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Opinião - O Patriotismo do PCP

Joaquim Ramos
09-11-2017 às 17:03
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 Fui suspenso da minha crónica no ValorLocal! Durante meses, o lápis azul do Miguel não quis publicar nada que eu escrevesse. Explicou-me que se aproximavam as Autárquicas e suspendia a participação de todos os “políticos”. Creio que fez o mesmo a todos os cronistas com alguma conotação partidária, tanto quanto me foi dado ver.

Na verdade, a única actividade política que tive nas Autárquicos foi ser mandatário da campanha do meu companheiro e amigo Luis de Sousa – a forma para mim possível de demonstrar solidariedade política e pessoal com quem me acompanhou durante doze anos, com a sua equipa e com todos os candidatos do meu Partido. Mas ser mandatário não é propriamente uma actividade política: ele é assinar uma montanha de papéis, ele é ir ao Tribunal de Alenquer entregar as listas, ele é assistir ao sorteio das posições nos boletins de voto, ele é estar sentado diante da senhora juíza enquanto se sorteiam os tempos de antena. Resumindo, é mais trabalho de manga-de- alpaca do que intervenção política…mas compreendo. Na verdade, como Mandatário, eu representei um Partido político em diversos actos, reiterei a minha opção política e as minhas convicções.

Mas agora acabou mesmo o exercício de qualquer cargo público inerente ao facto de ser filiado num partido. Agora, como disse o Miguel, já posso voltar a escrever.

Naturalmente que a minha tentação é armar em comentador político, uma espécie de Marques Mendes de trazer por Azambuja, um bocadinho maior mas sem acesso à televisão. Mas não! Escusam de pensar que vou pôr-me para aqui a fazer interpretações sobre resultados eleitorais no Concelho que não vou por aí. Tirem o cavalinho da chuva! De cada vez que abri a boca – isto é, peguei no teclado – para falar de política local, caiu-me o carmo e a trindade em cima. De maneira que o melhor é ficar embuchado. Posso apenas dizer que os resultados foram mais ou menos o que esperava, com uma única excepção (vá, deitem-se a adivinhar…).

Eu hoje quero, com base no que aconteceu nas Autárquicas a nível nacional, reflectir sobre a trajetória do Partido Comunista Português. Nem sequer falo do meu Partido, mas sim do PCP.
Olhando friamente para os resultados, a CDU (ou seja, o PCP) foi o grande derrotado da noite. Almada, meu Marx! e mais nove daquelas Câmaras que andam há mais de quarenta anos de foice e martelo por trás do brasão municipal, mudaram de mãos.

E eu acho, sinceramente, que o PCP está a levar o abraço de urso do PS e de António Costa. Porque a força do PCP sempre esteve no facto de ser Oposição, de estar no contra, de manipular a CGTP e uma data de Sindicatos para arruadas de protesto, reivindicação, contestação, para combater “grandes empresários e outros capitalistas exploradores das massas populares”(sic).

Um PCP manietado pelo apoio ao Governo é um PCP que perde a seu grande cimento: ser contra tudo. Eu sei-o, todos o sabem e  Jerónimo de Sousa e o Comité Central sabem-no melhor que ninguém. Foi notável a renovação que o PCP fez nos seus quadros, no sentido de conquistar novas gerações, de fugir àquele estigma de que só os velhos da Reforma Agrária e da cintura industrial militam no PCP.

Então porque razão a linha moderada do Comité Central – até agora maioritária na defesa da geringonça – em que se insere Jerónimo de Sousa permite esta queda do Partido, essa diluição pelo PS e pelo Bloco? Eu acho que é por patriotismo, em primeiro lugar. Sinceramente. Considero Jerónimo de Sousa um patriota, um homem que pôs à frente dos interesses partidários a prática daquilo que o PCP tem vindo sempre reivindicar: a devolução da dignidade às pessoas, aos mais carenciados e desfavorecidos. E Jerónimo de Sousa percebeu que só quem pode fazer isso é o PS – como, aliás, a prática o tem demonstrado.

Mas há uma outra razão, em meu entender para manter esse apoio: Jerónimo aguenta, porque, assim, o sucesso da governação não é exclusivo do PS. Assim, num futuro próximo, quando se comentarem os anos de maior crescimento, distribuição mais equitativa de rendimentos e melhoria do nível geral de vida pelos quais Portugal vai passando, ele pode dizer :” Foi o PCP que os tornou possíveis!”. E tem razão.
​
Jerónimo tem decididamente mais faro político do que outros que nos conduziram ao purgatório e anunciaram o inferno e dão agora com a língua nos dentes.
 

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