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Opinião Augusto Moita: "Pandemia - As memórias e a esperança no futuro"

As “primeiras palavras” são de homenagem e de pungente solidariedade e reconhecimento para com todos os indivíduos seniores (homens e mulheres), a que chamo as gerações de sacrificados
Sílvia Agostinho
05-06-2020 às 10:28


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Este recolhimento, trouxe-me à memória tempos idos e igualmente trágicos! Assim, este artigo sustenta-se em memórias, impregnadas de emoções e inquietudes e consubstancia-se em três palavras-chave: reconhecimento, gratidão e esperança. As “primeiras palavras” são de homenagem e de pungente solidariedade e reconhecimento para com todos os indivíduos seniores (homens e mulheres), sobretudo das gerações dos finais da década de 30, de 40 e de parte da de 50 do século passado, a que chamo: “as gerações de sacrificados!”

Porque, nascidos, criados e educados no Estado Novo: fascista, oligarca, repressivo e isolacionista; coartou o direito a uma vida digna e de esperança a este nobre povo, por cultivar a iliteracia, a incultura, o desconhecimento, a desinformação, a indigência, a submissão e, em alguns, a repressão e a reclusão. Todo este sofrimento é culminado com as guerras nas ex-colónias com consequências nefastas para a juventude de então e ainda sobreviva (milhares de mortos e de estropiados física e psicologicamente) e, naturalmente, para suas famílias. E não devemos nunca esquecer, a odisseia dos retornados e os emigrantes compulsivos, gerados pelas guerras. E o que se constata, é: uma ingrata indiferença da história perante o sofrimento destas gerações!

​Depois, as sucessivas crises económicas e sociais que assolaram a sociedade portuguesa em cinco ocasiões: 1977/1978 (devido aos desmandos pós-revolucionários. Intervenção do FMI), 1980 e 1982, no Governo de Mário Soares e Mota Pinto (duplicação da dívida pública. Intervenção do FMI. Abolição do 13º. mês); 1993 (choque petrolífero); em 2002/2003 (por efeito da introdução do euro, impediu-nos de, em períodos de crise, desvalorizar o escudo, para as mitigar) e cinco anos depois, 2008/2009 a inverosímil crise bancária e financeira, com as repercussões que todos conhecemos e sofremos. Uma vez mais, o FMI, obrigou-nos a aplicar medidas austeritárias punitivas. Por todas estas provações, passaram com estoicismo, abnegação e dignidade!

Era o tempo de dizer basta! Mas não. Na parte final de uma vida de trabalho, humilhação, sacrifícios (também pelo país) e privações várias, surge agora este “criminoso vírus” para sonegar a paz e infernizar os já “parcos” dias de vida. E para alguns, infelizmente, será a ida para o “assento etéreo” (palavras do poeta), mas … que o seja com a dignidade e o respeito que merecem! Bem hajam pelo legado!

As “segundas palavras”, são de profunda gratidão e vão para o povo português em geral e para todos os investigadores, cientistas e profissionais de: saúde, bombeiros, forças armadas, segurança, IPSS’s (asilos, lares e centros de dia), e os demais que se mantiveram a trabalhar para assegurar os transportes públicos e o abastecimento de bens de primeira necessidade, entre outras atividades e serviços.

Por fim, a minha esperança num futuro melhor, o que significa que, quando voltarmos à normalidade nada pode ficar como antes! Temos o dever de neste tempo de exceção e de recolhimento, fazermos um exercício reflexivo honesto:

a) Enquanto cidadão, reflita sobre o seu percurso de vida; os seus comportamentos, a moralidade, as atitudes éticas e os valores; o que realizou ou está realizando enquanto ser humano e protagonista social, para o bem comum. O que fez ou, deixou de fazer, pela família e pelos amigos. Do que se orgulha, mas também, do que se arrepende, que ilações, e o que pretende melhorar no seu carácter (que tem a ver com a sua educação, cultura e socialização), já que o temperamento é ingénito e dificilmente alterável; para que contribua para uma sociedade mais justa, mais humana e mais universal. Porque, face à situação pandémica, somos todos iguais nas nossas diferenças, isto é, independentemente do sexo, da raça, do estatuto social e da idade de cada um, somos todos seres humanos e estamos, de forma igualitária, sujeitos ao covid-19. Use a Inteligência Emocional para se adaptar às novas regras de vida em sociedade e nas empresas, que inevitavelmente irão acontecer.

