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Nacional 3
Estradas de Portugal acusada de continuar a desprezar troço entre Azambuja e Carregado

Plataforma EN3 tenta reunir esforços com vista a uma ação de sensibilização a 15 de maio, dia das famílias
Miguel António Rodrigues
06-04-2018 às 08:10
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O troço da Estada Nacional 3 que liga o Carregado a Azambuja reclama há várias décadas uma intervenção de fundo. A última vez que isso aconteceu, estávamos no final dos anos 90 e assistimos à colocação de partes do pavimento e de sinalização vertical. Passados quase vinte anos, aquele troço está a “gritar” por uma intervenção urgente que pare o número de acidentes ali ocorridos, sendo que quase todos envolvem pesados de mercadorias e ligeiros.

Com efeito o tráfego de pesados aumentou muito nas últimas décadas naquele troço. O fim da Opel e a implantação de novas empresas de logística como é o caso da SONAE, veio agudizar um problema, já que dali saem caimões para os vários supermercados do país, que usam aquela via em detrimento da linha de caminho-de-ferro que no tempo das fábricas da Opel e Ford, eram muito mais utilizadas.
A sinistralidade na Estrada Nacional 3 não é de agora. Mesmo antes da implantação do massivo número de empresas de logística naquela zona, os acidentes aconteciam. A gravidade dos mesmos seria menor, mas sempre foi uma via complicada.

Uma das provas disso, foi a supressão de alguns cruzamentos na zona urbana de Azambuja. Primeiro fechou-se a passagem de nível ao trânsito junto à estação. No local havia à época um cruzamento, onde os acidentes eram muito frequentes e quase sempre com feridos graves ou com mortos.
Depois da requalificação da estrada naquele troço, as atenções começaram a virar-se para a entrada sul de Azambuja. Os acessos ao esteiro e ao campo começaram a ser feitos através de uma passagem superior, e os acidentes graves mudaram de sítio.

Aliás esse mesmo cruzamento viria a despoletar um primeiro movimento cívico, liderado então por Armando Martins, que reclamava a construção de uma rotunda de acesso ao local, depois de ter perdido ali um familiar.

Joaquim Ramos era à época presidente da Câmara Municipal de Azambuja. Ao programa “Alguns dedos de conversa” da Valor Local TV confirmou o “desinteresse” da Estradas de Portugal naquela via. Ramos liderava o município há menos de um ano e confessa que esses tempos foram duros, lamentando a falta de investimento do Estado naquela via.

“Fui alertado em 2001 que só naquele ano já tinham morrido nove pessoas naquela estrada” salienta Joaquim Ramos que refere ter feito diligências junto das entidades competentes para melhorar as condições de segurança naquela via. Contudo reforça que “essas diligências nunca tiveram qualquer espécie de resultado”.

Acabou por ser a Câmara Municipal a construir rotundas nas entradas da vila e a promover junto de empresas a construção de mais duas, uma em Casais de Baixo, a outra perto da Auchan.
O assunto merecia à época um olhar muito crítico por parte dos municípios de Azambuja e Alenquer, por isso foi logo aproveitada a existência de um pacote de compensações dado pelo Governo no âmbito da deslocalização do aeroporto da Ota para o campo de tiro de Alcochete para reclamar o arranjo daquela via. Embora as reivindicações tivessem sido aceites pelo Governo, o assunto “morreu na praia”, porque a Azambuja e Alenquer juntaram-se mais 14 municípios que se “encostaram às compensações e estas nunca chegaram até aos dias de hoje”.

Joaquim Ramos diz que o processo foi longo, e salienta que o texto do acordo esteve para não ser assinado porque não garantia a intervenção na estrada. O que é certo é que até hoje, apenas foram levadas a cabo algumas obras de cosmética, sendo que os acidentes continuam a aumentar.
Desde 2010 até 2015, a Estrada Nacional 3 que vai do Carregado a Santarém 30 vidas foram ceifadas, e uma parte significativa no troço até Azambuja. Os constantes acidentes levaram a que fosse criado uma plataforma cívica para revindicar as intervenções naquela via.

