Maus cheiros: Habitantes de Coutada Velha continuam sem levar uma vida normalCom a aprovação do novo PDM, Câmara de Benavente defende-se e diz que a deslocalização das empresas terá de ser cumprida mais depressa, mas para os habitantes é ver para crer
Sílvia Agostinho
24-02-2019 às 22:22 Os maus cheiros provenientes da laboração das indústrias de abate animal localizadas em Coutada Velha, Benavente, continuam a preocupar a população. Manuel Cardoso, residente nas proximidades da aldeia, em Foro Sabino, esteve recentemente numa reunião de Câmara em que se queixou não apenas da questão dos maus cheiros, mas também da conspurcação das linhas de água. Ao entrarmos em Coutada Velha vindos de Benavente, apercebemo-nos com facilidade do odor nauseabundo proveniente dos matadouros. A Avipronto tem sido uma das empresas criticadas pelos moradores, quando em 2011 pediu a legalização das suas instalações e um abaixo-assinado correu entre os moradores. É também uma das mais visíveis, mas há outras. Com o passar dos anos, o estado de coisas mantém-se. Os maus cheiros permanecem.
Manuela Cardoso diz que todos os dias de manhã “vem um cheiro insuportável vindo daquelas indústrias”. “O odor dos frangos é horrível, mas o dos porcos não é melhor”. Uma pecuária existente até construiu dois lagos, espécie de fossas, que acabou por piorar o estado de coisas. Silvia Pastor, residente em Coutada Velha, ouvida pelo nosso jornal, acrescenta que a existência das fossas já conta com vários anos, e o estado de putrefação intensificou-se. Não consegue estender roupa, e confessa que o trauma da população com este problema é visível. Numa visita pela zona rural envolvente à Coutada Velha visitámos um curso de água em que o nível de poluição é de tal ordem que é impossível respirar. Com a aprovação do novo PDM surge a questão: Como será possível atrair para esta zona do concelho novos habitantes tendo em conta que o instrumento de gestão do território permite a construção de mais bolsas de habitação, mas face ao estado de coisas – com evidente prejuízo da qualidade de vida. Carlos Coutinho refere que está prevista a possibilidade de deslocalização de algumas daquelas empresas, nomeadamente, da Avipronto para um terreno mais distante do núcleo urbano da Coutada Velha. Foi definido um prazo de cinco anos. Diz o autarca que há disponibilidade das indústrias, mas os habitantes não vêm este cenário como plausível. “Não me parece que alguma vez consigam levar por diante essa possibilidade. Na minha opinião, a Câmara deve obrigar, as empresas a fazerem as adaptações, porque é possível diminuir o problema dos maus cheiros”. Neste aspeto, Graça Gonçalves, residente na Coutada Velha, também acrescenta – “Quando as inspeções vêm aí, ou quando há alguma festa, dá para perceber que os cheiros são muito mais neutralizados”, elucida para constatar que no fundo é tudo uma questão de esforço e de vontade por parte dos operadores. “Eles sabem perfeitamente como atenuar os maus cheiros”. “Não podemos dizer que seja permanente, mas durante várias vezes ao dia. Não conseguimos estender roupa, nem levar uma vida normal, principalmente no verão”. No total habitarão na localidade cerca de 800 pessoas, todas elas afetadas por este quadro. Carlos Coutinho reforço que foi assinado no PDM a deslocalização das indústrias, existindo como tal um compromisso. Foi dado um prazo máximo de cinco anos para esse objetivo. Questionado se a população ainda terá de esperar cinco anos para a deslocalização das empresas, dado que só agora no início de 2019 o instrumento de gestão territorial foi aprovado, o presidente da Câmara diz ao Valor Local que pretende nas próximas semanas, assim que o PDM esteja plenamente validado, encetar reuniões com as indústrias. “De qualquer das formas, os empresários têm-me dito que esta pode ser uma boa oportunidade para modernizarem as instalações e criarem as melhores condições”, até do ponto de vista da “rentabilidade”. A Câmara, segundo o autarca, deu a conhecer os terrenos que podem ser comprados por parte das empresas. Coutinho diz ainda que o investimento no concelho de uma empresa como é o caso da Avipronto “é de enorme importância do ponto de vista económico sendo uma atividade naturalmente de futuro”.
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