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Opinião Agusto Moita:Partidos (A)Políticos!

Afinal, para que servem os partidos e porque estão tão descredibilizados?
27-02-2020 às 23:36


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Há alguns anos que venho a interrogar-me por aquilo que, julgo ser, um sentimento de muitos portugueses. Porque não acreditamos nos partidos políticos e seus dirigentes? Afinal, para que servem os partidos e porque estão tão descredibilizados?

Um partido político (uma criação do século XVIII) devería protagonizar, acima de tudo, as legítimas aspirações de um povo e não os interesses de minorias instaladas, sendo sim, o garante de causas públicas. Li o que Simone A. Weil (SW) – escritora e filósofa francesa, 1909 a 1943 - escreveu no seu artigo “Note sur la suppression générale des partis politiques” de fevereiro de 1950 (edição póstuma), e que reproduzo: constata-se com dramática frequência que os partidos acabam por “devorar o sentido da verdade e da justiça”, e o seu objeto torna-se “a persuasão, e não a comunicação da luz”. Ainda hoje, me impressiona o facto de, este sintagma estar tão atual apesar de terem passado setenta anos! Tal como antigamente, os partidos políticos persistem em não promover/potenciar o livre exercício das consciências/opiniões, tornando-se maquiavélicas máquinas de exaltação e exacerbação de paixões coletivas, como se de clubes de futebol se tratasse. O seu objetivo primário e “irracional” é formatar a idiossincracia do indivíduo, para que este, deixe de pensar pela sua própria cabeça, coartando assim, as suas capacidades analítica e crítica face à realidade política percecionada, e com isso remetê-lo ao redutor posicionamento de: ser a favor, ou ser contra. Em consequência, penso que, a “má influência” dos partidos políticos acaba por, de uma forma subtil e imoral por falaciosa e demagógica, mas que se tem revelado eficaz, contaminar o “raciocínio coletivo”, com nefastas consequências para o bem comum,.dotando os cidadãos de pensamento inócuo e de atitude inoperante (muitos desconhecem o ideário/programa do partido a que aderiram/votaram), e, “potenciando a imbecilidade” (e.g.: campanhas eleitorais), relativizando assim, a própria cidadania, para melhor “exercerem o poder”. E SW explica: a finalidade de um partido é uma coisa vaga e irreal. Se fosse real exigiria um enorme esforço de atenção, pois uma definição de bem público não é objeto fácil de enquadrar. A existência do partido é palpável, evidente e não exige esforço para ser reconhecida. É inevitável, assim, que o partido seja ele mesmo o seu próprio fim.

Qualquer partido político, deveria, para além da sua missão primordial, ou seja, a intransigente defesa do bem comum; pautar-se pelos supremos valores da ética, da justiça e da igualdade, e providenciar as básicas e legítimas necessidades do povo:  combate à pobreza, a melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados na administração pública, na segurança, na saúde, na educação e nos transportes; no apoio efetivo à ciência e.à investigação e desenvolvimento (I&D) e, à formação profissional (conhecimento=inovação e mais qualificações, geram mais competitividade e produtividade); promover políticas de preservação ambiental, de habitação social e, de igualdade de género, de oportunidades, e de inclusão, entre outras, aliás, consignadas na CRP - Constituição da República Portuguesa), ao mesmo tempo que, penso devería inspirar, motivar e potenciar o alcançar dos desígnios deste “nobre povo”. Nesta perspectiva os partidos políticos, não deveriam lutar pelo poder, tão só pelo poder! O que o cidadão comum constata é que, qualquer partido que se instale no poder (governo ou autarquias) após disputa a qualquer preço pela sua conquista, tem dado lugar ao despotismo (prepotência), à corrupção,  ao peculato, à incúria, ao despesismo. ao favorecimento, ao facilitismo, ao justicialismo, ao servilismo, à impunidade, à perpetuação no poder (são sempre os mesmos), ao tráfico de influências, à reiteração de uma incultura de consenso (quanto pior, melhor) e, a todo o tipo de estratagemas visando a repartição pela clientela política (familiares e amigos) de cargos públicos – nepotismo - e isto, constitui, a meu ver, uma evidente sonegação da cidadania e um obstáculo à consciência e à participação política dos cidadãos (por tudo isto, podemos chamar com toda a probidade: cleptocracia!). E, não tenhamos dúvidas, tal como lá fora, está acontecendo entre nós!

​Se não, porquê o emergir, na sociedade portuguesa, de novos partidos políticos e de movimentos independentes de cidadãos e sindicatos (por vezes sob anonimato), que fazem ouvir as suas vozes de protesto (extremistas ou não)? Naturalmente, isto acontece, porque os governantes dos diferentes partidos não têm sido diligentes e competentes na aplicação de medidas que alavanquem a economia por forma a resolverem os graves problemas sociais, que nos afligem...

O capitalismo neoliberal predomina sobre o humanismo! É possível impor ao capitalismo um cariz humanista? Claro que sim, desde que as políticas se centrem nas pessoas e não só na defesa do capital! Para tanto, é necessária coragem política, mas também, é urgente promover-se uma profunda reflexão sobre a ação dos partidos políticos (organizações fechadas, quase maçónicas), visando a sua abertura à sociedade, com o objetivo de dinamizar e fortalecer a democracia através do estimulo à participação ativa, democrática e livre dos cidadãos, não ostracizando os “não-alinhados”, mas escutando-os ativamente e aproveitando as exequíveis ideias e, nunca “fazendo apelo ao proselitismo”.

Quiçá, através da assunção de novos paradigmas de motivação que estimulem a participação política, partidária ou não, mas livre, aberta, analítica, critica, honesta, consensual e consequente; porque, a não acontecer, o desgaste e o descrédito se encarregarão de os marginalizar a breve trecho [veja-se o caso do declínio eleitoral do CDS e dos partidos que têm sido governo que representam uma minoria dos portugueses (eleitores “e também não eleitores”), devido aos elevados índices de abstenção, leia-se “índices de descrença”!] Contudo, penso ser ainda possível, inverter o que se transformou numa “boçalidade coletiva”, sendo que, é premente a assunção de uma responsabilização de todos, e de cada um de nós, nomeadamente dos políticos, independentemente do “papel” de cada um na sociedade!
​

Consciencialização cívica, precisa-se! 

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