Portugal está a arder
Por Ana Bernardino
Mais um ano em que assistimos, impotentes, à transformação da paisagem, de um verde luxuriante para um cinzento enegrecido. E, de regresso, a sensação de Dejá Vu. Uma dispendiosa repetição do que se passou nos anos anteriores. As chamas consomem hectares e hectares da nossa floresta. O cenário repete-se: os bombeiros, esquecidos durante praticamente todo o ano, voltam a ser os merecidos heróis; lembramos que precisam de melhores equipamentos, mais meios, maior investimento.
E passada a época de incêndios, lá voltamos nós a esquecer os feitos do verão, do risco que correram para salvar as nossas casas. E voltamos à nossa vidinha de sempre, com as queixas, as manifestações, o ordenado contado e esticado até chegar ao final do mês. Mas sempre optimistas. Até porque queremos acreditar que o governo não nos está a enganar, que o que promete cumpre. E, até tentamos não ver o que está à vista de todos e as medidas de ultima hora não são mais do que propaganda. Da vil. Daquela que nos faz corar. E não são os cartazes do PS e do PSD que são um infortúnio. Esses são apenas embaraçosos.
Não são, com certeza, os cartazes deploráveis que mudam a intenção de voto. Mas há medidas avulso que podem mudar muitos votos, e a menos de um mês das eleições, todos contam. É nesse pacote eleitoralista que os ministros da coligação aprovaram o documento que prevê a repressão de todas a formas de violência, abuso, exploração ou discriminação e a criminalização do abandono dos idosos. Uma boa medida? Não, uma óptima medida. Mas tão tarde? Numa altura em que não se pode concretizar nada? Neste momento é apenas um papel sem qualquer efeito prático.
Um papel que está na gaveta até à próxima legislatura. Falta menos de um mês para as eleições e nada garante que algo tão obvio como prender quem maltratada os nossos idosos saia da gaveta. E isto é brincar com os nossos pais e os nossos avós, com os seus medos, os seus receios, tendo em vista a cruz no boletim de voto. Sim, porque os votos dos mais velhos vão fazer a diferença este ano, tal como as promessas aos professores fizeram a diferença nas legislativas anteriores. E há mais neste fim de legislatura. Agora as empresas que contratem um trabalhador durante dois meses, fica isento de descontar para o fundo de compensação de trabalho (o fundo que serve para pagar parte das compensações por despedimento). Mais uma forma encontrada para agradar aos patrões e promover a precariedade.
Não vale tudo neste rectângulo à beira mar plantado, mas parece que sim.
Por Ana Bernardino
Mais um ano em que assistimos, impotentes, à transformação da paisagem, de um verde luxuriante para um cinzento enegrecido. E, de regresso, a sensação de Dejá Vu. Uma dispendiosa repetição do que se passou nos anos anteriores. As chamas consomem hectares e hectares da nossa floresta. O cenário repete-se: os bombeiros, esquecidos durante praticamente todo o ano, voltam a ser os merecidos heróis; lembramos que precisam de melhores equipamentos, mais meios, maior investimento.
E passada a época de incêndios, lá voltamos nós a esquecer os feitos do verão, do risco que correram para salvar as nossas casas. E voltamos à nossa vidinha de sempre, com as queixas, as manifestações, o ordenado contado e esticado até chegar ao final do mês. Mas sempre optimistas. Até porque queremos acreditar que o governo não nos está a enganar, que o que promete cumpre. E, até tentamos não ver o que está à vista de todos e as medidas de ultima hora não são mais do que propaganda. Da vil. Daquela que nos faz corar. E não são os cartazes do PS e do PSD que são um infortúnio. Esses são apenas embaraçosos.
Não são, com certeza, os cartazes deploráveis que mudam a intenção de voto. Mas há medidas avulso que podem mudar muitos votos, e a menos de um mês das eleições, todos contam. É nesse pacote eleitoralista que os ministros da coligação aprovaram o documento que prevê a repressão de todas a formas de violência, abuso, exploração ou discriminação e a criminalização do abandono dos idosos. Uma boa medida? Não, uma óptima medida. Mas tão tarde? Numa altura em que não se pode concretizar nada? Neste momento é apenas um papel sem qualquer efeito prático.
Um papel que está na gaveta até à próxima legislatura. Falta menos de um mês para as eleições e nada garante que algo tão obvio como prender quem maltratada os nossos idosos saia da gaveta. E isto é brincar com os nossos pais e os nossos avós, com os seus medos, os seus receios, tendo em vista a cruz no boletim de voto. Sim, porque os votos dos mais velhos vão fazer a diferença este ano, tal como as promessas aos professores fizeram a diferença nas legislativas anteriores. E há mais neste fim de legislatura. Agora as empresas que contratem um trabalhador durante dois meses, fica isento de descontar para o fundo de compensação de trabalho (o fundo que serve para pagar parte das compensações por despedimento). Mais uma forma encontrada para agradar aos patrões e promover a precariedade.
Não vale tudo neste rectângulo à beira mar plantado, mas parece que sim.
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