André Salema, que perdeu o irmão naquela estrada, é um dos rostos deste movimento. Ao programa “Alguns Dedos de Conversa” o também presidente dos bombeiros de Azambuja reclama uma intervenção urgente naquele troço, salientando, também ele, o desinteresse da empresa Estradas de Portugal em todo este processo.

Sendo esta uma plataforma cívica, poucos foram os que assinaram a petição online que andou pelos cafés da vila. André Salema diz-se desagradado, tendo em conta o interesse do assunto, pelo facto de ter tido pouca adesão por parte das pessoas, o que veio também a ter reflexo na sessão de apresentação de medidas realizada recentemente.

Com efeito a Estrada Nacional 3 acaba por ser “um barril de pólvora”. São milhares as pessoas que trabalham nas empresas de logística. Muitas usam transporte próprio, mas muitas outras delas circulam a pé naquela via sem qualquer sinalização ou colete refletor.

Joaquim Ramos diz por seu lado que essa é uma “situação nova mas preocupante”, e André Salema recorda a necessidade de incutir nos trabalhadores uma cultura de segurança urgente.
Aliás, o Valor Local sabe da existência de uma empresa que distribuiu coletes refletores aos seus funcionários, mas estes recusam-se a usá-los. Tal faz parte “da nossa cultura” referem Joaquim Ramos e André Salema, que apontam o facto de algumas empresas estarem sensibilizadas para este fenómeno.

Aliás o movimento “Plataforma EN3” considera mesmo importante esta questão e por isso já anunciou a realização de uma ação no dia da família a 15 de maio, como a iluminação da nacional 3 com garrafões de água no troço mais perigoso.
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André Salema não desiste igualmente da colocação de uma ação judicial contra a Estradas de Portugal pela falta de cumprimento das obras prometidas. André Salema refere que essa questão foi colocada a Luis de Sousa numa Assembleia Municipal, ao que Luis de Sousa ficou de ver esse assunto. O Valor Local quis saber qual o ponto de situação face à necessidade de novos investimentos daquele organismo do Estado na Nacional 3 mas não nos foram dadas respostas às nossas questões.
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24 de novembro de 2008 – Acidente faz 4 feridos na Estrada Nacional 3 Um casal de jovens de Azambuja foi atropelado quando tentavam socorrer um acidentado. O incidente deu-se junto às bombas de combustível da Galp perto dos Casais de Baixo e envolveu duas ambulâncias, um carro de desencarceramento e um auto comando dos bombeiros de Azambuja
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A Estrada Nacional 3 entre Azambuja e o Carregado, foi palco de um violento acidente de viação. Um motociclo foi abalroado por um pesado. O sinistro interrompeu a circulação durante várias horas, e obrigou à evacuação dos ocupantes do motociclo ( um casal de Pontével) de helicóptero.
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4 de março de 2012 Dois feridos graves é o balanço de um aparatoso acidente na Estrada Nacional 3, entre Azambuja e o Cartaxo. O acidente deu-se entre duas viaturas que colidiram frontalmente e de forma violenta.
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24 de agosto de 2011 Um camião do lixo provocou o caos no trânsito na Estrada Nacional 3. O veículo que vinha carregado de lixo provocou um ferido leve e outro ligeiro que foram transportados para hospital de Vila Franca de Xira.
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7 de Janeiro de 2007 Dois mortos, foi o resultado de um grave acidente ocorrido no cruzamento da Guarita em Azambuja. O forte nevoeiro que se fazia sentir e a falta de reflexos do condutor com setenta e seis anos, podem, segundo as autoridades, ter estado na origem deste acidente.

10 mil pesados na Estrada Nacional 3 todos os dias

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Ricardo Correia: Comandante Bombeiros Voluntários de Azambuja
As muitas empresas de logística com armazéns em Azambuja, fazem circular diariamente cerca de 10 mil pesados. As contas são feitas pelo comandante dos bombeiros de Azambuja, Ricardo Correia que vinca que o fluxo de pesados e a falta de segurança como fatores que estão no topo das preocupações dos voluntários de Azambuja.

