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Opinião António Jorge Lopes: "A Política sem Ética é uma Vergonha"

"É o carro oficial que durante o fim de semana é usado para ir às compras lá para casa… É a contratação da filha, da cunhada, do primo, do tio às descaradas e sem qualquer pejo… É os bilhetes de futebol oferecidos para assistir a jogos em camarotes de luxo…"
02-04-2018 às 14:40
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O título deste artigo é uma frase do fundador do PSD, Francisco Sá Carneiro, que resume muito bem duas ideias essenciais que devem nortear a ação política.

A primeira é a de que a Política não é um fim em si mesmo, pelo que deve ser desenvolvida em torno de valores e princípios, que também têm uma dimensão ética. Não vale tudo, porque há regras morais não escritas pelas quais qualquer Homem “deve” querer (dentro da sua liberdade) o bem e rejeitar o mal. É assim. Sempre foi assim.

A segunda ideia essencial é a de que a Política é uma atividade nobre e por isso deve estar sempre ao serviço das pessoas e nunca ao serviço dos políticos, das suas famílias, dos seus amigos ou dos seus “camaradas” de partido. A Política deve ser assumida com espírito de missão e em liberdade. Porque quem fica dependente de um qualquer cargo político para pagar as suas contas, perde a liberdade de decidir apenas em função do bem comum e fica “preso” aos vários interesses particulares que procuram condicionar o poder político.

Como é óbvio, em todas as organizações, nomeadamente nos partidos políticos, há quem seja sério e há quem não respeite o “mínimo ético”. Mas não tenho dúvidas em afirmar que a esmagadora maioria dos políticos, seja de que força partidária for, é gente honesta, com valores e princípios, que tudo dão para fazer o melhor em prol da sua comunidade.

Por isso, é injusto que os políticos sejam todos tratados da mesma forma e pela mesma “bitola”. Não é verdade que sejam “todos iguais”, “todos corruptos”, “todos ladrões” e que “todos querem tacho”. Um membro de uma assembleia de freguesia recebe por cada reunião pouco mais de 15 euros. Isso é ser ladrão? Um vereador sem pelouro “ganha” pouco mais de 60 euros por cada reunião quinzenal. Isso é ter “tacho”?

Contudo, estas acusações generalizadas trazem consigo o “reverso da medalha”: ao mesmo tempo que o cidadão comum acusa os políticos de serem “todos iguais”, contemporiza e desvaloriza os comportamentos menos corretos e pouco éticos praticados pelos agentes políticos que estão mais próximos de si.

Se for um político que o cidadão comum só encontra na televisão ou nos jornais, tudo será dito e escrito, em particular nas redes sociais como o Facebook… Se for um eleito que o cidadão até conhece pessoalmente, então tais comportamentos pouco éticos são desvalorizados e até recebidos com um “encolher de ombros”… Apesar desses comportamentos configurarem o “uso e abuso” de dinheiro dos nossos impostos em benefício particular dos tais “políticos de proximidade”… É o carro oficial que durante o fim de semana é usado para ir às compras lá para casa… É a contratação da filha, da cunhada, do primo, do tio às descaradas e sem qualquer pejo… É os bilhetes de futebol oferecidos para assistir a jogos em camarotes de luxo… É os “regimes de exclusividade” ao mesmo tempo que se mantém uma atividade profissional paralela durante o horário da dita “exclusividade”…
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Estes são comportamentos que até podem respeitar a Lei, mas não são éticos. É a típica “chico-espertice” que encontra respaldo no fraco escrutínio que os eleitores fazem daqueles que elegeram.
Na verdade, há uma dimensão que é individual, que é do foro íntimo do político e que só dele depende: ou é sério ou não é, tem valores e princípios ou não tem.

Mas há uma outra dimensão que é coletiva, que é de cada um de nós: só vamos ter melhores agentes políticos com cidadãos mais atentos, mais vigilantes, mais exigentes. Depois de exercermos o nosso DIREITO de VOTO ganhamos o DEVER de FISCALIZAR quem ganhou.

Os cidadãos não se podem afastar deste Direito-Dever. O não exercício do direito de voto (a abstenção) só premeia a mediocridade. O não cumprir com o dever de fiscalizar, questionar, exigir, reclamar, também só premeia a mediocridade.  
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A maioria dos políticos são sérios. Mas o alheamento dos cidadãos face à realidade política e à “Coisa Pública” faz aumentar os “chicos-espertos” e diminui a qualidade dos eleitos. E nessa perspetiva até se pode dizer que a mediocridade é uma doença que fere a Democracia…


Comentários

É verdade amigo A. J. Lopes: felizmente ainda há muitos políticos, designadamente nas autarquias e parlamento que são honestos.

António Rodrigues
Manique do Intendente
 03-04-2018 22:23

Gostei do artigo, com a realidade pura e crua. OBRIGADO

Maria Vicente
Casais da Lagoa
03/04/2018 12:40​

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