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Opinião António Cunha*: "A Importância de gerir eficazmente a água"

​"Como se pode entender que haja sistemas de abastecimento com perdas de água superiores a 50 e 70% da água captada? Como se pode encarar com indiferença, inundações a céu aberto decorrentes de roturas que o Estado não repara, e que ninguém denuncia, por ser uma prática tradicionalmente aceite, ou de somenos importância?"
05-04-2018 às 18:34
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Com o cenário de seca que vivemos, parece que só agora despertamos, a sério, para a necessidade de preservar e gerir eficazmente a água, um bem escasso, essencial à vida.

Lembramo-nos do que aprendemos na escola, que 70% do Planeta é coberto por água, mas que desta, apenas 1% é água doce que pode ser utilizada para consumo humano ou outros usos complementares, como o agrícola. E que, se as disponibilidades de água já são poucas para fazer face ao crescimento da população mundial, a situação piora com a seca.

O ambiente e os fenómenos naturais são cruéis, e os nossos hábitos consumistas desprezam o facto deste recurso natural não ser inesgotável. A culpa é, por isso, do ambiente e de todos nós, que somos irresponsáveis e não poupamos o suficiente.

Este discurso e estas preocupações parecem óbvias e, sendo politicamente corretas, são veiculadas pela sociedade civil e pela escola. E o maior responsável, o Estado, em sentido lato, é o maior interessado em que a mensagem passe assim.

Culpa-se o ambiente e os hábitos dos consumidores, que se pretendem mudar, mas foi e é o Estado o primeiro a gerir mal este recurso, com o desperdício de água nos sistemas de abastecimento público que estão a seu cargo.
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Como se pode entender que haja sistemas de abastecimento com perdas de água superiores a 50 e 70% da água captada? Como se pode encarar com indiferença, inundações a céu aberto decorrentes de roturas que o Estado não repara, e que ninguém denuncia, por ser uma prática tradicionalmente aceite, ou de somenos importância?

E a água que se perde, invisivelmente, em redes obsoletas, reservatórios furados, que o Estado não repara, não renova e não substitui? Estarão estas redes aptas para assegurar, por outro lado, a qualidade da água? E a ausência de gestão de pressão na rede, que, por demasiado elevada, provoca rebentamentos em condutas?

E o que dizer da ausência de sancionamento de ligações indevidas aos sistemas públicos de água, diga-se “furto de água”, porque é o Estado que tem a responsabilidade de fiscalizar e não fiscaliza nem sanciona?

O Estado gere mal, mas esse não é o maior problema. A questão é não ter consciência disso, é considerar que está no caminho certo, e que precisa de tempo para solucionar o problema. Mas o tempo está a esgotar-se.

A água é um bem público, porque é de todos nós, mas a gestão não pode ser feita de acordo com a bitola do Estado, pois este desperdiça, e esse desperdício vai continuar a onerar os consumidores, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista ambiental, este último cada vez mais crucial.
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Em vez de colocar o ónus no consumidor e nos seus hábitos, e na necessidade de poupar, o Estado tem que primeiro fazer um mea culpa. O Estado tem que deixar de desperdiçar, displicentemente, água a rodos, ou, com se diz na gíria, água “em barda”.

​*CEO do grupo Aquapor
Presidente da Assembleia Geral da Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente



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