Mais de 16 mil utentes podem ficar sem médico no concelho de Salvaterra de Magos
Município diz-se desprezado pelo Serviço Nacional de Saúde e pondera avançar pelas vias legais.
26-12-2016 às 12:29
Mais de 16 mil pessoas poderão ficar sem qualquer tipo de assistência médica no concelho de Salvaterra de Magos já a partir de janeiro de 2017. As extensões de saúde de Glória do Ribatejo (que serve as populações de Glória, Granho e Muge e onde estão duas médicas estrangeiras contratadas para um total de 5,5 mil pessoas) e Foros de Salvaterra (onde está um médico reformado a meio tempo para 5 mil utentes) poderão vir a encerrar por falta de médicos. Já o centro de saúde de Salvaterra de Magos poderá vir a funcionar parcialmente com apenas um médico (para cerca de 5,5 mil utentes).
A situação é crítica e já levou o Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Manuel Esménio, a efetuar diligências junto do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria (ACES) e Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) e a solicitar uma audiência, com caráter de urgência, ao Ministro da Saúde. A situação não é nova e, neste momento, 66 por cento da população do concelho de Salvaterra de Magos está sem médico de família, sendo o problema minimizado pelos médicos estrangeiros contratados que a Câmara Municipal tem ajudado a fixar no território municipal, "oferecendo alojamento e outras condições vantajosas", refere a autarquia em comunicado. A recente saída de um médico que dava consultas no centro de Saúde de Salvaterra de Magos, a entrada de outro que, entretanto, já pediu para sair em regime de mobilidade e o facto de o ano estar a terminar e não haver indicações da tutela que permitam garantir que os médicos estrangeiros, que prestam serviço nas unidades de saúde do concelho, possam continuar, agrava a situação, que já era problemática. A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos manifesta "a sua profunda desilusão pelo facto de, num concelho onde só temos um terço da população com médico de família, os serviços da ARS-LVT terem aceite a mobilidade de médicos de família que foram colocados no concelho, mas pediram a saída para outros locais, num total desrespeito pelo primado do serviço público e pelas populações e ao arrepio das instruções dadas pela tutela que condiciona o acesso de novos médicos aos locais onde estes fazem mais falta". A juntar-se a este "cenário dramático", o concelho de Salvaterra de Magos "não tem merecido a devida atenção por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)". A primeira ambulância do INEM colocada no concelho tinha 14 anos de vida e foi substituída por uma que veio já com 9 anos, "encontrando-se muitas vezes inoperacional e deixando a nossa população entregue ao socorro de ambulâncias do INEM sediadas em concelhos vizinhos", continua a descrever a autarquia. A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos "não compreende as razões do concelho continuar a ter menos do que os outros, quer no que diz respeito aos cuidados primários de saúde, quer no que toca ao socorro às populações e pondera mesmo – se nada for feito para corrigir estes problemas – avançar com uma queixa junto do Ministério Público".
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