O mercado de Alenquer já atravessou melhores dias. Quando
se entra no local, o ar triste dos que fazem da venda de bens, ali, a sua
actividade é indisfarçável. Clientes são muito poucos, sendo notório que o espaço
suplica desesperadamente por obras.
Com custo conseguimos tirar algumas parcas palavras de uma comerciante que não se quis identificar; e que ao mesmo tempo que se queixava das condições desta praça ia encolhendo os ombros. “Está tudo mal, a praça não tem condições nenhumas. Chove cá dentro, isto devia ser completamente modificado”, queixa-se, referindo que este estado de coisas já está entranhado há muitos anos na vida do mercado. Clientes são poucos mas “ainda vai dando”.
“Tenho poucos clientes, não sei até que ponto se justifica, ainda, vender aqui”, dá conta o comerciante Alfredo Inês. “Tenho boa fruta a bons preços que cultivo, mas as pessoas preferem os supermercados da zona. Vendo ameixas a 80 cêntimos e pêssegos a 70 cêntimos, ou seja mais barato do que noutros lados. O tomate, as nabiças, os grelos e o feijão sou eu mesmo que cultivo”. Alfredo Inês tem mais de três mil árvores mas só consegue escoar nos mercados da Castanheira e de Torres Vedras, “onde pedem boa qualidade e tem-se de corresponder a isso”.
A nossa reportagem foi depois surpreendida por Odete Vitorino, de Alenquer, de espírito jovial e com a resposta na ponta da língua. Esta cliente do mercado, há 20 anos, não é de meias tintas: “Gosto de cá vir, é melhor do que o Pingo Doce pois deixam-nos escolher à vontade. A fruta é mais fresca e prefiro este convívio e esta maneira de ser dos vendedores”. “Só tenho pena do mercado estar sem jeito nenhum”, sentencia numa alusão às possibilidades de beneficiação do espaço, já com 64 anos. “Adoro o talho daqui, porque não sabemos o que nos vendem nos supermercados, e digo mais – este é um óptimo local para se fazer um pouco de fisioterapia à língua”.
Uma das figuras incontornáveis no mercado é Francisco Cabido, o homem do bacalhau, e um dos que não se queixa com falta de clientes já que aposta no bom pescado da Islândia. Ideias para melhorar o espaço não lhe faltam sendo também bastante crítico relativamente ao estado do mercado. “Deviam arranjar o espaço e colocar em evidência os produtos de Alenquer. Por outro lado é tempo de se substituir o tecto. Já percorri muitos mercados no país e só este é que ainda é de madeira, penso que até é proibido. Mas o pior mesmo são os esgotos que estão numa miséria, o que dá origem a maus cheiros. O chão também devia sofrer obras”.
“O cheiro que vem da casa de banho é horrível, não é por causa da higiene mas devido aos canos”, diz Maria da Felicidade, também vendedora no mercado, há 13 anos. Quando se lhe fala no diálogo com a autarquia para melhoria das condições, esboça uma pequena gargalhada, sinónimo de quem já não acredita que boas notícias possam vir a caminho. “No Inverno é um frio horrível, no Verão quase que podíamos abrir um chapéu-de-sol aqui dentro! Fartamo-nos de transpirar, porque o telhado não está revestido devidamente. As verduras estragam-se todas.”
O Valor Local contactou a Câmara Municipal de Alenquer que nos transmitiu “que o mercado de Alenquer está identificado como obra prioritária, sendo objectivo candidatar a obra de requalificação do edifício durante o próximo quadro comunitário de apoio 2014-2020, denominado CRER 2020”. O município refere que “para além da requalificação do edifício é objectivo da Câmara dotar este espaço de novas valências, que possam servir os munícipes em domínios que não se restringem apenas ao mercado abastecedor de produtos alimentares, envolvendo de forma directa os comerciantes que actualmente aí se encontram, no processo que delineará o futuro do novo mercado municipal”.