Esta é uma estrada com “um fluxo muito grande de pesados”, refere o operacional que vinca que por isso existe a probabilidade de acidentes muito graves envolvendo pesados e ligeiros.

Ricardo Correia salienta que as viragens à esquerda para entrar nas empresas, são as suas preocupações mais prementes. A inexistência de um separador central ou de sinalização vertical adequada, são situações também sublinhadas por Ricardo Correia.

O número de pessoas a circular a pé “muitas vezes em condições de visibilidade reduzida” é outra preocupação acrescida “com possíveis atropelamentos ou despistes que possam causar vitimas mortais”. Aliás esta é uma preocupação recente das autoridades, dado que se tem vindo a assistir a um crescente número de pessoas a circular a pé entre a Avipronto e a Sonae, onde existe ligação a um apeadeiro, neste caso ao Espadanal.

São, em regra trabalhadores das empresas da zona, que não usam qualquer tipo de sinalização, nomeadamente coletes refletores e que se deslocam geralmente ao início da manhã e ao fim da tarde, quando as condições de visibilidade começam a piorar significativamente.

Aliás Ricardo Correia, salienta que o uso crescente do comboio, no apeadeiro do Espadanal, tem vindo a constituir uma preocupação. Sensibilizar as empresas, aquelas que ainda não o estão, para as regras mínimas de segurança, parece ser o caminho a seguir.

Esta preocupação é ainda associada ao número crescente de ciclistas, segundo assegurou uma fonte da GNR ao Valor Local. Estes muitas vezes não respeitam as regras de segurança, ultrapassando pela direita e não respeitando a circulação nas rotundas. O facto de não ostentarem coletes refletores ou outro material que os faça notar, é outra preocupação, que segundo este elemento da GNR, está no topo das preocupações, lembrando um acidente que vitimou recentemente um ciclista que se deslocava para uma empresa na zona industrial de Azambuja onde trabalhava.

2008
Paulo Campos anunciava medidas compensatórias que caíram em saco roto

Em julho de 2008 o então Secretário de Estado das Obras Públicas, anunciava em Azambuja e em Alenquer um investimento de 197 milhões de euros até 2012 para compensar os habitantes destes concelhos pela mudança de localização do aeroporto da Ota para Alcochete.
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Foto: Arquivo Blogue Estado Velho
Os investimentos que nunca avançaram, eram compostos por novas acessibilidades e novas estradas, reivindicadas pelos municípios de Alenquer e Azambuja e que foram negociadas no âmbito dos grupos de trabalho criados para ressarcir as autarquias devido à perda do projeto do aeroporto.
À época o governo liderado por José Sócrates anunciava a elaboração de um estudo prévio para a requalificação do IC 2 entre o Carregado e Vendas das Raparigas. As medidas incluíam também as variantes ao Carregado e a Vila Nova da Rainha, bem com a requalificação da estrada nacional 3 entre o Carregado e Azambuja, num total de 9 quilómetros, sendo que foi o próprio secretário de Estado que reconheceu a necessidade destes investimentos.
A segurança na Estrada Nacional 3, estava na base das preocupações do Governo para aquele investimento. Segundo escrevia o blogue “Estado Velho” o “aumento da circulação de veículos pesados e os acidentes são alguns dos fundamentos do Governo para que aquela estrada seja intervencionada”.
Em 2008, Paulo Campos referia que as novas estradas e requalificações iriam “mudar muito significativamente as acessibilidades ao município de Azambuja” sendo estas consideradas de “máxima importância”. Por outro lado lembrava “há muitas empresas que justificam que nós acompanhemos esse investimento privado com investimento público. Para dar mais condições a quem decidiu investir neste município para poder ver rentabilizado esse investimento”.
Por outro lado destacava “as ligações à Estrada Nacional 366 em Aveiras de Cima, a Rio Maior”.
Sobre Vila Franca de Xira o governante lembrava o nó de ligação à Auto-Estrada do Norte em castanheira do Ribatejo, para servir a Plataforma Logística de Castanheira do Ribatejo, que entretanto foi concluído.
 
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