Nono ano e Agora?... Escola Secundária de Azambuja não é opção para alunos de Manique e Alcoentre
Alunos preferem optar por Rio Maior ou Cartaxo e nalguns casos pela Escola Profissional de Tremês
|11 Jul 2022 09:58
Sílvia Agostinho Na sua larga maioria, para não dizer a quase totalidade, os cerca de 32 alunos que frequentam a Escola Básica 2.3 de Manique do Intendente, neste final de ano letivo, não vão optar pela Escola Secundária de Azambuja para continuar o seu percurso escolar após o nono ano. A situação não é novidade, até porque desde há largos anos, que por questões geográficas e não só, preferem prosseguir os estudos ou no Cartaxo ou em Rio Maior. E nos últimos tempos surge ainda Tremês para quem deseja enveredar pelos cursos profissionais, que podem permitir chegar mais depressa ao mercado de trabalho.
Este ano, o facto de os alunos do Alto Concelho de Azambuja não optarem por prosseguir estudos na sede do município foi alvo de discussão numa reunião de Câmara. A questão foi levantada pelo PSD, que evidenciou a sua preocupação. Para a maioria PS o tema não é preocupante para já. O Valor Local esteve na escola de Manique para perceber as motivações dos jovens que vivem no norte do concelho na hora de seguirem para o ensino secundário. Diana Ferreira, vive em Manique do Intendente, tem 14 anos, e é uma das alunas que pretende ir para uma escola profissional existente em Tremês. Esta freguesia do concelho de Santarém ainda fica a uns quilómetros, e não será por questões geográficas que a sua opção é esta neste momento. No concelho de Azambuja não existe uma escola profissional. Esta é uma ambição antiga e o executivo já falou numa possível localização na zona dos antigos Viveiros em Aveiras de Baixo, para onde também está idealizado um parque ambiental que teima em não sair do papel. No caso de Diana Ferreira quer ir para Tremês dado que ambiciona seguir uma via profissionalizante na área de “Apoio à Infância”. “Não pensei sequer em Azambuja. O curso só há em Tremês e agora mais recentemente em Rio Maior. Os meus colegas também não pensam continuar o ensino secundário no concelho.” Já Tânia Gonçalves, 14 anos, quer seguir para o curso de Ciências em Rio Maior, desta feita a pensar no futuro, pois deseja ingressar na universidade no curso de Ciências Forenses. “Não sei se a escola é boa ou não, mas o meu irmão andou lá e nós fazemos a nossa vida em parte naquela localidade”, acrescenta referindo que nunca colocou em cima da mesa a hipótese- Azambuja. “Andei indecisa entre Azambuja e o Cartaxo, mas acho que vou escolher o Cartaxo, porque tenho lá mais amigos. Já ouvi dizer que o ensino no Cartaxo é mais exigente. Frequento a ginástica no Cartaxo, e por isso dá-me mais jeito ficar na escola de lá”, diz Adriana Frazão, 15 anos, que vive em Azambuja, mas não quer ficar mais perto de casa pelos motivos por si destacados. Esta aluna gostava de ser psicóloga e vai escolher Humanidades quando ingressar no 10º ano. Um dia quer estudar no estrangeiro quando for altura de ir para o ensino superior. Guilherme Gonçalves vive em Vila Nova de S. Pedro e a escolha natural será a escola de Rio Maior porque quer seguir o curso de Desporto. Gostava de ser professor de Educação Física embora confesse que não é grande aluno. Quando lhe perguntamos pelas médias, ri-se. Os alunos com quem falámos referem que há transportes suficientes para se deslocarem para Rio Maior. Os pais apoiam as escolhas. Alexandre Valério, 14 anos, por seu lado vive em Rio Maior mas como a mãe trabalha na zona de Manique, optou por frequentar a escola local. Nesta altura já optou naturalmente por continuar a estudar na Escola Profissional de Rio Maior, no curso de Eletromecânica. Andreia Mendes, 14 anos, também já escolheu Rio Maior. “Os meus pais costumam frequentar bastante aquela cidade e conheço lá mais pessoas do que em Azambuja. Vivo em Alcoentre e estou mesmo no meio entre a fronteira dos dois concelhos. Azambuja fica muito longe para mim”. Esta aluna quer seguir o curso de Direito após o secundário. Os jovens da escola de Manique referem que apesar de ainda muitos jovens já pensam na vida após o ensino, e nas oportunidades que o mercado de trabalho pode oferecer. Esse dia ainda pode demorar cerca de seis a sete anos, na melhor das hipóteses, mas está na cabeça destes adolescentes. “Os nossos pais começam a aconselhar-nos para não irmos para certos cursos porque depois não temos emprego”, referem. Tânia Gonçalves diz que o importante “é ter um plano b ou um plano c, e se calhar, lá mais para a frente, fazermos uns cursinhos de outras coisas”. Vivendo na zona rural entre Alcoentre e a união de freguesias, acreditam que possuem as mesmas oportunidades e têm acesso “às mesmas coisas” em comparação com outros jovens que vivem em meios mais urbanos. Não acreditam que seja uma desvantagem residir nesta zona do concelho de Azambuja. Raquel Catarino, subdiretora do Agrupamento de Escolas Alto de Azambuja, sublinha que as escolhas dos alunos têm o fator geográfico como primeira condição o que leva a que a secundária da sede de concelho fique para trás. A professora dá conta que houve uma visita por parte dos alunos durante o ano letivo à escola de Azambuja, mas não terá sido o suficiente para suscitar a sua adesão na hora de fazerem as suas escolhas. Confessa que a diretora do Agrupamento de Escolas de Azambuja, Madalena Tavares, se tem esforçado neste sentido mas até à data não tem colhido muitos frutos. “Conheceram as ofertas educativas mas para além do fator de viverem mais próximos de outros concelhos, a rede de transportes também é deficitária”. Os alunos que residem em Manique do Intendente não possuem autocarro direto para a sede de concelho, tendo de efetuar transbordo em Alcoentre, ao passo que para o Cartaxo há autocarro direto. Os alunos que residem em Alcoentre possuem autocarro direto quer para Rio Maior quer para Azambuja. Para já resume esta questão a um “remar contra a maré”. Para inverter o estado de coisas “teria de haver uma boa parceria entre o município e a rodoviária”, mas “pode nem ser o suficiente porque os outros destinos são mais próximos, os pais de vários miúdos também trabalham, na sua maioria, nesses locais, e no fundo podia revelar-se infrutífero esse esforço”. Comentários a escola secundária de azambuja parou no tempo. as ofertas de ensino são poucas e nada atraentes. não percebo porque não tem, por exemplo, desporto. os equipamentos desportivos não estão dentro da área da escola? e nas outras escolas estão? não. há uns anos houve um curso ligado à restauração que depois acabou por falta de interessados. se azambuja e o concelho tem poucos restaurantes para quê criar algo do género. não há sensibilidade da parte de quem gere o agrupamento. José Manuel Alves 15/07/2022, 11:25 Opções há muitas e uma delas era aproveitar o palácio dos Condes de Povolide em Aveiras de baixo pois fazia uma boa escola profissional está o palácio em ruínas e tem muito terreno ..... Aveiras de Baixo a rua principal é a imagem da minha terra e está em ruínas ....o palacete Maria José Sardo 11-07-2022 às 20:41 |
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