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Por Joaquim Ramos

O Comércio de Azambuja                                                                                                                           

Sei que pode ser considerado abusivo, numa publicação como o ValorLocal, alguém tecer algumas considerações sobre o comércio em Azambuja. Atrevo-me, no entanto, a fazê-lo, na medida em que penso que posso dar um pequeno  contributo para uma melhoria efectiva do panorama actual – que não é, reconheçamo-lo, famoso, como aliás nunca foi.

A fragilidade do comércio azambujense vem de tempos imemoriais. Afirmo-o com conhecimento de causa – embora longínquo – porque a parte materna  da minha família dedicou-se ao comércio e, salvo uma ou outra excepção, nunca passou da cepa torta.

Historicamente, Azambuja era uma Vila de poucos e grandes latifundiários e uma massa enorme de assalariados rurais. Os primeiros faziam as suas compras em Lisboa, não contribuindo assim para estimular o comércio local. Os segundos, faziam as suas compras localmente, mas quase abaixo do limiar de subsistência, pagas a prazo de acordo com o livro dos fiados das mercearias, padarias e tabernas da região. Até mesmo as classes ditas intermédias faziam as suas compras em Vila Franca ou no Cartaxo. Lembro-me perfeitamente, quando era pequeno, de os meus avós se abastecerem de roupas e tecidos no Manel d`Agua do Cartaxo e de os meus pais se calçarem na Sapataria Salema, de Vila Franca.

Depois, há razões geográficas que contribuem também para a incipiência do comércio local; a proximidade de Lisboa e a acessibilidade à capital tornam extremamente fácil procurar bens e serviços com uma oferta muito mais diversificada que é dada por essa proximidade.

Finalmente, a tendência que nas últimas décadas norteou o comércio em Portugal – ao contrário do que aconteceu na Europa -, concentrando a oferta em grandes superfícies polivalentes onde se pode comprar tudo, desde uma alface até à mobília do quarto, também não estimulou nada a economia local. O aparecimento do Vasco da Gama, a meia hora de comboio, ou do Campera, a quinze minutos de carro, ditaram a agonia do comércio azambujense. E não vale a pena competir com esses gigantes : não temos definitivamente escala para isso ! Por muitos cursos e acções de formação que a Acisma, e bem,  promova, o que determina o sucesso duma empresa de transacções é basicamente a procura.

Quer isto dizer que o comércio em Azambuja não tem futuro ? Eu acho que tem, mas para isso terá  que haver uma verdadeira revolução no tipo de comércio e na estrutura empresarial vigentes no nosso Concelho. A palavra mágica é inovação. Inovação no tipo de produtos ou serviços que se comercializam por cá. Inovação nas formas de organização empresarial, fomentando o cooperativismo. Inovação nas formas de abordar o mercado e efectuar a comercialização dos produtos e respectivos canais de distribuição. Essa inovação tem que começar por valorizar e transformar num bem ou num serviço transacionável aquilo que nos é peculiar ou em que nos fomos, por vicissitudes várias, especializando. Dois exemplos apenas para ilustrar o que digo : todas as empresas concelhias que têm apostado no vinho --- cá está, um produto  que nos é peculiar- têm tido sucesso quer nacional quer internacionalmente; um outro exemplo que pode ser apontado diz respeito à chamada economia da terceira idade, com estruturas de qualidade – já existem algumas, e com sucesso empresarial.

Penso que é por este caminho que devemos caminhar – e, felizmente, já começam a despontar aqui e ali exemplos dessa inovação baseada no que é genuinamente nosso. Esperemos, ou melhor, façamos com que vinguem  e proliferem para arredar de vez este quebranto comercial de Azambuja.


01-03-2015

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Comentários

Estou de acordo com a opinião do Dr.JoaquimA.Ramos . A falta de iniciativas e sua divulgação é um dos grandes males . Veja-se o que Salvagterra de Magos dá a conhecer do seu Mês da Enguia e as actividades artesanais e culturais que lhe estão adstritas. Azambuja gaba-se ( e é verdade ) do seu TORRICADO . Espantosamente numa acção gastronómica designada por GULA , nenhum dos poucos restaurantes do Concelho aderentes , tinha na sua ementa de concurso o TORRICADO !!! Falham as iniciativas e sobretudo as ideias e o entusiasmo . 
José Almeida
2-3- 2015



Concordo. Mas o Dr. Joaquim Ramos esqueceu-se de um outro factor muito importante, ocorrido há poucos anos, no seu mandato de Presidente da Câmara de Azambuja: Mandou implantar pilaretes nos passeios da zona comercial de Azambuja que reduziram a mobilidade pedonal nos mesmos e eliminou estacionamentos ou zonas de paragem perto dos estabelecimentos comerciais.
Acácio Vieira

1-3-2015

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