Por isso a autarquia diz estar a aguardar que “todo o processo que envolve o novo quadro comunitário seja operacionalizado o quanto antes” de modo a que se “possa saber quais as linhas de apoio e enquadramento disponíveis para este tipo de investimento/requalificação”.
Com custo conseguimos tirar algumas parcas palavras de uma comerciante que não se quis identificar; e que ao mesmo tempo que se queixava das condições desta praça ia encolhendo os ombros. “Está tudo mal, a praça não tem condições nenhumas. Chove cá dentro, isto devia ser completamente modificado”, queixa-se, referindo que este estado de coisas já está entranhado há muitos anos na vida do mercado. Clientes são poucos mas “ainda vai dando”.
“Tenho poucos clientes, não sei até que ponto se justifica, ainda, vender aqui”, dá conta o comerciante Alfredo Inês. “Tenho boa fruta a bons preços que cultivo, mas as pessoas preferem os supermercados da zona. Vendo ameixas a 80 cêntimos e pêssegos a 70 cêntimos, ou seja mais barato do que noutros lados. O tomate, as nabiças, os grelos e o feijão sou eu mesmo que cultivo”. Alfredo Inês tem mais de três mil árvores mas só consegue escoar nos mercados da Castanheira e de Torres Vedras, “onde pedem boa qualidade e tem-se de corresponder a isso”.
A nossa reportagem foi depois surpreendida por Odete Vitorino, de Alenquer, de espírito jovial e com a resposta na ponta da língua. Esta cliente do mercado, há 20 anos, não é de meias tintas: “Gosto de cá vir, é melhor do que o Pingo Doce pois deixam-nos escolher à vontade. A fruta é mais fresca e prefiro este convívio e esta maneira de ser dos vendedores”. “Só tenho pena do mercado estar sem jeito nenhum”, sentencia numa alusão às possibilidades de beneficiação do espaço, já com 64 anos. “Adoro o talho daqui, porque não sabemos o que nos vendem nos supermercados, e digo mais – este é um óptimo local para se fazer um pouco de fisioterapia à língua”.
Uma das figuras incontornáveis no mercado é Francisco Cabido, o homem do bacalhau, e um dos que não se queixa com falta de clientes já que aposta no bom pescado da Islândia. Ideias para melhorar o espaço não lhe faltam sendo também bastante crítico relativamente ao estado do mercado. “Deviam arranjar o espaço e colocar em evidência os produtos de Alenquer. Por outro lado é tempo de se substituir o tecto. Já percorri muitos mercados no país e só este é que ainda é de madeira, penso que até é proibido. Mas o pior mesmo são os esgotos que estão numa miséria, o que dá origem a maus cheiros. O chão também devia sofrer obras”.
“O cheiro que vem da casa de banho é horrível, não é por causa da higiene mas devido aos canos”, diz Maria da Felicidade, também vendedora no mercado, há 13 anos. Quando se lhe fala no diálogo com a autarquia para melhoria das condições, esboça uma pequena gargalhada, sinónimo de quem já não acredita que boas notícias possam vir a caminho. “No Inverno é um frio horrível, no Verão quase que podíamos abrir um chapéu-de-sol aqui dentro! Fartamo-nos de transpirar, porque o telhado não está revestido devidamente. As verduras estragam-se todas.”
O Valor Local contactou a Câmara Municipal de Alenquer que nos transmitiu “que o mercado de Alenquer está identificado como obra prioritária, sendo objectivo candidatar a obra de requalificação do edifício durante o próximo quadro comunitário de apoio 2014-2020, denominado CRER 2020”. O município refere que “para além da requalificação do edifício é objectivo da Câmara dotar este espaço de novas valências, que possam servir os munícipes em domínios que não se restringem apenas ao mercado abastecedor de produtos alimentares, envolvendo de forma directa os comerciantes que actualmente aí se encontram, no processo que delineará o futuro do novo mercado municipal”.
Por isso a autarquia diz estar a aguardar que “todo o processo que envolve o novo quadro comunitário seja operacionalizado o quanto antes” de modo a que se “possa saber quais as linhas de apoio e enquadramento disponíveis para este tipo de investimento/requalificação”.