mais o influenciou e ajudou na escolha de tão “apaixonante profissão”. Depois, entre outros ilustres, teve a oportunidade e “privilégio de receber classes do último Picador Real, D. José Manuel da Cunha Menezes”, o que quase faz antever o seu percurso ao longo de seis décadas. Reconhece-se como “uma pessoa de trabalho” e passou, até criar a o seu próprio espaço de ensino, por inúmeros picadeiros, que o levaram a conhecer várias zonas do país, bem como a viajar para Espanha continental, e ilhas Canárias, “onde demonstrou e divulgou as características do cavalo lusitano.” Luís Valença tem a paixão pelos cavalos no sangue. Quando fizemos esta entrevista, confidenciou com entusiasmo que estava a 60 quilómetros de casa a ver um cavalo novo, ou poldro (equino com menos de um ano de idade), e a euforia na sua voz mais parecia a de uma criança a abrir presentes na noite de Natal. Diz que o que faz é “ser psicólogo de cavalos” referindo-se à arte de adestramento e ensino de equinos, como por exemplo para Dressage, e conta-nos que há 70 anos o cavalo era usado em tudo, desde carruagens, à caça, e ao exército. O que Luís Valença faz sobretudo, neste momento, é preservar a raça lusitana, e não deixar morrer esta arte, ensinando alunos de diversas idades e nacionalidades a montar, e preparando os cavalos e participando em espetáculos nacionais e internacionais de arte equestre. Quanto ao prémio que recebeu agora pela Junta de Freguesia, diz humildemente: “Não sou de prémios, e de exaltações, mas o prémio é um reconhecimento de 60 anos de trabalho com os cavalos e de 40 anos no centro equestre. Quando eu vim para cá não havia hotéis, não havia restaurantes, exceto os tradicionais, de forma que este centro revolucionou um pouco esta localidade”. E acrescenta: “Quem merecia o prémio não era eu, mas os cavalos, e a equitação, que trazem pessoas ao concelho. Eu sou apenas um ser humano que me dediquei a isso com um grande amor e paixão, mas os cavalos é que são o grande atrativo.” Luís Valença é mestre da Escola Portuguesa de Arte Equestre e mestre de equitação pela Federação Equestre Internacional. Recebeu em 2003 o título de Cavaleiro Honorário pela Escola Portuguesa de Arte Equestre, e entre outros, o troféu Carreira da Golegã em 2001. Foi consultor da Comissão Municipal de Turismo de Vila Franca de Xira, e recebeu em 1998 a medalha de Mérito Municipal da Câmara de Vila Franca de Xira. De 1981 a 1983 empenhou-se na construção e projeção de um projeto de grande envergadura, o atual Centro Equestre da Lezíria Grande (Celg), conhecido internacionalmente. Celebrou recentemente os seus 75 anos, “com muitas décadas de amor ao ensino, à equitação, ao cavalo, e a Vila Franca de Xira” foi referido durante o evento. Uma paixão que continua bem viva e que será para sempre. Comentários
BOAS Um grande Homem, para mim vai ser sempre o meu MESTRE. devo muito a ele. um ABRAÇO Celso Romão 15/10/2021, 15:03 |
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