Reconheçamos e aceitemos com humildade as nossas fragilidades e incapacidades perante esta calamidade natural. Einstein, a uma pergunta sobre a que raça pertencia, respondeu: Raça Humana!

b) No plano político e social, exige-se a cooperação entre todos os partidos, mesmo que tenha de ser “compulsória”, com vista à minimização do impacto que a crise económica provocará a breve trecho, na sociedade. O foco imediato está na salvação de vidas humanas e o apoio e a salvaguarda dos mais desfavorecidos (pobres em habitações precárias e os que vivem sós e isolados) e dos mais vulneráveis (idosos, crianças e sem-abrigo) que em situações extremas, como as que se vivem, não possuem, uns e outros, as condições mínimas, para de modo próprio, realizarem o isolamento social ou, como se protegerem. Louve-se a entropia do Governo que legislou de forma célere, os apoios financeiros a conceder à economia: empresas, trabalhadores e famílias e, os “recados“ que dirigiu à banca, como é já consabido. Exige-se uma União Europeia solidária!

c) Ao retomarmos a normalidade, é crucial não continuarmos a ser iguais como antes e, a fazer o mesmo e da mesma maneira que antes fazíamos, porque não será uma atitude inteligente e responsável! Importa refletir, independentemente da situação profissional, sobre os conhecimentos que possui (académicos e empíricos) e repensar as ambições que perspetiva para o seu futuro (acomodar-se, valorizar-se e/ou mudar de profissão), visando também, e de alguma maneira, o seu contributo para a regeneração social, que estas crises, por norma, suscitam. Assim, deve preocupar-se em melhorar o seu desempenho profissional, através do incremento das suas competências técnicas (adaptação a novas tecnologias e a novas formas de trabalho, entre outras) – hard skills - e, fundamentalmente, as comportamentais – soft skills – relações interpessoais, trabalho em equipa, gestão do tempo, liderança e mudança organizacional, gestão de conflito, negociação e tomada de decisão.
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d) Sejamos protagonistas, sem medos, dos novos tempos de mudança que se avizinham! Com base neste pressuposto, um dos temas, entre outros (não há espaço para todos), que há muito me inquieta, tem a ver com a ecologia e as alterações climáticas que, face a esta calamidade pública e global, nos proporcionou algumas constatações e “produziu ensinamentos” que devemos levar em linha de conta no futuro próximo, para evitarmos a instabilidade social e a disrupção política que a continuidade deste descontrolo das alterações climáticas, acarretará a toda a Humanidade! Todos ouvimos em diversos noticiários, que neste período de estado de emergência, se verificaram melhorias significativas na camada de ozono (na estratosfera), consequentemente menos poluição – redução de emissões de CO2 - sobre as grandes metrópoles e centros industriais, quer no oriente quer no ocidente.

​É tempo de refletirmos sobre este “ganho climático” para o nosso planeta, que é o único lugar que temos para viver, nós e as gerações futuras, 
e tomar no imediato medidas públicas (legislativas) que minimizem ou obstaculizem os impactos da utilização dos combustíveis fósseis (carvão e petróleo), substituindo-os por energia limpa. É premente também, a sensibilização cívica de todos os cidadãos para a adoção das melhores práticas tendentes à preservação do meio ambiente.

Este, é o tempo da mudança! Não fique indiferente, conformado ou cético e seja proativo, porque este é o momento de protagonizar a diferença, ao ser diferente! (Artigo escrito em 01 de abril de 2020) 
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Não podia ter sido mais real e verdadeiro, espero que lhes sigam o exemplo do que foi descrito com tanta perfeição das nossas fraquezas e realidades, com humanidade. Bem Haja!
Leonor Brandão
Cartaxo
06/06/2020 12:13
​
De acordo com tudo o que foi brilhantemente escrito! Na verdade fomos geração sacrificada por diversos acontecimentos em que o povo na sua humildade permanente nada contribuiu para desumanidade das discórdias dos homens. E agora,no acaso das nossas vidas, surge mais esta que não sabemos que seja a última.
Parabéns professor!
José Vieira
Pontével
07/06/2020 15:24​

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