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Por António Carneiro, antigo presidente da Região de Turismo do Oeste

Identidade Cultural,Marca Turistica e (des)Organização Territorial


 Oeste e Ribatejo tão próximos e(agora) tão distantes


Num mundo em irreversível processo de globalização é pensamento comum aceite que só a defesa intransigente da identidade cultural permitirá a afirmação pela diferença, de um território que pretenda ser um destino turístico. Com efeito, com a enormidade de informação que é possível a um turista colher do destino sem ter de sair de sua casa, as expectativas em relação ao local a visitar ( doutra forma a tomada de decisão seria por outro local) são sempre altas e, muitas vezes ,perigosamente altas atendendo a que nem sempre a informação segue rigoroso critério de "honestidade".

Um destino turístico é-o se : 1.Possuir uma forte identidade cultural TANGÍVEL e INTANGÍVEL (e, neste último caso, dificilmente as novas tecnologias de informação o podem transmitir) 2.possuir um "sistema de turismo"; leia-se equipamentos turísticos que permitam uma correcta relação "oferta-procura" ; adequada infraestruturação (acessos, serviços de saúde, segurança, etc) ;oferta complementar moderna (Museus,diversão "shoping") 3. Possuir vantagens distintas e competitivas bem sustentadas por uma estratégia de "branding".

Lemos, vemos e ouvimos, permanentemente, na comunicação social ,factos e números comprovativos do relevantíssimo papel que o sector do Turismo vem aportando à economia nacional, duplamente importante no momento que o País vive, sabendo-se como se sabe, como tudo o que signifique exportações tem um papel decisivo na recuperação económica.

Por isso, no tocante ao Turismo, é determinante a conquista de mercados externos.

Turista que consuma aqui, (mero exemplo) 1 garrafa de um bom tinto, 1 kilo de peixe ou 1 kilo de pera rocha, equivale a exportar esses mesmos produtos a um preço bem superior, com o IVA a ser cobrado em Portugal e não na respectiva transação no País destino.

Se a dinamização do mercado turístico interno é importante, embora muito mais condicionado, é bom de ver,  face à situação financeira das famílias , salta à evidência que, em termos macroeconómicos, essa "fatalidade" tem de ser compensada por um redobrado esforço na "ordem externa".

Os números recentemente apresentados ("o melhor ano de sempre"...) são sem dúvida positivos, mas há que descodificar a sua causa.

Para além da nossa qualidade turística intrínseca, fenómenos estruturais e conjunturais para tal contribuíram: da chegada das companhias "low cost" à situação em destinos concorrenciais (Tunísia, Egipto ou mesmo Grécia, neste caso particular, por razões evidentes, recuo do mercado alemão). Tudo isto a par da descida do Euro face ao dólar (particular impacto no, agora, tão significativo mercado brasileiro, com a TAP a voar desde inúmeros destinos naquele gigantesco País) e dos nossos tradicionalmente baixos preços na hotelaria e restauração.

E aqui, para além da dimensão dos apregoados números, há que saber da real situação das empresas.

Vem tudo isto a propósito da importância do "brand" de um destino, sendo que , dia a dia, no contexto da oferta nacional, a Marca Lisboa se afirma qualitativamente, condição "sine qua non" para uma valorização financeira gradual do produto destino.

Lisboa é, sem margem para qualquer dúvida, hoje, o melhor destino do País, o de menor sazonalidade (permitindo, assim, rácios hoteleiros bem diferente do restante País, Algarve incluido) , o de maior potencial de crescimento (15 novos hóteis abrirão este ano).

Lisboa é, além do mais, o principal aeroporto do País ligado às mais importantes cidades da Europa e Américas. Então, podemos ser indiferentes ao modelo de organização territorial em termos de marcas internacionais ?

Desde 1998, o Oeste e o Ribatejo integraram para efeitos de promoção internacional a Marca Lisboa, seguindo a lógica de Planeamento e Ordenamento do Território desenhada a partir de documentos tão "pesados" e intelectualmente tão trabalhados com o PNPOT-Programa Nacional para as Políticas de Ordenamento do Território ou (mero exemplo de entre muitos) o Plano Estratégico da Região de Lisboa e Vale do Tejo (Ribatejo ,Vale do Tejo ou, mesmo, vinhos do Tejo, essa é outra discussão...) para o horizonte 2000-2010, onde bem se afirma :

Uma Região, três sub-regiões : Área Metropolitana de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo.

Pois (e muitos outros exemplos daria :  denominação da rede hospitalar, de Educação, Protecção Civil; agricultura, etc) mau grado toda esta coerente lógica, construída com bases sociológicas, antropológicas, económicas, morfológicas, etc) o OESTE é, hoje e desde Maio de 2013, um destino turístico perdido na dimensão e confusão da Marca "internacional" Centro, e o Ribatejo partido em dois, com uma metade nesse mesmo emaranhado da "marca" clara e comprovadamente menos valiosa do País e, a outra metade (quais filhos separados da casa materna) na marca (sem aspas, porque pelo menos o é) Alentejo (onde curiosa e louvavelmente os responsáveis não terão "esmagado", ao invés, a marca Ribatejo.

Toda esta inacreditável solução em que, seguramente , o próprio jovem Secretário de Estado do Turismo não acredita ( é justo aqui dizer que não foi este, bem pelo contrário, o mapa enviado a Conselho de Ministros em Abril de 2013).

A par de um articulado muito discutível, face aos claros laivos de centralizador (pese embora a legitimidade governamental para o fazer), o Mapa das 5 Regiões turísticas a criar seguia (na tal proposta remetida a CM pelo SET) os "cânones" da legislação vigente e absolutamente na linha com o DL 228/2012 (deste mesmo Governo, claro) onde Oeste e Vale do Tejo são colocados (leia-se ,mantidos) na NUT II Lisboa e Vale do Tejo ,onde se encontram há cerca de 30 anos !

No anexo ao DL estão claras as composições das NUT III (as tais "sub-regiões") e, Município a Município, a sua composição.

Quem, pois, esteve por detrás desta inacreditável "golpada politica" em pleno Conselho de Ministros dando origem ao absurdo que é a Lei 33/2013. Porque os partidos do arco da governação, em particular o PS (como me foi dado comprovar em reunião na AR) se sentiram tão desconfortáveis na AR ,"assobiando para o lado "? Milagre ?

Importa , em nome da verdade, da coerência regional e turística ,pensar corrigir tamanho disparate !

Voltar a unir o Ribatejo, voltar a colocá-lo lado a lado com o Oeste no corpo promocional da mais importante Região turística : Lisboa Não é ali que está o mais internacional Aeroporto do País, ligado às grandes cidades da Europa e das Américas ? Será de facto para as nossas empresas não, estar debaixo desse "umbrella" ?

Imagina-se o Resort Golf/ Campo Real (que recentemente a empresa americana Dolce relançou como Dolce Campio Real LIsboa) a ser promovido pelo Centro, logo, tendo essa designação ,aparecer (se é que aparece...) num stand Centro lá fora ? Podem os 6 campos de golfe do Oeste ter saído da Lisbon Golf Coast (onde com  Estoril e Costa Azul já, ganharam o prémio de melhor destino golfe mundial ) ?

Ribatejo e Oeste têm de construir um pensamento politico, uma estratégia que os leve à verdade anterior a 2013 e que estranhos(?!) interesses destruiu. Para bem da construção de um sólido e próspero destino turistico, porque, já o disse, um destino turístico se faz da coerência identitária e não de jogadas de bastidores de pequenos "actores" políticos de ocasião !

28-03-2015

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